Alguns “dibres” encarecedores comuns na importação.

Já apresentei e alertei os pontos que requerem cuidado para não acabar pagando caríssimo na Importação, pois não são poucas as empresas que agem de má-fé se aproveitando da inexperiência de novos importadores.

Mas há práticas dibres que costumam passar desapercebidos até pelos experientes, capazes de causar prejuízos (dos pequenos e dos grandes) evitáveis com um simples “Não, obrigado!” ou um “Para de tentar me fazer de besta!”.

E para você não ficar pensando que só falo mal de um segmento apenas, trouxe um dibre clássico aplicado por cada um dos principais: Despachantes Aduaneiros, Agentes de Carga, Trading Companies e Terminais Alfandegados.

Ajuste seu tom de leitura para o modo “sarcasmo”.

Por que chamar de “dibre”?

Até pensei em outras palavras, tais como “artimanha”, mas é formal demais, ou “falcatrua”, mas poderia, parecer tratar-se de algo ilegal.

Dibre” define bem (além de me dar a chance de poder ilustrar esse artigo com o mestre do rolê aleatório) porque é uma atitude que requer astúcia, mas não chega a ser ilegal… pode até ensejar uma discussão judicial, mas raramente vai adiante pois em geral o valor do dibre não compensa o incômodo.

Como quando, por exemplo, adicionam o Canal do Boi no seu pacote de TV por assinatura sem perguntar e passam a cobrar 5 pila a mais na fatura, ou quando você combina um encontro com os amigos, todos colaboram levando bebida boa para o coletivo, mas aquele amigo ”liso” leva cerveja barata (e quente!).

Captou, né? ‘Bora para os exemplos:

Despachantes Aduaneiros e o Numerário.

É comum em muitas operações que os custos da Importação (exceto, normalmente, o pagamento ao exportador) sejam pagos pelo Despachante Aduaneiro, com o dinheiro que o Importador adiantou a ele, conforme previsto nesse documento chamado Numerário.

Esse valor costuma ser pago poucos dias úteis antes da mercadoria chegar no destino, num valor bem aproximado do necessário, com um extra de aproximadamente 5% (para cobrir uma oscilação cambial ou um Canal Vermelho).

Depois de finalizada a Importação, o Despachante Aduaneiro presta as contas do processo e devolve o valor excedente.

O Dibre: Numerários que são fontes de investimento.

Há Despachantes que gostam de usar o Numerário para inflar o próprio fluxo de caixa e, para fazer isso, costumam solicitar os valores super antecipadamente, junto com a confirmação de embarque (imagina que é uma Importação marítima asiática) e que sejam pagos o quanto antes para que não haja problemas.

Além disso, pode acontecer do valor extra para eventuais contratempos pular de 5 para 50% do total, por um erro de digitação.

E, depois de finalizada a Importação, este seu Despachante “parceirão” demora um bocado para devolver os 48,37% que sobrou do processo, sabe como é: o porto demora para emitir a Nota Fiscal, a Transportadora também.

Enquanto você aguarda pacientemente, essa grana está seguramente parada na conta bancária do seu Despachante Aduaneiro, gerando receita e crédito para outros clientes, portanto, não se preocupe!

Agentes de Carga e seus valores de origem e destino.

Quando cotar ou receber a fatura de pagamento dos serviços de transporte internacional, notará que os valores devidos são apresentados em três grupos.

  • Custos de Origem: relacionados a serviços realizados no país onde a carga estava, tais como transporte doméstico, despacho aduaneiro, acondicionamento, paletização…
  • Frete Internacional: além do óbvio, pode haver um extra adicionado, por exemplo, para controle de mercado ou variação do preço de combustível.
  • Custos de Destino: referente a valores devidos aqui no Brasil, que normalmente remuneram/repassam o transportador internacional, terminais e o próprio agente de carga.

São diversos valores, mais ainda se for um processo EXW ou FCA, por isso é importante analisar com muita calma se o que foi cobrado segue o ofertado.

O Dibre: Custos de Origem e Destino Serelepes.

É importante essa conferência porque, curiosamente, alguns Agentes de Carga não conseguem controlar seus custinhos/taxinhas/valorezinhos serelepes.

  • É uma PTAX+1% que vira +11% (esse 1 danadinho)…
  • ISPS Code de 15 Bidens que vira 150 (hey zero! Como você foi parar aí?)
  • Ou um terminho de demurragezinha de contêiner DRY/DV que disparou para 300 doletas/dia (nossa, oscilou mais que bitcoin!)

Já notou que tudo que envolve pagamento, vira “inho”?

Enfim, eles são danados e os valores mudam “sem querer” e sempre para maior… curioso como é raro mudar para menos, né?

Trading Companies e sua operação com seus parceiros.

Outros tipos de empresas do Comércio Exterior também realizam esse pacotão completo, mas lembramos principalmente das Trading Companies.

Elas realizam quase toda operação de Importação para seus clientes e, para fazê-lo com qualidade, é natural que possuam outras empresas do Comércio Exterior atuando em parceria (ou relação comercial mesmo): por isso que você deve trabalhar com aquele porto, aquele Despachante Aduaneiro etc.

O dibre: Barato no ICMS, mas cuidado com as parcerias.

Se você importador/real adquirente só quer saber quanto custa e quando a carga chega no seu armazém, então esse modelo de trabalho fechadinho da Trading Company é realmente o ideal para ti.

No entanto, se você está presente nas operações e busca reduzir (de maneira saudável) cada vez mais os custos e a Trading Company não lhe ajuda com mais orçamentos e revisando as operações, então está mais que na hora de você consultar o mercado.

Pois muitas vezes aquele percentual atraente do ICMS no TTD está sendo compensado com parcerias bem caras e você só descobrirá isso no momento que começar a cuidar diretamente da sua Importação.

Terminais alfandegados e o seguro.

Sejam portos, aeroportos e portos secos, os serviços prestados por eles vão além da armazenagem: isso vai depender principalmente da estrutura física e equipamentos disponíveis.

E um dos serviços ofertados e inclusos é o seguro da carga dentro do terminal, para que no caso de acontecer algum sinistro dentro do recinto, seja uma avaria ou um furto, você esteja devidamente protegido.

O dibre: Esse seguro não é obrigatório.

Você já contratou (ou deveria ter contratado) um seguro para sua carga, que está declarado na Declaração de Importação, que muito provavelmente lhe protege desde o momento que sua mercadoria foi coletada até depois que ela chegou no seu armazém no Brasil.

Esse seguro dos terminais é um repasse de custo, uma venda casada (com todas as letras) e, além disso, se algum sinistro acontecer dentro do recinto e for provado que eles são os responsáveis, eles terão que arcar com o prejuízo.

Momento panos quentes.

Erros de digitação acontecem, Despachantes Aduaneiros esquecem de enviar prestação de contas, existem sim boas tradings que buscam sempre reduzir os custos para a sua operação e vendedores de terminais podem não saber, também, o que falei sobre o seguro.

Ou seja, não acuse uma empresa de ”dibrosa” ao ver um único caso isolado e cuidado para não condenar as pessoas antecipadamente, elas podem estar seguindo ordens (com as quais não concordam) ou sequer estão cientes de que isso é mesmo um dibre.

E você? Que outros dibres na Importação valem ser mencionados nos comentários? Conto contigo para enriquecer o tema 🙂

Para reduzir custos no comércio exterior, comece sendo um bom cliente.

A busca pela redução de custos no Comércio Exterior é eterna, ela está presente em… saber que não se decide pelo LCL apenas pelo frete, que planilhas não conseguem otimizar tudo e que trabalhar mais horas no dia não é sinônimo de produtividade.

Mas é possível também reduzir custos na forma como você trata seus prestadores de serviço, e as empresas do Comex deveriam se interessar muito por isso.

Portanto, considerando que (no momento) estou longe das operações (pelo menos diretamente), somado ao que ouço de reclamação por parte de conhecidos que atuam na área, levantei algumas dicas que podem ser aplicadas por qualquer perfil de importador ou exportador.

Algumas dicas de como ser um bom cliente no Comércio Exterior.

Pelo bem do seu networking e saúde mental, comece não sendo um cliente idiota, pois sei que para quem ‘manda’ quem vai fazer o despacho aduaneiro, o frete internacional ou qual porto irá manusear sua carga, a tentação é grande.

Contudo, assim como mencionei no texto linkado acima, as sugestões abaixo se encontram muito mais na categoria Soft Skills.

Claro que as Hard Skills são importantes, há tempos que falo e ainda falarei muito delas, mas é preciso buscar equilíbrio entre ambas.

Pare de tratar todos os seus processos com urgência.

Tem cliente no Comércio Exterior que quando digita a letra U o autocompletar do teclado sugere a palavra URGENTE.

Esta é uma palavra que deveríamos ver raramente nos tópicos de e-mail, contudo, não são poucos os clientes que banalizam seu uso.

Por que isso aumenta seu custo?

Basta esta palavra estar presente no assunto do e-mail para lhe ofertarem fretes mais caros, carregamento prioritário e qualquer outro serviço que tenha um custo extra em razão DA SUA urgência.

E, francamente, os prestadores de serviço não estão errados! Você disse que era urgente, que a fábrica ia parar e pipipi-pópópó…

Apesar disso gerar uma receita maior, a verdade é que, à medida que se dão conta de que para certo cliente a palavra ‘urgente’ é tão comum quanto tomar um cafezinho no Comércio Exterior, eles vão cobrar este extra da urgência, mas não vão tratar seu processo como tal.

Com certeza no meio dessa penca de urgentões, há produtos que chegaram voando (alguns literalmente) para depois mofarem no seu almoxarifado por 30 ou 60 dias.

Sugestão.

Se todo processo é urgente, naturalmente que este é um sério sintoma de que sua cadeia de suprimentos precisa de atenção e não é neste artigo que vou lhe dizer o que fazer.

Ou você adquiriu essa mania feia com algum colega ou superior que trata tudo dessa forma, igual a turminha que fica metendo palavrinha em inglês numa conversa em português.

Enfim, crie o hábito de trabalhar com datas e valores, ao invés de chamar de Urgente.

Urgente é adjetivo, coisa que não combina com Logística.

Igual àquela tua amizade que escreve “já tô chegando”, mas na verdade acabou de entrar no banho.

Não interrompa os prestadores de serviço (ou qualquer pessoa!) à toa.

Sabe o que é pior que um cliente que trata todo processo como urgente? Um cliente sem-noção que, ao contratar uma empresa do Comércio Exterior para realizar UM PROCESSO, acha que o profissional dela se tornou um assistente 24 horas.

E, para fazer bom uso de seu novo Consigliere, ele deixa de utilizar o cérebro para perguntar qualquer coisa a qualquer hora e, claro, por telefone ou qualquer outro meio que permita uma resposta imediata.

Afinal, na cabeça desse cliente ele provavelmente pensa:

”Onde já se viu meu Consigliere do processo de 100kg e CIF 1k bidens não me responder imediatamente? Tô pagando por isso!”

Por que isso aumenta seu custo?

Creio que interrupções desnecessárias são um dos maiores problemas de trabalhar com Comércio Exterior, sem contar que, de acordo com esta matéria sobre interrupção no trabalho , nós levamos, em média, 23 minutos e 15 segundos para voltar à mesma atividade.

Portanto, além de suas interrupções colaborarem para que seu despacho aduaneiro não seja realizado no dia da presença de carga, você estará ajudando para aumentar as chances de erro.

Nem preciso linkar estudos aqui, todos sabemos que erramos mais quando nos tiram da concentração. Inclusive esse é um dos meus argumentos para o fato de que escritórios de Comércio Exterior sem baias ou paredes sejam menos produtivos (papo para outra hora).

E esse seu Consigliere não vai sair de graça, as empresas sabem mensurar quando um cliente está consumindo mais tempo de seus colaboradores do que o normal e: ou isso será cobrado nos processos seguintes, ou eles te demitirão como cliente, de tão chato que você é.

Sugestão.

Assim como com a palavra Urgente: tenha bom senso, ligue para seus prestadores de serviço somente quando realmente necessário.

Claro que existem assuntos que são resolvidos com mais rapidez pelo telefone, mas tente padronizar o horário de suas ligações (não urgentes), isso fará bem para a produtividade do seu prestador de serviço e para a sua também.

Mantenha seus prestadores de serviço informados.

Aprendi essa de uma péssima maneira.

No estaleiro onde atuava, uma placa eletrônica de algum sistema (que nem lembro mais o nome) havia queimado e precisei importar uma nova da Alemanha.

Cotei o frete aéreo na quarta e fechei no mesmo dia com um agente de carga novo que estava indo bem. Instrução de embarque enviada, iriam coletar na quinta para embarcar na sexta e chegar em tempo.

Tudo ocorreu bem na quinta e senti que podia curtir o feriado da sexta sem preocupação.

Por que isso aumenta seu custo?

O feriado na sexta era municipal e estava em outra cidade nesse dia.

Eu trabalhava sozinho na importação e havia esquecido de avisar ao agente de carga sobre o feriado local e passar o meu número de celular para ele.

Ocorreu um problema no embarque na sexta (Lei de Murphy, se não tivesse feriado não aconteceria!) que precisava do meu ‘de acordo’ na alternativa que era mais cara, mas que respeitaria o prazo que pedi.

Quando eles conseguiram me ligar já era tarde, mas, por sorte, o custo extra não era tão alto e eles haviam decidido por conta própria seguir nessa opção.

Sugestão.

Rotina e Comex são duas palavras difíceis de vermos na mesma frase, MAS, mesmo assim, sempre avise aos envolvidos nas suas operações de Comércio Exterior sobre qualquer mudança a respeito de:

  • Férias, feriado, afastamento por qualquer motivo.
  • E-mail, telefone, endereço.
  • Emissão de NF, data de pagamento.
  • Horário de funcionamento.

E avise com antecedência, aprenda com o meu erro acima!

Dê Feedback (especialmente para elogiar).

Gostamos de dinheiro, de embarcar no prazo, de registrar a DI no Canal Verde (zoeira), de ver a carga chegar antes do prazo, mas é questão de tempo para que isso não seja mais o suficiente.

Todo mundo precisa de reconhecimento. E, se não insistíssemos no papo de adolescente-rebelde que diz que não precisa de ninguém, receber elogios não nos deixaria tão encabulados e saberíamos como reagir. Talvez soubéssemos, se isso fosse frequente.

Eu que já publiquei quase 120 artigos aqui na rede ainda me animo quando vejo as curtidas, e muito mais com os comentários e compartilhamentos.

Me sinto reconhecido!

Assim como é importante apontar o que é preciso melhorar, o que pode nem ser um defeito e sim uma personalização para facilitar sua vida.

Por que isso aumenta seu custo?

A falta de feedback nos faz crer, inicialmente, que está tudo certo, mas caso passe o dia incomodando seus prestadores de serviço sem nunca ser capaz de reconhecer ou elogiar (já que trabalha com eles há um bom tempo), aí você precisa mesmo é trabalhar sua empatia pois, como no assunto urgência, a motivação para lhe atender com efetividade com certeza vai despencar.

Mas o pior para você vai ser ter que mudar de prestador de serviço porque nunca se dignou a ter conversado com o atual enquanto ele lhe atendia.

O que, além de ser um comportamento, no mínimo, de FDP desagradável, exigirá de você toda uma energia e custo para que uma nova empresa se adeque às suas necessidades.

Sugestão.

Além do feedback, lembre-se de fazer isso constantemente, de forma proporcional à quantidade de processos.

Solicite Feedback.

Acha mesmo que só seus prestadores de serviço têm algo a melhorar? Comércio Exterior é um grande trabalho em equipe e a perspectiva deles é excelente para lhe ajudar a melhorar também.

Isso, lógico, desde que solicite com humildade e tenha dado o seu feedback a respeito deles também (como mencionei acima), não adianta pedir algo tão importante sem ter oferecido primeiro.

Por que isso aumenta seu custo?

Porque o problema/gargalo/culpa pode ser você.

Ser cliente não significa ter sempre a razão, não importa se você tem três décadas de Comércio Exterior: as coisas mudam e evoluímos para errar em outros assuntos.

Além disso, talvez uma única sugestão de melhoria, que irá tornar mais fácil o trabalho de um prestador de serviço, pode ser uma ótima ideia para otimizar o seu lado.

Sugestão.

Depois de receber o feedback, agradeça, reflita e faça bom uso daquilo que for útil.

Pague em dia.

Importações e exportações possuem custos que precisam ser pagos muito antes da operação gerar alguma receita, por isso o planejamento da operação não diz respeito apenas a logística e valores, mas também ao seu fluxo de caixa.

E é quando falta dinheiros que normalmente os clientes ruins começam a tratar os prestadores de serviço como trouxas ou banco… ou os dois.

Por que isso aumenta seu custo?

Porque não pagar em dia compromete o fluxo de caixa dos seus prestadores de serviço, que também precisam pagar outras empresas, o que compromete os ganhos previstos e a confiança deles a seu respeito.

E isso não vai sair de graça, as empresas do Comércio Exterior não são ONG de caridade para cobrir prejuízos causados por clientes.

Sugestão.

É preferível negociar prazos e formas de pagamento do que prometer uma data maravilhosa e não cumpri-la, sem contar que existem diversos benefícios em ser um bom pagador na importação.

Conclusão: bons clientes são previsíveis.

Quando um cliente é previsível, podemos confiar na sua cadeia de suprimentos, sabemos que ele vai ligar somente quando necessário, que pagará conforme acordado, que, se o serviço não estiver bom, ele vai dizer o quanto antes e, quando estiver muito bom, lembrará de elogiar também.

Um Comex com clientes assim é quase uma utopia, mas existem.

E estes são diferentes dos clientes filhos-do-caos, cuja única previsibilidade que nos dão é a de que sofreremos constantemente de azia, ansiedade e ranço

E você, amiga(o)?

Gostaria que seus clientes lessem essas dicas? Você tem mais clientes previsíveis ou mais filhos-do-caos? Que outras dicas podemos mencionar? Compartilhe comigo e com os demais nos comentários!


Desde 2007 atuando no comércio exterior e importação, decidi aliar meu amor pela escrita para ensinar e discutir sobre essa carreira que tanto aprecio, mas de forma simples e bem humorada.

Pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, me rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como: Gett, Conexos, Allog, Cheap2ship, Mainô, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Interfreight, Logcomex, Grupo Trust, Dati, Conexo, Inova Despachos, entre outras.

O hobby virou 2º emprego e hoje é o 1º, pois além de textos, palestras e consultorias, iniciei um podcast chamado Invoice Cast e no final desse mesmo ano, fundei com mais dois amigos uma agência focada em Comércio Exterior, a Invoice Content.

Tá afim de trocar uma ideia comigo? Me chama aí!

Custos de importação, quais são e quando devo pagá-los?

Se você está pensando em Importar e está aqui por se preocupar com os custos de importação, parabéns! Essa atitude mostra bom senso e já tenho fé que sua futura operação será um sucesso.

Mesmo em pequenos volumes, estes custos são pesados e é importante conhecê-los com o intuito de descobrir se o produto será viável para o objetivo dele no Brasil. 

O texto não focará no quanto (explicarei o porquê no final), e sim em quais são os custos e quando é necessário pagá-los, a fim de auxiliar no seu fluxo de caixa.

Dividindo os custos de importação em grupos.

Com o propósito de facilitar a apresentação e entendimento de cada Custo de Importação, decidi separá-los em três grupos, respeitando (mais ou menos) a ordem que cada um surge na Importação, não necessariamente a ordem de pagar.

E, antes de qualquer coisa, atenção! Trataremos aqui da Importação Formal, nada aplicável à modalidade courier das comprinhas via AliExpress ou eBay da vida.

Custos Comerciais.

Comecemos com o menor e primeiro dos três grupos, aqui teremos apenas o exportador e as instituições financeiras que realizam a movimentação internacional de dinheiros divisas.

Mercadoria:

Temos que falar do óbvio pois ficará estranho, deixá-la de fora, aliás, a decisão do que comprar, o valor, a quantidade e os INCOTERMS serão os principais influenciadores na composição do Valor Aduaneiro (VA), bem como os demais custos de importação adiante.

Isso significa que, se seu orçamento for apertado, provável que precisará reduzir a quantidade ou qualidade de mercadoria comprada.

Câmbio: 

A não ser que se trate de uma Importação sem cobertura cambial (doação, substituição, dentre outros), é preciso pagar pela mercadoria e é provável que pagará a maior parte do valor antes mesmo do embarque.

O que é natural, leva tempo para você começar a ser visto como bom pagador no Comércio Exterior e não existe um Procon ou Reclame Aqui mundial para auxiliar.

Para fazer este pagamento, será necessário converter seus Reais na moeda do Exportador através de uma instituição financeira; sobre tal serviço incidirá o custo da rede SWIFT e o Spread da operação, embutido na taxa ofertada da moeda.

Custos Operacionais:

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Com toda a certeza essa é a turma que faz a importação acontecer, formalmente chamados de Intervenientes.

E não é porque tratamos de custos da importação que você deve bater neles por preço, é necessário, acima de tudo, desenvolver o relacionamento comercial, com o intuito de localizar os melhores, manter os custos baixos e não ter surpresas na operação.

Os citados aqui, têm seus serviços pagos, em geral, depois da chegada da carga no destino final, podendo ter prazo superior (a depender da sua negociação). 

Despacho Aduaneiro:

Trata-se, em suma, do serviço de nacionalizar a carga através do Despacho Aduaneiro.

Os valores cobrados aqui podem ser com base em uma porcentagem do VA, ou podem ter outros valores fixos, de acordo, principalmente, com o tratamento administrativo de sua mercadoria.

Frete Internacional:

Infelizmente, nascemos cedo demais para ver uma máquina de teletransporte funcionar, portanto, alguém precisa realizar do frete internacional.

Esse trabalho é realizado especialmente por agentes de carga e NVOCC, que centralizam a gestão da logística internacional com armadores, companhias aéreas e agentes de carga em outros países.

Tal serviço engloba não apenas frete internacional, mas também o transporte interno e armazenagem no país de origem, entre outros (a depender da complexidade logística).

Em suma, os principais influenciadores neste custo serão, basicamente:

  • O INCOTERM (EXW, FOB, etc.);
  • Modo de embarque (aéreo, rodoviário, marítimo FCL, LCL…); e
  • Aspectos físicos da carga (peso, dimensão, se pode empilhar, se é frágil, se é carga perigosa…). 

Seguro

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Ponto bem importante, negocie à exaustão com o exportador, ou qualquer um dos outros custos de importação, mas por favor:

não deixe de assegurar sua carga.

Não faz sentido nenhum economizar com algo que fará mais falta em caso de sinistro. Este valor, no geral, é uma porcentagem que costuma ficar abaixo de 0,5% sobre o valor da Mercadoria + Frete Internacional.

Mas procure sempre esclarecer com a companhia seguradora ou corretor, pois existem produtos, países de embarque e outras situações com restrições que seguros não cobrem.

Armazenagem e serviços acessórios:

Para que sua mercadoria seja nacionalizada é preciso que ela adentre no país por uma área alfandegada, que podem ser portos, aeroportos e zonas de fronteiras.

Dessa maneira, será preciso ao menos pagar pela armazenagem (% do VA por período) e da movimentação da carga no recinto.

Guarujá - SP, Brazil, Jardim Boa Esperanca (Vicente de Carvalho)
Photo by sergio souza on Unsplash

Além disso, pode haver outros custos conforme a necessidade da mercadoria: etiquetar, embalar ou, por exemplo, a necessidade de posicionar a carga para vistoria de algum órgão público.

É necessário muito cuidado! Os Custos de Importação das tabelas de preços de terminais costumam ser confusos, e até traiçoeiros, principalmente por não haver um padrão de nomenclatura e formato de cobrança (peso, volume, dimensões…) exigidos.

Transporte Interno:

Se o seu processo de importação conseguiu, com sucesso ou mesmo com alguma dificuldade, o desembaraço aduaneiro, e está pronto para deixar o recinto alfandegado, é preciso que alguém busque e transporte a sua mercadoria para onde quer que você deseje entregar.

Presumindo que não seja uma carga projeto, sua transportadora precisará apenas dos dados da carga, da rota e o VA.

Caso tenha veículo próprio pode utilizá-lo sem problemas, contudo, converse antes com seu Despachante Aduaneiro, não é simplesmente chegar no local e pedir sua encomenda

Consultoria e Assessoria:

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Se lhe falta experiência e um setor de importação na empresa, é importante contar com uma pessoa de confiança para garantir o bom fluxo operacional e detectar as oportunidades de melhoria e redução de custos.

Os valores de assessoria costumam ser cobrados por hora ou projeto, e são devidos antes mesmo da Importação começar, pois é trabalho do consultor lhe prevenir dos problemas custosos.

Problemas custosos no Comex, é redundância.

Vieira, Jonas – 2020

Afinal, sabemos que quaisquer cinquenta dólares economizados fazem diferença (ou falta).

Custos Aduaneiros e Tributários.

Vamos agora abordar o grupo que é certamente o mais “oneroso” dos três.

É possível reduzir custos com regimes aduaneiros e soluções tributárias, contudo, não há muito o que fazer e o que foi feito – os seus concorrentes provavelmente também já fizeram.

A maioria deles deverá ser pago depois da carga chegar no terminal alfandegado e antes do carregamento – aliás, nem vai conseguir carregar ou sequer começar o despacho aduaneiro sem a devida quitação.

Tributos incidentes na Declaração de Importação (DI).

A propósito de que seu despachante aduaneiro consiga registrar a DI, é necessário ter saldo em conta para pagar esta quantia de tributos:

  • Imposto de Importação (II);
  • Imposto sobre Produto Industrializado (IPI);
  • PIS;
  • COFINS;
  • Taxa de Utilização do Siscomex (TUS); e
  • Defesas Comerciais e Medidas Compensatórias, tais como: Antidumping e Salvaguarda.

Caso sua Importação apresentou alguma irregularidade e seja multada, também precisará pagar essa multa para conseguir o desembaraço.

Tributos incidentes APÓS o registro da DI:

Apesar de já ter pagado bastante com a DI, infelizmente os custos de importação aqui não acabaram… falta pagar o ICMS ao Estado  e o AFRMM, caso tenha importado por via marítima.

E menção desonhonrosa para:

A depender da classificação fiscal, existem licenças de importação que precisam ser pagas para serem analisadas, por exemplo, alguns produtos que precisam da anuência da SUEXT (antiga DECEX), só têm o processo analisado após o pagamento da respectiva taxa via Banco do Brasil.

Também há produtos, como bebidas, lâmpadas e brinquedos, que precisam ser submetidos à análise de laboratórios credenciados para atestar a qualidade.

Desse modo, o momento de pagar tais custos pode acontecer antes do embarque ou depois da chegada no terminal de destino.

Quanto “pesa” em porcentagem cada um desses custos de importação?

Image by rawpixel.com

São tantas as variáveis que não é possível responder isso de forma geral.

Se o seu estudo de viabilidade mudar uma informação como a classificação fiscal, modo e país de embarque, será necessário revisar os custos quase que por completo.

A não ser que pergunte especificamente para alguém que já realizou a operação nos moldes que pretenda realizar. 

Fora isso, desconfie de quem diz saber.

E você, amiga(o)?

O texto faz parta da série “Beabá do Comex” e não me permite aprofundar demais sem que vire uma chata monografia.

No entanto, sinta-se à vontade para complementar o assunto nos comentários. Gostou do texto? Qual custo mais dá trabalho orçar ou mais dói no bolso?

Este artigo foi escrito com a turma da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Demurrage de Container

Demurrage de contêiner: o que é e dicas úteis de como evitar.

É “curioso” como nosso meio carece de conteúdos com dicas realmente úteis de como evitar a Demurrage de contêiner, logo ele! Capaz de causar um nível de ansiedade tão alto, que a preocupação com o custo de armazenagem fica em segundo plano.

Na verdade, não é curioso, pois trata-se de um dos assuntos mais polêmicos no Comércio Exterior brasileiro e há muitos interessados em que ele continue nebuloso… Mas ainda não é o momento para dizer tudo que tenho vontade sobre.

Dito isso, vamos entender o que é, para depois conferir as dicas de “como” se proteger (o máximo possível).

Menos juridiquês, mais ação.

Photo by Martin Lopez from Pexels

Antes de abordar o assunto, entenda que tratarei aqui da Demurrage de contêiner no transporte unimodal, da forma que ela é usualmente chamada na importação portanto, não tratarei da aplicação dela em embarcações, que é onde o termo se originou.

Como focarei na prática das operações, peço licença para não sobrecarregar com termos e nomenclaturas corretas do Direito Marítimo.

Agora estamos Ok para começar.

O que é a Demurrage de contêiner na importação?

Se você é um pequeno gafanhoto no Comércio Exterior e ainda não teve o caráter endurecido pela Demurrage, vamos entender o que ela é:

O contêiner não é uma embalagem, ele é parte da embarcação e por isso é necessário devolvê-lo ao Armador (dono do navio) vazio e em condições para novo uso, para que possa utilizar na próxima viagem.

Só essa parte em negrito é tão polêmica que vale um artigo inteiro, então deixemos quieto por ora.

E para que o importador não procrastine a devolução do contêiner,  igual fazemos com os cursos e livros durante a quarentena, existe uma penalidade pecuniária (= dinheiros) pela demora chamada Demurrage, que começa a ser cobrada após terminar o período livre de estadia, bem conhecida na área pelo nome de Free Time.

Vendo na prática, digamos que um contêiner 20′ GP/Dry tem 15 dias de Free Time e os primeiros 5 dias de Demurrage custam USD40,00/dia.

Se a contagem do Free Time começar no dia 01/Mar (NORMALMENTE no dia seguinte da atracação do navio), ela acabará em 15/03 e, caso devolva o contêiner no dia 18/Mar, será preciso pagar 3 dias de Demurrage:

USD120,00 – Para não esquecer de vez, use esse trocadilho:

Trata-se da multa causada pela demórrage em devolver o container vazio para o Armador.

Dicas de como evitar a demurrage.

Photo by Lukas from Pexels

O Comércio Exterior eficiente precisa gerenciamento de risco, conseguimos eliminar alguns deles, mas a maioria, que inclui a Demurrage, é apenas minimizada, pois nosso trabalho depende de outras empresas e órgãos públicos para ser executado.

Além dos diversos riscos incontroláveis que eventualmente enfrentamos para entregar o contêiner vazio dentro do Free Time, conhecidos nossos como:

  • Fortes altas no câmbio;
  • Greves;
  • Desastres naturais; e
  • Pandemias.

Como as dicas buscam ser realmente úteis, não perderei seu tempo repetindo sugestões básicas de outros textos, como: Negocie o Free Time.

1 – Pare de importar com frete prepaid.

Embora pareça vantajoso deixar o exportador com o frete, o risco de pagar Demurrage é maior e essa é uma fração das 5 razões para não importar prepaid.

O Agente de Carga dele, principalmente seu parceiro brasileiro, vão aplicar termos e valores tabelados que planilha de custo alguma dá conta de prever.

E o fazem principalmente para se protegerem de riscos de inadimplência, mas muitos aproveitam seu desconhecimento de importação para bater a meta numa única operação… E isso não ocorre apenas no prepaid, veremos adiante.

É possível minimizar o risco e evitar a Demurrage negociando o pagamento e exigindo em contrato as condições que o frete marítimo deve atender, como o Free Time mínimo, mas na prática, se falharem em atender essas condições durante a importação, será preciso muito retrabalho discutindo com os envolvidos e cobrando prejuízos do exportador. Bem provável que ele não estará com pressa de te ressarcir.

Diferente de importar no Collect que cabe a vocêescolher o Agente de Carga, isso o ajudará a conseguir um Free Time maior e menor valor de Demurrage.

Sei que parece básico, mas esse erro é comum demais e o valor do prejuízo dificilmente será recuperado nas demais dicas.

2- Priorize utilizar contêiner Dry/GP.

Pixabay

Custos de importação são complexos, por isso recomendo priorizar pelo contêiner clássico, conhecido como Dry ou General Purpose. Pois por ser o mais comum, seu valor de Demurrage é menor e é mais fácil conseguir um Free Time mais longo com ele.

Caso tenha uma importação pesada ou volumosa, é comum os exportadores pedirem para utilizar os contêineres especiais, que são mais fáceis de estufar a mercadoria, como o Flat Rack e o Open Top, os quais, além de possuírem Demurrages mais altas e Free Time mais curto, também encarecem o frete pelo espaço ocupado.

Talvez ele consiga estufar sua mercadoria num Dry se você pagar o aluguel de uma empilhadeira parruda, se possível, calcule os custos.

Porque além de aumentar a chance de evitar a Demurrage, o frete será mais barato comparado com o dos contêineres especiais.

E se você economiza no frete, automaticamente pagará menos armazenagem e impostos da importação.

3- Tenha a desova do contêiner como plano B.

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Gerenciar riscos também é ter planos de ação prontos para responder ao incontrolável, para não precisar sofrer de ansiedade enquanto vislumbra os últimos dias de Free Time acabarem.

Pois basta trabalhar com importação FCL para sua primeira treta de Demurrage acontecer, por mais que tentemos evitar.

A Demurrage é a consequência das causas incontroláveis que exemplifiquei no início (ou a bagunça que é sua operação, embora não seja o tema aqui). Com o gerenciamento de risco podemos evitar esse prejuízo mesmo que não tenha hoje um plano ação pronto.

Pois você sabe o que greves, desastres naturais e pandemias, têm em comum?

Elas não acontecem da noite para o dia.

Não é necessário pesquisar datas, seja greve dos caminhoneiros ou de funcionários públicos, elas são anunciadas durante a negociação das melhores condições buscadas. O mesmo com pandemias e desastres naturais: quem é do Comércio Exterior soube o mais tardar em janeiro que a situação do Covid-19 na China era séria.

Seja um mês ou uma semana de antecedência, isso é tempo o bastante para preparar a desova do contêiner como plano B. Portanto, para evitar ter um contêiner preso no porto, tenha negociado a desova com algum terminal alfandegado capaz de fazê-lo, dessa forma, poderá devolver o contêiner dentro do Free Time.

Isso envolve gastar com desova, com a entrega dele vazio e, talvez, inclusive com a transferência via trânsito aduaneiro, mas bem provável que compense, pois, considerando os valores de Demurrage praticados, raramente não compensa.

4 – Não trabalhe com Agentes de Carga que não visam seu sucesso.

Se algum Agente de Carga com que você trabalha te chama de “parceirão”, dá calendário, caneta e outros mimos o ano todo, mas:

  • Só informa a taxa Ptax, Free Time e Demurrage na cotação se você pedir;
  • E, se informa, é no campo das letras miúdas;
  • Te “ajuda” a lembrar que o Free Time acabou somente para cobrar o pagamento;
  • Cobra o dobro ou triplo do valor da Demurrage praticada pelo Armador; e/ou
  • Tem um Departamento só para tratar de Demurrage.

Bem, está na hora de você rever seu conceito de “parceria”.

Afinal, pouco adiantará importar Collect se estiver trabalhando com quem utiliza a Demurrage como fonte de renda.

A luneta é você procurando o free time na proposta do seu parceirão.

Digo Agentes de Carga, mas pode ser que o NVOCC, a Trading Company ou até o Despachante Aduaneiro estejam ganhando em cima desse esquema do qual infelizmente muitos participam.

Mas há quem preze pela transparência e para encontrá-los é preciso parar de aceitar essas condições imorais, descartá-los se insistirem nessa prática e procurar aqueles que te ajudam a reduzir riscos.

5 – Tenha um time para estar bem assessorado.

Essa dica não se limita ao escopo de como evitar Demurrage, qualquer plano B, C e D podem falhar e quando isso acontecer, é preciso ter o time certo para lhe ajudar.

É “quando” mesmo, não “se”, por mais que antecipemos o máximo de variáveis, elas se limitam à nossa experiência.

É importante estar bem assessorado por Despachantes Aduaneiros, Advogados Marítimos/Aduaneiros e consultores com experiência na importação.

Não apenas para te tirar da enrascada, mas para garantir no seu gerenciamento de risco que não aconteça novamente.

Mantenha-os por perto como amigos. Se precisar de indicações, fique à vontade para me procurar.

E você leitora(o)?

Está passando por dificuldades com Demurrage? Já aplicou alguma dessas ideias? Concorda com elas? Conte sua situação e experiência para continuarmos conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito para os amigos da cheap2ship e publicado originalmente em seu blog.

3 dicas básicas de como reduzir custos na importação.

É parte primordial da profissão em Comércio Exterior de buscar como reduzir custos na importação e exportação. Se executar o serviço for sua única preocupação, seus custos operacionais irão inevitavelmente subir, ainda que beeem devagarinho.

Como se não bastasse o dólar acima de R$5,00 e o STJ reintegrando a capatazia no Imposto de Importação, nem tivemos ainda o pior impacto do Coronavírus no ComEx.

Tudo isso e só em março.

Para combater estes contratempos, podemos buscar reduções nos trabalhos básicos com o propósito de que seus resultados se destaquem no volume de processos.

Por isso, separei as 3 dicas abaixo que visam ajudar os mais variados segmentos e, para que sejam simples, não abordarei complexidades como: investir em tecnologia ou montar um setor de importação.

Dica 1 – Monte um time de prestadores de serviço na importação.

Foto por fauxels em Pexels.com

Seu despachante aduaneiro, agente de carga, áreas alfandegadas e transportadoras são capazes de te ajudar com ideias de como reduzir custos na importação.

Entretanto, não será com um time formado por apenas um prestador de cada que você terá grandes avanços! Afinal, independentemente do tamanho, nenhum deles é capaz de prestar um serviço com mesma qualidade e preço em todas as hipóteses:

  • Um agente de carga pode ser melhor em atender em certas rotas e modos de embarque que outro;
  • A especialidade dos Despachantes Aduaneiros varia conforme o produto e onde é feito o desembaraço;
  • Os serviços prestados por áreas alfandegadas são diferentes a depender da estrutura; e
  • Transportadora alguma é competitiva no Brasil inteiro;

Portanto, tenha mais de um preparado para te atender, especialmente se importar variados produtos por diversas regiões, além de verificar se os preços estão competitivos, eles serão também um Plano B.

Desenvolva-os, não os desgaste.

Todavia, quando digo ter um diversificado time, é com o objetivo de que todos tenham a chance de te atender, não simplesmente para leiloar valores, tanto que um dos principais ensinamentos do texto porque é melhor desenvolver fornecedores, do que bater por preço é:

Se priorizar preço, receberá por aquilo que pagou.

E raramente será o que você busca.

Caso algum pare de te responder depois de tanto incomodá-lo pedindo desconto, significa que você foi demito por ele e está desenvolvendo uma péssima fama no mercado.

Dica 2 – Busque reduzir os custos de importação em diferentes INCOTERMS.

Foto por Tom Fisk em Pexels.com

Tendemos a padronizar as compras, assim como os INCOTERMS na importação, e isso pode estar comprometendo a oportunidade de reduzir custos.

Se o exportador não tem experiência com Comércio Exterior (ou seja especialista em dar trabalho) o ideal é comprar EXW, mas ao negociar com outro fornecedor, experimente cotar no FCA/FOB, afinal, se ele manjar de exportação, conseguirá te passar melhores valores.

Semelhante estratégia pode ser aplicada aos agentes de carga, a experiência deles com cada país de embarque varia e podem apresentar bons valores para importar no EXW.

Nada de importação Prepaid!

Pelo bem do seu sistema imunológico (e também do seu despachante aduaneiro), tão necessário durante a pandemia, evite ao máximo possível importar com frete incluso, foram raríssimas as situações que vi ajudarem a reduzir custos na importação.

Já mostrei 5 razões para não fazê-lo, caso seja realmente inevitável (sei que acontece), então dê uma conferida nas dicas para reduzir custos do Prepaid.


Dica 3 – Defina como embarcar considerando os custos de armazenagem

Foto por Tom Fisk em Pexels.com

Se você acha que:

  • O modo de embarque se decide comparando apenas valor de frete;
  • Embarque aéreo é só para carga urgente; e
  • Não tem como importação FCL ser mais barata que LCL.

Você não só está deixando de economizar como está praticamente queimando dinheiro!

E se foi algum prestador de serviço que te disse isso, ele está te assessorando MUITO BEM, similarmente ao seu gerente de banco dizendo para você investir em Título de Capitalização #SARCASMO.

Em grande parte de minha atuação na importação sempre foi mais viável importar no modo aéreo que no marítimo consolidado, em conclusão ao comparar o frete junto dos custos de armazenagem de onde realizaria o desembaraço.

Assim como influenciará no custo do transporte interno – há despachantes que cobram valores diferentes conforme o modo de embarque, neste sentido, confira o que deve saber antes de importar por marítimo consolidado.

Encare reduzir custos na importação como uma oportunidade na carreira.

Foto por Startup Stock Photos em Pexels.com

A verdade é que realizar apenas o trabalho operacional de rotina dificilmente irá te destacar e proporcionar novas oportunidades perante seus clientes e chefes.

Contudo, você precisará encontrar tempo fora da operação para fazê-lo. Sei como o volume de trabalho é gigante, somado às metas de vendas e à mitigação dos erros, mas

veja essa mudança de mentalidade como uma forma de tentar deixar o cargo de Assistente ou Analista para trás.

Experimente analisar seus colegas, tanto de dentro quanto de fora de sua empresa, quantos estão buscando analisar processos e contestar as informações? Verá, provavelmente, que são poucos os que o fazem.

Pode ser pelo volume de trabalho, por preferirem (ainda que inconscientemente) o comodismo de agir como um robô, ou por acreditarem que este não é seu trabalho.

A escolha é sua.

E você, leitora(o)?

Estas foram só 3 dicas, consegue pensar em outras simples para ajudar a reduzir custos na importação? Já aplicou alguma destas? Qual foi o impacto financeiro? Sua experiência nos comentários enriquecerá o assunto.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com


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Dicas para reduzir custos e problemas ao importar com frete incluso (Prepaid).

Se existe algum setor em nosso comércio exterior que nunca realiza importações com frete incluso, podemos dizer que ele é privilegiado.

Ao menos para mim, foram raros os momentos que tive apenas embarques EXW e FOB, e estes poucos Prepaid foram capazes de gerar tanto estresse e ranço que até hoje carrego uma lista dos “Agentes de Carga que jamais darei uma chance”.

E engana-se se você achar que foram apenas os de pequeno porte, existem dois que estão há muitos anos como os maiores movimentadores de carga do mundo.

Como sempre há exceções, existiram excelentes agentes e armadores no Prepaid com os quais pude aprender, assim como aprendi com os problemáticos que é possível reduzir custos e problemas, porque

Às vezes, o Prepaid é inevitável.

Pois pode acontecer do exportador não aceitar embarcar com frete a pagar pelo importador (Collect), pelos mais diversos motivos, dependendo do produto e segmento, mas deixo a título de exemplo duas situações que presenciei seguidamente:

  1. Embarques em container Flat Rack, no qual a carga era tão volumosa, pesada, cara, delicada e de demorada fabricação, que o exportador preferia cuidar do carregamento e transporte internacional, pois sabia que na mão dele não haveria problemas na viagem.
  2. O volume de embarques do exportador era tão alto, que dependia de trabalhar alinhadamente com seus Agentes de Carga de confiança, para que a logística da fábrica até o porto ocorresse com sucesso.

E nestes dois casos o volume e experiência desses exportadores era tamanha que seguidamente não conseguíamos um frete igualmente competitivo.

Leitor de Agente Carga: Não conseguiu frete bom porque não cotou comigo hahaha!

Em toda negociação há limites ou critérios que uma das partes não aceita abrir mão, mas isso não impede que tomemos ações para nos precaver dos comuns problemas que o embarque Prepaid costuma causar – já os abordei mais a fundo no texto 5 razões para não importar com frete incluso (Prepaid), deixarei o link dele no final.

Proteja-se durante a compra.

Se o exportador não abre mão do frete internacional, então resta ao importador determinar na proposta as condições que impeçam este frete ser uma caixa pandora (seja uma PO, Invoice ou Contrato de Compra).

Determine as condições logísticas do frete internacional.

Essa parte é similar a cotar frete internacional, podemos determinar aspectos logísticos como:

  • Tempo máximo de Trânsito (Transit Time);
  • Se aceita embarque parcial;
  • Se aceita Transbordo;
  • No caso de carga consolidada (LCL), se aceita abertura de container no porto de transbordo;
  • Free time mínimo;
  • Quais tipos de container aceitam;
  • Se aceita ou não que parte da rota seja feito por Trânsito Aduaneiro.

Utilize o pagamento para se proteger do embarque sem autorização.

Se o pagamento ao exportador for após o embarque, o importador está suscetível ao EXP dar uma de John without Arm (Do inglês, João Sem Braço) e embarcar a mercadoria sem autorização.

Pior, o importador somente ficar sabendo quando receber o conhecimento de embarque para aprovar.

Não precisa muito para acabar com o dia de um importador 😉

Uma maneira de evitar esta malandragem é determinando que parte do pagamento ocorra somente após o exportador informar a prontidão da mercadoria, assim, motivando-o a produzi-la rapidamente para ser pago e como depende de receber, o importador não será surpreendido.

Hey, é só uma sugestão, sei que essa ideia vai fazer seu embarque demorar mais, cabe a você avaliar se serve para a sua importação.

Apresente os seus Agentes de Carga brasileiros ao exportador.

Tente intermediar um contato dos seus agentes de carga mais queridos ao agente do exportador; algumas vezes, compartilhar a assinatura de e-mail deles baste, pois talvez esse agente na origem já conheça ou até tenham uma parceria firmada.

Vai que viram melhores amigos.

Caso tenha ou aceite trabalhar com um dos seus indicados, sem dúvida isso vai favorecer no fluxo das informações e redução de custos de destino. Esta ideia é mais difícil de dar certo, mas como diria o Jonas adolescente, magricelo, espinhento e jogador de RPG e video-game:

O “não” já temos (até eu conhecer a humilhação).

Se apresente ao Agente de Carga no Brasil.

Considerando que usar um agente seu não funcionou, pergunte ao exportador ou ao Agente dele quem é seu parceiro e entre em contato com ele logo! É importante que isso seja feito antes do embarque, na verdade, antes mesmo da mercadoria estar pronta.

Isso foi o que encontrei ao pesquisar awkward handshake.

O objetivo é começar uma relação comercial para não ser tratado como mais um qualquer de processo Prepaid e sim, como um cliente em potencial.

Se apresente, conte da sua empresa, das importações e desse novo embarque que irão trabalhar juntos, negocie os custos de destino, porém, deixe claro a ele que essa é uma oportunidade para fazer um bom trabalho e assim conseguir embarques contratados por você.

Já que, de certa forma, está obrigado a trabalhar com ele, então que comecem em harmonia, nem você, nem o agente ou o exportador querem se estressar.

***

Reduzir custos e dificuldades na importação Prepaid é um desafio complexo, sei que as dicas geram ainda mais trabalho para o importador, mas os problemas que importar Prepaid sem se prevenir podem causar, conseguem gerar transtornos superiores às tentativas de prevenção.

E nem todas são aplicáveis, pode ser que seu principal exportador seja um gigante do setor e seu volume de compra é (proporcionalmente) tão pequeno, que ele não aceite adicionar ou mudar nada na proposta e para piorar, o Agente de Carga dele no Brasil é mais um PNC acéfalo, que visa apenas ganhar na Lei de Gerson no curto prazo e te despreze igualmente.

Mas aí são assuntos para futuros textos e, como mencionei no início, sugiro o artigo abaixo como leitura complementar.

E você, leitora(o)?

Também se estressa com importações Prepaid? Quais são suas dicas para minimizar as dificuldades? Divida sua experiência com os demais colegas nos comentários.


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