Voo fretado na importação, o que preciso saber antes de contratar?

Tem surgido recentemente no mercado agentes de carga vendendo espaço em voo fretado na importação, conhecido também pelo termo “voo charter”.

Uma natural estratégia para o momento de pandemia, afinal, conforme menos aviões estão voando regularmente, menos opções há para transporte de carga.

E as expectativas para o ano não são promissoras no Comércio Exterior, a Maersk estima 140 Blank Sailings para o segundo Quadrimestre é IATA prevê uma queda entre 15-20% do tráfego aéreo para 2020.

Entretanto, assim como qualquer modo de embarque, voos fretados possuem vantagens e desvantagens e esse texto lhe apresentará o que é preciso saber antes de contratar.

O que é Voo Fretado (Voo Charter)?

Com efeito de não haver disponibilidade de espaço em aviões de linhas regulares para atender uma gigante demanda, os agentes de carga arrendam uma aeronave para realizar um transporte com rota e horário específicos.

O agente de carga pagará pelo arrendamento da aeronave a companhia aérea, que em seguida precisará give your jumps para vender o espaço aos seus clientes.

Em resumo, o agente de carga compra o espaço no atacado para vender no varejo aos seus clientes.

Evidente que o arrendamento não é simples como chamar um Uber, como definir a quem pertence riscos, responsabilidades de operação… Mas esta é a expertise dos Agentes de Carga e cabe a eles simplificar a venda aos clientes.

Também é possível arrendar parte de uma aeronave ou navio, entretanto, isso tende a ser viável apenas com veículos maiores.

As vantagens e desvantagens do voo fretado na importação.

Photo credit: Benedikt Lang on VisualHunt / CC BY-ND

Ainda que busque atender uma reconhecida demanda que justifique tamanha operação, o voo fretado na importação não satisfará logisticamente a todos.

Assim como as vantagens e desvantagens abaixo podem pesar diferente em sua decisão, conforme:

  • Tipo de produto: Peso, dimensões, classificação de risco e barreiras não tarifárias.
  • Mercado a atender no Brasil.
  • Sua localização e do Exportador em referência aos aeroportos da rota.

Mas é primordial conhecê-las, para evitar prejuízos ainda maiores (ainda mais num momento que precisamos reduzir custos) e trabalhar com harmonia com seu agente de carga, desde a cotação até sua chegada.

Vantagens

O bicho é brabo de rápido, mesmo para o transporte aéreo, o Transit Time Shanghai/Frankfurt -> Viracopos chega a ser 30 horas.

Isso é possível pois não há escalas no caminho para carregar e descarregar (apenas para reabastecer) e muito menos conexões, portanto, o tempo parado com troca de aeronave e movimentação de carga durante a viagem é inexistente.

Photo credit: Christian Junker | Photography on VisualHunt / CC BY-NC-ND

Maior garantia do embarque, o espaço comprado está seguro e será iniciado na data informada, diferente das linhas regulares que tem regras de prioridade que fazem você a ver navios aviões.

Para a carga, a importação em voo fretado fortalece a segurança em dois aspectos:

  • Manuseio: Ele será realizado por um subcontratado de seu agente de carga, que sem dúvida acompanhará para que seja feito com cuidado.
  • Transporte: Quanto menos tempo um veículo está em viagem ou movimentando carga, menor é o tempo de risco.

Além do próprio transporte aéreo ser mais seguro que o marítimo e rodoviário.

Desvantagens

No geral, costuma ser a opção mais cara dentro do transporte aéreo, portanto, aumentar o volume de produto pode ajudar a reduzir o custo do frete (apesar do câmbio não estar colaborando para isso).

Quanto maior o volume, mais feliz seu agente de carga fica.

Como falta espaço para embarcar, esse “caro” ainda pode ser mais barato que arcar com outros custos conhecidos, como:

  • Queda da efetividade da mão-de-obra por ociosidade.
  • Deixar de atender clientes no Brasil.
  • Maquinário e fábrica parada.

Mas ela não perdoa atrasos, se não entregar a carga em tempo (desembaraçada e pronta para embarque), será preciso arcar com o frete morto.

Em seguida, sofrerá com os prejuízos logísticos de movimentar, transportar e armazenar essa carga, até conseguir outro voo fretado.

Visto que não há opções de voo fretado na importação regularmente, a espera será longa.

Portanto, é essencial que seu exportador tenha tempo para produzir e entregar a mercadoria, além de um prazo extra de segurança para os eventuais problemas!

Por último, provável que precise pagar adiantado o frete, ao menos um sinal, pois como vimos, trata-se de uma operação bem mais arriscada para os agentes de carga e é preciso compartilhar os riscos.

O que também significa comprometer mais seu fluxo de caixa, ainda bem que a viagem é rápida.

Esse é um aspecto mais comercial, a depender da sua barganha e relação comercial, talvez consiga pagar depois da aeronave chegar. Como o usual da importação.

O planejamento está mais importante que nunca.

Photo credit: Jeroen Stroes Aviation Photography on Visualhunt.com / CC BY

O êxito de uma importação está no planejamento e no caso de embarcar em voo fretado, a logística internacional torna mais tênue ainda a linha entre o sucesso e fracasso da operação.

E cuidado, assim como a “empreendedores” que nunca importaram nem no Ali Express e já querem trazer um container de máscaras, cuidado para não trabalhar com agentes de cargas inexperientes nesse assunto.

Se o modo aéreo de embarque sempre esteve presente a você, considere cotar nessa modalidade, pois ainda ouviremos ofertas dela por um bom tempo.

Por mais que a pandemia terminasse milagrosamente hoje, serão meses para fábricas, comércio, companhias aéreas e armadores sincronizarem suas capacidades para atender as demandas.

E você, amiga(o)?

Já realizou importação em voo fretado? Tem conseguido embarcar em linhas regulares? Seu agente de carga está ofertando essa opção? Quais cuidados você daria para quem ainda desconhece?

O momento exige cooperação, portanto, dividir sua experiência nos comentários é mais importante que nunca.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Demurrage de Container

Demurrage de contêiner: o que é e dicas úteis de como evitar.

É “curioso” como nosso meio carece de conteúdos com dicas realmente úteis de como evitar a Demurrage de contêiner, logo ele! Capaz de causar um nível de ansiedade tão alto, que a preocupação com o custo de armazenagem fica em segundo plano.

Na verdade, não é curioso, pois trata-se de um dos assuntos mais polêmicos no Comércio Exterior brasileiro e há muitos interessados em que ele continue nebuloso… Mas ainda não é o momento para dizer tudo que tenho vontade sobre.

Dito isso, vamos entender o que é, para depois conferir as dicas de “como” se proteger (o máximo possível).

Menos juridiquês, mais ação.

Photo by Martin Lopez from Pexels

Antes de abordar o assunto, entenda que tratarei aqui da Demurrage de contêiner no transporte unimodal, da forma que ela é usualmente chamada na importação portanto, não tratarei da aplicação dela em embarcações, que é onde o termo se originou.

Como focarei na prática das operações, peço licença para não sobrecarregar com termos e nomenclaturas corretas do Direito Marítimo.

Agora estamos Ok para começar.

O que é a Demurrage de contêiner na importação?

Se você é um pequeno gafanhoto no Comércio Exterior e ainda não teve o caráter endurecido pela Demurrage, vamos entender o que ela é:

O contêiner não é uma embalagem, ele é parte da embarcação e por isso é necessário devolvê-lo ao Armador (dono do navio) vazio e em condições para novo uso, para que possa utilizar na próxima viagem.

Só essa parte em negrito é tão polêmica que vale um artigo inteiro, então deixemos quieto por ora.

E para que o importador não procrastine a devolução do contêiner,  igual fazemos com os cursos e livros durante a quarentena, existe uma penalidade pecuniária (= dinheiros) pela demora chamada Demurrage, que começa a ser cobrada após terminar o período livre de estadia, bem conhecida na área pelo nome de Free Time.

Vendo na prática, digamos que um contêiner 20′ GP/Dry tem 15 dias de Free Time e os primeiros 5 dias de Demurrage custam USD40,00/dia.

Se a contagem do Free Time começar no dia 01/Mar (NORMALMENTE no dia seguinte da atracação do navio), ela acabará em 15/03 e, caso devolva o contêiner no dia 18/Mar, será preciso pagar 3 dias de Demurrage:

USD120,00 – Para não esquecer de vez, use esse trocadilho:

Trata-se da multa causada pela demórrage em devolver o container vazio para o Armador.

Dicas de como evitar a demurrage.

Photo by Lukas from Pexels

O Comércio Exterior eficiente precisa gerenciamento de risco, conseguimos eliminar alguns deles, mas a maioria, que inclui a Demurrage, é apenas minimizada, pois nosso trabalho depende de outras empresas e órgãos públicos para ser executado.

Além dos diversos riscos incontroláveis que eventualmente enfrentamos para entregar o contêiner vazio dentro do Free Time, conhecidos nossos como:

  • Fortes altas no câmbio;
  • Greves;
  • Desastres naturais; e
  • Pandemias.

Como as dicas buscam ser realmente úteis, não perderei seu tempo repetindo sugestões básicas de outros textos, como: Negocie o Free Time.

1 – Pare de importar com frete prepaid.

Embora pareça vantajoso deixar o exportador com o frete, o risco de pagar Demurrage é maior e essa é uma fração das 5 razões para não importar prepaid.

O Agente de Carga dele, principalmente seu parceiro brasileiro, vão aplicar termos e valores tabelados que planilha de custo alguma dá conta de prever.

E o fazem principalmente para se protegerem de riscos de inadimplência, mas muitos aproveitam seu desconhecimento de importação para bater a meta numa única operação… E isso não ocorre apenas no prepaid, veremos adiante.

É possível minimizar o risco e evitar a Demurrage negociando o pagamento e exigindo em contrato as condições que o frete marítimo deve atender, como o Free Time mínimo, mas na prática, se falharem em atender essas condições durante a importação, será preciso muito retrabalho discutindo com os envolvidos e cobrando prejuízos do exportador. Bem provável que ele não estará com pressa de te ressarcir.

Diferente de importar no Collect que cabe a vocêescolher o Agente de Carga, isso o ajudará a conseguir um Free Time maior e menor valor de Demurrage.

Sei que parece básico, mas esse erro é comum demais e o valor do prejuízo dificilmente será recuperado nas demais dicas.

2- Priorize utilizar contêiner Dry/GP.

Pixabay

Custos de importação são complexos, por isso recomendo priorizar pelo contêiner clássico, conhecido como Dry ou General Purpose. Pois por ser o mais comum, seu valor de Demurrage é menor e é mais fácil conseguir um Free Time mais longo com ele.

Caso tenha uma importação pesada ou volumosa, é comum os exportadores pedirem para utilizar os contêineres especiais, que são mais fáceis de estufar a mercadoria, como o Flat Rack e o Open Top, os quais, além de possuírem Demurrages mais altas e Free Time mais curto, também encarecem o frete pelo espaço ocupado.

Talvez ele consiga estufar sua mercadoria num Dry se você pagar o aluguel de uma empilhadeira parruda, se possível, calcule os custos.

Porque além de aumentar a chance de evitar a Demurrage, o frete será mais barato comparado com o dos contêineres especiais.

E se você economiza no frete, automaticamente pagará menos armazenagem e impostos da importação.

3- Tenha a desova do contêiner como plano B.

Photo by ELEVATE from Pexels

Gerenciar riscos também é ter planos de ação prontos para responder ao incontrolável, para não precisar sofrer de ansiedade enquanto vislumbra os últimos dias de Free Time acabarem.

Pois basta trabalhar com importação FCL para sua primeira treta de Demurrage acontecer, por mais que tentemos evitar.

A Demurrage é a consequência das causas incontroláveis que exemplifiquei no início (ou a bagunça que é sua operação, embora não seja o tema aqui). Com o gerenciamento de risco podemos evitar esse prejuízo mesmo que não tenha hoje um plano ação pronto.

Pois você sabe o que greves, desastres naturais e pandemias, têm em comum?

Elas não acontecem da noite para o dia.

Não é necessário pesquisar datas, seja greve dos caminhoneiros ou de funcionários públicos, elas são anunciadas durante a negociação das melhores condições buscadas. O mesmo com pandemias e desastres naturais: quem é do Comércio Exterior soube o mais tardar em janeiro que a situação do Covid-19 na China era séria.

Seja um mês ou uma semana de antecedência, isso é tempo o bastante para preparar a desova do contêiner como plano B. Portanto, para evitar ter um contêiner preso no porto, tenha negociado a desova com algum terminal alfandegado capaz de fazê-lo, dessa forma, poderá devolver o contêiner dentro do Free Time.

Isso envolve gastar com desova, com a entrega dele vazio e, talvez, inclusive com a transferência via trânsito aduaneiro, mas bem provável que compense, pois, considerando os valores de Demurrage praticados, raramente não compensa.

4 – Não trabalhe com Agentes de Carga que não visam seu sucesso.

Se algum Agente de Carga com que você trabalha te chama de “parceirão”, dá calendário, caneta e outros mimos o ano todo, mas:

  • Só informa a taxa Ptax, Free Time e Demurrage na cotação se você pedir;
  • E, se informa, é no campo das letras miúdas;
  • Te “ajuda” a lembrar que o Free Time acabou somente para cobrar o pagamento;
  • Cobra o dobro ou triplo do valor da Demurrage praticada pelo Armador; e/ou
  • Tem um Departamento só para tratar de Demurrage.

Bem, está na hora de você rever seu conceito de “parceria”.

Afinal, pouco adiantará importar Collect se estiver trabalhando com quem utiliza a Demurrage como fonte de renda.

A luneta é você procurando o free time na proposta do seu parceirão.

Digo Agentes de Carga, mas pode ser que o NVOCC, a Trading Company ou até o Despachante Aduaneiro estejam ganhando em cima desse esquema do qual infelizmente muitos participam.

Mas há quem preze pela transparência e para encontrá-los é preciso parar de aceitar essas condições imorais, descartá-los se insistirem nessa prática e procurar aqueles que te ajudam a reduzir riscos.

5 – Tenha um time para estar bem assessorado.

Essa dica não se limita ao escopo de como evitar Demurrage, qualquer plano B, C e D podem falhar e quando isso acontecer, é preciso ter o time certo para lhe ajudar.

É “quando” mesmo, não “se”, por mais que antecipemos o máximo de variáveis, elas se limitam à nossa experiência.

É importante estar bem assessorado por Despachantes Aduaneiros, Advogados Marítimos/Aduaneiros e consultores com experiência na importação.

Não apenas para te tirar da enrascada, mas para garantir no seu gerenciamento de risco que não aconteça novamente.

Mantenha-os por perto como amigos. Se precisar de indicações, fique à vontade para me procurar.

E você leitora(o)?

Está passando por dificuldades com Demurrage? Já aplicou alguma dessas ideias? Concorda com elas? Conte sua situação e experiência para continuarmos conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito para os amigos da cheap2ship e publicado originalmente em seu blog.

Liberar a carga somente com digitais, já é mesmo possível?

No dia 24 de março deste ano a Receita Federal (RFB) colocou fogo no parquinho do Comércio Exterior brasileiro ao se manifestar sobre liberar carga somente com digitais dos originais, mais precisamente o conhecimento de embarque, o que cito resumidamente abaixo:

“A via original do conhecimento de carga que for digitalizada conforme Decreto n° 10.278 18/03/2020, terá os mesmos efeitos legais do documento original, sendo que a sua apresentação em meio digital ao recinto alfandegado considerar-se-á como atendida a previsão contida no inciso IV, do artigo 54, da IN SRF n° 680, 02/10/2006.” – Importação 017/2020

Pareceu uma boa notícia em meio ao turbilhão de problemas que estamos enfrentando atualmente: menos trânsito de papel não só é necessário agora, como representa redução de custos ao diminuir o tempo perdido levando papéis para passear.

Entretanto, não é bem assim.

Não à toa que somente agora escrevo sobre o assunto, foi preciso analisar com critério o conteúdo e o que outros especialistas têm a dizer sobre. Então vamos lá.

Sim, queremos liberar carga somente com digitais.

Brett Sayles – Pexels

Já levei muito envelope pardo na RFB, entreguei L.I em órgãos anuentes e liberei carregamento no “Comex” de diversos portos, aeroportos e portos secos alfandegados.

O tempo que perdia de deslocamento e fila nessas funções, ao invés de estar realizando trabalhos que me desenvolvessem profissionalmente, fez de mim um natural e grande apoiador da digitalização.

As evoluções devem ser realizadas com responsabilidade, mas é inegável que qualquer mudança, por mais planejada que seja, causa transtorno. Foi assim com:

  • Siscomex
  • Sistema Mercante;
  • Portal Único;
  • DUE; e até no privado, com a
  • Migração das contas do HSBC para o Bradesco.

Ative seu lado Advogado.

O assunto é delicado e certamente capaz de gerar mais de uma interpretação, é preciso primeiramente que os profissionais do comex ativem o lado advogado para compreendermos os problemas legais e comerciais que uma interpretação leviana pode causar.

E podem desativar os demais: Financeiro, Contator, Administrador, Psicólogo….

A RFB está legislando e onde não devia.

“O primeiro aspecto que merece atenção é a falta de legitimidade e competência da COANA para legislar. Ao utilizar o verbo “esclarecer”, a Notícia em análise faz crer que há dúvida sobre a questão no âmbito de aplicação do Siscomex ou em relação Público-Particular, o que seria objeto de “esclarecimento”, mas não é o caso. A Notícia não “esclarece”, mas sim pretende alterar texto expresso de Lei”.

Conforme delibera acima Fábio Gentil, a notícia teve a pretensão de legislar, e aliás num assunto que não lhe compete, como explica Samir Keed.

“A única coisa que a RFB pode fazer é restringir-se à sua competência, que é quanto ao Siscomex, em que pode permitir que o despacho seja instruído com cópia digitalizada do conhecimento de embarque, e nada além disso.”

O Decreto 10.278 18/03/2020 não permite utilizar o BL de forma digital.

Ainda que a RFB pudesse legislar sobre, a própria IN acima citada joga um balde de água fria nos foguetes que seriam utilizados na comemoração.

O parágrafo único do Art. 2º diz que o Decreto não se aplica a:

  • II – documentos referentes às operações e transações realizadas no sistema financeiro nacional;
  • V – documentos de identificação.

São duas situações em que se enquadra o conhecimento de embarque, porque  para fechamentos de câmbio e imprescindível quando a operação possui Carta de Crédito (L/C).

Além de identificar a carga e ser um título de crédito representativo, podendo ter sua posse transferida por endosso, mesmo durante a viagem.

Mesmo que esses dois incisos não existissem, o Art. 4º diz que a digitalização deve assegurar qualidades como:

  • Integridade;
  • confiabilidade;
  • rastreabilidade; e
  • auditabilidade de procedimentos.

Virtudes que uma mera foto ou pdf não vão atender!

Isso é perigoso comercialmente e para o risco Brasil.

Se existem recintos alfandegados se embasando nessa notícia para entregar mercadorias importadas, vimos até aqui o quão questionáveis são.

E não se trata apenas dos problemas legais que virão a ter, é comercialmente arriscado para agentes de carga, NVOCC e Armadores, em razão do costume destes de intermediarem a entrega do BL como forma de garantir o pagamento ao exportador. O que no meu entendimento não deveria ser responsabilidade deles, nós os contratamos para cuidar da logística internacional e cabe aos depositários a responsabilidade da entrega da carga mediante apresentação do BL.

Contudo, se estes aceitarem apenas o digital, veremos problemas como:

Se um exportador envia o BL original por e-mail, para exigir pagamento após embarque, o importador conseguirá com este mesmo documento digitalizado retirar a mercadoria.

E o exportador? Poderá ficar com o BL e sem seu pagamento.

Consequentemente, dirá que o agente de carga traiu sua confiança, o risco Brasil (de vender para nós) cresce, e menores as chances de conseguirmos comprar com pagamento pós embarque, o que é péssimo para o fluxo de caixa da importação.

E de onde virá a solução?

Christina Morillo – Pexels

Tal como um “canal melancia” nos ilude, entendo que ainda não temos a legislação necessária para liberar a carga de maneira segura, somente com documentos digitais.

Entretanto, eu e outros colegas da área entendemos que a solução mais próxima do Ato Declaratório Interpretativo nº 2, de 31/03/2020 é emiti-lo e assiná-lo pelo agente de carga no Brasil (após receber autorização do exportador). Tomara que seja viável e funcione sem causar prejuízos.

Principalmente para os agentes de carga não precisarem mais intermediar negociações entre Exportador e Importador, pois os riscos são deles e devem ser limitados a uma conversa baseada em INCOTERMS.

Por exemplo, numa importação FOB, é justo o agente de carga, contratado pelo Importador, precisar do ok do Exportador para entregar o BL?

Além de economizar o tempo de viagem do documento (e o dinheiro gasto com courier), quem nunca sofreu de ansiedade e azia torcendo para os originais chegarem antes da carga?

E você, leitora(o)?

Como é comum no direito, é normal existirem diferentes interpretações sobre este assunto, se for o seu caso, vamos conversar nos comentários sobre sua perspectiva?

Igualmente precisamos levar em conta a prática: existem Importadores que mesmo antes dessa notícia, recebem o conhecimento de embarque sem precisar do consentimento do Exportador e os envolvidos estão de acordo.

Por isso é importante a participação todos: advogados, importadores, agentes de carga, despachantes aduaneiros.

Testemunhou alguma discórdia causada pela notícia? Quais suas previsões para evoluirmos a ponto de ser possível liberar a carga somente com digitais? Compartilhe com todos sua experiência e opinião nos comentários.

Fontes utilizadas e que complementam o assunto:

Artigo – RFB, conhecimento de embarque e mais um grave erro – Samir Keedi

Análise Jurídica, Notícia Siscomex 017/2020 – Fábio Gentil

Livro – O Conhecimento de Carga no transporte marítimo – Delfim Bouças Coimbra

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

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3 dicas básicas de como reduzir custos na importação.

É parte primordial da profissão em Comércio Exterior de buscar como reduzir custos na importação e exportação. Se executar o serviço for sua única preocupação, seus custos operacionais irão inevitavelmente subir, ainda que beeem devagarinho.

Como se não bastasse o dólar acima de R$5,00 e o STJ reintegrando a capatazia no Imposto de Importação, nem tivemos ainda o pior impacto do Coronavírus no ComEx.

Tudo isso e só em março.

Para combater estes contratempos, podemos buscar reduções nos trabalhos básicos com o propósito de que seus resultados se destaquem no volume de processos.

Por isso, separei as 3 dicas abaixo que visam ajudar os mais variados segmentos e, para que sejam simples, não abordarei complexidades como: investir em tecnologia ou montar um setor de importação.

Dica 1 – Monte um time de prestadores de serviço na importação.

Foto por fauxels em Pexels.com

Seu despachante aduaneiro, agente de carga, áreas alfandegadas e transportadoras são capazes de te ajudar com ideias de como reduzir custos na importação.

Entretanto, não será com um time formado por apenas um prestador de cada que você terá grandes avanços! Afinal, independentemente do tamanho, nenhum deles é capaz de prestar um serviço com mesma qualidade e preço em todas as hipóteses:

  • Um agente de carga pode ser melhor em atender em certas rotas e modos de embarque que outro;
  • A especialidade dos Despachantes Aduaneiros varia conforme o produto e onde é feito o desembaraço;
  • Os serviços prestados por áreas alfandegadas são diferentes a depender da estrutura; e
  • Transportadora alguma é competitiva no Brasil inteiro;

Portanto, tenha mais de um preparado para te atender, especialmente se importar variados produtos por diversas regiões, além de verificar se os preços estão competitivos, eles serão também um Plano B.

Desenvolva-os, não os desgaste.

Todavia, quando digo ter um diversificado time, é com o objetivo de que todos tenham a chance de te atender, não simplesmente para leiloar valores, tanto que um dos principais ensinamentos do texto porque é melhor desenvolver fornecedores, do que bater por preço é:

Se priorizar preço, receberá por aquilo que pagou.

E raramente será o que você busca.

Caso algum pare de te responder depois de tanto incomodá-lo pedindo desconto, significa que você foi demito por ele e está desenvolvendo uma péssima fama no mercado.

Dica 2 – Busque reduzir os custos de importação em diferentes INCOTERMS.

Foto por Tom Fisk em Pexels.com

Tendemos a padronizar as compras, assim como os INCOTERMS na importação, e isso pode estar comprometendo a oportunidade de reduzir custos.

Se o exportador não tem experiência com Comércio Exterior (ou seja especialista em dar trabalho) o ideal é comprar EXW, mas ao negociar com outro fornecedor, experimente cotar no FCA/FOB, afinal, se ele manjar de exportação, conseguirá te passar melhores valores.

Semelhante estratégia pode ser aplicada aos agentes de carga, a experiência deles com cada país de embarque varia e podem apresentar bons valores para importar no EXW.

Nada de importação Prepaid!

Pelo bem do seu sistema imunológico (e também do seu despachante aduaneiro), tão necessário durante a pandemia, evite ao máximo possível importar com frete incluso, foram raríssimas as situações que vi ajudarem a reduzir custos na importação.

Já mostrei 5 razões para não fazê-lo, caso seja realmente inevitável (sei que acontece), então dê uma conferida nas dicas para reduzir custos do Prepaid.


Dica 3 – Defina como embarcar considerando os custos de armazenagem

Foto por Tom Fisk em Pexels.com

Se você acha que:

  • O modo de embarque se decide comparando apenas valor de frete;
  • Embarque aéreo é só para carga urgente; e
  • Não tem como importação FCL ser mais barata que LCL.

Você não só está deixando de economizar como está praticamente queimando dinheiro!

E se foi algum prestador de serviço que te disse isso, ele está te assessorando MUITO BEM, similarmente ao seu gerente de banco dizendo para você investir em Título de Capitalização #SARCASMO.

Em grande parte de minha atuação na importação sempre foi mais viável importar no modo aéreo que no marítimo consolidado, em conclusão ao comparar o frete junto dos custos de armazenagem de onde realizaria o desembaraço.

Assim como influenciará no custo do transporte interno – há despachantes que cobram valores diferentes conforme o modo de embarque, neste sentido, confira o que deve saber antes de importar por marítimo consolidado.

Encare reduzir custos na importação como uma oportunidade na carreira.

Foto por Startup Stock Photos em Pexels.com

A verdade é que realizar apenas o trabalho operacional de rotina dificilmente irá te destacar e proporcionar novas oportunidades perante seus clientes e chefes.

Contudo, você precisará encontrar tempo fora da operação para fazê-lo. Sei como o volume de trabalho é gigante, somado às metas de vendas e à mitigação dos erros, mas

veja essa mudança de mentalidade como uma forma de tentar deixar o cargo de Assistente ou Analista para trás.

Experimente analisar seus colegas, tanto de dentro quanto de fora de sua empresa, quantos estão buscando analisar processos e contestar as informações? Verá, provavelmente, que são poucos os que o fazem.

Pode ser pelo volume de trabalho, por preferirem (ainda que inconscientemente) o comodismo de agir como um robô, ou por acreditarem que este não é seu trabalho.

A escolha é sua.

E você, leitora(o)?

Estas foram só 3 dicas, consegue pensar em outras simples para ajudar a reduzir custos na importação? Já aplicou alguma destas? Qual foi o impacto financeiro? Sua experiência nos comentários enriquecerá o assunto.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com


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Quando começar um Setor de Importação dentro da empresa?

Já conversamos sobre quais experiências buscar num profissional de importação e vimos como é difícil dar o primeiro passo, tamanha são as dúvidas de quando começar o Setor dentro da empresa que não tem o Comércio Exterior como principal atividade.

Como saber a hora certa? Há volume de trabalho para justificar? Será viável? E como fica a relação com meu despachante aduaneiro ou trading company?

O assunto gera muitas perguntas e o conhecimento abaixo ajudará a responder.

Sintomas de que está na hora de começar o seu Setor de Importação.

Antes de analisarmos financeiramente, é importante refletir se algum desses sintomas estão lhe ocorrendo, pois se estiverem, eles também são capazes de prejudicar seu bolso.

Dar mais atenção para a importação do que o negócio da sua empresa.

Normal, porque sabemos que Comércio Exterior é tenso.

Um dos motivos é porque quando a operação começa, queremos estar a par de tudo para evitar qualquer erro que possam elevar os custos.

A não ser que o dólar caia forte durante a operação, mas ninguém está contando com isso no momento…

Vamos nos adaptando igual o Seu Darwin aconselha.

Associado a essa preocupação com a dificuldade que seres humanos têm de delegar funções, você acabará se afastando da função que sua empresa exige de você para que ela própria funcione.

Justo aquilo que reconhecem que você manda bem, que é o diferencial do seu trabalho/produto/serviço/atendimento… portanto, se deixar isso de lado, será só mais um na concorrência.

Não tem tempo para negociar e buscar redução de custos.

Como você está preocupado demais com a operação e usando apenas o que sobra do tempo para cuidar de seu negócio, provável que esteja também abdicando de encontrar meios de reduzir o custo nas próximas operações.

E não é devido ao perigoso comodismo, mas porque não sobra tempo para receber outras empresas do Comércio Exterior, tampouco negociar ou estudar com as que trabalha.

Está terceirizando toda a operação sem analisar a qualidade do trabalho.

Somado ao desespero da falta de tempo com a subestimação do trabalho dos envolvidos na importação, acabará por terceirizar todos os detalhes:

  • – Qual a NCM? – Fala com meu contador.
  • – Já cotou o frete internacional? – sem tempo, cota para mim?
  • – Quem vai transportar o contêiner até seu armazém? – Sei lá, escolhe um bom caminhoneiro aí.
Longe de mim acusar, mas acho que tem algo desproporcional aí.

Essa terceirização da terceirização é a adição de mais ouvidos no telefone sem fio de sua operação que, além de dificultar a comunicação e resultar gerar custos maiores, dificilmente se dedicará com o mesmo afinco que teria se fosse contratado pelo importador.

 Seguindo o exemplo do transporte de contêiner acima:

Quem você acha que a transportadora se preocupa mais em atender bem, o despachante, que não é o dono da carga, ou o importador?

Quando, portanto, é viável começar o Setor de Importação na empresa?

NY Times – Nem muito cedo, nem tarde demais

Os sintomas são uma análise válida, mas além disso, é preciso ainda justificar a contratação provando a necessidade com números para seu superior, sócios ou para seu fluxo de caixa.

O Setor de Importação vai inicialmente encarecer suas despesas fixas, mas se trata de um investimento e o tempo de retorno dele dependerá principalmente de:

(1) Volume de processos.

Não podemos generalizar se um volume é grande ou não apenas pela quantidade, por exemplo: uma importação marítima, de carga perigosa que precisa de anuência pré-embarque, demanda mais trabalho que 20 embarques aéreos, de produtos não perigosos e que não requerem anuência.

Por isso que 20 processos/mês pode ser pouco ou muito para seu primeiro profissional do Setor de Importação assumir.

É preciso encontrar o equilíbrio nas médias de processos, a baixa quantidade resulta num Setor de produção ociosa, mas cuidado para que não estejam frequentemente sobrecarregados para que, além de evitar adentrarem na sociedade do cansaço, este Setor consiga:

(2) Redução de custos nas importações.

Naturalmente que tirando toda ou a maioria das funções de importação dos seus ombros, você e seu novo Setor conseguirão reduzir custos por estarem trabalhando naquilo que têm experiência.

Mas é importante que, conforme o Setor se integre e entenda sua operação e produtos, tenha tempo para realizar outras funções além do operacional de importação, como:

  • Analisar os custos previstos e cobrados;
  • Negociar com vendedores e envolvidos na importação;
  • Fazer reuniões para alinhar o atendimento;
  • Procurar soluções para problemas recorrentes; e
  • Pesquisar legislação pertinente.

Pois são com estas atividades que se torna possível reduzir os custos fixos da importação, economizando por processo, por exemplo, R$100 no despacho aduaneiro, R$150 no frete internacional e R$200 com uma área alfandegada mais barata, vai refletir severamente no seu volume de processos.

Não se preocupe, seu profissional vai encontrar onde economizar, contanto que você contrate alguém com experiência, senão, o retorno será mais lento e ele aprenderá errando nos seus processos.

Mas, para o Setor começar a funcionar, prepare-se para antes se sobrecarregar um pouco mais.

Conseguindo todos os “Ok” para o Setor de Importação brotar no seu bailão, a transferência de funções dos seus ombros para o novo responsável demandará tempo e precisará ocorrer em doses homeopáticas.

Não bufa! Não adianta jogar todas as obrigações e mandar se virarem.

Primeiro, como com todo contratado, é preciso se acostumar com as particularidades da empresa com o Comércio Exterior, com os procedimentos internos, entender de quem é a responsabilidade de cada setor e pessoa, decorar o nome de todo mundo…

Segundo, para assumir as importações é necessário que conheça os prestadores de serviços, os exportadores, conhecer as peculiaridades logísticas e aduaneiras dos produtos e, claro:

Você deve estar disponível para responder todas as dúvidas que surgirem.

Então, paciência, dê suporte ao novo Setor de Importação, para ele não começar encarecendo as operações em razão de falha na comunicação.

E você, leitora(o)?

O que mais entende que deve ser considerado para iniciar um Setor de Importação? Participou dessa decisão ou implantação? Compartilhe sua experiência nos comentários para enriquecer o assunto.

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Quais experiências buscar num profissional para o setor de importação?

Sua empresa não tem o Comércio Exterior como atividade principal, mas o volume de importações cresceu a ponto de precisar de um setor de importação internamente, portanto, é preciso buscar o profissional com as experiências mais interessantes.

Digo interessantes, e não melhores, pois elas vão variar conforme os objetivos e trabalhos que serão absorvidos pelo setor e o próprio segmento da empresa.

As experiências recomendadas abaixo lhe ajudarão a definir o profissional de importação que sua empresa precisa, para que encontre a pessoa adequada e o setor comece agregando resultados positivos.

Experiência PRÁTICA com importação e despacho aduaneiro

Mesmo que o setor comece com apenas uma pessoa, o responsável por ele precisa de experiência prática no campo de batalha.

Quando seu importador convence o piloto de entregar a carga no seu armazém

E você não vai encontrar isso num profissional que tenha graduação e pós-graduação, mas nunca trabalhou e nunca fez uma importação acontecer.

O profissional com experiência precisa dominar, ou pelo menos ter relevante experiência em, atribuições como:

  • Passo-a-passo dos procedimentos para o despacho aduaneiro ocorrer com sucesso;
  • Análise de documentos, o que é preciso ou dispensado constar;
  • Funcionamento de sistemas como Siscomex, Portal Único, Mantra, Mercante;
  • Cotação de frete internacional;
  • Processo de vistoria de mercadoria em canal vermelho ou com órgãos anuentes; e
  • Negociação de valores com despachantes aduaneiros, portos, transportadoras.

Como disse, são exemplos, mas a pessoa que você busca precisa saber trabalhar com todos os envolvidos numa importação e saber como a operação funciona.

E, sim, ela tem que ter bons anos neste trabalho, porque a verdadeira experiência é aquela que quando você perguntar na entrevista:

“Me conte momentos marcantes que você passou nesse trabalho, pode ser de sucesso ou fracasso”. A pessoa não mostre apenas dados, mas histórias de quem viveu e manja do assunto.

Experiência com o(s) produto(s) a importar

Se alguém te dizer que qualquer Despachante Aduaneiro ou Agente de Carga serve para importar qualquer produto:

Essa pessoa não entende de comércio exterior, ignore o que ela diz sobre o assunto.

Produtos como alimentos, cosméticos e brinquedos têm o processo de Despacho Aduaneiro mais moroso, pois precisam da autorização de órgãos anuentes em todas as operações.

Diferente de maquinários e eletrônicos que costumam ter menos órgãos envolvidos, porém você pode precisar que seu profissional entenda de regimes aduaneiros como Admissão Temporária, Ex-Tarifário e Drawback.

Produtos do tipo perigoso (IMO), como carga química ou com pesos e dimensões que dificultem a logística de movimentação e transporte, exigirão experiência com logística nacional e internacional.

Também é essencial o conhecimento técnico dos produtos para traduzi-los e classifica-los fiscalmente, pois esse trabalho deve ser realizado em conjunto com o Despachante Aduaneiro.

Experiência em Compras

Extra.Globo

É uma extensão da experiência com o produto, pois não pode se limitar a conhecê-los apenas no que diz respeito à operação da importação: cada mercado tem suas particularidades para negociar e desenvolver fornecedores, conforme demanda, se o produto é básico ou manufaturado, de onde é comprado e como é o procedimento de compra.

Há manufaturados que a negociação leva meses e produtos básicos podem ser comprados via plataforma digital, mas seus preços mudam o tempo todo.

Mesmo que comprar os produtos não esteja no rol de tarefas do profissional buscado, a experiência dele ajudará seu setor de Compras a reduzir os custos considerando mais fatores além da qualidade e do preço dos fornecedores.

Pois, vale ressaltar, é um erro decidir de quem comprar comparando apenas estes dois aspectos, os custos da importação precisam ser adicionados na decisão.

Como os Incoterms, sabemos como importar com frete incluso (Prepaid) pode ser traiçoeiro ao considerar o país do fornecedor, sua localidade vai influenciar no custo do frete internacional e pode ser que, mesmo sendo mais caro, o Brasil tenha um acordo comercial que compense e reduza um ou mais impostos da importação.

Experiência com Inglês

Revista Veja, Joel Santana – Eu admiro a coragem e naturalidade dele para falar inglês.

Se quer um profissional para cuidar do setor de importação para que você possa se dedicar aos negócios de sua empresa, a experiência para se comunicar em Inglês será primordial.

Problemas no Comércio Exterior é o que não falta e jamais veremos de tudo, portanto, é preciso Inglês de qualidade para enviar e-mail sucintos e ser capaz de pegar o telefone quando precisar cobrar ou discutir algo fora da rotina.

Considere essa experiência como o 1º filtro para selecionar candidatos e não deixe de testar o Inglês com uma conversa durante a entrevista.

Sei por experiência própria como é difícil encontrar quem domine o Inglês e por isso digo para considerar esta habilidade antes das demais, pois é mais fácil desenvolver as outras qualidades do que aprender o Idioma.

Mas tenha bom senso, não adianta contratar alguém com Inglês fluente e zero experiência prática.

Negligenciando este quesito levará você (ou quem quer que fale Inglês dentro da sua empresa) a ter que se acostumar a ser interrompido para intervir nas importações quando ela sair da normalidade.

Comércio exterior é tranquilo, isso quase nunca acontece. #sarcasmo

Onde encontro esse profissional de importação?

Provável que ele esteja mais perto do que imagina.

Talvez esse profissional já te atenda no setor de importação da Trading Company ou do Despachante Aduaneiro que cuida das suas importações.

Essa pessoa deve ter a maioria das experiências que mencionei e já sabe como é trabalhar contigo: Sabe como é seu humor, a hora de te ligar, como te manter informado, como resolver conflitos…

Aqueles detalhes que só o convívio ensina, mas que são tão importantes para o bom clima do trabalho 🙂

E você, leitora(o)?

O que achou do assunto? Experiência prática e Inglês são as mais importantes? Quais outras experiências consideraram ao contratar um profissional para seu setor de importação? Como você decide depois das entrevistas? Vamos continuar conversando nos comentários.

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Não é ilegal armadores e agentes de carga cobrarem a taxa cambial acima da PTAX?

O plano era tratar desse assunto no último artigo que expliquei como funciona a taxa cambial cobrada no frete internacional, mas a verdade é que ele requer um texto próprio devido sua complexidade e necessidade de uma abordagem prática que vai além de analisarmos ser ou não ilegal armadores e agentes de carga cobrarem a taxa cambial acima da PTAX.

No comércio exterior já estamos acostumados (contra a nossa vontade) a pagar valores ilegais quase que diariamente, a exemplo da Taxa de Utilização do Siscomex e o encarecimento do Valor Aduaneiro ao adicionar o THC em seu cálculo.

Mas vamos nos limitar ao assunto e começar analisando o que a legislação da ANTAQ (Agência Nacional de Transporte Aquaviários), responsável pelo nosso transporte aquaviário, determina sobre, se está sendo cumprido e minha análise sobre o assunto.

É ou não é ilegal cobrarem a taxa cambial acima da PTAX?

A resposta é encontrada no Inciso I, Art. 27 da RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 18, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2017

Art. 27. Constituem infrações administrativas de natureza média:

I – na navegação de longo curso, quando o frete estiver expresso em moeda estrangeira, utilizar a conversão para o padrão monetário nacional com base diferente da tabela “taxa de conversão de câmbio” do Sistema de Informações do Banco Central? SISBACEN, utilizada pelo Sistema Integrado do Comércio Exterior – SISCOMEX, vigente na data do efetivo pagamento da fatura: multa de até R$ 100.000,00 (cem mil reais);

Ou seja, é ilegal e prevê uma pena de multa pesada o bastante para fechar a porta de muitos agentes de carga de pequeno porte,o que já demonstra falta de estudo por parte da ANTAQ ao determinar uma multa fixa tão alta, pois desconsidera o “tamanho” dos prestadores de serviço e da operação, além de julgar prematuramente que todos os caso que há o aumento, é porque está sendo exercida de maneira abusiva.

Considera-se uma infração, pois cabe apenas ao Banco Central (BACEN) regular o mercado cambial no Brasil e, portanto, é ele que autoriza quem pode operar negociando a compra e venda de “dinheiros estrangeiros”.

Por isso que os autorizados se limitam a instituições como bancos comerciais, bancos de câmbio e corretoras. É evidente que este conjunto não inclui Armadores e Agentes de Carga, não é? Pois não compramos e vendemos moeda destes, apenas convertemos valores; o “negócio” deles são fretes e serviços logísticos e, por isso, eles estão submetidos ao controle e regulamentação da ANTAQ.

E os Armadores e Agentes de Carga o fazem, mesmo sabendo ser ilegal?

Pois é. A verdade é que desconheço quem não o faça, é uma prática tão comum que basta acessar o site ou ligar para o escritório de qualquer um deles e perguntar qual é a “taxa do dia”, que será informado sem dificuldades.

Essa legislação é de 2017, mas a prática de cobrar a taxa de câmbio PTAX superior ao informado pelo BACEN é antiga e expliquei no artigo anterior que ela é necessária para se proteger da variação cambial ao mesmo tempo aconselhei que precisamos tomar cuidado com as porcentagens abusivas.

O que testemunhamos aqui é mais uma legislação que ficou apenas no papel por ter sido criada sem o trabalho de mudar o modus operandi atual.

Acredito que pouco ou nada melhoraria em nosso comércio exterior acabar com essa prática, digamos que:

Se a ANTAQ conseguisse exigir que a taxa cambial não seja acima da PTAX, iríamos pagar menos no frete internacional?

Se isso acontecesse hoje de alguma forma mágica, imediatamente o valor do frete subiria a um patamar seguro o bastante para que os Armadores e Agentes de Carga se protegessem da variação cambial, ou seria criado algum custo de destino, com nome em inglês pomposo, com o mesmo objetivo, algo como:

  • Oscillation Tax Charge
  • ANTAQ Tax Charge – Em homenagem a Autarquia
  • FX Rate Tax Charge

E, no final, a grande mudança (sarcasmo) na forma que pagamos seria:

Parece uma forma mais simples de apresentar os valores, mas não deixa de ser o famoso trocar seis por meia dúzia, nada mudaria para quem cobra e o Importador teria que pagar mais em custos, como impostos e armazenagem.

Essa proteção cambial encareceria o Valor Aduaneiro da Importação (Produto + Frete + Seguro + o tal do THC que entra ilegal no cálculo (como se não bastasse…).

***

Não se trata de querer defender o interesse Armadores e Agentes de Carga de cobrar a taxa cambial acima da PTAX , não é preciso ter muitos anos no comércio exterior para saber que há problemas mais importantes para a ANTAQ e outras autarquias se preocuparem.

No entanto, é importante fiscalizar, ainda mais num mercado com pouquíssimas opções de Armadores, mas entendo que precisamos buscar a transparência de forma que auxilie tanto quem presta o serviço quanto quem o contrata.

Recomendo a leitura do artigo do Advogado Marcelo Valentim, no Portogente, que me inspirou a desenvolver este texto e sua abordagem legal é um complemento válido.

E você, leitora(o)?

O que pensa sobre o assunto? Acredita que é melhor que se cumpra a legislação ou existe mesmo assuntos mais importantes? Vamos continuar o debate nos comentários.

Como funciona a taxa cambial cobrada no frete internacional.

A contratação de frete internacional de um agente de carga, armador ou companhia aérea sempre envolverá valores em moeda estrangeira, e como o câmbio no Brasil é flutuante, é preciso que as cotações e faturas informem a taxa cambial do frete internacional e demais serviços.

Mas nas cotações não constam a taxa do Dólar, Euro ou a Libra da tia Bétinha, da mesma forma como é a do Banco Central, informam apenas que será cobrado uma tal de PTAX mais uma porcentagem extra e quando chega a fatura para pagar, a taxa está sempre acima do informado pelo Banco Central naquele dia.

Pode parecer confuso e injusto e, por isso, vou com este texto explicar como funciona a taxa cambial cobrada no frete internacional, para que você possa dominar o assunto e usá-lo em seu favor afim de surpresas nos valores.

O que é taxa PTAX e de onde vem seu valor?  

Segundo o Estudo 42/2019 do Banco Central do Brasil (BCB), o nome veio do sistema PTAX800 que, mesmo após ser desativado em 2014, teve a nomenclatura mantida por já ser assim conhecida por aqueles que operam no câmbio… Do mesmo jeito como quando falamos que vamos comprar Gilette, Cotonete, Band-Aid, Sucrilhos.

Sim, a palavra Sucrilhos pertence ao Tonyzão da Kellogs

A cotação da PTAX é usada em diversos produtos dentro e fora da Bolsa de Valores como: Contratos futuros e de opções, contratos derivativos e, claro, no Siscomex para atender as operações de comércio exterior.

Seu valor é determinado pelo BCB ao consultar os valores de compra e venda que os Dealers (a turma que o BCB autorizou a operar no mercado cambial) estão ofertando nos 4 momentos de mais fervo no mercado, que são:

  • Primeira consulta: entre 10h e 10h10;
  • Segunda consulta: entre 11h e 11h10;
  • Terceira consulta: entre 12h e 12h10;
  • Quarta consulta: entre 13h e 13h10.

O BCB elimina as duas taxas maiores e menores, tanto na cotação de compra quando na venda e realiza uma média simples para encontrar o valor.

Entendemos aqui que é o mercado que define a cotação, o BCB apenas consulta, calcula e informa, vamos para a parte que mais nos interessa.

Por que no frete internacional é cobrado acima do valor da PTAX?

O primeiro motivo é para se proteger da variação cambial, como disse antes,o câmbio no Brasil é flutuante (também conhecido como “Sujo”) ou seja, o BCB intervém no preço apenas para conter fortes oscilações, normalmente causadas por excessos de emoção, principalmente desespero, pois moeda é algo que o valor sobe de elevador e desce de escada.

Como no dia 26/Nov/19, quando o BCB interviu após o dólar chegar próximo de R$4,27.

Com isso em mente, veja o exemplo do caminho que seu dinheiro fará caso pague um agente de carga num frete marítimo:

  1. O agente te envia a fatura para pagar;
  2. Você confere e providencia o pagamento com seu financeiro;
  3. O agente de carga recebe e providencia os pagamentos para:
    1. O armador;
    1. O agente de carga na outra ponta.

O exemplo acima além de simplório considerou que tudo deu certo – coisa rara de dizer no comércio exterior, pois basta um feriado no caminho ou casos mais cara-de-pau como “a pessoa que paga está de férias” para que estes pagamentos demandem bastante tempo.

Além dos procedimentos comuns a todos os setores financeiros: requerer aprovações, programação o pagamento, lançar no sistema… Uns eficientes, outros nem tanto, dependendo da qualidade do fluxo de procedimentos e sistemas.

Enquanto todo esse tempo passa a cotação das moedas continua variando (mesmo fora de horário comercial), razão pela qual essa porcentagem é necessária para proteger o recebedor do pagamento da variação cambial.

Mas precisam cobrar PTAX tão alta para se proteger!?

Acima eu dei a explicação que quem lhe vende frete usará sobre para justificar a PTAX, e realmente não é mentira, mas é fato que muitos se valem dela como forma de aumentar os lucros. Eles podem deixar como padrão para os desavisados a porcentagem que bem entenderem.

Mas se você pediu prazo de 10, 15 ou 30 dias para pagar, com certeza você pagará por esse prazo em algum lugar, pois ninguém vai correr esse risco de graça por você (“ninguém” é muita gente, sempre existem os “Aventureiros”), portanto é provável que este “risco” estará embutido no aumento da porcentagem sobre a PTAX ou até em alguma outra taxa.

Posso negociar a PTAX?

Não só pode como deve!

Agora sim! Conte-me mais sobre isso.

Dinheiro é uma commodity, que tem o valor que for conforme eu, você e o mercado crer, portanto, assim como qualquer compra, é questão de negociar.

E para que seu poder de barganha seja maior, determine o valor dela antes de contratar o frete, pois se deixar para reclamar na hora de pagar, correrá o risco de não conseguir o seu objetivo, além de demorar para ser aprovado.

Mas se você fez certinho e negociou antes de contratar o frete, apenas lembre-se de conferir se o acordo foi cumprido antes de pagar.

Ao invés de trabalhar com diferentes porcentagens sobre a PTAX com cada agente de carga, eu lhe sugiro padronizar a mesma porcentagem com todos, dessa forma, será um aspecto a menos para se preocupar, quando for comparar as cotações.

Mas tenha bom senso e lembre-se que é melhor desenvolver fornecedores do que batê-los por preço.

***

A taxa cambial cobrada no frete internacional é apenas mais um dos diversos detalhes que precisamos ter cuidado quando cotamos e analisamos as propostas de frete internacional recebidas.

Entendemos que sua existência é justa, mas é preciso cuidados para que não haja exageros ou surpresas na hora de pagar o serviço.

E você, leitora (o)?

Gostaria de acrescentar mais sobre o assunto? Há outros cuidados ou formas de prevenção? Já teve atritos por causa dela? Sua experiência é sempre bem-vinda nos comentários.

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Dicas para reduzir custos e problemas ao importar com frete incluso (Prepaid).

Se existe algum setor em nosso comércio exterior que nunca realiza importações com frete incluso, podemos dizer que ele é privilegiado.

Ao menos para mim, foram raros os momentos que tive apenas embarques EXW e FOB, e estes poucos Prepaid foram capazes de gerar tanto estresse e ranço que até hoje carrego uma lista dos “Agentes de Carga que jamais darei uma chance”.

E engana-se se você achar que foram apenas os de pequeno porte, existem dois que estão há muitos anos como os maiores movimentadores de carga do mundo.

Como sempre há exceções, existiram excelentes agentes e armadores no Prepaid com os quais pude aprender, assim como aprendi com os problemáticos que é possível reduzir custos e problemas, porque

Às vezes, o Prepaid é inevitável.

Pois pode acontecer do exportador não aceitar embarcar com frete a pagar pelo importador (Collect), pelos mais diversos motivos, dependendo do produto e segmento, mas deixo a título de exemplo duas situações que presenciei seguidamente:

  1. Embarques em container Flat Rack, no qual a carga era tão volumosa, pesada, cara, delicada e de demorada fabricação, que o exportador preferia cuidar do carregamento e transporte internacional, pois sabia que na mão dele não haveria problemas na viagem.
  2. O volume de embarques do exportador era tão alto, que dependia de trabalhar alinhadamente com seus Agentes de Carga de confiança, para que a logística da fábrica até o porto ocorresse com sucesso.

E nestes dois casos o volume e experiência desses exportadores era tamanha que seguidamente não conseguíamos um frete igualmente competitivo.

Leitor de Agente Carga: Não conseguiu frete bom porque não cotou comigo hahaha!

Em toda negociação há limites ou critérios que uma das partes não aceita abrir mão, mas isso não impede que tomemos ações para nos precaver dos comuns problemas que o embarque Prepaid costuma causar – já os abordei mais a fundo no texto 5 razões para não importar com frete incluso (Prepaid), deixarei o link dele no final.

Proteja-se durante a compra.

Se o exportador não abre mão do frete internacional, então resta ao importador determinar na proposta as condições que impeçam este frete ser uma caixa pandora (seja uma PO, Invoice ou Contrato de Compra).

Determine as condições logísticas do frete internacional.

Essa parte é similar a cotar frete internacional, podemos determinar aspectos logísticos como:

  • Tempo máximo de Trânsito (Transit Time);
  • Se aceita embarque parcial;
  • Se aceita Transbordo;
  • No caso de carga consolidada (LCL), se aceita abertura de container no porto de transbordo;
  • Free time mínimo;
  • Quais tipos de container aceitam;
  • Se aceita ou não que parte da rota seja feito por Trânsito Aduaneiro.

Utilize o pagamento para se proteger do embarque sem autorização.

Se o pagamento ao exportador for após o embarque, o importador está suscetível ao EXP dar uma de John without Arm (Do inglês, João Sem Braço) e embarcar a mercadoria sem autorização.

Pior, o importador somente ficar sabendo quando receber o conhecimento de embarque para aprovar.

Não precisa muito para acabar com o dia de um importador 😉

Uma maneira de evitar esta malandragem é determinando que parte do pagamento ocorra somente após o exportador informar a prontidão da mercadoria, assim, motivando-o a produzi-la rapidamente para ser pago e como depende de receber, o importador não será surpreendido.

Hey, é só uma sugestão, sei que essa ideia vai fazer seu embarque demorar mais, cabe a você avaliar se serve para a sua importação.

Apresente os seus Agentes de Carga brasileiros ao exportador.

Tente intermediar um contato dos seus agentes de carga mais queridos ao agente do exportador; algumas vezes, compartilhar a assinatura de e-mail deles baste, pois talvez esse agente na origem já conheça ou até tenham uma parceria firmada.

Vai que viram melhores amigos.

Caso tenha ou aceite trabalhar com um dos seus indicados, sem dúvida isso vai favorecer no fluxo das informações e redução de custos de destino. Esta ideia é mais difícil de dar certo, mas como diria o Jonas adolescente, magricelo, espinhento e jogador de RPG e video-game:

O “não” já temos (até eu conhecer a humilhação).

Se apresente ao Agente de Carga no Brasil.

Considerando que usar um agente seu não funcionou, pergunte ao exportador ou ao Agente dele quem é seu parceiro e entre em contato com ele logo! É importante que isso seja feito antes do embarque, na verdade, antes mesmo da mercadoria estar pronta.

Isso foi o que encontrei ao pesquisar awkward handshake.

O objetivo é começar uma relação comercial para não ser tratado como mais um qualquer de processo Prepaid e sim, como um cliente em potencial.

Se apresente, conte da sua empresa, das importações e desse novo embarque que irão trabalhar juntos, negocie os custos de destino, porém, deixe claro a ele que essa é uma oportunidade para fazer um bom trabalho e assim conseguir embarques contratados por você.

Já que, de certa forma, está obrigado a trabalhar com ele, então que comecem em harmonia, nem você, nem o agente ou o exportador querem se estressar.

***

Reduzir custos e dificuldades na importação Prepaid é um desafio complexo, sei que as dicas geram ainda mais trabalho para o importador, mas os problemas que importar Prepaid sem se prevenir podem causar, conseguem gerar transtornos superiores às tentativas de prevenção.

E nem todas são aplicáveis, pode ser que seu principal exportador seja um gigante do setor e seu volume de compra é (proporcionalmente) tão pequeno, que ele não aceite adicionar ou mudar nada na proposta e para piorar, o Agente de Carga dele no Brasil é mais um PNC acéfalo, que visa apenas ganhar na Lei de Gerson no curto prazo e te despreze igualmente.

Mas aí são assuntos para futuros textos e, como mencionei no início, sugiro o artigo abaixo como leitura complementar.

E você, leitora(o)?

Também se estressa com importações Prepaid? Quais são suas dicas para minimizar as dificuldades? Divida sua experiência com os demais colegas nos comentários.


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Como os Custos Brasil encarecem as importações (e como estamos mal nesses índices).

Sabemos na prática como os Custos Brasil encarecem nossas importações, a maioria deles existe desde que o Brasil é… Brasil e acabamos por normatizar o que está errado.

Diante disso, entendo que o assunto necessita de números para avaliarmos o que aceitamos como normal, em comparação a outros países, portanto, utilizei o Relatório de Competitividade Global 2019 da World Economic Forum.

Neste relatório aparecemos como o 71º país (de 141) mais competitivo do mundo (éramos, ano passado, o 70º) e o 8º da américa latina, estando em nossa frente:

  1. Chile (33)
  2. México (48)
  3. Uruguai (54)
  4. Colômbia (57)
  5. Costa Rica (62)
  6. Peru (65); e
  7. Panamá (66)

Creio ser depressivo demais nos compararmos com países do G8, basta olharmos para nossos vizinhos para concluirmos que não somos competitivos e que nos acomodamos no fato de sermos a 10ª maior economia do mundo.

Dito isto, vamos confrontar os dados com a prática para entendermos mais os Custos Brasil presentes na importação.

Segurança

Considerando que nosso tempo médio de escolaridade (tradução livre de mean years of schooling) encontra-se na 101ª posição e nossa taxa de homicídio em 132ª, não é de estranhar que estamos na 132ª posição em Segurança.

A falta de segurança está nos roubos de caminhões, no saque quando sofrem acidentes e, em razão destes medos, caminhos mais longos precisam ser feitos, e em horários específicos, em prol da segurança.

Quanto menos segurança temos, mais se gasta em proteção e mais caro ficam os seguros.

Difícil um profissional de importação que não tenha acionado o seguro devido a furtos em armazéns, inclusive os alfandegados (que não tem ponto cego por lei!), que ocorreram durante canais vermelhos ou separação de carga consolidada.

E testemunhamos recentemente eventos nos aeroportos de Viracopos e Guarulhos que não se limitam mais a furtos.

https://globoplay.globo.com/v/7803385/

Infraestrutura Logística

Temos alguma conectividade em nossas rodovias (69ª), porém pecamos ainda na qualidade delas (116ª), o que deveria ser muito melhor, já que nossa malha ferroviária em densidade é a 78ª e em qualidade do serviço a 86ª.

Eu mesmo nunca trabalhei com transporte ferroviário.

Por desprezarmos a ferrovia e cabotagem, temos mais caminhões nas estradas deteriorando as rodovias com seus pesos (muitas vezes ilegais) e gerando trânsitos devido à velocidade reduzida em longas distâncias, sem mencionar quando param completamente o tráfego das estradas gerando quilômetros de congestionamento em consequência de acidentes.

Para deixar claro, o caminhoneiro não é o culpado, é a falta de estrutura nos demais modos de transporte que são mais indicados para longas viagens.

Apesar de gigante no território, há anos que não temos mais que 1,5% de participação no comércio mundial, logo, as poucas importações e exportações não fazem crescer a necessidade de mais portos, que aparecem hoje na 104ª posição na qualidade de serviço portuário.

Por consequência, somos limitados a trabalhar com os poucos disponíveis e com baixíssima capacidade para negociar.

Tente negociar tarifas de importação movimentando menos de 50 TEU/Mês, a minoria lhe dará atenção.

Carga Tributária

A complexidade de nosso sistema tributário não é segredo, nem a declaração do Imposto de Renda para Pessoa Física é simples, o que não imaginava é o quão complexo é para as empresas: estamos na 136ª posição nesse quesito e, de acordo com o Doing Business 2019 (p. 159) do Banco Mundial, as empresas no Brasil gastam em média 1958 horas calculando e pagando impostos.

Além do tempo calculando e pagando, há muita informação interpretativa que mesmo na melhor das intenções, erramos e pagamos juros e multas capazes de comprometer a saúde financeira de qualquer empresa.

A verdade é que não devíamos precisar contratar alguém por causa da complexidade dos impostos da importação, não é à toa que meu texto sobre é um dos mais acessados no meu site.

Barreiras não tarifárias


Somos ainda um país fechado, realizamos nosso protecionismo com a tributação alta e complexa, mas além disso, estamos na 125ª no quesito Abertura de Comércio e não facilitamos para abrir um negócio aqui, pois estamos na 141ª em Qualidade Burocrática (Red Tape).

Barreiras não tarifárias impõem restrições para atender requisitos técnicos e burocracias, logo, mesmo automatizando procedimentos, ainda é preciso interferência humana e, por consequência, elas consomem tempo, atrasam investimentos e reduzem a confiabilidade, pois aqui também há margem para interpretação e erros humanos.

Já escrevi a fundo no texto Barreiras Não tarifárias, são também tarifárias… E do pior tipo, e para termos noção prática de como pode prejudicar, reitero o trecho que pergunto se é possível termos segurança se quem analisa:

  • Pode falhar na conferência e colocar uma Licença de Importação em exigência por algo que já consta nela?
  • Demora propositalmente no processo do importador chato que liga o tempo todo pedindo novidades?
  • Decidiu não analisar nenhum processo hoje, porque seu Vascão amado caiu para a segunda divisão?
  • Que diversas análises atrasaram porque o responsável saiu de férias e quem assumiu não tem experiência prática?
  • Que não me atendeu às nove da manhã para sanar dúvidas sobre a exigência, porque ainda estava pegando onda?

Corrupção

Considerando os números anteriores, talvez possamos ficar felizes que este, na 91ª posição, esteja na turma dos que estão com apenas dois dígitos, mas é importante que fiquemos melhores posicionados.

Parece óbvio dizer isso, mas entendo que se queremos que todos os Custos Brasil reduzam, precisamos que a Corrupção reduza (o ideal é que inexistisse!), pois ela vê a oportunidade em qualquer segmento e consequentemente, encarece indiretamente os Custos Brasil que afetam a importação.

E, claro, existem também os casos diretos, como:

  • propinas para liberar mercadorias em canal vermelho;
  • para conseguir autorização para cargas superdimensionadas circularem em ruas/rodovias;
  • para o caminhoneiro entregar a mercadoria no armazém antes dos outros; ou
  • para o importador contratar frete internacional daquele que paga uma comissão por fora.

Como disse, a corrupção vê a oportunidade em qualquer segmento.

Isso é culpa de algum governo específico?

Considerando estarmos na 129ª posição no quesito Visão Governamental a Longo Prazo, me parece evidente que esse problema é no Brasil um modus operandi, em que se prioriza conseguir resultados de curto prazo para se manter no poder.

Convenhamos, não se chega no 129ª lugar em um governo de 4 anos e nem vamos melhorar 20 ou 30 posições nesse período.             

Se você queria que eu respondesse que um lado ou outro tem culpa nessa história, lamento, sou cético demais com política e não faço torcida para quem é pago para trabalhar com o dinheiro dos meus impostos.

E você, leitora(o)?

Quais Custos Brasil mais lhe afetam nas importações? Sente estarmos melhorando ou piorando? Qual outro custo ficou de fora? Suas experiências irão enriquecer o conteúdo e poderão ser úteis aos outros.


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Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Allog, Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?