Grupo D dos INCOTERMS, o que preciso saber antes de usá-lo?

Chegamos, enfim, ao Grupo D dos INCOTERMS. Ele não é um dos mais populares na Exportação, menos ainda na Importação, contudo, é necessário conhecê-lo e ter em mãos algumas dicas antes de utilizá-lo.

Seguindo a mesma fórmula dos anteriores, começaremos explicando o grupo, cada uma das siglas e dando alguns alertas com aquela pegada prática do Comércio Exterior (que você precisa para que o conteúdo seja útil).

(Caso este seja o primeiro texto da série dos INCOTERMS que você está lendo, deixarei ao final o link para os anteriores).

O que é o Grupo D dos INCOTERMS e quais são as siglas?

Tabela do grupo D dos INCOTERMS 2020, DAP, DPU e DDP
Tabela do grupo D dos INCOTERMS 2020, DAP, DPU e DDP – internationalcommercialterms.guru

O Grupo D dos INCOTERMS é o que mais acumula custos e riscos para o Vendedor.

As três siglas são DAP, DPU e DDP.

Lembrando que o DAT (Delivery At Terminal) foi substituído pelo DPU na versão 2020 e por isso não falaremos dele. Contudo, você ainda pode usá-lo, mas será preciso informar nos documentos que está usando INCOTERMS na versão 2010.

Similarmente ao Grupo C, o Vendedor é responsável pela viagem principal (a internacional, no caso do Comércio Exterior), porém, aqui ele se responsabilizará pelos riscos e custos ainda depois desse frete, pois ele é responsável por entregar a mercadoria no porto ou local, no país de destino.

Para evitar repetir as informações em cada, listo abaixo o que as três siglas têm em comum nos mais importantes aspectos:

  • a transferência do risco (ponto de exclamação) acompanha os custos;
  • é necessário informar o local de entrega e sempre prudente também informar a data, exemplo:
    • INCOTERMS 2020: DAP – Mario Brothers Warehouse, 35 Mushroom Street, Rome, ItalyNo later than September 3rd.
  • as obrigações alfandegarias na Exportação pertencem ao Vendedor;
  • servem para qualquer meio de transporte; e
  • não há exigência de contratação de seguro para nenhuma das partes.

DAP – Delivery at Place (Entregue no Local).

O Vendedor é responsável por contratar e pagar o transporte até o local de entrega determinado, sua responsabilidade cessa com a chegada do veículo e a sua disposição para ser desembarcado.

Nesse sentido, o Comprador é o responsável por desembarcar a mercadoria do veículo (e pagar por isso), entretanto, isso pode vir a ser responsabilidade do Vendedor, caso o transporte contratado por ele inclua o desembarque, como, por exemplo, as embarcações que possuem guindastes.

Imagem de Paul Brennan por Pixabay

Detalhezinho traiçoeiro, semelhante à responsabilidade do carregamento no EXW:

Se o Comprador tiver algum problema no Despacho Aduaneiro de Importação, ele será o responsável pela armazenagem e quaisquer dificuldades e prejuízos com a Aduana (isso na hipótese em que a documentação do Exportador esteja em conformidade).

Caso não sejam específicos sobre o local de entrega no contrato, isso aumenta a liberdade de opção para o Vendedor.

Uma coisa é entregar em Itajaí, outra no Porto de Itajaí.

DPU – Delivered at Place Unloaded (Entregue no Local, desembarcado).

As obrigações do comprador e vendedores quase que idênticas as do DAP, com a diferença onde mora o Mochila de Criança está o detalhe dentro do grupo D dos INCOTERMS, na entrega.

Parece pouca diferença, no entanto, o momento de carregar e descarregar, especialmente para cargas super pesadas e dimensionadas, como por exemplo as chamadas de carga projeto, é o momento de maior risco de sinistro.

Portanto, no DPU a mercadoria será considerada entregue, após ser seguramente descarregada no local nomeado.

DDP – Delivered Duty Paid (Entregue com Direito Pagos).

Se o Grupo D dos INCOTERMS já sobrecarrega o Vendedor com obrigações, custos e riscos, o DDP é sem dúvida o mais pesado dentre as três siglas.

São tantas responsabilidades que a estrutura sistemática do Comércio Exterior brasileiro não comporta sua utilização na Importação formal (chegarei lá).

Na sigla DDP, o Vendedor deve entregar a mercadoria no veículo de transporte (similar ao DAP, porém este entrega até seu estabelecimento), com todas as obrigações alfandegárias de Importação concluídas, ou seja, impostos pagos e Despacho Aduaneiro concluído pelo Exportador.

Porém, tanto aqui como em todas as siglas de qualquer grupo dos INCOTERMS, a parte oposta deve sempre auxiliar com informações e documentos, para que o outro consiga realizar a entrega em conformidade.

Imagem de Paul Brennan por Pixabay

O que preciso saber antes de usar uma das siglas do Grupo D dos INCOTERMS?

Tenho que ser honesto, foi difícil achar o que dizer sobre as siglas do Grupo D dos INCOTERMS.

Até pensei que fosse uma bolha própria, mas após conversar com alguns colegas, tanto na Importação quanto Exportação, ficou evidente que o uso destas siglas no Brasil é deveras tímido.

Mas ensinar o Comércio Exterior na prática tem desses percalços, mesmo assim sempre encontramos o que é preciso saber.

E, caso tenha experiência, por favor, compartilhe nos comentários. 🙂

Muito risco ao vendedor (exportador) para uma economia questionável.

Convenhamos que exportar e importar no Brasil não é uma tarefa fácil, de fato é isso que me garante muito assunto para escrever.

E assumir mais riscos e custos no país de destino ao utilizar o grupo D dos INCOTERMS, é algo que deva ser analisado com critério.

Não só em questão de valores e risco à mercadoria, mas também porque isso aumentará o tempo dedicado pela sua equipe em cada operação.

Quanto mais tempo despendido por processo, menos processos serão realizados dentro de um mês.

DAP e DPU combinam mais com operações fora de linha regular.

Imagem de Thanasis Papazacharias por Pixabay

Considerando que no DAP cabe ao Comprador descarregar a mercadoria, naturalmente que é uma operação que combina mais com caminhões e veículos afretados.

Pois não faz sentido, por exemplo, um navio full container, de linha regular, precisar aguardar o Comprador chegar com o guindaste dele.

Aliás, caso venha a trabalhar com DPU, não significa que a descarga deva ser realizada pelo guindaste ou “Munck” do veículo, o transportador pode contratar o equipamento do próprio porto ou armazém.

Não é possível utilizar DDP na importação formal.

Este é um clássico que ocorre eventualmente quando o “Departamento de Compras” busca resolver um problema de garantia com o Exportador.

O Compras diz ao Exportador para ele repor um produto em garantia, assumindo todos os custos, logo, ele vai utilizar a sigla DDP.

Porém, o Brasil não aceita Importação formal DDP.

Os motivos sistemáticos e legais são inúmeros, mas basta entender a questão do RADAR que se responde o motivo de forma compreensível para quem não é da área.

Para registrar uma Declaração de Importação e recolher os tributos, é necessário, antes de tudo, ter um RADAR ativo para estar habilitado no SISCOMEX.

Para requerer a habilitação como Pessoa Jurídica, será necessário informar o CNPJ da empresa.

CNPJ significa: Cadastro NACIONAL de Pessoa Jurídica.

Se o cadastro é nacional significa que uma empresa de fora não vai conseguir se habilitar.

Caso essa empresa de fora tenha uma filial no Brasil (e você possa reclamar a garantia a ela), aí se trata de uma operação nacional, pois ambas estão no mesmo país.

Contudo, é possível utilizar DDP na importação por remessa expressa.

Popularmente chamado de “Envio Courrier”, a Remessa Expressa é a opção de utilizar operadores de logística globais, como as conhecidíssimas UPS, DHL e FEDEX.

Photo by Norbert Kundrak on Unsplash

E, diferente da formal, a Importação por remessa expressa não necessita que Importadores e Exportadores tenham RADAR. Dessa forma, a operadora de logística se encarrega do Despacho Aduaneiro e de recolher os tributos para depois cobrar do Exportador.

Ou cobrar os tributos do Importador, nesse caso o envio courier vem informado como DPU.

Contudo, o envio deve respeitar o valor CIF limite de US$3.000,00 e sua legislação própria, assim como é preciso respeitar as regras de transporte dessas empresas: limites de peso, dimensões e tipos de mercadoria.

Porém são critérios absolutamente viáveis, em virtude de se tratar de pequenas peças e que não requerem anuência para importar.

Entender INCOTERMS exige aprofundamento.

Lembre-se que esse é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior, não é na base de artigos que você irá dominar o assunto, tampouco com vídeos e publicações em redes sociais.

Cada um dos textos teve como objetivo apresentar a base de cada sigla e alguns exemplos práticos, mas outra vez reitero a necessidade de estar sempre se aprofundando e aprendendo, seja com mais leitura, cursos ou sendo assessorado por quem tem experiência.

Se deseja conferir os textos anteriores:

E você amiga(o)?

O que achou do Grupo D dos INCOTERMS? Tem experiência com eles? Por favor, compartilhe seu conhecimento comigo e os demais nos comentários.

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

O que é Cabotagem e quais as vantagens e desvantagens?

Considerando que ela teve um crescimento de 26% entre os anos de 2010 e 2018 (ANTAQ), bem provável que todo profissional de Comércio Exterior e logística tenha ideia sobre o que é a Cabotagem.

Contudo, o crescimento ainda é tímido para um país com quase 8 mil quilômetros de costa e com 175 instalações portuárias: em 2018 a cabotagem representou apenas 11% do total das modalidades de transporte.

Em suma, é uma opção de transporte que pode ser muito econômica se conseguir que a logística seja executada conforme planejado.

Diante disso, vamos apresentar o que é Cabotagem e as suas vantagens e desvantagens mais relevantes, para que você esteja melhor preparado para começar a estudar essa opção.

O que é a cabotagem?

Trata-se do transporte por águas entre portos dentro do país, sem perder a costa de vista.

No entanto, ela não se limita a água salgada, seu percurso pode ocorrer também por rio, como por exemplo o porto de Manaus, que fica no rio Amazonas.

Porto de Manaus
Porto de Manaus – amazonasatual.com.br

Os tipos de mercadoria que movimentam são diversos, a depender da embarcação e conforme as restrições de risco e logística.

No Brasil, o granel representou mais de 90% da Cabotagem em 2018, por fim, apenas 8% para contêiner e 1% para carga geral.

Cabotagem no Brasil, participação por perfil de carga, 2018.
Cabotagem no Brasil, participação por perfil de carga, 2018. Fonte: BNDES

Como a cabotagem funciona?

Sobre o funcionamento, deve-se saber que tanto os navios quanto a forma que cada segmento opera na Cabotagem são diversificados e, acima tudo, vai além do transporte entre portos.

A Cabotagem é apenas parte da logística de transporte, pois todos os Armadores que operam nessa opção oferecem também transporte rodoviário, ferroviário, armazém e a logística portuária.

Vantagens da cabotagem

A Cabotagem oferece diversas vantagens para as empresas, tanto no âmbito econômico quanto sustentável, além de interferências positivas no trânsito.

Maior segurança.

Sabemos que o transporte marítimo tem seus riscos, porém, os riscos da viagem são reduzidos por ser realizada sem se afastar da costa.

Em comparação aos demais modais de transporte, o risco da ocorrência de roubos, extravios e acidentes é consideravelmente menor, o que reflete diretamente na qualidade de entrega do produto, que tem redução a danos e surpresas durante o percurso.

E, por fim, essa segurança também proporciona uma economia diante dos prejuízos que as empresas teriam em caso de acidentes ou furtos, em que teriam que (re)investir pelo pedido de um novo produto, seu transporte e todo o esforço para não perder um cliente que ficou sem produto..

Menor impacto ambiental.

Port Chalmers,, New Zealand
Photo by Nareeta Martin on Unsplash

O setor de transportes é um dos principais emissores CO2 no mundo, representando 25% do total, atrás apenas para o desmatamento.

A Cabotagem é a modalidade de transporte que menos agride o meio ambiente, por ser o modal marítimo cuja taxa de emissão de CO2 representa cerca de um décimo da provocada pelo transporte em rodovias e um terço das ferrovias.

Seja na Cabotagem ou longo curso, o transporte marítimo evolui em tamanho de embarcações e velocidade, ao mesmo tempo que aplica soluções que reduzem o impacto no meio ambiente.

Nesse sentido, se sua empresa tem uma agenda preocupada com o impacto ambiental, a Cabotagem estará alinhada com tal objetivo.

Alta Escala de carga.

De maneira idêntica ao transporte de longo curso da Importação e Exportação, o transporte por embarcações favorecem a escala, seja granel ou contêiner.

E o melhor de tudo, numa única remessa.

Vantagem também encontrada no transporte ferroviário, que é, contudo, tão pouco explorado no Brasil que dispensa apresentação de estatísticas para comprovar.

Menor custo e risco no transporte.

Por fim, além da Cabotagem economizar com a escalar e reduzir os riscos mencionados,  o custo do seu frete é até 20% menor do que o rodoviário.

Por mais que seja necessário levar a mercadoria até o porto (e, provavelmente será feito de caminhão), a redução de distância e tempo de transporte do rodoviário, para ser realizado principalmente por água, vai refletir num frete menor.

Evidentemente que há outros riscos, mas será um alívio (mental e financeiro) não precisar se preocupar com:

  • Sequestro de veículo;
  • Atraso na entrega por bloqueio em rodovia; e/ou
  • Custos extras de reparo devido as condições das rodovias.

Desvantagens da Cabotagem.

Como tudo no Comércio Exterior, raramente encontramos soluções aplicáveis a todos os casos.

Sobretudo pelo que vimos no início do texto, é uma opção pouco explorada em comparação com o tamanho de nossa costa.

Baixa frequência de embarque.

De modo geral, não é difícil conseguir um caminhão em poucos dias, ou até mesmo no mesmo, para realizar um transporte, independentemente do quão longe for o destino.

Vantagem essa que não encontramos na Cabotagem, dependendo da distância entre os portos de embarque e desembarque, pode ser necessário aguardar uma semana ou mais.

Maior tempo de transporte.

Carol M. Highsmith’s America, by rawpixel.

Não apenas reflexo da baixa frequência de embarque, existe também o tempo consumido pela logística portuária para movimentar e acondicionar a carga na embarcação, assim como a física do transporte sobre água, que não permite a mesma velocidade do transporte rodoviário.

Logo, é uma desvantagem que só pode ser contornada ao realizar a operação com antecedência e muita…

Planejamento logístico.

Em resumo, para que o transporte de Cabotagem tenha sucesso, é preciso que seu planejamento logístico considere:

  • a produção do produto, bem como seu acondicionamento;
  • a coleta do contêiner vazio (se contêiner);
  • carregamento na sua localidade e transporte até o porto de embarque;
  • descarregamento do veículo e carregamento no porto para a embarcação;
  • descarregamento da embarcação para o porto e carregamento no veículo;
  • transporte do porto de desembarque até o destino final; e
  • devolução do contêiner vazio (e limpo!).

Ou seja, muitas pessoas e empresas envolvidas, trata-se de uma logística tão complexa quanto a envolvida na Importação ou Exportação.

Não basta saber o que é cabotagem.

Agora que entendeu o que é Cabotagem e algumas das suas vantagens e desvantagens, é preciso estudar se é aplicável à sua operação.

Como mencionado, não será um estudo fácil, contudo, quem atua na Cabotagem tem a experiência e estrutura para lhe auxiliar.

Pode ser que não sirva para sua operação, mas, por outro lado, também pode ser a solução para conseguir chegar naquele preço competitivo. Seja como for, o importante é continuar a busca por reduções de custo inteligentes, essa habilidade é primordial no profissional de logística e Comércio Exterior.

E você, amiga(o)?

Conhecia a Cabotagem? Já realizou transportes nessa opção? Como foi a experiência? Sabe de outras vantagens e desvantagens? Vamos continuar conversando sobre o assunto nos comentários!

Este artigo foi escrito com a turma da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Carga projeto, o que é e quais são os principais cuidados?

A Carga Projeto é o que separa os adultos das crianças na logística internacional.

Não que embarques de mercadorias que caibam em pallets e contêineres Dry Box não sejam complexos, porém, logisticamente falando, estas tem um padrão físico para atender a maioria dos produtos e, desta forma, ter escala e celeridade.

Toda Importação e Exportação teoricamente precisa de um “projeto”, mas aqui o planejamento e acompanhamento são muito mais necessários, pois trata-se de uma operação muito mais sensível a contratempos, custos não previstos ou até sinistros.

O que é considerado carga projeto?

Image by wasi1370 from Pixabay

Carga Projeto é a denominação utilizada para mercadorias do tipo carga geral, que possuam peso e dimensões não compatíveis para serem transportadas em contêineres convencionais.

São as operações que normalmente necessitam de carreta rebaixada, container Flat Rack, um ou mais guindastes, não podem transitar por qualquer rua e muito menos serem transportadas por qualquer navio ou avião.

É comumente chamada, em inglês, de Project Cargo ou Break Bulk, mas o conceito de cada nome pode variar a depender do país e o tipo de mercadoria.

Quais os principais cuidados na operação de carga projeto?

A quantidade de cuidados necessários varia a depender das particularidades da operação.

Em virtude disso, vamos apresentar os cuidados mais abrangentes, para ter ciência do que esperar e ser possível alinhar as expectativas de forma condizente com a complexidade logística.

Seu planejamento e execução serão mais demorados que o normal.

Operações logísticas de Carga Projeto não são do tipo que você cota o frete internacional na segunda, escolhe o Agente de Carga na quarta e envia a instrução de embarque para embarcar na semana seguinte.

Tampouco bastará o Packing List para cotar a operação, é necessário saber também informações como:

  • Endereço completo e Estrutura do local de coleta e de destino final;
  • Fotos e desenho técnico;
  • Material de construção, pontos frágeis; e
  • Pontos de içamento e centro de gravidade.

Cabe ao Exportador entregar a mercadoria com embalagem segura o suficiente para se submeter à viagem internacional, mas será que ela é à prova dos buracos e roubos de carga para transitar em rodovias brasileiras?

Pois é, toda essa aventura de transporte, manuseios e movimentações precisam ser analisadas e planejadas.

As opções são limitadas.

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Não é toda a transportadora que possui carreta rebaixada, todo porto que consegue (ou deseja) atracar navio break bulk, tampouco pode-se transitar com carga volumosa em qualquer horário e, como se não bastasse, não é qualquer navio ou aeronave capaz de te atender a tal necessidade.

Inegavelmente, a redução de opções vai fazer com que a logística não flua com qualidade. Seguindo os exemplos acima, sua carga projeto pode ter dificuldades como:

  • Ter que optar por trabalhar com um porto mais distante de sua fábrica.
  • A carga estar pronta para carregar ou descarregar de manhã, mas a autorização de trânsito vigorar apenas para depois das 21:00.
  • O navio Break Bulk ter que esperar bastante para atracar, pois somente um píer do porto consegue recebê-lo.

Quanto maior a complexidade da operação, mais limitadas serão as opções de execução.

Logo, a operação se torna mais demorada e sua execução pode ocorrer de forma não tão eficiente como esperado, não apenas por falta de opção, mas também a fim de manter o custo dentro do orçamento e sem comprometer a segurança.

É preciso acompanhamento e registro.

Photo by form PxHere

Quem trabalha com Comércio Exterior já está acostumado a registrar tudo por e-mail ou via sistema, da mesma forma é preciso agir com Carga Projeto.

A empresa responsável pela execução da logística internacional deverá acompanhar pessoalmente o trabalho de seu pessoal e subcontratados, principalmente nas operações de carregamento e descarregamento.

O registro deve conter fotos e vídeos, assim como um diário relatando as operações: onde ocorreram, horário, equipamentos utilizados, pessoas e empresas envolvidas.

Registrar a operação é mais que uma prova de que foi executado conforme contratado, é também uma segurança para que, caso aconteça algum sinistro, seja possível detectar os responsáveis e acima de tudo, para que não ocorra novamente.

Atenção ao container utilizado.

Photo by elias on Unsplash

Caso esteja acostumado a embarcar com contêiner Dry Box e High Cube, por exemplo, e a sua operação de Carga Projeto necessite equipamentos como Flat Rack ou Plataforma, tome cuidado com os custos.

Naturalmente que equipamentos volumosos e pesados vão encarecer o frete doméstico e o internacional e, quanto a isso, é preciso analisar cuidadosamente os prestadores de serviço e suas propostas.

Mais especificamente, dentro desta análise é preciso atenção com o tempo do free time e valores de demurrage.

Portanto, é preciso estimar com precisão o tempo necessário para conseguir devolver as unidades vazias dentro do free time, não apenas mensurando a logística, mas também, o tempo que o despacho aduaneiro tomará.

E você amiga(o)?

Já realizou Importações ou Exportações de Carga Projeto? Pretende em breve fazer uma? Quais outros cuidados ou experiências teve nas suas operações? Vamos continuar a conversa nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Avalie os prestadores de serviço por resultado, não por bajulação.

A relação com prestadores de serviço no comércio exterior é de longa duração e boa parte dela é sustentada pelo relacionamento comercial, mas se não prestar a atenção, vai cair na bajulação e esquecer de avaliar os prestadores de serviço por resultado.

Não é só de lábia que vive o setor comercial, é preciso conhecer o cliente para descobrir dores e oportunidades, coletar feedback, prospectar e mensurar o progresso, apresentar novos serviços…

Note que não estou desmerecendo o trabalho desse setor, mas este texto é para VOCÊ que amolece o coração quando o comercial:

  • Pergunta como está seu filho na escola;
  • Envia calendário início do ano, chocolate na Páscoa e panetone no Natal;
  • Ri das suas piadas mais alto que os demais na reunião; e
  • Curte TUDO o que você posta no Instagram.

Ele não vai parar de fazer essas coisas (mesmo que peça), mas não é com o coração que se avalia a qualidade do serviço entregue.

Avalie seus prestadores de serviço pelo resultado.

Não é fácil fazê-lo, o Comércio Exterior é tão complexo que antecipa o envelhecimento. São diversas as variáveis e muitos envolvidos nas mais simples importações ou exportações.

Mas nosso trabalho faz parte da logística, logo, gera números relevantes para avaliar o resultado dos prestadores de serviços, que vão além de apenas comparar valores financeiros entre concorrentes (presumindo que você não seja um acomodado no comércio exterior que trabalha com apenas um prestador de serviço).

Os números mais interessantes para mensurar o resultado do serviço costumam estar ligados ao tempo, por exemplo:

  • Que o porto levou para emitir a presença de carga depois que o navio atracou;
  • Se o prazo de produção foi cumprido pela fábrica;
  • Que o Despachante Aduaneiro precisou para registrar a D.I/DUIMP, após ter a presença de carga;
  • Que a transportadora precisou para providenciar um caminhão e coletar mercadoria no porto.

Como disse, o Comércio Exterior tem muitas variáveis e é preciso considerá-las, o tempo para registrar uma Declaração de Importação varia conforme a quantidade de adições…

Bem como se o Siscomex não estiver fora do ar.

Mas não adiantar medir resultados sem saber o que quer.

´´Como assim o que eu quero? Eu quero o mais rápido possível!´´

Mas você está disposto a pagar por isso? E mais, digamos que se trate de frete internacional, talvez um agente de carga te oferte a opção mais rápida possível e outro uma opção nem tão rápida, mas bem mais barata, qual a certa?

Não tem certa, só tem você de errado porque não sabe o quer.

“Embarque urgente” no Comércio Exterior é redundância, sua pressa precisa ser definida com números, ou seja, para quando você precisa e quanto seu orçamento permite.

Dessa forma, todos que você consultar, para cotar o serviço que for, trabalharão com as mesmas informações.

Assim como é preciso deixar a bajulação de lado para avaliar seus prestadores de serviços por resultado, você precisa parar com o drama e adjetivos para trabalhar com fatos e números.

Substitua “a fábrica vai parar!” por:

“Preciso dessa carga o mais rápido possível, aéreo não é uma opção pois será caro demais, mas aceito trazer no marítimo num container (FCL) do que embarcar consolidado (LCL)”

Você vai facilitar a vida de todo mundo, reduzir custos e ser um cliente mais querido.

Seus prestadores de serviço não vão gostar que avalie apenas o resultado.

Mas nada mais justo que você escolher trabalhar com aqueles que entregam os resultados prometidos. Você está pagando por esses resultados, se eles não forem entregues, será um desperdício de capital.

Você acha justo comprar um frete com trânsito de 30 dias e ele levar, de fato, 55?

Significa que para você está tudo bem se comprar uma passagem aérea de Guarulhos direto para Orlando, mas a companhia aérea decidir ir antes para o Panamá, sem te avisar?

Se precisar trocar de aeronave então, melhor ainda, mais filas! – Dailymail

Isso não quer dizer que precise ser um cliente idiota ou antipático, lembre-se que é seu trabalho desenvolver seus fornecedores! Mas quando o serviço não for cumprido como contratado, pare de aceitar drama como justificativa, como quando lhe dizem que:

  • Fizeram de tudo;
  • Trabalharam no overnight;
  • O Gerente/Diretor/Diplomata/Governador/Darth Vader está cuidando disso pessoalmente; e
  • Que é prioridade máxima!

Pior ainda se qualquer um desses exemplos for acompanhado do clássico “porque você é o cliente muito/mais importante”, entenda que

Ser bajulado não significa ser bem atendido.

Esse papo faz parte do pacote da bajulação que tem como objetivo massagear seu o ego para que você esqueça que está pagando por algo que não foi cumprido.

Dane-se o esforço e a bajulação, o que importa é o resultado.

Ser bem atendido é ser informado das novidades proativamente e com celeridade e se forem notícias ruins, que já recebamos o plano de ação ou as opções disponíveis para contornar o problema e chegar no resultado prometido, ou o mais próximo dele se não for mais possível.

Do que adianta o comercial puxar o saco, se o operacional só te atualiza das novidades quando você cobra?

Reduza o tempo de reuniões e ligações bajuladoras que não te levam a lugar algum e use esse tempo para mensurar. Compare valores com (o verdadeiro) atendimento e resultados entregues, que assim conseguirá encontrar quem são seus melhores prestadores de serviço.

E você, leitora(o)?

É muito bajulado pelas empresas do comércio exterior? Como faz para avaliar os prestadores de serviço por resultado? Há empresas mais preocupadas em bajular do que entregar o prometido? Vamos continuar a conversa nos comentários.

Este artigo foi escrito para os amigos da cheap2ship

Logística internacional, o que é e sua importância para o comércio exterior?

Considerando que todo comércio precisa de logística para ser entregue, torna-se fácil falar sobre a importância da logística internacional para o comércio exterior.

Historicamente falando, não é possível definirmos quando a logística começou a ser praticada, pois ela está em ações corriqueiras como armazenagem e transporte.

Tanto que o dia da logística é comemorado no dia 6 de junho, em homenagem a maior operação logística conhecida na história, o Desembarque na Normanda durante a II grande guerra.

Cena do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, disponível na Netflix, fica a recomendação 🙂

E mesmo com produtos intangíveis como Softwares, existe uma logística garantindo a entrega via dados, pois servidores demandam espaço, controle de temperatura e umidade e, conforme o fluxo de dados cresce, é preciso aumentar a capacidade de download e upload ou investir num armazém maior.

Esse texto lhe ensinará o conceito, como funciona e a importância para o comércio exterior, com os exemplos práticos de sempre para aprender de verdade 😉

O que é Logística Internacional?

Explicar logística nunca é fácil e a internacional só complica portanto, vejamos primeiro o conceito de Logística (que aprendi com meu professor).

“A logística é o conjunto de atividades direcionadas a agregar valor, otimizando o fluxo de materiais, da fonte produtora até o consumidor final, garantindo o suprimento na quantidade certa, de maneira adequada, assegurando a sua integridade física a um custo razoável, no menor tempo possível, atendendo todas as necessidades do cliente, disponibilizando um fluxo de informações confiáveis e atualizadas”

Paulo Roberto Ambrósio Rodrigues, Mestre.

E não satisfeito com a complexidade da Logística, adicionamos os agravantes do comércio exterior que causam envelhecimento precoce, tais como: aduaneiros, culturais e geopolíticos que podem pertencer a dois ou mais países.

Photo by chuttersnap on Unsplash

Unindo o conceito com seus complicadores, podemos definir em síntese que:

A logística internacional é o conjunto das atividades logísticas que são executadas além das fronteiras, as quais precisam se submeter e respeitar as conformidades dos países envolvidos na operação.

Uso a palavra “Conformidade” para englobar os fatores agravantes, pois a logística internacional não será realizada se:

  • A carga chegar na Dinamarca, com uma Fatura Comercial toda em português.
  • O fardo de cerveja que tenta entrar na Arábia Saudita, possui a imagem de pessoas na praia com roupas de banho.
  • Tentar exportar ou importar para o Irã, Cuba, Coreia do Norte ou outro país com embargos aplicados pelo EUA.

Difícil, ?

E mais ainda é na prática, veremos como ela costuma se concentrar numa única empresa, mas a responsabilidade é coletiva.

Seja o cliente, despachante aduaneiro, Tradings e terminais, todos cobram, são cobrados e um depende do trâmite dos outros para que os processos andem. ocorra

Em resumo, todos os envolvidos no comércio exterior fazem logística internacional.

Como funciona a Logística Internacional?

Considerando que para a logística ser internacional, é necessário cruzar fronteiras, quem a faz acontecer fisicamente são os operadores logísticos internacionais, por exemplo:

  • Transportadores rodoviários
  • Armadores (Donos de navio)
  • Companhias Aéreas (adivinha).
  • Operadores logísticos multimodais

Elas atuam desde transportando documentos e bugigangas chinesas até sua casa na modalidade Remessa Expressa, ou nas operações formais de exportação e importação com containers e granéis.

Sim minha amiga(o) compradora de AliExpress, você faz a logística internacional acontecer!

Apesar dela ser bem travada em Curitiba.

Centro de Distribuição do Correios em Curitiba
CD Correios em Curitiba – Istoé

Contudo, para que ela ocorra com eficiência e a informação do seu status chegue aos interessados, é necessário que alguém a centralize e por isso que o Agente de Carga é o principal responsável pela logística internacional.

Ao invés do Exportador ou Importador contratar separadamente o transporte internacional, os armazéns envolvidos e o transporte do “Last Mile Delivery” (Última milha de entrega) até o cliente, ele contrata apenas o Agente de Carga que se responsabilizará por contratar e gerenciar a execução de todos esses serviços.

Trabalhar em sincronia com todos esses envolvidos é uma das atividades mais desafiantes, por isso a importância de concentrar num único prestador de serviço.

A Importância da Logística Internacional para o Comércio Exterior.

Photo by Dimitri Houtteman on Unsplash

As operações de comércio exterior se dividem em dois aspectos:

  • 1 – Aduaneiro – Que consiste os tributos, Despacho Aduaneiro, Regimes Especiais… e;
  • 2 – Logístico – Que como vimos e quem trabalha, sabe, consiste quase por completo na Logística Internacional.

Há quem diga que a parte Aduaneira pertence a Logística, contudo, se abrirmos o conceito de Logística, é possível considerar muito mais dentro dele.

Mas prefiro essa divisão com o efeito de analisar o planejamento e custo das operações, mesmo separando ambos numa planilha de custos, independente se for para exportar ou importar, não é possível encontrar o custo de um deles, sem analisar ambos!

Tampouco podemos dizer que um deles costuma ser mais caro, brinquedos têm altíssima tributação, mas baixo custo logístico, em contrapartida, um embarque marítimo com produtos utilizando o benefício de Drawback ou Repetro, possuem um custo aduaneiro quase inexistente (nas devidas proporções, por favor).

Essa é a importância da logística internacional, além de ser necessária para movimentar bens entre fronteiras, é preciso planejá-la para estimar todos os custos de uma operação de Comércio Exterior.

E você, amiga(o)?

Difícil um profissional de comércio exterior que não se envolva com a logística internacional, então conte para nós como é no seu dia a dia.

Ele tem peso maior que os custos aduaneiros? Quão complexo é planejá-lo para seus produtos? Quais etapas o risco de problemas é maior?

Sua experiência nos comentários ajuda os colegas a crescerem contigo.

Este artigo foi escrito para a GETT e foi publicado originalmente em seu Blog.

INCOTERMS

INCOTERMS, que problemas podem ocorrer.

Apagar incêndios no Comércio Exterior é tão comum como uma rotineira manhã de terça-feira e muitos deles ocorrem por desconhecermos os problemas que os INCOTERMS podem causar, ou seja, sua operação pode sofrer prejuízos antes mesmo da carga estar pronta para embarque.

É comum inexperientes interpretarem incorretamente, ou perder horas em e-mails convencendo alguém que o entendimento dela está equivocado.

E para ser inexperiente novamente em nesse assunto, basta trabalhar com outro tipo de produto, modo de embarque ou vir a atualização decenária da ICC.

Este texto lhe apresentará o básico de INCOTERMS e alguns comuns problemas que desconhecê-los podem ocorrer.

O que é INCOTERMS?

Em primeiro lugar, atendendo à juventude que ainda não sofre de envelhecimento precoce trabalhando com Comércio Exterior, vamos à explicação:

Trata-se da abreviatura inglesa das palavras INternational COmmercial TERMS, do português: Termos Internacionais do Comércio. A International Chamber of Commerce é a responsável por publicar, revisar e arbitrar conflitos resultantes dos termos e a faz desde 1936.

Estes termos são apresentados em forma de siglas formadas por 3 letras (EXW, FOB, CPT… chegaremos lá), com o propósito de definir no contrato de compra/venda (numa Fatura ou PO) o que tange principalmente a transporte, seguro e entrega de mercadoria, e à quem pertencem as responsabilidades de:

  • Custos
  • Riscos
  • Obrigações

A partir destas responsabilidades é que apresentarei os problemas, não esqueça!

Importante, INCOTERMS só se aplicam para mercadorias nas relações entre Comprador e Vendedor.

Ou seja, não se aplicam aos demais participantes do Comércio Exterior, como: bancos, transportadores e despachantes aduaneiros – embora estes prestem seus serviços conforme a INCOTERM utilizada, e são nestes detalhes com estes envolvidos que muitos problemas acontecem.

Os grupos e siglas dos INCOTERMS.

Como disse, cada termo tem 3 letras, a primeira determina a qual grupo pertence, as duas demais explicam resumidamente onde a carga deve ser entregue.

INCOTERMS 2020 – internationalcommercialterms.guru

Os grupos são:

  • E – EXW – Máxima responsabilidade ao comprador, que deverá buscar a mercadoria no estabelecimento do vendedor;
  • C – CPT, CIP, CFR, CIF – O vendedor é responsável por contratar e pagar o frete principal (o que atravessa fronteiras);
  • F – FCA, FAS, FOB – O comprador é responsável pelo frete principal e seguro; e
  • D – DAP, DPU, DDP – O vendedor é responsável pela entrega no país do comprador, assumindo mais riscos que na categoria C.

Como o texto visa tratar dos problemas, a explicação dos grupos acima está resumida e cada uma das siglas serão explicadas nos próximos artigos.

Problemas que podem ocorrer por desconhecer os INCOTERMS.

Se um dos lados da negociação não domina o assunto INCOTERMS, será questão de tempo para se tornar um conflito à ambas as partes, o que acarretará em dificuldades no momento da operação.

Entenda que os problemas não se resumirão a pequenos atrasos e prejuízos, eles são sobretudo capazes de comprometer a margem de lucro na exportação ou inviabilizar uma importação.

Foto de Tom Fisk no Pexels

Os exemplos abaixo ajudarão a visualizar (e bastará sua imaginação para concluir o quanto poderia ser pior).

Obrigações.

Desconhecer as obrigações resultantes do INCOTERMS da operação lhe causará, primordialmente, problemas de tempo e dinheiro:

Ou os dois juntos… pois, no Comex, tempo é prejuízo.

No EXW, o vendedor deve disponibilizar a mercadoria para coleta (seja na fábrica ou num armazém), devidamente embalada e identificada para transporte.

Entretanto, o vendedor não é responsável pelo carregamento da mercadoria no caminhão do comprador, então, se a carga precisar de uma Paleteira/Transpalete para carregar, e o veículo não tiver uma, o carregamento pode não acontecer naquele dia.

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Parece exagero, contudo, é comum existirem dificuldades deste tipo quando o vendedor é uma grande empresa e o comprador não. Bem como é comum sofrermos para convencer exportadores a assinarem documentos a caneta.

Riscos.

Um dos pontos mais ”pegadinha” do INCOTERMS encontra-se transferência de Riscos do Comprador ao Vendedor.

Incoterms 2020 para apenas embarque marítimo
INCOTERMS para apenas embarque marítimo.

Os riscos variam conforme o INCOTERM escolhido e, se for algum do Grupo C, eles não terminam nos Custos, exemplo:

Se comprar CFR, o vendedor deve pagar por todo transporte até a chegada do navio no porto de destino, porém, o risco é transferido ao exportador, da mesma forma como acontece no FOB.

Ou seja, se o risco da viagem marítima no CFR é do comprador, será que seu vendedor se preocupará em contratar um frete de qualidade?

Além de, eventualmente, os importadores se incomodarem com a categoria C em razão da ocorrência de embarques sem autorização, fretes demorados e outros problemas que o frete prepaid causam.

Custos.

Os problemas de custos ocorrem no pagamento em duplicidade (pelos dois lados) ou na contratação urgente de uma obrigação esquecida.

Por exemplo, o comprador não se atentou ao asterisco na cotação ao lado do EXW*, que informava disponibilizar a carga num armazém próximo de um porto de embarque diferente do cotado com seu agente de carga. Consequentemente, o comprador precisará pedir, urgentemente, a cotação do porto de embarque, ou do transporte rodoviário, revisada.

Ainda similarmente no exemplo dado em Obrigações, pode acontecer do comprador pagar por um caminhão com Paleteira, mas a proposta do vendedor era “EXW, carregamento incluso”.

“Tudo bem, a Paleteira só custou US$40,00”

E qual a cotação do dólar hoje mesmo?

***

Esse é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior e, por isso, decidi dividi-lo em série, pois serão necessários mais artigos para aprofundarmo-nos nas onze siglas.

Como é usual em nossa área, é possível aprender com livros e cursos, mas é no dia a dia que aprendemos aqueles detalhes cruciais, por isso é importante trabalhar com quem entenda do assunto para lhe prevenir de sofrer dificuldades.

E você, amiga(o)?

Como o texto buscou apresentar exemplos práticos, certamente que muitos dos problemas que os INCOTERMS podem ocorrer ficaram de fora, por isso você pode ajudar no assunto?

Quais são os INCOTERMS que mais utiliza no seu mercado? Quais lhe causaram mais problemas? Como solucionou?

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Demurrage de Container

Demurrage de contêiner: o que é e dicas úteis de como evitar.

É “curioso” como nosso meio carece de conteúdos com dicas realmente úteis de como evitar a Demurrage de contêiner, logo ele! Capaz de causar um nível de ansiedade tão alto, que a preocupação com o custo de armazenagem fica em segundo plano.

Na verdade, não é curioso, pois trata-se de um dos assuntos mais polêmicos no Comércio Exterior brasileiro e há muitos interessados em que ele continue nebuloso… Mas ainda não é o momento para dizer tudo que tenho vontade sobre.

Dito isso, vamos entender o que é, para depois conferir as dicas de “como” se proteger (o máximo possível).

Menos juridiquês, mais ação.

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Antes de abordar o assunto, entenda que tratarei aqui da Demurrage de contêiner no transporte unimodal, da forma que ela é usualmente chamada na importação portanto, não tratarei da aplicação dela em embarcações, que é onde o termo se originou.

Como focarei na prática das operações, peço licença para não sobrecarregar com termos e nomenclaturas corretas do Direito Marítimo.

Agora estamos Ok para começar.

O que é a Demurrage de contêiner na importação?

Se você é um pequeno gafanhoto no Comércio Exterior e ainda não teve o caráter endurecido pela Demurrage, vamos entender o que ela é:

O contêiner não é uma embalagem, ele é parte da embarcação e por isso é necessário devolvê-lo ao Armador (dono do navio) vazio e em condições para novo uso, para que possa utilizar na próxima viagem.

Só essa parte em negrito é tão polêmica que vale um artigo inteiro, então deixemos quieto por ora.

E para que o importador não procrastine a devolução do contêiner,  igual fazemos com os cursos e livros durante a quarentena, existe uma penalidade pecuniária (= dinheiros) pela demora chamada Demurrage, que começa a ser cobrada após terminar o período livre de estadia, bem conhecida na área pelo nome de Free Time.

Vendo na prática, digamos que um contêiner 20′ GP/Dry tem 15 dias de Free Time e os primeiros 5 dias de Demurrage custam USD40,00/dia.

Se a contagem do Free Time começar no dia 01/Mar (NORMALMENTE no dia seguinte da atracação do navio), ela acabará em 15/03 e, caso devolva o contêiner no dia 18/Mar, será preciso pagar 3 dias de Demurrage:

USD120,00 – Para não esquecer de vez, use esse trocadilho:

Trata-se da multa causada pela demórrage em devolver o container vazio para o Armador.

Dicas de como evitar a demurrage.

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O Comércio Exterior eficiente precisa gerenciamento de risco, conseguimos eliminar alguns deles, mas a maioria, que inclui a Demurrage, é apenas minimizada, pois nosso trabalho depende de outras empresas e órgãos públicos para ser executado.

Além dos diversos riscos incontroláveis que eventualmente enfrentamos para entregar o contêiner vazio dentro do Free Time, conhecidos nossos como:

  • Fortes altas no câmbio;
  • Greves;
  • Desastres naturais; e
  • Pandemias.

Como as dicas buscam ser realmente úteis, não perderei seu tempo repetindo sugestões básicas de outros textos, como: Negocie o Free Time.

1 – Pare de importar com frete prepaid.

Embora pareça vantajoso deixar o exportador com o frete, o risco de pagar Demurrage é maior e essa é uma fração das 5 razões para não importar prepaid.

O Agente de Carga dele, principalmente seu parceiro brasileiro, vão aplicar termos e valores tabelados que planilha de custo alguma dá conta de prever.

E o fazem principalmente para se protegerem de riscos de inadimplência, mas muitos aproveitam seu desconhecimento de importação para bater a meta numa única operação… E isso não ocorre apenas no prepaid, veremos adiante.

É possível minimizar o risco e evitar a Demurrage negociando o pagamento e exigindo em contrato as condições que o frete marítimo deve atender, como o Free Time mínimo, mas na prática, se falharem em atender essas condições durante a importação, será preciso muito retrabalho discutindo com os envolvidos e cobrando prejuízos do exportador. Bem provável que ele não estará com pressa de te ressarcir.

Diferente de importar no Collect que cabe a vocêescolher o Agente de Carga, isso o ajudará a conseguir um Free Time maior e menor valor de Demurrage.

Sei que parece básico, mas esse erro é comum demais e o valor do prejuízo dificilmente será recuperado nas demais dicas.

2- Priorize utilizar contêiner Dry/GP.

Pixabay

Custos de importação são complexos, por isso recomendo priorizar pelo contêiner clássico, conhecido como Dry ou General Purpose. Pois por ser o mais comum, seu valor de Demurrage é menor e é mais fácil conseguir um Free Time mais longo com ele.

Caso tenha uma importação pesada ou volumosa, é comum os exportadores pedirem para utilizar os contêineres especiais, que são mais fáceis de estufar a mercadoria, como o Flat Rack e o Open Top, os quais, além de possuírem Demurrages mais altas e Free Time mais curto, também encarecem o frete pelo espaço ocupado.

Talvez ele consiga estufar sua mercadoria num Dry se você pagar o aluguel de uma empilhadeira parruda, se possível, calcule os custos.

Porque além de aumentar a chance de evitar a Demurrage, o frete será mais barato comparado com o dos contêineres especiais.

E se você economiza no frete, automaticamente pagará menos armazenagem e impostos da importação.

3- Tenha a desova do contêiner como plano B.

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Gerenciar riscos também é ter planos de ação prontos para responder ao incontrolável, para não precisar sofrer de ansiedade enquanto vislumbra os últimos dias de Free Time acabarem.

Pois basta trabalhar com importação FCL para sua primeira treta de Demurrage acontecer, por mais que tentemos evitar.

A Demurrage é a consequência das causas incontroláveis que exemplifiquei no início (ou a bagunça que é sua operação, embora não seja o tema aqui). Com o gerenciamento de risco podemos evitar esse prejuízo mesmo que não tenha hoje um plano ação pronto.

Pois você sabe o que greves, desastres naturais e pandemias, têm em comum?

Elas não acontecem da noite para o dia.

Não é necessário pesquisar datas, seja greve dos caminhoneiros ou de funcionários públicos, elas são anunciadas durante a negociação das melhores condições buscadas. O mesmo com pandemias e desastres naturais: quem é do Comércio Exterior soube o mais tardar em janeiro que a situação do Covid-19 na China era séria.

Seja um mês ou uma semana de antecedência, isso é tempo o bastante para preparar a desova do contêiner como plano B. Portanto, para evitar ter um contêiner preso no porto, tenha negociado a desova com algum terminal alfandegado capaz de fazê-lo, dessa forma, poderá devolver o contêiner dentro do Free Time.

Isso envolve gastar com desova, com a entrega dele vazio e, talvez, inclusive com a transferência via trânsito aduaneiro, mas bem provável que compense, pois, considerando os valores de Demurrage praticados, raramente não compensa.

4 – Não trabalhe com Agentes de Carga que não visam seu sucesso.

Se algum Agente de Carga com que você trabalha te chama de “parceirão”, dá calendário, caneta e outros mimos o ano todo, mas:

  • Só informa a taxa Ptax, Free Time e Demurrage na cotação se você pedir;
  • E, se informa, é no campo das letras miúdas;
  • Te “ajuda” a lembrar que o Free Time acabou somente para cobrar o pagamento;
  • Cobra o dobro ou triplo do valor da Demurrage praticada pelo Armador; e/ou
  • Tem um Departamento só para tratar de Demurrage.

Bem, está na hora de você rever seu conceito de “parceria”.

Afinal, pouco adiantará importar Collect se estiver trabalhando com quem utiliza a Demurrage como fonte de renda.

A luneta é você procurando o free time na proposta do seu parceirão.

Digo Agentes de Carga, mas pode ser que o NVOCC, a Trading Company ou até o Despachante Aduaneiro estejam ganhando em cima desse esquema do qual infelizmente muitos participam.

Mas há quem preze pela transparência e para encontrá-los é preciso parar de aceitar essas condições imorais, descartá-los se insistirem nessa prática e procurar aqueles que te ajudam a reduzir riscos.

5 – Tenha um time para estar bem assessorado.

Essa dica não se limita ao escopo de como evitar Demurrage, qualquer plano B, C e D podem falhar e quando isso acontecer, é preciso ter o time certo para lhe ajudar.

É “quando” mesmo, não “se”, por mais que antecipemos o máximo de variáveis, elas se limitam à nossa experiência.

É importante estar bem assessorado por Despachantes Aduaneiros, Advogados Marítimos/Aduaneiros e consultores com experiência na importação.

Não apenas para te tirar da enrascada, mas para garantir no seu gerenciamento de risco que não aconteça novamente.

Mantenha-os por perto como amigos. Se precisar de indicações, fique à vontade para me procurar.

E você leitora(o)?

Está passando por dificuldades com Demurrage? Já aplicou alguma dessas ideias? Concorda com elas? Conte sua situação e experiência para continuarmos conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito para os amigos da cheap2ship e publicado originalmente em seu blog.

Acordo de Nível de Serviço, o que é e como aplicar no Comércio Exterior.

Um dos motivos do Comércio Exterior ser tão estressante é a falta de formalização do trabalho contratado – são celebrados com simples aperto de mão, e a união desta falta de procedimentos a clientes que pensam possuirmos bola de cristal gera estresses que podem ser resolvidos ao aplicar Acordo de Nível de Serviço.

Conhecido pela sigla ANS, do inglês, SLA (Service Level Agreement), a ferramenta é comum no Direito, no Marketing e na Tecnologia da Informação, sendo essencial para quem atua com grandes volumes de importação e exportação e precisa conseguir, por exemplo:

  • Redução de conflitos;
  • Aumentar a segurança e estabilidade das operações; e
  • Melhorar o atendimento.

Contudo, não é preciso ser de grande porte para conseguir os mesmos benefícios, sua pizzaria não informa o tempo de entrega depois de considerar: o tamanho, sabores, a distância e o quão veloz e furioso é o entregador?

Foto por Mridul Pradeep em Pexels.com

Então, o ANS está bem presente no nosso dia-a-dia e nem sabíamos que isso tinha nome.

O que é Acordo de Nível de Serviço?

Resumindo em uma frase no âmbito do Comércio Exterior, pode-se dizer que:

O Acordo de Nível de Serviço serve para que contratante e contratado estabeleçam de forma mensurável os direitos e deveres de cada, ao propósito que o resultado dos serviços esteja dentro do determinado.

É preciso que ambas as partes determinem em conjunto o ANS antes de iniciarem os trabalhos, para que a operação flua com qualidade desde o início ou que a prestadora de serviço tenha a chance de dizer ser incapaz de atender o solicitado com base no nível pedido, o que é ótimo, porque:

É melhor saber da impossibilidade do prestador de serviço antes da contratação do que descobrir durante a execução do serviço e ter o retrabalho de renegociar, seja com o mesmo ou buscando outro.

Foto por Canva Studio em Pexels.com

Consequentemente, você perderá tempo e dinheiro nesse retrabalho, pois o contratado não tem a obrigação de conhecer suas expectativas, se estas não foram determinadas com clareza.

Alguns exemplos de como aplicar.

Seja em uma única cotação rodoviária do porto ao armazém, ou num complexo contrato de seis meses para frete marítimo em contêiner, as possibilidades do que acordar são inúmeras.

De forma que cabe a você determinar o que é importante mensurar no seu Comércio Exterior, vejamos os exemplos a seguir com o propósito de ajudá-lo a desenvolver as suas necessidades.

Frete Internacional.

Foto por Matthis Volquardsen em Pexels.com

Você poupará seu tempo e do agente de carga sabendo quais informações ele precisa para cotar o frete e, mais ainda, ao determinar um ANS logístico com critérios como:

  • Transit Time máximo;
  • Frequência de embarque;
  • Preferência por Armador… Ou quais não quer de jeito nenhum #QuemNunca; e
  • Países a evitar transbordo/pouso.

Ao ser mais criterioso, seu agente de carga entenderá melhor o que você precisa e consultará somente as opções que lhe atendam.

Despacho Aduaneiro.

Os Níveis de Serviço no despacho aduaneiro podem ajudar principalmente no seu fluxo financeiro e operacional.

Algumas ideias são:

  • Receber o numerário pelo menos 7 dias antes do navio atracar;
  • Analisar documentos de embarque em até 6 horas úteis;
  • Registrar Declaração de Importação em até 12 horas após presença de carga, se menos de 10 adições; e
  • Entregar fechamento do processo em até 5 dias após o carregamento da mercadoria.

Deste modo, evitará o susto de precisar pagar na pressa um numerário para só então começar o despacho aduaneiro ou o de atrasar embarques ou envio/recebimento de documentos por causa de análises demoradas.

Armazenagem.

 Photo by Tom Fisk from Pexels
Photo by Tom Fisk from Pexels

Sejam portos ou armazéns, alfandegados ou não, é mais comum de encontrar os serviços logísticos prestados por estes com Acordos de Nível de Serviço pré-determinados, pois ao definir o tempo de serviços como:

  • Unitização/Desunitização de contêiner;
  • Posicionamento para vistorias;
  • Devolução de contêiner vazio; e
  • Disponibilidade para carregamento;

Eles estarão protegidos da tentativa de clientes ou terceiros de responsabilizá-los por custos como: armazenagem, sobreestadia (demurrage/detention) ou quebra de contratos.

Você pode até achar demorado (devido à sua pressa porque algo deu errado, né?), mas como estava pré-determinado no ANS eles estão protegidos, inclusive, caso alguém queira levar a briga para a justiça.

Mas tenha bom senso ao aplicar Acordo de Nível de Serviço.

Antes de ficar empolgado e sair determinando um Acordo de Nível de Serviço com todos seus prestadores de serviço, é preciso bom senso para que este não gere mais consequências que benefícios.

Ao elevar demais as exigências, certamente que reduzirá a quantidade de prestadores de serviço capazes de te atender e também os que estarão dispostos a se adaptar tanto, pois podem haver outros clientes, iguais ou maiores que você, que não são tão Cricas/Caxias/Exigentes/Chatos como você está sendo.

Bem como elevará os o preço dos serviços prestados – exigir dedicação 100% ou respostas em até uma hora custa Recursos Humanos e é o cliente (você) que paga.

Menos adjetivos, mais Acordo de Nível de Serviço.

Foto por Craig Adderley em Pexels.com

Esta é uma das diversas ferramentas para aplicar na contratação dos seus fornecedores e prestadores de serviços, sobretudo para começar a avaliá-los pelo resultado, e não mais pelo simples “achismo” e adjetivos que não significam nada.

“Tá caro, tá lento, tá confuso, tá esquisito…”

Não canso de dizer, Comércio Exterior é também logística, logo, ele gera números que devemos usar com a finalidade de medir para melhorar as operações.

E você, leitora(o)?

A abordagem nesse assunto foi introdutória e pretendo retomá-lo em textos futuros, enquanto isso, conte-nos:

Costuma usar e aplicar Acordo de Nível de Serviço com clientes ou prestadores de serviço? Eles se esforçam para respeitar? Quais benefícios notou obter com esta ferramenta? Sua experiência vai engrandecer o assunto nos comentários.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com


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