Grupo C dos INCOTERMS, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

E chegou, finalmente, a hora de abordar o Grupo C dos INCOTERMS…

Sim, o tom da frase acima é negativo mesmo pois é difícil na Importação, não se incomodar com qualquer das siglas desse grupo.

E essa já é uma importante evidência do quão necessário é conhecê-lo.

Vamos então conhecer o Grupo e suas siglas para posteriormente destacar o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

O que é o Grupo C dos INCOTERMS e quais são as siglas?

Tabela do grupo C dos INCOTERMS 2020, CPT, CIP, CFR e CIF
Tabela do grupo C dos INCOTERMS 2020, CPT, CIP, CFR e CIF – internationalcommercialterms.guru

Similarmente ao Grupo F, a transferência do risco do Vendedor ao Comprador (simbolizada pelo ponto de exclamação na imagem) ocorrerá na entrega da carga para transporte, seja à bordo ou num terminal.

Contudo, no Grupo C é responsabilidade também do Vendedor contratar e pagar pelo frete principal, até a chegada no ponto ou porto de destino.

O perigo do Grupo C está nos diferentes pontos de Custo e Risco, os quais tratarei adiante.

As siglas CFR e CIF só podem ser utilizadas no embarque aquaviário e, ademais, caso utilize as siglas CIP e CIF, o Vendedor deve contratar e pagar pelo seguro.

Veremos abaixo que a diferença entre as quatro siglas é mínima, razão pela qual evitarei ser redundante no texto.

Porém, é importantíssimo conhecer o que as diferem!

CPT – Carriage Paid To (Transporte Pago Até).

Neste INCOTERM o Vendedor entrega a mercadoria desembaraçada para Exportação ao transportador principal (escolhido e pago por ele mesmo), em local acordado para embarque, para transportar até o destino nomeado pelo Comprador.

Ou seja, os custos logísticos e aduaneiros são do Vendedor até a chegada no local de destino, os custos de descarregar e taxas de destino do transportador pertencem ao Comprador…

Contudo, o risco é transferido do Vendedor para o Comprador ao entregar a carga para o transportador, porém é possível negociar a transferência dos riscos para antes ou depois.

Photo by Nigel Tadyanehondo on Unsplash

Se o transporte envolver mais de um veículo (por exemplo: embarcou em Santos, desceu em Londres e foi de caminhão para Escócia), o risco será transferido na entrega ao primeiro transportador, salvo se for determinado de maneira diferente.

Se não especificado, cabe ao Vendedor determinar o local de embarque, quem vai transportar e a rota, desde que seja uma costumeira e não exponha a carga à riscos evitáveis.

Lembrando que qualquer flexibilização permitida pelas siglas precisa ser informada no contrato (ou Purchase Order, Invoice…).

Logo, para que registre de maneira precisa na documentação, é importante usar a sigla como no exemplo abaixo, de preferência informando o período da entrega:

INCOTERMS 2020: CPT, delivery last week of October 2020 or earlier at Houston Port.

CIP – Carriage and Insurance Paid To (Transporte e Seguro Pagos até).

A principal diferença entre CIP e CPT no Grupo C dos INCOTERMS está na obrigatoriedade do Vendedor de assegurar a carga, portanto, para não ser repetitivo, trataremos aqui apenas do seguro.

Cabe ao Vendedor contratar seguro de cobertura máxima (Cláusula A do Institute of Cargo Clauses ou similar), para indenizar o Comprador em 110% do valor e moeda do contrato na hipótese de ocorrência de sinistro entre o local de entrega (transferência do risco) até (pelo menos) o destino.

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Se o Comprador desejar uma cobertura menor ou acrescentar adicionais como proteção em caso de guerra ou greve, basta negociar com o Vendedor e formalizar no contrato.

Assim como é permitido ao Comprador adquirir cobertura adicional por conta própria.

CFR – Cost and Freight (Custo e Frete).

A diferença do CPT com o CFR está no momento da transferência do risco, que acontece um pouco mais à frente, apenas quando a carga for entregue à bordo da embarcação.

No CPT e CIP o risco é transferido no terminal que vai embarcar ou seja, antes de adentrar no veículo transportador.

E, como vimos nas siglas FCA e FOB do Grupo F, muita desgraça coisa pode acontecer no trajeto do terminal de embarque até a efetiva embarcação.

Em virtude de a transferência de risco acontecer à bordo é que essa sigla e a CIF só podem ser usadas no transporte aquaviário… ou até inventarem barcos voadores…

CIF – Cost, Insurance and Freight (Custo, Seguro e Frete).

A principal diferença entre CIF e CFR também está na obrigatoriedade do Vendedor de assegurar a carga, semelhantemente ao caso do CPT e CIP.

Entretanto, há diferença entre o seguro no CIF e no CIP!

O valor indenizatório de 110% na moeda do contrato mantém-se, contudo, a cobertura exigida no CIF é mínima, que atenda à Cláusula C do Institute of Cargo Clauses ou similar.

Da mesma forma, existe a liberdade para negociar uma cobertura superior ou adicionais, e/ou do Comprador adquirir estes por conta.

O que preciso saber antes de usar uma das siglas do Grupo C dos INCOTERMS?

Todas essas siglas são vantajosas para o Vendedor (exportador), é por isso que os cuidados com o Grupo C dos INCOTERMS estão, em suma, relacionados aos problemas vividos por quem importa com frete incluso (Prepaid).

E para quem é da área, ou me acompanha há um bom tempo, sabe que existe muito a tomar cuidado.

Todos os alertas abaixo podem ser evitados, ou ao menos reduzidos, se conseguir prevê-los em seu contrato de compra, contudo, isso vai tornar tanto a negociação quanto a operação morosa.

Logo, será preciso mensurar se o trabalho e os custos do Grupo C valem à pena, ou se é melhor utilizar o grupo F ou E.

Utilizar um seguro contratado por outro é trabalhoso.

Convenhamos que analisar cláusulas e apólices de seguro já não é um dos trabalhos mais divertidos, pior ainda se estiverem em inglês.

Pois não é porque a responsabilidade de contratar seguro no CIF e no CIP seja do Vendedor, que o Comprador não vai conferir e correr o risco de não estar coberto ou estar redundantemente protegido.

Photo by Oladimeji Ajegbile from Pexels

Ainda mais que carga assegurada precisa ter apólice ou certificação da seguradora comprovando, informar apenas na PO ou Invoice não vai bastar.

Em segundo lugar, caso precise acionar o seguro, provavelmente precisará conversar com um desconhecido que não está muito inclinado a te atender com celeridade.

Similarmente (guardadas as proporções) a roleta-russa com 5 balas que é trabalhar com Agentes de Carga em Importação prepaid.

Falaremos disso agora…

Limitado controle da operação e custos da logística internacional.

Imagem de Mammiya por Pixabay

Não importa se quem vai transportar é um Agente de Carga, Armador, Noé ou NVOCC, esse indivíduo vai:

  • seguir as ordens do Exportador.
  • Tomar decisões que favoreçam o Exportador; e
  • Se preocupar com a alegria do Exportador.

Sabe por quê?

Porque quem contratou ele foi o Exportador.

Mesmo que o Importador dê sorte e a ponta no Brasil tente atender da melhor maneira possível, com o intuito de desenvolver um novo cliente, é no Grupo C dos INCOTERMS que Importadores são surpreendidos com:

  • embarques parciais;
  • embarques sem autorização;
  • custos de destino e condições abusivas;
  • conhecimento de embarque emitido incorretamente; e
  • a soma de todos os anteriores.

Isso mesmo, a soma de todos, dá vontade de desistir do Comércio Exterior quando acontece… enfim, aqui tem 5 razões para não importar com frete incluso (que é o caso aqui), fica de leitura complementar.

Se ocorrer um sinistro no transporte principal, problema do comprador.

Algo que as quatro siglas do Grupo C dos INCOTERMS têm em comum é que a transferência de risco ocorre antes do transporte principal, esse que foi contratado pelo Vendedor.

Ou seja, sua carga vai viajar num transporte contratado por alguém que não sofrerá consequências se algum sinistro ocorrer durante ele.

“Ah, mas para isso que tem seguro!”

Sim, para cobrir seus prejuízos de perder a carga, porém, e quanto à sua fábrica parada ou o Comprador no Brasil que vai comprar de outra pessoa?

Além disso, contratualmente falando, o Vendedor não tem obrigação de lhe fornecer à toque de caixa, imediatamente, o que foi perdido na viagem, pois ele cumpriu com suas responsabilidades antes do transporte principal.

Logo, se você não for um cliente mega importante, vai ter que esperar.

Entender INCOTERMS exige aprofundamento.

O texto tem como objetivo apresentar a base de cada sigla e alguns exemplos práticos de onde é preciso cuidado, pois este é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior para entender, aplicar ou explicar.

Todas as explicações e exemplos práticos deste e dos demais textos são o começo do aprendizado e, por este motivo, alerto para a necessidade de estar sempre se aprofundando e aprendendo, seja com mais leitura, mais cursos ou sendo assessorado por quem tem experiência.

E você, amiga(o)

Utiliza os INCOTERMS do Grupo C nas suas operações? Quais opiniões e cuidados recomenda na Importação ou Exportação? Conte-nos suas histórias nos comentários para aprendermos com a prática.

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Carga projeto, o que é e quais são os principais cuidados?

A Carga Projeto é o que separa os adultos das crianças na logística internacional.

Não que embarques de mercadorias que caibam em pallets e contêineres Dry Box não sejam complexos, porém, logisticamente falando, estas tem um padrão físico para atender a maioria dos produtos e, desta forma, ter escala e celeridade.

Toda Importação e Exportação teoricamente precisa de um “projeto”, mas aqui o planejamento e acompanhamento são muito mais necessários, pois trata-se de uma operação muito mais sensível a contratempos, custos não previstos ou até sinistros.

O que é considerado carga projeto?

Image by wasi1370 from Pixabay

Carga Projeto é a denominação utilizada para mercadorias do tipo carga geral, que possuam peso e dimensões não compatíveis para serem transportadas em contêineres convencionais.

São as operações que normalmente necessitam de carreta rebaixada, container Flat Rack, um ou mais guindastes, não podem transitar por qualquer rua e muito menos serem transportadas por qualquer navio ou avião.

É comumente chamada, em inglês, de Project Cargo ou Break Bulk, mas o conceito de cada nome pode variar a depender do país e o tipo de mercadoria.

Quais os principais cuidados na operação de carga projeto?

A quantidade de cuidados necessários varia a depender das particularidades da operação.

Em virtude disso, vamos apresentar os cuidados mais abrangentes, para ter ciência do que esperar e ser possível alinhar as expectativas de forma condizente com a complexidade logística.

Seu planejamento e execução serão mais demorados que o normal.

Operações logísticas de Carga Projeto não são do tipo que você cota o frete internacional na segunda, escolhe o Agente de Carga na quarta e envia a instrução de embarque para embarcar na semana seguinte.

Tampouco bastará o Packing List para cotar a operação, é necessário saber também informações como:

  • Endereço completo e Estrutura do local de coleta e de destino final;
  • Fotos e desenho técnico;
  • Material de construção, pontos frágeis; e
  • Pontos de içamento e centro de gravidade.

Cabe ao Exportador entregar a mercadoria com embalagem segura o suficiente para se submeter à viagem internacional, mas será que ela é à prova dos buracos e roubos de carga para transitar em rodovias brasileiras?

Pois é, toda essa aventura de transporte, manuseios e movimentações precisam ser analisadas e planejadas.

As opções são limitadas.

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Não é toda a transportadora que possui carreta rebaixada, todo porto que consegue (ou deseja) atracar navio break bulk, tampouco pode-se transitar com carga volumosa em qualquer horário e, como se não bastasse, não é qualquer navio ou aeronave capaz de te atender a tal necessidade.

Inegavelmente, a redução de opções vai fazer com que a logística não flua com qualidade. Seguindo os exemplos acima, sua carga projeto pode ter dificuldades como:

  • Ter que optar por trabalhar com um porto mais distante de sua fábrica.
  • A carga estar pronta para carregar ou descarregar de manhã, mas a autorização de trânsito vigorar apenas para depois das 21:00.
  • O navio Break Bulk ter que esperar bastante para atracar, pois somente um píer do porto consegue recebê-lo.

Quanto maior a complexidade da operação, mais limitadas serão as opções de execução.

Logo, a operação se torna mais demorada e sua execução pode ocorrer de forma não tão eficiente como esperado, não apenas por falta de opção, mas também a fim de manter o custo dentro do orçamento e sem comprometer a segurança.

É preciso acompanhamento e registro.

Photo by form PxHere

Quem trabalha com Comércio Exterior já está acostumado a registrar tudo por e-mail ou via sistema, da mesma forma é preciso agir com Carga Projeto.

A empresa responsável pela execução da logística internacional deverá acompanhar pessoalmente o trabalho de seu pessoal e subcontratados, principalmente nas operações de carregamento e descarregamento.

O registro deve conter fotos e vídeos, assim como um diário relatando as operações: onde ocorreram, horário, equipamentos utilizados, pessoas e empresas envolvidas.

Registrar a operação é mais que uma prova de que foi executado conforme contratado, é também uma segurança para que, caso aconteça algum sinistro, seja possível detectar os responsáveis e acima de tudo, para que não ocorra novamente.

Atenção ao container utilizado.

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Caso esteja acostumado a embarcar com contêiner Dry Box e High Cube, por exemplo, e a sua operação de Carga Projeto necessite equipamentos como Flat Rack ou Plataforma, tome cuidado com os custos.

Naturalmente que equipamentos volumosos e pesados vão encarecer o frete doméstico e o internacional e, quanto a isso, é preciso analisar cuidadosamente os prestadores de serviço e suas propostas.

Mais especificamente, dentro desta análise é preciso atenção com o tempo do free time e valores de demurrage.

Portanto, é preciso estimar com precisão o tempo necessário para conseguir devolver as unidades vazias dentro do free time, não apenas mensurando a logística, mas também, o tempo que o despacho aduaneiro tomará.

E você amiga(o)?

Já realizou Importações ou Exportações de Carga Projeto? Pretende em breve fazer uma? Quais outros cuidados ou experiências teve nas suas operações? Vamos continuar a conversa nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Grupo F dos INCOTERMS, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

A série continua e vamos aqui abordar o Grupo F dos INCOTERMS.

Já alertei dos problemas que desconhecer o assunto podem causar e apresentamos o Grupo E, portanto, chegou o momento de abordar as siglas mais complexas.

Assim as considero pois é neste e no Grupo C que vemos as maiores discrepâncias entre o que rege a ICC e o que é realizado na prática.

Diante disso, vamos conhecer o Grupo e suas siglas para posteriormente destacar o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

O que é o Grupo F dos INCOTERMS e quais são as siglas?

Tabela do grupo F dos INCOTERMS 2020, FCA, FAS e FOB – internationalcommercialterms.guru

Cabe ao exportador, no grupo F, entregar a mercadoria em um local determinado: porto, aeroporto ou ponto de fronteira em seu país de origem ou seja, o frete internacional é responsabilidade do comprador.

Importante! Nenhuma das siglas obriga o vendedor de contratar seguro.

O tamanho dessa responsabilidade varia bastante, é possível o Vendedor ter que entregar a mercadoria a bordo do navio ou realizar tão pouco que chegará a parecer um EXW.

Apenas o FCA pode ser utilizado por todos os modais; FAS e FOB apenas no marítimo… contudo, na prática isso não é lá muito seguido e respeitado.

Pois é, complicando, vamos logo às siglas para facilitar o entendimento.

FAS – Free Alongside Ship (livre ao lado do navio)

Photo by Justus Menke on Unsplash

No INCOTERM FAS, o Vendedor deve entregar a mercadoria no porto de embarque, com o despacho aduaneiro de exportação finalizado, ao lado do navio indicado pelo Comprador, de modo que o custo de carregar no navio pertence a ele.

Num simplório exemplo com a foto acima (ainda mais que contêiner não é o forte desse INCOTERM), a entrega do FAS ocorreu onde estes contêineres estão, no cais e abaixo do Portainer, apenas esperando o navio chegar para ser carregado.

Mas o FAS não se limita ao porto, a entrega pode ser feita por uma barcaça que está no mar, “alongside” do navio a carregar.

Todos os custos e riscos até o ponto de entrega pertencem ao Vendedor, porém pode ser especificada uma data de entrega.

E é prudente fazê-lo, pois ao definir a data minimiza o risco do Comprador ter que pagar armazenagem extra no porto de origem caso o Vendedor, por exemplo, entregue a carga cedo demais.

Também é recomendado informar a localização precisa de entrega, especialmente para portos HUB, como Santos, Rotterdam ou Shanghai, do contrário, o Vendedor pode entregar a mercadoria a quilômetros de distância do cais que irá embarcar, e caberá ao Comprador pagar por este deslocamento.

Portanto, para ser preciso na localização e data, sua informação nos documentos deverão constar como no exemplo abaixo:

INCOTERMS 2020: FAS, Berth 2 of Itajai Port, delivery between 1st and 3rd of August.

O nome do navio pode também ser indicado, mas informar o local exato e período tende a bastar; a depender da complexidade da logística portuária, é possível determinar também o horário da entrega.

FOB – Free on Board (“livre a bordo”)

Photo by sergio souza on Unsplash

No INCOTERM FOB o Vendedor deve entregar a mercadoria no navio, seja num slot (container) ou num porão (granel), com o despacho aduaneiro de exportação finalizado, mas não comemore a chegada da mercadoria no porto (veremos adiante o porquê).

Como todos os custos e riscos da operação portuária pertencem ao Vendedor, é natural que este deseje trabalhar com os terminais que tenha mais afinidade e melhor relação comercial.

O FOB é também uma das melhores opções para levantar rapidamente custos de importação, tanto para o Exportador quanto para o Agente de Carga, pois as responsabilidades de custos estão claramente determinadas aos envolvidos.

Usualmente na documentação informamos o país e porto de embarque, contudo é possível também informar data:

INCOTERMS 2020: FOB, Shanghai Port, China.

FCA – Free Carrier (”livre no Transportador/Local”)

Agora que abordamos os dois simples do Grupo F dos INCOTERMS, vamos entender o “complicadinho” da turma.

A parte simples é que você pode utilizá-lo em qualquer modal e a responsabilidade pelo despacho aduaneiro da Exportação é do Vendedor.

O que complica um pouco é a entrega, pois a transferência de custos e risco pode ocorrer de uma dessas formas:

1 – Na fábrica/armazém do vendedor, carregado.

Lembra que no texto do EXW foi explicado que o Vendedor não é responsável por carregar a mercadoria no veículo contratado pelo Comprador? Então, no FCA o Vendedor realiza esse carregamento.

2 – Entrega em local nomeado (sem descarregar).

Photo by Luca Herrmann on Unsplash

Nessa hipótese, o Vendedor se responsabiliza por entregar a mercadoria no local acordado, pode ser um centro de distribuição, porto, aeroporto… não há impedimentos nesta sigla para embarcar FCL.

Contudo, descarregar a mercadoria do veículo é custo e risco do Comprador, por isso cuidado!

O local que receber a carga precisa ter estrutura para conseguir descarregar, do contrário, poderá ter problemas similares ao apresentado no EXW.

Photo by Alessandro Stigliani on Unsplash

Esta é uma das melhores opções para embarque aéreo ou carga consolidada no marítimo, pois a entrega é realizada num armazém do Agente de Carga no país de embarque, que irá prepará-la e/ou unitizá-la para o transporte internacional.

Como o risco e custo pode ser transferido antes mesmo de entrar numa zona primária, o Comprador terá uma série de custos logísticos para assumir no país de embarque.

No caso de entrega em local nomeado, é importante formalizar o endereço completo; grandes cidades podem ter mais de um Centro de Distribuição com o mesmo nome e, como já alertado, é possível também determinar a data de entrega.

INCOTERMS 2020: Bahias House Distribution Center, South Jackie Chan Road, No. 7, gate 5, Qingdao, China

O que preciso saber antes de usar uma das siglas do Grupo F dos INCOTERMS?

Photo by Zetong Li on Unsplash

Como já entendemos em suma cada uma das siglas, estamos prontos para conhecer alguns cuidados necessários a se ter com elas.

Use a versatilidade do FCA para reduzir custos.

Independentemente de como for a entrega, a responsabilidade do despacho de Exportação é do Vendedor, por isso vale estudar os valores da logística no país de origem.

Se seu Agente de Carga possuir uma grande estrutura para atender outros clientes e possua frota própria de caminhão, talvez o transporte rodoviário interno dele seja mais barato que do Vendedor e vice-versa.

Em resumo, veja entre os dois quem oferece os melhores valores de origem, custos não desaparecem, mas podem reduzir.

FAS não combina com container.

O FAS é utilizado principalmente no embarque de granel e operações de afretamento que envolvam portos e embarcações menores.

De tal forma que não condiz com a escala das operações de contêiner, as opções FOB e FCA são melhores opções, por serem mais claras nos riscos e responsabilidades dos custos portuários.

Ou entrega no navio (FOB) ou entrega no pátio do porto (FCA).

Cuidado com a entrega do FOB

A transferência de risco e responsabilidade na sigla FOB ocorre somente depois que a carga for depositada no navio, o que é diferente de:

  • carga esperando no cais para carregar;
  • carga na pilha de contêineres; ou
  • carga içada pelo portainer, a caminho do navio.

Se a carga está numa dessas 3 etapas, os custos e riscos continuam sendo do Vendedor.

Pode parecer exagero ser tão específico assim na entrega? Só até que algo assim ocorra com sua operação…

Gdynia, Poland, 17 May 2012. EPA/Adam Warzawa – Gcaptain

Em virtude de sinistros assim que o “Mochila de Criança” mora nos detalhes.

FOB aéreo acontece…

Sabemos o que foi ensinado nos cursos, na faculdade e nos memes do @ComexDaDeprê, mas na prática acontece, a China mesmo adora um FOB aéreo.

E por isso que tanto Agente de Carga recebe pedido de cotação nestes termos, porque o chinês (Vendedor) quer pagar todas as locais de origem e entregar a carga a bordo do avião.

  • Tá errado? Sem dúvida.
  • É passível de multa no Despacho Aduaneiro? Vish.
  • Se explicar para o chinês, ele muda para FCA ou EXW numa boa? Não.

Quem dera um civilizado diálogo resolvesse todos os nossos problemas…

Se o país do Vendedor não tem a obrigação de seguir os INCOTERMS 2020 à risca e tampouco a ICC é capaz de obrigar uma nação a respeitá-lo, naturalmente que problemas assim ocorrerão.

E para mudar isso será necessária muita comunicação e jogo de cintura, a depender do poder de barganha de cada lado.

Entender INCOTERMS exige, aprofundamento.

INCOTERMS é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior para entender, aplicar ou explicar para a outra ponta que “FOB aéreo não existe”, por exemplo.

Todas as explicações e exemplos práticos deste e dos demais textos são o começo do aprendizado e por este motivo alerto para a necessidade de estar sempre se aprofundando e aprendendo, seja com mais leitura, mais cursos ou sendo assessorado por quem tem experiência.

E você, amiga(o)?

Utiliza os INCOTERMS do grupo F nas suas operações? Prefere eles ao EXW ou aos demais grupos? Conte-nos suas histórias nos comentários para aprendermos com a prática.

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Logística internacional, o que é e sua importância para o comércio exterior?

Considerando que todo comércio precisa de logística para ser entregue, torna-se fácil falar sobre a importância da logística internacional para o comércio exterior.

Historicamente falando, não é possível definirmos quando a logística começou a ser praticada, pois ela está em ações corriqueiras como armazenagem e transporte.

Tanto que o dia da logística é comemorado no dia 6 de junho, em homenagem a maior operação logística conhecida na história, o Desembarque na Normanda durante a II grande guerra.

Cena do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, disponível na Netflix, fica a recomendação 🙂

E mesmo com produtos intangíveis como Softwares, existe uma logística garantindo a entrega via dados, pois servidores demandam espaço, controle de temperatura e umidade e, conforme o fluxo de dados cresce, é preciso aumentar a capacidade de download e upload ou investir num armazém maior.

Esse texto lhe ensinará o conceito, como funciona e a importância para o comércio exterior, com os exemplos práticos de sempre para aprender de verdade 😉

O que é Logística Internacional?

Explicar logística nunca é fácil e a internacional só complica portanto, vejamos primeiro o conceito de Logística (que aprendi com meu professor).

“A logística é o conjunto de atividades direcionadas a agregar valor, otimizando o fluxo de materiais, da fonte produtora até o consumidor final, garantindo o suprimento na quantidade certa, de maneira adequada, assegurando a sua integridade física a um custo razoável, no menor tempo possível, atendendo todas as necessidades do cliente, disponibilizando um fluxo de informações confiáveis e atualizadas”

Paulo Roberto Ambrósio Rodrigues, Mestre.

E não satisfeito com a complexidade da Logística, adicionamos os agravantes do comércio exterior que causam envelhecimento precoce, tais como: aduaneiros, culturais e geopolíticos que podem pertencer a dois ou mais países.

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Unindo o conceito com seus complicadores, podemos definir em síntese que:

A logística internacional é o conjunto das atividades logísticas que são executadas além das fronteiras, as quais precisam se submeter e respeitar as conformidades dos países envolvidos na operação.

Uso a palavra “Conformidade” para englobar os fatores agravantes, pois a logística internacional não será realizada se:

  • A carga chegar na Dinamarca, com uma Fatura Comercial toda em português.
  • O fardo de cerveja que tenta entrar na Arábia Saudita, possui a imagem de pessoas na praia com roupas de banho.
  • Tentar exportar ou importar para o Irã, Cuba, Coreia do Norte ou outro país com embargos aplicados pelo EUA.

Difícil, ?

E mais ainda é na prática, veremos como ela costuma se concentrar numa única empresa, mas a responsabilidade é coletiva.

Seja o cliente, despachante aduaneiro, Tradings e terminais, todos cobram, são cobrados e um depende do trâmite dos outros para que os processos andem. ocorra

Em resumo, todos os envolvidos no comércio exterior fazem logística internacional.

Como funciona a Logística Internacional?

Considerando que para a logística ser internacional, é necessário cruzar fronteiras, quem a faz acontecer fisicamente são os operadores logísticos internacionais, por exemplo:

  • Transportadores rodoviários
  • Armadores (Donos de navio)
  • Companhias Aéreas (adivinha).
  • Operadores logísticos multimodais

Elas atuam desde transportando documentos e bugigangas chinesas até sua casa na modalidade Remessa Expressa, ou nas operações formais de exportação e importação com containers e granéis.

Sim minha amiga(o) compradora de AliExpress, você faz a logística internacional acontecer!

Apesar dela ser bem travada em Curitiba.

Centro de Distribuição do Correios em Curitiba
CD Correios em Curitiba – Istoé

Contudo, para que ela ocorra com eficiência e a informação do seu status chegue aos interessados, é necessário que alguém a centralize e por isso que o Agente de Carga é o principal responsável pela logística internacional.

Ao invés do Exportador ou Importador contratar separadamente o transporte internacional, os armazéns envolvidos e o transporte do “Last Mile Delivery” (Última milha de entrega) até o cliente, ele contrata apenas o Agente de Carga que se responsabilizará por contratar e gerenciar a execução de todos esses serviços.

Trabalhar em sincronia com todos esses envolvidos é uma das atividades mais desafiantes, por isso a importância de concentrar num único prestador de serviço.

A Importância da Logística Internacional para o Comércio Exterior.

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As operações de comércio exterior se dividem em dois aspectos:

  • 1 – Aduaneiro – Que consiste os tributos, Despacho Aduaneiro, Regimes Especiais… e;
  • 2 – Logístico – Que como vimos e quem trabalha, sabe, consiste quase por completo na Logística Internacional.

Há quem diga que a parte Aduaneira pertence a Logística, contudo, se abrirmos o conceito de Logística, é possível considerar muito mais dentro dele.

Mas prefiro essa divisão com o efeito de analisar o planejamento e custo das operações, mesmo separando ambos numa planilha de custos, independente se for para exportar ou importar, não é possível encontrar o custo de um deles, sem analisar ambos!

Tampouco podemos dizer que um deles costuma ser mais caro, brinquedos têm altíssima tributação, mas baixo custo logístico, em contrapartida, um embarque marítimo com produtos utilizando o benefício de Drawback ou Repetro, possuem um custo aduaneiro quase inexistente (nas devidas proporções, por favor).

Essa é a importância da logística internacional, além de ser necessária para movimentar bens entre fronteiras, é preciso planejá-la para estimar todos os custos de uma operação de Comércio Exterior.

E você, amiga(o)?

Difícil um profissional de comércio exterior que não se envolva com a logística internacional, então conte para nós como é no seu dia a dia.

Ele tem peso maior que os custos aduaneiros? Quão complexo é planejá-lo para seus produtos? Quais etapas o risco de problemas é maior?

Sua experiência nos comentários ajuda os colegas a crescerem contigo.

Este artigo foi escrito para a GETT e foi publicado originalmente em seu Blog.

INCOTERMS EXW, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

Após apresentarmos o que é o INCOTERMS e alguns problemas que podem ocorrer por desconhecê-los, é hora de abordarmos profundamente o primeiro grupo, que nem grupo é pois o INCOTERMS EXW está sozinho.

Se desconhece o assunto, recomendo conferi antes o texto linkado acima pois abaixo, conheceremos conceitualmente para depois apresentar o que é importante saber dele na pegada prática.

O que preciso saber antes de utilizar o INCOTERMS EXW?

internationalcommercialterms.guru

Em suma, esta é a opção com menos responsabilidades ao Vendedor, pois sua obrigação é disponibilizar a mercadoria para coleta, com os custos de embalar e identificar para transporte, e entenda que, “disponibilizar” não significa entregar no caminhão do comprador, o risco termina antes disso, mas falaremos disso a diante.

A responsabilidade do seguro é toda do comprador e este sigla atende todos os modos de embarque.

Uma vez que entendemos o conceitual do INCOTERMS EXW, vamos conhecer o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

É mais demorado para cotar o frete internacional de importação.

Se tratando de rotas populares populares, é comum que os agentes de carga lhe cotem na hora o valor do frete internacional e custos acessórios quando solicitado nos INCOTERMS FOB ou FCA, o que acelera a montagem da estimativa de custos.

Contudo, como o EXW demanda que o comprador se responsabilize pelo transporte interno no país de origem da carga, dificilmente seu agente de carga terá esse valor pronto, a menos que seja um produto de dimensões contidas e num país de grande volume, mas ainda será uma estimativa no melhor estilo regra de 3.

Image by Free-Photos from Pixabay

Uma saída para evitar essa demora, é solicitar ao vendedor proposta EXW e outra com alguma sigla do grupo F, dessa maneira, conseguirá ao menos montar a estimativa com o frete do seu agente de carga.

Posteriormente poderá analisar com calma se com o INCOTERMS EXW está intere$$ante.

A coleta não precisa ocorrer numa fábrica.

De tanto olharmos tabelas de INCOTERMS o ícone de uma fábrica e ouvirmos no cotidiano que o EXW significa “coleta na fábrica” que, na falta da prática do Comércio Exterior, um pequeno gafanhoto pode concluir que tem que ser coletado numa fábrica.

Pixabay

Esquece isso.

É normal fábricas não terem estoque para clientes e utilizarem Centros de Distribuição (CD), próprios ou terceirizados.

Além disso, as vezes este CD ou armazém fica em outra cidade ou até num país vizinho (comum na Europa por causa da União Europeia).

Portanto, cuidado ao considerar o endereço comercial do vendedor como o de coleta, confirme com ele!

Cuidado com o carregamento da mercadoria.

Mencionei no texto anterior, mas esse é um dos principais problemas que ocorrem com o EXW.

Quando o veículo que contratou chegar no CD para coletar sua carga, o carregamento no veículo é responsabilidade do comprador.

Isso não será problema para algo leve e pequeno que alguém consiga carregar (sem destruir as costas), mas e se for mais pesado? Digamos:

  • Mármore;
  • Motocicleta;
  • Maquinários;
  • Nossa ansiedade em 2020.

Se o veículo não tiver uma paleteira, ele pode perder horas (ou o dia) aguardando a boa vontade do lugar para realizar o carregamento.

Image by Pashminu Mansukhani from Pixabay

Ou pior, você chegou com um container Dry Box, esperando carregar com empilhadeira, mas o lugar só tem ponte rolante, do qual carrega por cima.

Mas seu container não é Open Top.

Contudo, INCOTERMS não são inflexíveis e você pode pedir que o vendedor se encarregue do carregamento, mas lembre de constar isso na Invoice, algo como:

INCOTERMS 2020: EXW (Cost of goods loading into vehicle/container included).

Tende a sobrecarregar o fluxo de caixa do importador.

Entendemos até aqui que, para fins de INCOTERMS, a obrigação do vendedor no EXW termina ao disponibilizar a mercadoria para coleta, ou seja:

A logística da importação sequer começou e o vendedor já cumpriu com a parte dele.

O que significa que o vendedor no EXW tende a exigir o pagamento internacional mais cedo, pois não faz sentido ele precisar aguardar o embarque ou a chegada no país de destino.

Imagine que o Vendedor aceitou o pagamento após chegar em Santos, e o comprador contratou um rota mais longa, porque seu estoque está alto?

Quem sai perdendo nessa situação é apenas o Vendedor.

Trata-se de uma questão comercial, se ambas partes tem sólida relação, provável que o vendedor ofereça maior prazo de pagamento, entretanto, ainda será menor que de outras siglas dos INCOTERMS.

A preocupação do exportador acaba assim que ele entrega a mercadoria.

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A insana complexidade da importação é refletida nos documentos de embarque.

Se o vendedor nunca exportou ao Brasil, provável que não gostará depois de fazer todas as correções na papelada conforme nossa legislação exige.

Isso é, sem dúvida, uma Barreira Não Tarifária, portanto, com isso em mente, imagine comigo a seguinte situação:

  • Realizamos a primeira compra com um novo vendedor;
  • Pagamento antecipado, feito;
  • Ele se irrita tanto com nossa burocracia que sentimos pelo e-mail EM CAIXA ALTA.
  • Incomodamos ele mais um pouco pedindo uma palleteira emprestada no carregamento.
  • Ele cede, e depois de carregado, já envia os originais ao Brasil (nem fez questão do BL)
  • E quando chega em nossas mãos, estão incorretos.
E o ódio que surge na hora? Pixabay

Mesmo que estejam incorretos por culpa do vendedor, se esse cansado indivíduo não estiver disposto a vender para você (ou o Brasil todo) novamente, provável que ele te ignore mais que órgão anuente recebendo ligação para deferir L.I.

Entenda, além de não querer fazer negócios, ele já esta com a grana no bolso, com as obrigações do INCOTERMS EXW cumpridas e enviou a documentação “correta” o bastante para fazer o despacho aduaneiro.

É um cenário totalmente desfavorável ao comprador pois não há praticamente barganha alguma para exigir, haja inglês nesses momentos.

E você, amiga(o)?

INCOTERMS é um assunto complexo e sem dúvidas que há mais informações do que é preciso saber antes de utilizar o EXW, mas para isso dependo que você compartilhe suas experiências, vamos continuar a conversa nos comentários?

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.