Quais informações o Agente de Carga precisa para cotar o frete internacional

Quarta-feira, o relógio marca 17:05 quando o telefone toca, é o setor de manutenção que precisa urgente de uma peça para o equipamento que está parado e assim permanecerá enquanto você não cuidar da importação da bendita.

Pior que pouco surpreende, essa máquina quebra tão seguidamente, que vocês apelidaram ela Marea Turbo.

O setor de compras informa que a peça já foi comprada e está pronta para coleta no interior da Bulgária (vish, nunca importaram nada de lá) portanto, o próximo passo para você importador, é procurar seu melhor agente de carga e informar tudo o que for necessário para cotar o frete internacional com sucesso.

Pois, se ao invés de receber a cotação na quinta, lhe for pedido maiores informações ou esclarecimentos, dificilmente a peça do Marea embarcará na sexta.

1 –  Mercadoria.

As mercadorias podem possuir tantas particularidades que é impossível mencionar todas nesse texto. Dependendo da qualidade da fatura proforma ou Comercial, os dados que precisamos estarão lá.

Nome em Inglês/Espanhol.

Pode ser comum no seu segmento os nomes e jargões do que costuma importar e exportar, mas para quem está de fora, é preciso descrever o produto como se estivesse explicando para um leigo, além de também estar no idioma estrangeiro necessário da operação.

Se achar prudente enviar imagens, vídeos, catálogos, não tenha dúvidas de enviar pois, quanto mais informação, melhor.

NCM/HS Code.

Pode acontecer da descrição da mercadoria ser ambígua, mas isso é evitado fornecendo a classificação fiscal, além de proporcionar mais segurança aos armadores e companhias aéreas, evitará erros de interpretação.

Neste ponto, cuidado! Apenas os 6 primeiros números da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e do Sistema Harmonizado (HS Code) que possuem descrição igual, caso venha informar mais que estes, deixe claro em qual sistema está se baseando, no nosso NCM ou da classificação do país de origem da carga.

Código IMO e MSDS.

Se a mercadoria for considerada perigosa para transporte, é preciso informar a classificação de risco (Hazard Class) que se encontra no MSDS (Material Safety Data Sheet) do produto, se já tiver esse documento, mande-o também.

No Brasil, o documento se chama Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ), mas o ideal para cotar é utilizar o MSDS que está em inglês.

O correto na importação é que o exportador forneça o MSDS, mas nada te impede de procurar na internet, tomando o devido cuidado para não enviar versões antigas ou de outro produto!

2- Embalagem e Manuseio.

Poderíamos tratar dela também em Mercadoria, mas a falta de informação é capaz de causar tantos atrasos e prejuízos que merece um subtítulo próprio. Se o Packing List for bem elaborado é possível que todas as informações estejam nele.

Tipo, dimensões e peso.

Estas 3 informações podem ser tão traiçoeiras e desastrosas que prefiro explicar por exemplo:

  • Recebeu informação de que o peso da mercadoria era 80 quilos para cotar o frete, mas quando a mercadoria foi coletada, o peso bruto era 155 e, ao questionar o exportador, descobriu que 80 era o peso líquido, faltou considerar a embalagem mais o pallet utilizado.
  • O americano lhe passou as dimensões de 80x50x50, na hora de pagar o frete o valor ficou muito acima, pois você achou que eram centímetros, mas os EUA trabalha com polegadas.
  • O exportador informou que a embalagem é Box, você concluiu ser um caixa de papelão, mas na verdade era Wooden Box (Caixa de madeira) e ela já está vindo para o Brasil sem o carimbo internacional de madeira tratada.

Infelizmente a principal causa dos erros nesses 3 exemplos está em seguir em frente com a informação imprecisa. Verdade que na prática, não é sempre que temos todas as informações e ainda por cima, corretas.

Mas se a urgência for a prioridade, é preciso contornar essas dificuldades de forma que não causem mais atrasos. Se possível, alerte seu agente das informações imprecisas, desta forma ele poderá montar planos de ação perante os riscos mensurados.

Manuseio.

São as particularidades que costumam estar informadas na embalagem da mercadoria, como as conhecidas: “Não empilhar”, “este lado para cima”, “não girar”, “não pegar chuva”…

E esta informação pode ser crucial para conseguir embarcar antes, digamos que saiba com antecedência que a embalagem e mercadoria permita empilhar, já facilita para conseguir um embarque aéreo ou marítimo consolidado (LCL).

Para cargas normalmente maiores que um container e de alto peso, dependendo da complexidade, o exportador precisa fornecer um desenho que informe pontos de içamento e centro de gravidade.

3- Descrição da Operação.

O planejamento dela começa contigo, mas lembre-se de adicionar seu agente de carga na conversa, essa é a expertise deles, o que pode ser novidade a você, pode já ser rotineiro a ele.

Modo de embarque, porto/aeroporto de origem e destino e Incoterm.

Estas informações são básicas para começar a descrição, seja para fechar ou apenas para se informar sobre os valores de mercado.

Se o processo for FOB (Free on Board) é possível receber a proposta no mesmo dia, diferente de quando o Incoterm definido exige cotar a logística interna no país de embarque, como no EXW (Ex Works).

Caso o processo não seja urgente, vale também avaliar o modo de embarque, se já expliquei no meu texto Por que Importo mais no modo aéreo que no marítimo consolidado é possível ser viável, o contrário também pode ocorrer.

Previsão de prontidão e endereço de coleta.

Se a carga estiver pronta é mais uma razão para o agente cotar o quanto antes, mas caso demore 1 ou 2 semanas é importante avisar, pois os valores de frete oscilam muito, tanto no marítimo quanto aéreo.

As vezes não sabemos na hora o exato endereço de coleta e utilizamos Zip Code para ter uma noção de custos, é válido para agilizar a cotação, mas lembre-se de informar ao agente de carga assim que receber o endereço completo.

Serviços acessórios.

Os agentes com quem você trabalha atualmente podem estar acostumados que seus embarques partindo da Europa precisem ser paletizados ou coletados em 3 endereços diferentes, mas cuidado quando experimentar o serviço com um agente novo, para que ele não seja pego de surpresa por alguma particularidade de sua operação.

Outros serviços mais comuns de solicitar no país de embarque:

  • Armazenagem
  • Confecção de embalagem
  • Separação e Etiquetagem
  • Conferência, relatórios e fotos da operação.

4 – Determine logisticamente sua pressa.

A urgência tem custo e seu valor (e possibilidade de cumprir) varia e dependendo dos aspectos apresentados até o momento.

Portanto, antes de enviar um pedido de cotação, pode ser vantajoso ligar para o agente de carga explicando a operação e a data que precisa da mercadoria, para ele projetar a logística ideal.

É difícil aprofundar este tópico, pois cada importador/exportador, dependendo do segmento e localização do porto e aeroporto mais próximo, definirá sua urgência de forma diferente, a dica aqui é se comunicar com transparência para definir datas, logística e valores.

E você, leitora (o)?

O que mais devemos informar ao agente para cotar frete internacional? Que particularidades seu segmento tem que dificulta as cotações e operações? Vamos engrandecer o assunto nos comentários.


Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.


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Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Allog, Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?

Sem tempo, irmão? E você já tentou ser mais sucinto?

Meu gosto pela escrita começou aos 14 anos, quando adentrei no virjão hobby de jogar RPG.

Esse mesmo que você está pensando, a turma ao redor da mesa com diversos livros, lápis, papel, dados com formatos esquisitos, dieta baseada em salgadinho, bolacha recheada e refrigerante, contando e vivendo histórias com dragões, elfos, anões, castelos, bolas de fogo…

O Banguela é o melhor.

Mesmo sendo uma excelente atividade para manter distantes as moças que faziam meu coração disparar, ela foi responsável pelo desenvolvimento do meu hábito de escrever, que por consequência desenvolveu meu lado criativo, sucinto, informativo, dramático… Pretendo no futuro falar mais sobre isso.

Acredito que o RPG tenha me ajudado a desenvolver a base necessária para sobreviver à época que mais destrói a escrita criativa que existe em cada um de nós:

O ensino superior

O presente trabalho é dissertativo, deve possuir no mínimo 6 laudas, fonte Arial, tamanho 11, justificado, conforme as normas da ABNT, opiniões devem ser expressadas APENAS por citação.

São tantas regras podando nossa criatividade, nos acostumando a copiar a ideia de outros, encher de citações, fazer textos gigantes, repetir palavras técnicas e difíceis para demonstrar domínio no assunto, enquanto o que deveria servir para ensinar, tem a finalidade única de conseguir uma boa nota… Além dos malandros que plagiam e outros que desenvolvem a arte de enrolar para atender o número mínimo de páginas.

E mesmo não gostando, acabamos levando essa metodologia acadêmica para o trabalho, pois queremos compensar nossa falta de experiência prática demonstrando um pseudo conhecimento acadêmico.

Consequentemente, essa comunicação complexa e morosa nos e-mails, slides de PowerPoint e até conversas de WhatsApp se torna cansativa e se ninguém for legal o bastante com você para lhe dar um feedback, corre o risco de acabar tornando um hábito que lhe garantirá a fama de Textão (como contei no meu artigo Alguns tipinhos do comércio exterior que precisamos lidar).

Por que é importante ser sucinto?

Nossa atenção está sendo solicitada a todo tempo, seja quando estamos de boa em casa conferindo a timeline ou ao chegar no trabalho e decidindo qual e-mail será respondido primeiro.

Ser sucinto é respeitar o tempo do outro.

O assunto do seu e-mail ou título de artigo podem ter conseguido atrair o leitor, porém, se ao abrir, o destinatário se deparar com um conteúdo similar ao que ele teve que produzir e ler na faculdade, ele será ignorado ou, na melhor das hipóteses, procrastinado.

Como produzir um conteúdo sucinto?

Expressar-se em poucas palavras é uma arte, o medo de sermos incompreendidos nos faz exagerar nas explicações e exceções, o que nos conduz ao grave erro de fugir do assunto principal e não conseguir entregar a mensagem.

Pegue leve nas palavras pomposas.

Esse foi um dos motivos que me levaram a escrever, os textos de comércio exterior são predominantemente chatos e os lemos apenas pela obrigação que temos de nos manter informados, foi quando eu pensei:

”Acho que posso fazer diferente, não é possível que a leitura precise ser um fardo para ensinar.”

Existem assuntos em que não podemos fugir de certos termos técnicos, mas estes não precisam ser a regra dos nossos textos e muito menos devemos nos expressar como uma novela de época da Globo.

E, por favor, tenha a empatia de se expressar de acordo com as condições de entendimento do seu público ou cliente, desdenhar isso faz de você um babaca.

O simples é belo.

Deixe a mente do leitor respirar.

Aprendemos no livro O Poder do Hábito que nossa mente busca gastar o mínimo de energia possível para executar qualquer tarefa e um texto pode colaborar nessa economia.

A mente precisa ”respirar” para absorver o que está lendo, e essa inspiração mental ocorre entre os parágrafos curtos e que variam o tamanho, nas vírgulas, subtópicos e também nas partes em negrito para reforçar algo importante acerca do assunto.

Os parágrafos curtos e médios são incríveis para te pressionar a dividir suas ideias e abordá-las sucintamente.

Como isto aqui é um artigo, utilizo também de imagens e citações para que você se mantenha atenta(o) ao que está lendo.

Solicite ajuda.

Não podemos esperar “auto-imparcialidade” na avaliação de nosso próprio conteúdo, tampouco que o autor se manifeste por conta própria sobre seu próprio trabalho – este não é um caminho rápido (principalmente se estiver ruim).

Não há segredo, peça que alguém leia seu texto antes de enviar ou publicar, não precisa ser alguém formado em Letras, basta que seja um leitor frequente. Quem lhe ajudar, notará erros e vícios de linguagem que podem ser invisíveis para você que escreveu.

Só não vá ficar de papagaio no ombro de quem for ler.

Adiante o assunto pelo telefone.

Uma prática comum entre os profissionais do comércio exterior, quando tiver que mandar um e-mail textão/bomba/treta impossível de ser sucinto (o que é comum em nosso segmento), ligue antes para a pessoa que precisará responder, pois ao adiantar o assunto a pessoa:

  • Entenderá que é importante responder logo;
  • Estará com a mente preparada para encarar o textão; e
  • Evitará falhas de comunicação pois, quanto maior o texto maiores as chances de ser incompreendido.

E como a ideia é ser sucinto, termino por aqui.

E você, irmã/irmão?

Tá com tempo? O que achou do assunto? Já jogou RPG? Consegue ser sucinto? Mostre para mim que sim nos comentários hehehehe.


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Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Allog, Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?