Guerra Comercial e Guerra Fria, qual a diferença?

Evidente que guerra comercial e guerra fria não são a mesma coisa, mas se existe algo em comum entre as duas é que ambas influenciaram fortemente o Brasil e, na verdade, o conflito comercial entre China e States continua afetando, porque ele não acabou.

Porém, seria possível este conflito comercial evoluir para uma guerra fria?

Não pretendo com este texto dar uma aula de história, mas apresentar os conceitos e as características mais relevantes de uma guerra comercial e de uma guerra fria para, por fim, tratar das diferenças, semelhanças e iniciar uma discussão sobre até que ponto ela poderia chegar.

O que foi a Guerra Fria?

Foi um conflito geopolítico e ideológico, que durou por volta de 40 anos, polarizado pelas superpotências Estados Unidos (Ocidente, Capitalismo e Tio Sam) e a União Soviética (Oriente, Socialista (Comunista Wannabe) e Vodka), caracterizado, neste ínterim, pela ausência de conflito armado DIRETO.

Tal qual duas crianças que não se bicam no parquinho, se ameaçam alegando quem era o mais rico, mais forte ou porque um de seus pais bateria no do outro, mas nunca indo para as vias de fato realmente.

Em razão das duas superpotências, na época, possuírem poder econômico e militar inalcançáveis por um terceiro, e por seguirem ideologias antagônicas, uma via a outra como o novo mal a se combater, mas essa luta acontecia, em suma, pela capacidade de atrair mais aliados para seu lado, especialmente com incentivos econômicos ou militares.

Tal qual (novamente) uma criança que compra a amizade de outra com chocolate, mas exige que ela não seja mais amiguinha daquela terceira que não a convidou para o seu aniversário. #quemnunca

Credita-se, em princípio, a criação do termo “Guerra Fria”, do inglês Cold War, a George Orwell no seu ensaio You and the Atomic Bomb (Você e a Bomba Atômica), publicado em 19 de outubro de 1945.

Sim, o mesmo George Orwell dos livros 1984 e a Revolução dos Bichos.

Livros George Orwell
Livros: Revolução dos Bichos e 1984

Quando a Guerra Fria começou?

Diferente das grandes guerras mundiais em que se declara um dia exato de início, não é o que acontece numa Guerra Fria.

A situação começou ainda na Segunda Guerra Mundial, quando a Aliança, formada principalmente pelos capitalistas Estados Unidos e Reino Unido, e a Comunista (ou o mais próximo que conseguiram aplicar da doutrina) União Soviética, lutaram contra o Eixo, formado principalmente por Alemanha, Itália e Japão.

Já era visível o antagonismo na doutrina dos Aliados, mas nada como uma ameaça em comum para uni-loso inimigo do meu inimigo é meu amigo, não é mesmo?

A propósito, diversos outros países tomaram parte na Aliança, inclusive o Brasil (e não foi pouco que lutamos).

Com o fim da Segunda Guerra e da ameaça que tinham em comum, começou a ficar evidente a tensão entre os dois países. E o clima piorou a partir de 1945 após ficar decidido como iriam dividir a derrotada Alemanha e, devido a importância da capital Berlim, a divisão também foi aplicada a ela.

Mapa político da Alemanha ocupada pós segunda guerra mundial.

Ou seja, EUA e União Soviética faziam fronteira, sendo separados pela Cortina de Ferro que dividia a Europa em Ocidental e Oriental.

“Em 1949, a Alemanha foi oficialmente retalhada em quatro partes (…), transformando-se no perfeito tubo de ensaiop que colocava lado a lado as doutrinas dos blocos comunista e capitalista. (…) Em setembro do mesmo ano, foi realizada a primeira explosão atômica da União Soviética, sendo que a divulgação oficial ocorreu apenas em 1950. Os holofotes do palco mundial agora voltavam-se para os Estadus Unidos e União Soviética, A Guerra Fria havia começado.”

Os 50 maiores erros da humanidade, pag 608.

Conforme a situação se tornava cada vez mais insustentável por diversas razões, a Alemanha Oriental decide no dia 13/Ago/1961 a construir um muro ao redor de Berlim, tornando-se esse um dos principais símbolos da Guerra Fria.

Quais são as características de uma Guerra Fria?

Como explicado, a Guerra Fria foi uma disputa geopolítica de Poder, tendo como justificativa a desculpa de que a ideologia do inimigo era uma ameaça às suas crenças e valores e, por haver o constante medo que uma delas iniciassem a III Guerra Mundial é que a frase do sociólogo francês ficou famosa ao definir a Guerra Fria:

“Guerra improvável, paz impossível.”

Raymond Aron

Esse conceito ficará claro nas características abaixo;

Polarização política.

Esta é inegavelmente a principal característica do período, você tinha que escolher um lado, nada de ”calma lá, não é bem assim“, se pensasse diferente do que seu país pregava você era um traidor e as consequências, a depender de onde vivesse, não se limitariam a perder amigos ou emprego.

Infelizmente, basta olhar ao nosso redor (ou no grupo do “zap” da família) para constar como esse aspecto ainda é deveras presente.

Corrida Armamentista e militar.

Em 1945, depois que os Estados Unidos lançaram duas bombas nucleares para forçar a rendição do Japão, ficou entendido que possuir esse tipo de arsenal era o novo determinante de “poderio militar”. A União Soviética não perdeu tempo e quatro anos depois já havia testado sua primeira bomba com sucesso (adiante saberemos como conseguiram o feito com tanta velocidade).

Mas não é apenas com bombas nucleares que um país se protege, ambos lados começaram a formar suas alianças militares, por isso surgiu do lado ocidental, em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a turma da Foice e do Martelo iniciaram em 1955 o Pacto de Varsóvia.

O objetivo dessas alianças militares era para simplesmente dizer “se mexer comigo, vai ter que encarar meus amigos também”.

Países membros da OTAN (Azul) e Pacto de Varsóvia (Vermelho)
Países membros da OTAN (Azul) e Pacto de Varsóvia (Vermelho) Wikimedia

Ajuda econômica aos países aliados.

Dizer que um país entrou para OTAN ou para o Pacto de Varsóvia por motivos ideológicos e para combater o inimigo Comunista/Imperialista era apenas papo para as massas.

O que realmente incentivava estes países era o dinheiro e, novamente (veremos bastante ainda), os dois lados abriram seus caixas para financiar os países destruídos pela II Grande Guerra, tanto em infraestrutura quanto economicamente, ou ambos.

O que era o caso de quase todo mundo que participou.

Do lado do Tio Sam havia o Plano Marshal (1948), que não se limitou a ajudar apenas aliados, pois também financiou a Alemanha e o Japão.

Por parte do Bigode Grosso Stalinista, foi fundado, no ano seguinte, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON).

Corrida Espacial

The Skylab 4/Saturn 1B space vehicle is launched from Pad B, Launch Complex 39, Kennedy Space Center, Florida, Nov. 16, 1973. Original from NASA. Digitally enhanced by rawpixel.

Este aspecto costuma ser citado como parte da Corrida Militar, pois dominar a ciência da explosão controlada de um foguete passa uma mensagem bem direta:

Olha aqui, mandei um foguete pro espaço com um satélite, PODERIA SER COM UMA OGIVA NUCLEAR.

Entretanto, acredito que a corrida para conquistar o espaço merece uma menção especial, ainda mais porque muita da tecnologia em comunicação e navegação foi oriunda desse período.

No quesito “primeiro”, ela foi primordialmente vencida pelo Programa Espacial Soviético, que foi o primeiro a:

  • lançar míssil intercontinental;
  • lançar satélite artificial;
  • mandar animal para o espaço;
  • mandar homem e depois mulher para o espaço;
  • caminhar no espaço; e
  • sofrer impacto na Lua.

Estes são só alguns exemplos do que o programa conquistou entre 1957 e 1959, mas nem sempre com muita transparência…

A cachorra Laika, morreu entre 5 e 7 horas depois do lançamento de seu foguete e isso só foi revelado no século XXI. ☹

Os 50 maiores erros da humanidade, pag 611.

Para recuperar o tempo perdido, os Estados Unidos fundaram a NASA em 1958 e, em pouco menos de 11 anos, o voo espacial tripulado Apollo 11 fez os primeiros homens caminharem na Lua.

Módulo Eagle, da Apollo 11, pousando na lua
A coragem para ser o primeiro em qualquer coisa que envolva ir para o espaço – Módulo Eagle, da Apollo 11, pousando na lua, NASA

Agências Secreta/Espionagem/Inteligência.

A espionagem moderna não começou na Guerra Fria, tanto que a espionagem soviética soube do Projeto Manhattan em 1939, antes mesmo do FBI.

As the top-secret plan to build the bomb, called the Manhattan Project, took shape in the United States, the Soviet spy ring got wind of it before the FBI knew of the secret program’s existence.

smithsonianmag.com/

Porém, tendo a Alemanha, especialmente Berlim como parquinho para brincar de gato e rato, as ações de espionagem escalaram sem precedentes – não à toa que CIA (1947), Stasi (1950) e KGB (1954) foram fundadas nesse período.

Reconhece esse agente da KGB?

Pode não ter havido confronto direto em guerras, mas embates, prisões e execuções no mundo da espionagem ocorreram entre os membros dessas agências e outras, como a Guonbu: (China) e MI6 (Reino Unido).

Bem como foram as responsáveis por operacionalizar as:

Guerras indiretas

Em alguns casos bastava enviar dinheiro e/ou armamento para que golpes ou revoluções em países querendo se livrar dos “malditos capitalistas/comunistas” surgissem.

Existiram conflitos armados onde soldados de um dos lados estava no fronte, todavia, não ocorreram em seus territórios, os exemplos mais conhecidos são:

  • Guerra da Coreia (1950), a do Vietnã (1959) e a do Afeganistão (1979);
  • Golpes Militares no Brasil, Argentina e Chile;
  • Revoluções Chinesas e Revolução Cubana

Golpe e Revolução não é a mesma coisa, se quiser saber a diferença, confira depois aqui.

Contudo, mesmo em se tratando de conflitos indiretos, houve momentos bastante preocupantes.

Como durante a crise dos Mísseis em Cuba, a tensão entre os dois países chegou num nível tão alto que, no ano seguinte, foi instalada uma linha direta entre Washington e Moscow, conhecida pelo nome Telefone Vermelho (Moscow – Washington Hotline), para que quaisquer tensões eminentes pudessem ser dissipadas com maior celeridade.

Raio de alcance dos mísseis soviéticos que seriam instalados em Cuba, durante a Guerra Fria.

Raio de alcance dos mísseis soviéticos que seriam instalados em Cuba – Historypros

Em suma, para que nenhum dos lados mandasse uma bomba nuclear na cabeça do outro por mal entendido é que havia essa linha direta de comunicação, pois ambos tinham ciência que, se um dos lados começasse uma guerra nuclear não ia sobrar muito de nenhum dos lados e nem de seus aliados.

E se você imaginou um telefone vermelho igual ao do seriado antigão do Batman, pode esquecer, era apenas figura de linguagem, tratava-se de um Telex.

O que é uma Guerra Comercial?

Conflito entre duas ou mais nações a respeito de barreiras tarifárias e/ou não tarifárias aplicadas entre as envolvidas, esse tipo de conflito normalmente ocorre quando s países em questão tentam melhorar as importações e exportações para si mesmas.

Tradução livre de businessdictionary.com

É uma manobra protecionista agressiva que encarece os produtos de quem exporta, consequentemente força importadores a adquirirem de outros países ou no mercado interno.

Seja manobra populista ou retaliação da outra parte que diz “foi ele que começou”, sabemos, no Comércio Exterior, que quem paga a conta dessa briga é o consumidor

Quando a Guerra Comercial China X Estados Unidos começou?

Sua vinda já era anunciada em 2016 pelo então candidato à presidência Donald Trump.

Em 2017, o presidente chinês Ursinho Pooh Xi Jiping visitou o já eleito presidente americano para dialogar sobre o assunto, mas, a despeito deste esforço, os Estados Unidos aplicaram, à partir de fevereiro de 2018, tarifas sobre produtos como painéis solares, máquinas de lavar roupa, aço e alumínio.

Se um dia eu tiver um visto chinês negado, será por ter usado essa imagem, não duvide.

As tarifas não foram direcionadas diretamente à China, mas foi o país mais afetado e foi assim que as retaliações começaram.

Se deseja acompanhar a linha do tempo dessa Guerra, pode conferir aqui.

Qual a diferença entre Guerra Fria e Guerra Comercial?

A Guerra Fria dividiu o mundo em dois, era preciso escolher um lado e muitos o fizeram especialmente para se reconstruir, se proteger ou se tornar independente.

E cada um destes lados se limitava a relacionar com seus amiguinhos do bloco.

Enquanto a Guerra Comercial são apenas duas grandes potências brigando comercialmente pela hegemonia do Comércio Internacional, contudo, diferente da Guerra Fria, estas duas são interdependentes.

Ou seja, os Estados Unidos financiam a continuidade do Partido Comunista Chinês no poder e a China financia os valores norte americanos, que já conhecemos de tanto assistirmos as produções hollywoodianas.

Tanto China quanto Estados Unidos são o principal destino das exportações de cada, além disso, a China é a principal financiadora da dívida norte americana.

Principais financiadores da dívida pública dos Estados Unidos. – Howmuch.net

Existe uma tensão comercial e diplomática? Sim, contudo, ela é tamanha a ponto de temermos uma III Grande Guerra por medo de um jogar uma bomba nuclear no outro?

Não.

Ou você jogaria uma bomba em quem te deve mais de um trilhão de dólares em dívida pública?

Ademais, outros países não precisam escolher um lado nessa briga, até porque é dela que surgem oportunidades comerciais para serem preenchidas por outras nações.

A Guerra Fria pode voltar?

Dizer nunca é sempre perigoso, a história é cíclica, mas não creio que viverei para testemunhar algo igual.

De fato, todas as características que listei da Guerra Fria continuam presentes até hoje, mas sem a “corrida”a daquela época. Um bom exemplo disso, é o orçamento anual da Nasa.

Porcentagem destinada a NASA do orçamento Federal, por ano – Research Gate

Hoje já é mais de uma dezena de países que possuem armas nucleares, é comum nações financiarem ou enviarem soldados para lutar longe de casa, a pesquisa espacial já é realizada por empresas privadas e difícil um país com estabilidade política não ter um serviço de inteligência.

Há quem chame a situação atual de Guerra Fria 2.0, devido as características citadas e por ela ocorrer muito mais de forma financeira, seja com dívidas públicas ou investimentos internacionais (papo para outro texto).

O que não podemos dizer é, que Guerra Comercial é uma Guerra Fria, isso é vacilo.

E você, amiga(o)?

O texto já está gigante e agradeço você por ter chegado até aqui, então que não seja em vão! Diga-me:

Por que outros motivos guerra fria e guerra comercial são diferentes? Pode essa Guerra Comercial virar Guerra Fria? Quero saber sua opinião nos comentários!

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Egito

Quem é o Egito perante o Comércio Exterior Brasileiro?

A série que lhe apresenta os países volta hoje com a segunda maior economia da África (sim, na África!).

Berço de uma das primeiras civilizações, lar das esfinges, pirâmides, múmias e teorias malucas que isso tudo foi obra de alienígenas.

Terra natal de Faraós e Cleópatras (pois é, não existiu só), do jogador Mohamed Salah (Liverpool) e do casal Mulher-Gavião e Gavião Negro (DC Universe).

Sim, amigas e amigos, falaremos dela, do qual realizamos a missão diplomática musical mais bem sucedida da história brasileira no final dos anos 90 (se sabe do que estou falando, você está ficando velho).

Falaremos do Egito!

Geografia e demografia do Egito.

Recorte do mapa político africano
Recorte do Mapa político Africano (Viu, eu te disse que era na África).
  • Capital: Cairo.
  • Área total: 1,001 milhões de km².
  • População: 102,33 milhões.
  • Densidade: 102 hab/km².
  • IDH : 0,700 (Alto).

O Egito encontra-se no nordeste da África, fazendo fronteira no continente com Líbia e Sudão, na Ásia com Israel e Faixa de Gaza, também muito próximo pelo Mar Vermelho da Jordânia e da Arábia Saudita, este mar é ligado ao mar mediterrâneo através do Canal de Suez.

Em território, trata-se do 30º maior mais país do mundo, 12º da África, na escala “Brasil”, ele é menor que o estado do Pará (2º maior nosso), em contrapartida, a população é a 14º maior do mundo e 3º africana. A capital Cairo tem mais de 20 milhões de habitantes, o que confere a ela o posto de cidade mais populosa da África e do mundo árabe.

Devido ao clima árido que predomina desertos, a população concentra-se próximo do rio Nilo e seus confluências/afluências, onde encontra-se os 2,8% de terra arável. A foto noturna abaixo demonstra essa concentração próxima do rio (e que foto).

Egito à noite visto da Estação Espacial Internacional. É possível ver a concentração de cidades ao longo do rio Nilo.
Nasa

O rio Nilo corta o país de norte a sul e é o mais extenso do mundo, em virtude do seu tamanho e por ser principal fonte de água potável numa região carente desse recurso, a importância desse rio é tamanha que seguidamente ele é motivo para conflitos geopolíticos atualmente.

Mapa do Rio Nilo, suas confluências e afluências.
Mapa do Rio Nilo, suas confluências e afluências.

Evidentemente que a posição do Egito continua sendo estratégica até hoje, especialmente em aspectos logísticos e militares e isso refletiu no passado em diversas invasões que o fez pertencer a impérios como: o pérsico, Romano, Macedônio (do Xandão, o Grande), Otomano, Bizantino, Árabe e Britânico.

Apesar do IDH estar no grupo “Alto” (mesmo do Brasil – 0,761) e ter um governo Semipresidencialista (Presidente divide o poder executivo com o Primeiro Ministro), trata-se de um país na 136º posição no Índice Global de Paz, a má colocação é resultante das perseguições extremistas com base em suma na religião e política, que começaram principalmente na Primavera Árabe em 2010, ano do qual o Egito estava na 52º colocação nesse ranking.

Dados econômicos do Egito.

  • Moeda: Libra Egípcia (Isso explica a colonização britânica) – 1BRL = 3,16EGP
  • *PIB (PPP): US$1,3 Trilhões
  • *Desemprego: 11,4%
  • *Inflação: 20,9%
  • *Dívida pública: 92,6% do PIB

*2019 – Heritage.org

Trata-se de uma grande economia, (3º maior PIB nominal africano), mas tomada pela bagunça e falta de liberdade, algo similar ao Brasil, tanto que pecam similarmente na Saúde Fiscal (Fiscal Health) e Estado de Direito (Rule of Law).

Ranking de liberdade Econômica: Egito, Brasil e Média Mundial.
Ranking de liberdade Econômica: Egito, Brasil e Média Mundial. – Heritage

O sistema legal egípcio fornece proteção para propriedades, mas complexa a legislação imobiliária causam atrasos ao tentar estabelecer e rastrear a titularidade proprietária. O judiciário tem histórico de independência, mas é lento principalmente pelo excesso de papel que ainda permeia na burocracia, comprometendo também a confiabilidade, bem como a corrupção no país está presente em todos os níveis no governo.

A baixíssima pontuação da Saúde Fiscal evidencia que o Egito arrecada, entretanto peca em investir com eficiência devido principalmente: a instabilidade política, burocracia ineficiente, além da própria inflação e corrupção já citadas, que também comprometem o retorno dos investimentos.

Os gastos do governo atingiram 31,7% da produção do país nos últimos três anos, e os déficits orçamentários atingiram 10,8% do PIB. A dívida pública de 92,6% do PIB não colabora na confiabilidade de investir no país.

O Egito no Comércio Internacional.

O Egito é membro do organismos mundiais, tais como: OMC (1995), FMI (1945) e ONU (1945), além dos locais como: Liga Árabe (1945), União Africana (1963) e da Organização para Cooperação Islâmica(1969).

De acordo com a Marcopolis, as maiores empresas de Logística, Embarque e Navegação são:

  • The Suez Canal Container Terminal
  • National Navigation Company
  • KGL PI
  • Leader Group / Agility
  • Pyramid Navigation

Vemos nessa lista como a localização do Egito favorece para que as principais empresas sejam do ramo de portuário e navegação, a única exceção da lista é a Leader Group que é um Agente de Cargas.

Exportações e Importações Egípcias.

Apesar de carecer de liberdade e das demais dificuldades apresentadas, é uma país com relevante presença no comércio internacional, pois 48,3% do seu PIB é oriundo de exportações e importações de bens e serviços. Analogamente ao Brasil, a participação seria maior se os principais produtos exportados fossem de maior valor agregado:

  • Top 10 principais produtos exportados pelo Egito em 2018.
  • Mineral fuels including oil: US$7.2 billion (24.5% of total exports)
  • Plastics, plastic articles: $1.8 billion (6.1%)
  • Electrical machinery, equipment: $1.6 billion (5.3%)
  • Gems, precious metals: $1.5 billion (5%)
  • Fruits, nuts: $1.4 billion (4.8%)
  • Fertilizers: $1.4 billion (4.7%)
  • Clothing, accessories (not knit or crochet): $1.1 billion (3.6%)
  • Iron, steel: $1 billion (3.6%)
  • Vegetables: $911.4 million (3.1%)
  • Aluminum: $673.6 million (2.3%)

A Itália foi o principal destino das exportações egípcias com 6,99%, apesar de parecer concentrado em poucos países, há outros grandes país como Espanha, Reino Unido e Índia logo atrás desses, consequentemente há uma forte diversificação de mercado.

Não é uma Brastemp Alemanha da vida com 87,2%, mas foi o 6º maior exportador africano em 2018, também considerando estar tão perto da Ásia e Europa e ser capaz de conectar por mar ambos continentes pelo Canal, demonstra existir muito potencial.

8% da navegação marítima mundial passa pelo Canal de Suez aliás, salvo o fator pandemia, essa porcentagem deve subir se os números de embarcações e cargas continuar a crescer no mesmo ritmo dos últimos anos.

Quantidade de embarcações e tonelada de carga movimentada anualmente no Canal de Suez - Egito.
Quantidade de embarcações e tonelada de carga movimentada anualmente no Canal de Suez.

Encontrei esse vídeo que mostra como é atravessar o canal da perspectiva da embarcação, recomendo assistir!

Acreditava que por Alexandria ser tão antiga, seu porto seria o principal em movimentação de carga mas me enganei. Em 2019, o porto Damietta está em primeiro lugar, com 7 terminais que totalizam uma área portuária de 11,8 millhões de m², conectadas por rodovia e ferrovia, seguido por Alexandria e logo atrás East Port Said.

O Egito possui 15 aeroportos (Brasil possui 125) sendo o da capital Cairo o segundo mais movimentado da África, perdendo apenas para O.R Tambo, de Johannesburgo.

Porto Damietta, Egito
Porto Damietta, Egito – Bairdmaritime

O Comércio Exterior do Brasil com o Egito.

A visita do Presidente brasileiro ao Cairo (dezembro 2003) elevou a novo patamar as relações bilaterais. Tratou-se da primeira visita de um Chefe de Estado ao Egito desde as viagens de D. Pedro II ao Oriente Médio em 1871 e 1876. À visita do Presidente, seguiram-se diversos encontros entre Chanceleres, o mais recente dos quais foi a visita que o Chanceler Antonio de Aguiar Patriota realizou ao Cairo em 2011. A visita ao Brasil do então Presidente Mohamed Morsi (maio de 2013), por sua vez, foi a primeira visita de um Chefe de Estado egípcio ao país. – Itamaraty.”

Importante também mencionar a missão diplomática musical, organizada pelo grupo É o Tchan em 1997 a qual realizou “A mistura do Brasil com Egito”, que, inegavelmente acelerou a construção das relações diplomáticas acima mencionadas.

O parágrafo acima é uma piada, ok?

Considerando que há 164 Estados na Organização Mundial de Comércio, o Egito tem uma relevante importância no destino de nossas exportações, além disso, são importantes para o saldo positivo de nossa balança comercial, que encontra-se assim há mais de 10 anos.

Gráfico do histórico anual das exportações (verde) e importações, Brasil e Egito.
Gráfico do histórico anual das exportações (verde) e importações, Brasil e Egito.

O motivo do volume das exportações oscilarem tanto é conhecido nosso, o Agronegócio, afinal, são commodities que possuem muita variação no preço conforme, por exemplo a safra e câmbio, que também influencia a qual mercado está mais interessante vender.

Ainda que oscile bastante, temos forte participação nos produtos com maior participação (100% de mercado do Açúcar Bruto, toma essa, França), no entanto, lamentavelmente não vemos nenhum produto de alto valor agregado, apenas conseguimos ver bombas, compressores e centrífugas no Comextat (bem pequeno, grifei em amarelo).

Produtos brasileiros com maior participação no mercado do Egito, 2015 a 2018 – APEX

Visão Geral dos produtos exportados para o Egito 2019 – Comexstat

E o Brasil importou do Egito em 2019:

Adubo.

MUITO ADUBO, sério, se nossos alimentos falassem, seria no idioma árabe.

Apesar de importarmos mais produtos de valor agregado que exportamos ao Egito, nosso saldo é positivo devido ao volume, vendemos muito mais que compramos, em virtude do Brasil ser (ainda) a 10º maior economia do mundo e fortíssimo no agronegócio.

Visão Geral dos produtos importados do Egito 2019 – Comexstat

E você, amiga(o)?

Gostou de conhecer o Egito? Sabe de alguma curiosidade ou outro? Que conclusões você tem com essas informações? Tem outros dados para complementar? E me ajude a escolher – Qual o próximo país você quer aqui? Diz aí nos comentários!

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Quem é a Alemanha perante o Comércio Exterior Brasileiro?

Inicio uma nova série de textos com o objetivo de conhecermos outros países e sua relação com o Comércio Exterior brasileiro.

Começaremos falando dela, a 3º maior economia mundial, considerada por muitos a principal responsável pela relevância atual da União Europeia.

Nação de povo reservado, mas que não poupa o uso de consoantes no idioma materno.

Famosa de fato pela Oktoberfest, pelas cervejas, pretzels, linguiças, chucrute e outros pratos que causam sono em demasia.

Terra natal de Einstein, Noturno (X-Men) e Beethoven (o pianista, não o cachorro).

Grande compradora de café, cobre, motores de pistão e celulose do Brasil. E, mesmo sendo a 3ª maior fornecedora do Brasil, não lembrou disso na Copa do Mundo de 2014 – sim, amigas e amigos, hoje falaremos da Alemanha!

Geografia e demografia da Alemanha.

Recorte do Mapa político da Europa
  • Área total: 357.022km²
  • População: 82,9 milhões
  • Densidade 230 hab/km²
  • IDH 0,939 (Quanto mais perto de 1, melhor)

Localizada no centro do continente Europeu, banhada pelo Mar do Norte e Oceano Báltico, sua grande área faz fronteira com 9 países: Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França, Suíça, Áustria, Tchéquia, Polônia e Dinamarca.

Ocupa o posto de maior população da Europa, ostenta o 4º maior IDH do mundo e a 22ª colocação no Índice Global de Paz, todavia, é previsto declínio no número de habitantes até 2024.

Alemanha, população de 2014 até 2024 (milhões)
Alemanha, população de 2014 até 2024 (milhões)

Uma vez que a Alemanha se submete ao sistema de Governo Parlamentarista, o presidente tem um papel mais simbólico e quem move mesmo o país, politicamente, é a Chanceler.

Angela Merkel

Angela Merkel, do partido União Democrata-Cristã (Centro-Direita), ocupa o cargo desde 2005 e, mesmo depois de tanto tempo e governando durante a pandemia, a satisfação de seu governo é superior a 70%, foi considerada pela Forbes a quarta pessoa mais poderosa do mundo

Dados econômicos alemães.

  • Moeda: Euro
  • *PIB: US$4,4 Trilhões
  • *Desemprego: 3,4%
  • *Inflação: 1,9%
  • *Dívida pública: 59,8% do PIB

*2019 – Heritage.org

Chegar na casa dos trilhões é, de fato, para poucos: a posição de 4ª maior economia representa 4,6% da economia global.

Sem dúvida que tal posição não foi conquistada de uma hora para outra. Analisando 30 anos de PIB, nota-se o estável crescimento e resiliência para continuar no mesmo ritmo após a crise imobiliária de 2008 (única forte queda no período).

Gráfico do PIB da Alemanha, de 1989 até 2019.
Gráfico do PIB da Alemanha, de 1989 até 2019.

Vimos que o território e a população Alemã não são pequenos, no entanto não estão próximos de Rússia ou Índia respectivamente, o que destaca a Alemanha, é a sua liberdade econômica e competitividade global.

Pontuação da Alemanha de Liberdade Econômica em 2020.
Pontuação da Alemanha de Liberdade Econômica em 2020.

Não apenas encontra-se bastante à frente da média mundial, ocupando “apenas” a 27ª posição, é importante ressaltar que os primeiros colocados são países menores em território e população, como Singapura, Nova Zelândia e Hong Kong.

De acordo com o relatório, apesar do sistema legal, tributário e contábil ainda serem complexos, eles compensam na transparência. O direito à propriedade por estrangeiros é protegido por lei, o sistema judiciário é independente e competente e raros são os casos de corrupção, e quando ocorrem são devidamente julgados e punidos.

Outros pontos que favorecem o desenvolvimento da liberdade econômica são a saúde fiscal e a liberdade para negócios, comércio e investimento, em contraste com o excessivo gasto governamental e alto custo na legislação trabalhista, que ancoram a evolução.

A Alemanha no Comércio Internacional.

A Alemanha é membro de todos os organismos internacionais tradicionais, por exemplo a ONU (1973), FMI (1952) e OMC (1995), também dos mais seletivos, como a OCDE (1961) e G7.

É importante membro na OTAN desde 1955 (apenas o lado ocidental), em virtude de possuírem o quarto maior poder militar do mundo.

Importante lembrar, que China e Estados Unidos nos ensinam que é possível guerrear sem armas.

Exportações e Importações

A enorme participação alemã no Comércio Exterior é inegável, 87,2% do PIB é oriundo de importações e exportações, com efeito de classifica-los em 2018, como a 3ª maior participante do comércio mundial de produtos.

Caramba, Alemanha, nem vou comparar com o comércio exterior brasileiro…

Por consequência, a logística de carga também se destaca: o porto de Hamburgo foi o 19º maior em movimentação e o aeroporto de Frankfurt o 11º.

Aeroporto de Frankfurt, Alemanha.
Aeroporto de Frankfurt, Alemanha (com muito photoshop…).

E não é uma questão de volume: pois suas exportações constam primordialmente produtos de alto valor agregado.

Top 10 principais produtos exportados pela Alemanha em 2019.
Top 10 principais produtos exportados pela Alemanha em 2019.

Além disso, é impressionante quão diversificada é a carteira de países para os quais a Alemanha exporta (o mesmo ocorre na importação).

Note que nenhum deles possui participação superior a 9%.

Principais parceiros de exportação da Alemanha em 2017.
Principais parceiros de exportação da Alemanha em 2017.

Essa diversificação garante segurança, desse modo, caso um país parceiro passe por dificuldades, é mais fácil para ele negociar com outros países.

Essa é uma das qualidades que garante a 7º colocação no Ranking de Competitividade Global.

Ranking de Competitividade Global da Alemanha (2019).
Ranking de Competitividade Global da Alemanha (2019).

A nota 100 refere-se a estabilidade Macroeconômico, de acordo com tudo que já visualizamos. O que a Alemanha precisa melhorar (comparado, a si mesma) em primeiro lugar é, na adoção de tecnologias de informação e comunicação (70) e em segundo, no desenvolvimento de seu Mercado de Produto (68).

A título de curiosidade (ou tristeza), o pilar do Brasil com nota mais alta é 79 e mais baixo, 46.

O Comércio Exterior brasileiro com a Alemanha.

Exportação, Importação e Balança Comercial, Alemanha, 2019
Comexvis

Por certo que o 3 maior mercado mundial é um importante parceiro comercial nosso, mas estamos perdendo mercado.

Temos perdido espaço nas exportações desde 2011, mesmo apesar de nossa moeda desvalorizar nos anos seguintes.

Gráfico do histórico anual das exportações (verde) e importações, Brasil e Alemanha. 20019 a 2019
Gráfico do histórico anual das exportações (verde) e importações, Brasil e Alemanha.

Similarmente ocorre na importação, importar produtos de valor agregado representam investimento, novos negócios e aumento da empregabilidade.

Se desejamos que o acordo Mercosul x União Europeia saia do papel, precisamos negociar forte com o principal membro.

De maneira idêntica ocorre com os produtos brasileiros de maior participação no mercado Alemão, eles estão em queda desde 2015.

Produtos brasileiros com maior participação no mercado da Alemanha, 2015 a 2018.
Produtos brasileiros com maior participação no mercado da Alemanha, 2015 a 2018 – APEX

Apesar deste declínio entendo que a recuperação é possível, exportamos os mais variados produtos, predominamos da Indústria da Transformação – que tem maior valor agregado –, portanto, é possível desenvolver em diversos mercados.

Ao menos para primeiramente, termos saldo positivo nas exportações e importações.

Visão Geral dos Produtos Exportados, 2019 – Destino Alemanha

Em contraste com a exportação, importamos da Alemanha os produtos de maior valor agregado (praticamente os mesmos que vimos anteriormente no Top 10).

Visão Geral dos Produtos Importados, 2019 – Origem Alemanha

E você, amiga(o)?

O que achou de conhecer a Alemanha e o Comércio Exterior brasileiro com ela? A forma apresentada foi interessante e dinâmica? Que conclusões você tem com essas informações? Tem outros dados para complementar? Compartilha com a gente nos comentários para engrandecer o assunto.

Logcomex

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

H1N1, Coronavírus e o impacto no comércio exterior.

A organização Mundial da Saúde declarou no dia 11 de Março de 2020 o estado de pandemia do Coronavírus, entretanto, sentimos desde janeiro o impacto dessa doença no comércio exterior.

Essa classificação é usada quando uma doença não se restringe apenas a uma região específica e sim todo o globo. No Brasil, foi confirmado o primeiro caso dia 26 de Fevereiro, já são 234 em 16 de Março e infelizmente a primeira morte no dia 17.

Fonte: Ministério da Agricultura

Como buscamos minimizar os prejuízos no comércio exterior, analisaremos a última situação pandêmica superada em 2009 perante o H1N1, a fim de fazermos um comparativo do possível impacto do Coronavírus no comércio exterior brasileiro e quais previsões ou conclusões podemos chegar.

Fatos e números importantes sobre o H1N1 e Coronavírus.

Acreditamos que o comparativo é válido também por ambos os vírus terem transmissão quase idêntica, isso é:

  1. Transmissão direta: Por pessoas pelo contato da saliva por meio da fala, espirro ou tosse; e
  2. Transmissão indireta: Quando realizamos contato a um objeto contaminado e posteriormente tocamos os olhos, boca ou nariz.

Objetos como: Smartphone, teclado, mouse, corrimão, maçaneta, copo, óculos, bolsa, carteira, chaves… Pois é, tome cuidado!

H1N1

Apelidada de Gripe Suína, a proliferação começou no México matando mais de 100 pessoas em março de 2009, foi declarada como pandemia do dia 11 de Junho do mesmo ano até 10 de Agosto de 2010, infectando entre 11% a 21% da população mundial.

A OMS relatou 18.138 mortes confirmadas em laboratório, entretanto, estima-se que seja superior a 575.000, resultando numa taxa de mortalidade de +-0,02%

Quantidade de mortes por Influenza H1N1, no primeiro ano de circulação da doença – thelancet.com

Note que o mapa acima não considera a proporção da população, afinal, é mais fácil para os países mais populosos superar os 1500 casos.

Mortalidade respiratória e cardiovascular, para cada 100.000 habitantes, associado ao Influenza H1N1, no primeiro ano de circulação da doença – thelancet.com

Este demonstra quais foram os países mais afetados. Não é legal tratar de mortes como estatística, mas vemos que o continente Africano foi proporcionalmente o mais afetado, contabilizando mais 65.600 mortes.

Coronavírus

Descoberto no final de 2019, o Coronavírus pertence a família de vírus que causam infecções respiratórias. O vírus começou a se espalhar na província de Wuhan, China ao passo que já são mais de 200.000 casos confirmados.

Rastreador do COVID-19

Como é previsto para a situação se estender até 2021, não é prudente afirmarmos agora a taxa de mortalidade.

H1N1 e Coronavírus no comércio exterior brasileiro.

Conforme verificamos números, datas e que não foi a primeira vez que consumimos álcool em gel desesperadamente, podemos analisar o impacto no comércio exterior brasileiro.

Apresentaremos nos dois casos, o volume de importações e exportações do ano anterior a declaração da pandemia, relembrando as datas:

  • H1N1 = Junho de 2009.
  • Coronavírus = Março de 2020.
Comexstat

Ao vermos o período do primeiro caso até o fim da pandemia, notamos que não foi capaz de afetar expressivamente o comércio exterior brasileiro, nem mesmo a carne suína foi prejudicada nesse período.

Aliás, a queda vista em 2008, está relacionada a bolha imobiliária dos Estados Unidos.

Comexstat

Todavia, já estamos caindo nas exportações, a balança comercial da segunda semana de março informa queda de -5,6%, comparado com o mesmo período de 2019.

***

Concluímos que o H1N1 não teve relevante impacto no comércio exterior, entretanto, o que mais impressionou ao verificar os dois gráficos, foi o curto tempo do 1º caso de Coronavírus, até ser declarado Pandemia.

Embora seja cedo para compararmos os efeitos do Coronavírus na balança comercial, sentimos no trabalho e por colegas como está cada vez mais difícil conseguir embarques, agravando-se por fechamento de fronteiras e cancelamento de voos.

Decerto que nossos custos Brasil subirão ainda mais, tanto que é necessário tratar do assunto novamente após o fim do estado de pandemia.

Agora devemos zelar pela saúde, reduzir o contato humano, especialmente colegas de trabalho e locais aglomerados, também redobrar a atenção com a higiene.

E você, leitora(o)?

Conte-nos como tem sentido na prática nas importações e exportações, que cuidados sua empresa tomou nesse período, vamos contribuir no assunto com previsões e experiências nos comentários.


Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

A saída do Reino Unido da União Europeia e a atual relação comercial com o Brasil.

Quarenta e sete anos depois de adentrar na antiga Comunidade Econômica Europeia, a saída do Reino Unido da União Europeia ocorreu no dia 31 de janeiro de 2020.

É o primeiro país a deixar o bloco.

Ele não tem mais voz e poder de voto no bloco econômico e já está livre para negociar com outras nações, mas o Brexit está agora em transição, a saída real é prevista para ocorrer em 1º de janeiro de 2021, sendo possível prorrogar o prazo.

Tipo aquela visita que te dá tchau, mas fica parada na porta de sua casa conversando.

Dado o importante acontecimento com o 5º maior PIB nominal mundial, o assunto é relevante para quem atua no comércio exterior brasileiro e mais ainda para a turma de Relações Internacionais.

Então, a saída do Reino Unido da União Europeia ainda não aconteceu?

Como se está tratando de nações e não de visitas inconvenientes, a transição é necessária para que o Reino Unido consiga se desvincular de todos os aspectos que o ligam à UE, por exemplo das integrações econômicas:

  • União aduaneira;
  • Mercado comum de serviços e capitais, com ressalvas na circulação de pessoas;
  • União econômica, exceto a monetária, pois nunca aderiram ao Euro;
  • União política (Parlamento Europeu, Conselho, Comissão, Tribunal da UE e etc.).

O Reino Unido, por sempre ter tido mais interesse econômico no bloco, evitou de se submeter completamente ao Mercado Comum e à União Econômica e, mesmo assim, terá buchas desafios nessa transição, como:

  • Importação e exportação de mercadorias (Controle aduaneiro e tarifário);
  • Soberania de zonas marítimas para pesca;
  • Suprimento de eletricidade e gás (muita da energia britânica é importada);
  • Regras de imigração de mão-de-obra e estudantes; e
  • A fronteira entre a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido) com a República da Irlanda.

Esse último ponto ficará mais visível abaixo, pois as terminologias desse assunto podem nos levar ao erro.

Qual a diferença entre Reino Unido, Grã-Bretanha e Inglaterra?

A palavra Brexit vem da junção das palavras Britsh (Britânico) e Exit (Saída), o que pode levar a pensar que se trata da Grã-Bretanha (Great Britain) mas quem pertencia à União Europeia era o Reino Unido (United Kingdom). Essas denominações têm significados e engloba países diferentes, conforme o mapa abaixo:

Fonte: Briliantmaps.com – Apaguei aqui a Ilha de Man (Isle of Man) pois ela não pertence ao Reino Unido, é apenas uma dependência da Coroa Britânica, tanto que nunca fez parte da União Europeia.

  • England = Refere-se ao país Inglaterra e somente quem nasce lá é chamado de Inglês (English).
  • Amarelo (Grã-Bretanha) = Trata-se da maior das ilhas britânicas (Azul), formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales.
  • Vermelho (Reino Unido) = É o Estado independente formado pelos países da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte,

Nesse último, vemos a delicada situação que será a fronteira entre as “Irlandas”. Uma vez que conseguimos identificar o Reino Unido, um Estado de Monarquia Constitucional Parlamentar, composto por Estados que possuem governos próprios, mas todos se submetem ao Parlamento do Reino Unido, localizado em Londres, e tem (no momento) Boris Johnson como primeiro ministro e (para sempre, pelo jeito) a Rainha Bétinha como monarca.

Seu Bóris e dona Bétinha.

Qual é a relação comercial do Reino Unido com o Brasil?

Considerando o Reino Unido ter o 5º e o Brasil o 9º maior PIB nominal do mundo, é curioso que tenham representado em 2019 somente cerca de 1,32% de nossas importações e exportações, pois é um país com tradição de comercializar com o mundo desde que tomaram gosto por colonizar.

EUA, Canadá, Índia, Austrália e boa parte da África que o diga…

Extensão do império Britânico em 1921 – Imagina jogar War com a essa família…

Os dados de 2018 comprovam a sua relevante participação como sendo o 5º exportador e 12º importador do mundo, porém, a saída do Reino Unido da União Europeia não se concretizou e o país ainda usufrui dos benefícios comerciais do bloco.

Natural que darão prioridade a negociar com China, EUA e a própria UE, mas o Brasil não será esquecido, pois é destino de muitos de seus manufaturados, além de ser natural que países com governos de ideologias similares tendam a negociar mais.

Apesar de comprarmos deles majoritariamente o produto manufaturado, nossas exportações diversificam melhor que os britânicos e tivemos em 2019 um superávit US$638,82 milhões.

Uma imagem contendo captura de tela

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Comexvis

Sob a ótica do comércio internacional, a saída do Reino Unido da União Europeia e os futuros movimentos diplomáticos e comerciais serão interessantes de acompanhar e com certeza serão tema de estudos no futuro.

E para manter as expectativas do FMI a respeito do crescimento do PIB em 1,6%, o país deverá (e logo!) providenciar acordos comerciais para evitar que barreiras tarifárias ou não tarifárias prejudiquem seu comércio exterior.

Considerando a morosidade que existe para firmar acordos bi ou multilaterais, sabemos que será desafiador, pois se um lado que negocia tem pressa, este precisará ceder mais para conseguir em menor tempo.

E você, leitora(o)?

Quais suas expectativas para o Reino Unido? Será que num futuro distante, voltarão para o bloco? O Brasil vai desenvolver o comércio exterior com eles? Visitas que conversam na porta e não vão embora também te incomodam? Vamos continuar conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com