Alguns “dibres” encarecedores comuns na importação.

Já apresentei e alertei os pontos que requerem cuidado para não acabar pagando caríssimo na Importação, pois não são poucas as empresas que agem de má-fé se aproveitando da inexperiência de novos importadores.

Mas há práticas dibres que costumam passar desapercebidos até pelos experientes, capazes de causar prejuízos (dos pequenos e dos grandes) evitáveis com um simples “Não, obrigado!” ou um “Para de tentar me fazer de besta!”.

E para você não ficar pensando que só falo mal de um segmento apenas, trouxe um dibre clássico aplicado por cada um dos principais: Despachantes Aduaneiros, Agentes de Carga, Trading Companies e Terminais Alfandegados.

Ajuste seu tom de leitura para o modo “sarcasmo”.

Por que chamar de “dibre”?

Até pensei em outras palavras, tais como “artimanha”, mas é formal demais, ou “falcatrua”, mas poderia, parecer tratar-se de algo ilegal.

Dibre” define bem (além de me dar a chance de poder ilustrar esse artigo com o mestre do rolê aleatório) porque é uma atitude que requer astúcia, mas não chega a ser ilegal… pode até ensejar uma discussão judicial, mas raramente vai adiante pois em geral o valor do dibre não compensa o incômodo.

Como quando, por exemplo, adicionam o Canal do Boi no seu pacote de TV por assinatura sem perguntar e passam a cobrar 5 pila a mais na fatura, ou quando você combina um encontro com os amigos, todos colaboram levando bebida boa para o coletivo, mas aquele amigo ”liso” leva cerveja barata (e quente!).

Captou, né? ‘Bora para os exemplos:

Despachantes Aduaneiros e o Numerário.

É comum em muitas operações que os custos da Importação (exceto, normalmente, o pagamento ao exportador) sejam pagos pelo Despachante Aduaneiro, com o dinheiro que o Importador adiantou a ele, conforme previsto nesse documento chamado Numerário.

Esse valor costuma ser pago poucos dias úteis antes da mercadoria chegar no destino, num valor bem aproximado do necessário, com um extra de aproximadamente 5% (para cobrir uma oscilação cambial ou um Canal Vermelho).

Depois de finalizada a Importação, o Despachante Aduaneiro presta as contas do processo e devolve o valor excedente.

O Dibre: Numerários que são fontes de investimento.

Há Despachantes que gostam de usar o Numerário para inflar o próprio fluxo de caixa e, para fazer isso, costumam solicitar os valores super antecipadamente, junto com a confirmação de embarque (imagina que é uma Importação marítima asiática) e que sejam pagos o quanto antes para que não haja problemas.

Além disso, pode acontecer do valor extra para eventuais contratempos pular de 5 para 50% do total, por um erro de digitação.

E, depois de finalizada a Importação, este seu Despachante “parceirão” demora um bocado para devolver os 48,37% que sobrou do processo, sabe como é: o porto demora para emitir a Nota Fiscal, a Transportadora também.

Enquanto você aguarda pacientemente, essa grana está seguramente parada na conta bancária do seu Despachante Aduaneiro, gerando receita e crédito para outros clientes, portanto, não se preocupe!

Agentes de Carga e seus valores de origem e destino.

Quando cotar ou receber a fatura de pagamento dos serviços de transporte internacional, notará que os valores devidos são apresentados em três grupos.

  • Custos de Origem: relacionados a serviços realizados no país onde a carga estava, tais como transporte doméstico, despacho aduaneiro, acondicionamento, paletização…
  • Frete Internacional: além do óbvio, pode haver um extra adicionado, por exemplo, para controle de mercado ou variação do preço de combustível.
  • Custos de Destino: referente a valores devidos aqui no Brasil, que normalmente remuneram/repassam o transportador internacional, terminais e o próprio agente de carga.

São diversos valores, mais ainda se for um processo EXW ou FCA, por isso é importante analisar com muita calma se o que foi cobrado segue o ofertado.

O Dibre: Custos de Origem e Destino Serelepes.

É importante essa conferência porque, curiosamente, alguns Agentes de Carga não conseguem controlar seus custinhos/taxinhas/valorezinhos serelepes.

  • É uma PTAX+1% que vira +11% (esse 1 danadinho)…
  • ISPS Code de 15 Bidens que vira 150 (hey zero! Como você foi parar aí?)
  • Ou um terminho de demurragezinha de contêiner DRY/DV que disparou para 300 doletas/dia (nossa, oscilou mais que bitcoin!)

Já notou que tudo que envolve pagamento, vira “inho”?

Enfim, eles são danados e os valores mudam “sem querer” e sempre para maior… curioso como é raro mudar para menos, né?

Trading Companies e sua operação com seus parceiros.

Outros tipos de empresas do Comércio Exterior também realizam esse pacotão completo, mas lembramos principalmente das Trading Companies.

Elas realizam quase toda operação de Importação para seus clientes e, para fazê-lo com qualidade, é natural que possuam outras empresas do Comércio Exterior atuando em parceria (ou relação comercial mesmo): por isso que você deve trabalhar com aquele porto, aquele Despachante Aduaneiro etc.

O dibre: Barato no ICMS, mas cuidado com as parcerias.

Se você importador/real adquirente só quer saber quanto custa e quando a carga chega no seu armazém, então esse modelo de trabalho fechadinho da Trading Company é realmente o ideal para ti.

No entanto, se você está presente nas operações e busca reduzir (de maneira saudável) cada vez mais os custos e a Trading Company não lhe ajuda com mais orçamentos e revisando as operações, então está mais que na hora de você consultar o mercado.

Pois muitas vezes aquele percentual atraente do ICMS no TTD está sendo compensado com parcerias bem caras e você só descobrirá isso no momento que começar a cuidar diretamente da sua Importação.

Terminais alfandegados e o seguro.

Sejam portos, aeroportos e portos secos, os serviços prestados por eles vão além da armazenagem: isso vai depender principalmente da estrutura física e equipamentos disponíveis.

E um dos serviços ofertados e inclusos é o seguro da carga dentro do terminal, para que no caso de acontecer algum sinistro dentro do recinto, seja uma avaria ou um furto, você esteja devidamente protegido.

O dibre: Esse seguro não é obrigatório.

Você já contratou (ou deveria ter contratado) um seguro para sua carga, que está declarado na Declaração de Importação, que muito provavelmente lhe protege desde o momento que sua mercadoria foi coletada até depois que ela chegou no seu armazém no Brasil.

Esse seguro dos terminais é um repasse de custo, uma venda casada (com todas as letras) e, além disso, se algum sinistro acontecer dentro do recinto e for provado que eles são os responsáveis, eles terão que arcar com o prejuízo.

Momento panos quentes.

Erros de digitação acontecem, Despachantes Aduaneiros esquecem de enviar prestação de contas, existem sim boas tradings que buscam sempre reduzir os custos para a sua operação e vendedores de terminais podem não saber, também, o que falei sobre o seguro.

Ou seja, não acuse uma empresa de ”dibrosa” ao ver um único caso isolado e cuidado para não condenar as pessoas antecipadamente, elas podem estar seguindo ordens (com as quais não concordam) ou sequer estão cientes de que isso é mesmo um dibre.

E você? Que outros dibres na Importação valem ser mencionados nos comentários? Conto contigo para enriquecer o tema 🙂

Regimes Aduaneiros Especiais que você precisa conhecer na Importação.

Quem já tem experiência na área, sabe que a importação não é fácil e seria pior ainda sem um regime aduaneiro, por exemplo: já imaginou trabalhar sem DTA, DAC ou Admissão Temporária?

Pois é, e devido a importância de conhecê-los que esse texto reuniu os mais relevantes, com o intuito de ser uma confiável fonte primária de pesquisa, para você salvar nos favoritos e sempre consultar.

E para respeitar esse objetivo que ele será bem categórico nos subtítulos e sem imagens, para ajudar especialmente para quem não domina ou precisa relembrar, bem como precisa rapidamente dar um CTRL+Localizar para ir direto no que interessa.

Buscarei citar principalmente o Regulamento Aduaneiro(RA), a fim de facilitar o encontro das informações.

O que é um Regime Aduaneiro Especial?

Considera-se um regime aduaneiro especial aquilo que é diferente do regime comum e, para ser diferente, é necessário apresentar três características:

  • Suspensão da exigibilidade tributária;
  • prazo e condições de permanência da mercadoria no regime; e
  • garantia dos tributos suspensos.

Para usufruir dos benefícios de um regime aduaneiro especial, será necessário solicitar ao órgão responsável, atender os requisitos e respeitar seus trâmites após concessão.

Eles podem ser a solução para viabilizar projetos, assim como a salvação para quando a importação não sai como planejado, porém, tenha em mente que usufruir dos benefícios tem um custo:

Em suma, quanto mais benefício um Regime Aduaneiro conceder, mais burocracia ele exigirá em retorno

Trânsito Aduaneiro (DTA).

Se deseja transferir sua mercadoria para outro recinto alfandegado, antes de iniciar o despacho aduaneiro, você poderá fazê-lo com o Trânsito Aduaneiro.

O que é e qual a base legal?

O trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos.

Com ele, você poderá transferir sua mercadoria da área alfandegada que ela se encontra, para outra de sua escolha, sem que precise iniciar o despacho aduaneiro de importação, ou seja, não precisará pagar os tributos para realizar o transporte.

A base legal do Trânsito Aduaneiro encontra-se a partir do Art. 315 do RA.

Como funciona o Trânsito Aduaneiro na prática?

Para realizar o transporte de sua mercadoria em trânsito aduaneiro, será necessário contratar um transportadora habilitada pela Receita Federal (RFB) para esse tipo de transporte.

A transportadora precisará dos documentos de embarque para solicitar a concessão do regime (principalmente Fatura Comercial e Conhecimento de Embarque), assim como outros a depender do tipo de mercadoria (por exemplo: ficha de emergência).

Como cabe a RFB conceder o benefício, a mesma irá lacrar o veículo ou container e inclusive determinar a rota e prazos para que seja executado.

Depois da carga chegar no recinto alfandegado de destino, a RFB conferirá o veículo, lacre e documentos e, estando de acordo, o regime aduaneiro será considerado concluído.

Quando é interessante utilizar?

Caso o recinto alfandegado próximo de você não consiga receber seu produto por mar ou ar, ele poderá adentrar ao Brasil por outro terminal e ser transportado de caminhão via trânsito aduaneiro.

Não apenas questão de proximidade, pode ser por questão preço ou porque precise de um recinto que saiba manusear sua mercadoria.

O que devo saber antes de utilizar?

Como exige contratar uma transportadora habilitada que deve respeitar diversos procedimentos, certamente que é um transporte mais caro que o normal.

E não só a DTA que encarecerá a importação, é preciso pagar a armazenagem e demais serviços dos dois terminais alfandegados envolvidos.

E assim como no despacho aduaneiro de importação, para conseguir tirar a carga, bem provável que terá antes que pagar todos os custos do recinto.

Entreposto Aduaneiro.

Caso necessite armazenar sua mercadoria por longos períodos e antes de iniciar o despacho aduaneiro de importação, provavelmente que o regime do Entreposto Aduaneiro lhe atenda.

O que é e qual a base legal?

O entreposto aduaneiro na importação é o que permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público.

Mas não se limita a esse tipo de recinto alfandegado, a depender do objetivo, é possível usufruir em feiras, congressos, instalações portuárias privativas, plataformas de petróleo, estaleiros ou outras instalações industriais localizadas à beira-mar.

O que mais chama a atenção nele, é a possibilidade de armazenar a mercadoria por até 2 anos (3 em situações especiais), sem a necessidade de recolher impostos ou em garantia.

Além do valor da armazenagem ser muito mais barata que a cobrada no regime aduaneiro comum.

A base legal do Entreposto Aduaneiro na importação, encontra-se a partir do Art. 404 no RA e, como ele tem variadas aplicações (que não é possível abordar todas aqui), é prudente consultar o manual da RFB.

Como funciona o Entreposto Aduaneiro na prática?

Antes de mais nada, é necessário que a mercadoria encontre-se no recinto que possua este regime aduaneiro, para que seja feita, via SISCOMEX, a Declaração de Importação para Admissão em Entreposto Aduaneiro.

Somente após o desembaraço aduaneiro de admissão, que a mercadoria será considerada dentro do regime.

Após o ingresso e em até 45 dias do término do prazo de vigência, será necessário destinar a mercadoria em alguma opções:

  • I – despacho para consumo;
  • II – reexportação;
  • III – exportação (caso não tenha sido importada); ou
  • IV – transferência para outro regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais. 

Quando é interessante utilizar?

No caso de feiras ou indústria, o próprio objetivo de cada evidencia quando é interessante o uso.

Contudo ele pode ser muito benéfico para o fluxo de caixa e para atender entregas urgentes, pois é possível importar e entrepostar no atacado e nacionalizar em lotes quebrados conforme necessidade.

Seja para vender no varejo ou para utilizar em outro fim conforme a demanda.

Dessa maneira, poderá nacionalizar a mercadoria quando e na necessidade que precisa (especialmente se souber que a demanda está fraca), ao invés de nacionalizar tudo de uma vez, pagando todos os tributos adiantado.

O que devo saber antes de utilizar?

É possível ingressar mercadorias importadas com ou sem cobertura cambial, contudo, é necessário analisar com antecedência qual o objetivo final para consultar a possibilidade.

E apesar de ser mais barato que nacionalizar tudo integralmente, ainda há custos de armazenagem, bem como os custos logísticos para levar a carga até o recinto que esteja habilitado no Entreposto Aduaneiro.

Pois não é todo terminal alfandegado que oferece essa opção de armazenagem.

Admissão Temporária.

Precisa realizar uma importação de algo que não ficará definitivamente em território nacional? Quem sabe ela pode fazer uso da Admissão Temporária.

O que é e qual a base legal?

É o que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica

Este é o regime aduaneiro a ser utilizado para importações de bens que ficarão temporariamente no Brasil.

A base legal no RA consta a partir do Art. 353, contudo, é preciso dividir a explicação conforme o recolhimento dos tributos.

Sem recolhimento de tributos.

Esta é a famosa opção utilizada por feiras e eventos, os clássicos exemplos são:

  • Eventos esportivos internacionais, como Fórmula 1, Copa do Mundo e Libertadores (quem é a UEFA perto desse último?);
  • Shows musicais (Músicos não vão aceitar tocar com instrumentos musicais que não sejam os deles); e
  • Feiras (Pode até vender o que foi importador para expor, falaremos adiante).

Sendo com o fim de eventos desse tipo, não há recolhimento de tributos e o prazo do regime será proporcional ao tempo do evento, havendo de certo um tempo extra antes e depois para que a importação e exportação ocorram com tempo.

Recolhimento de tributos proporcional.

Caso o bem importado tenha um objetivo econômico, ou seja, vai prestar um serviço, a cobrança dos tributos incidentes será proporcional ao tempo de estadia.

São para os tipos de situações que, em suma, compensam mais contratar um prestador de serviço, que possua o maquinário, comparado a comprar o bem para depois revendê-lo.

O prazo do regime respeitará o contrato de serviço entre as partes, desde que respeite o limite de cem meses.

Como funciona a Admissão Temporária na prática?

Como é regime aduaneiro que ocorre fora das áreas alfandegadas e há grande economia tributária, ele não chega a ser difícil para um despachante aduaneiro experiente, mas é demorado.

Antes de tudo, é necessário solicitar a autorização a RFB, com a concessão, será possível realizar o despacho de importação e exportação com o benefício tributário, porém, ambos os despachos cairão em canal vermelho (vistoria física e documental).

Mas a reexportação é uma das opções para extinguir o regime, é possível também

  • II – entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas, desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-los;
  • III – destruição, às expensas do interessado;
  • IV – transferência para outro regime especial; ou
  • V – despacho para consumo, se nacionalizados. (Lembra do exemplo da feira? Essa é a opção)

Quando é interessante utilizar?

Se o bem a ser importado não pretende se estabelecer definitivamente no território, muito provável que ele se enquadre na Admissão Temporária.

Vimos nos exemplos acima que engloba todo o tipo de evento esportivo, cultural e comercial, contudo, ele é muito utilizado em grandes obras, como novas plantas e maquinários, que necessitam empresas com mão de obra e equipamento especializado em determinados serviços.

Enfim, os exemplos arremetem a pensar em grandes operações, mas tenha em mente que o tamanho ou valor delas não é parâmetro para conseguir o benefício.

O que devo saber antes de utilizar?

Como haverá parametrização em vermelho nos dois sentidos, é importante calcular se a viabilidade de economizar na tributação compensará os custos de armazenagem e as demais operações que custeiam a vistoria física.

Assim como é necessário trabalhar com terminais que tratam sua carga com carinho e segurança.

Exportação Temporária.

Apesar do texto se limitar aos regimes aduaneiros da importação, é raro para quem atua no comércio exterior não ter contato com a exportação temporária.

O que é e qual a base legal?

É o que permite a saída, do País, com suspensão do pagamento do imposto de exportação, de mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado em que foi exportada

Enquanto a Admissão Temporária é uma importação com data para ir embora, a Exportação Temporária funciona no sentido oposto, para que não precisemos recolher tributos sobre algo que já foi nacionalizado e planeja retornar.

O prazo de vigência do regime será de até 1 ano, podendo totalizar 2 anos, a juízo da própria RFB.

A base legal no RA consta a partir do Art. 431, contudo, é preciso mencionar a variante do regime

Exportação Temporária para Aperfeiçoamento Passivo.

Caso o bem exportado temporariamente tenha o objetivo de se submeter a uma:

  • Transformação;
  • Elaboração;
  • Beneficiamento;
  • Montagem; e
  • Conserto, reparo ou restauração.

Isso caracterizará um aperfeiçoamento passivo do bem, pois qualquer um desses processos irá agregar valor ao camarote bem exportado.

Porém, a tributação será aplicado somente ao que foi que agregado no bem.

Como funciona a Exportação Temporária na prática?

Começa solicitando o regime aduaneiro a RFB, após conseguir o deferimento, será necessário exportar para posteriormente importar.

Da mesma forma que o regime anterior, a exportação e importação parametrizarão em canal vermelho (é preciso conferir o que tá saindo e voltando, não tem jeito).

O regime será considerado extinto após a reimportação (dentro do prazo!) ou, caso não retorne, que seja recolhido os tributos suspensos da exportação (caso exista).

Quando é interessante utilizar?

Este regime aduaneiro é conhecidíssimo das empresas que participam de eventos feiras internacionais e, naturalmente que precisam levar seus produtos, material promocional e o próprio Stand.

Assim como os prestadores de serviços que atuam no exterior e precisam levar ferramentas ou um maquinário mais complexo, que não seja possível colocar na bagagem.

Por último, caso tenha um produto que precisa ser enviado ao exterior para diagnóstico e conserto (independente do produto ter sido comprado aqui ou importado), este regime aduaneiro se encaixa na opção Aperfeiçoamento Passivo.

O que devo saber antes de utilizar?

O que os três exemplos acima demandam de cuidado em comum, é a questão do tempo, pois é fundamental realizar com antecedência para não perder prazos de garantia ou a data de um evento.

Em segundo lugar, há os conhecidos custos como de: exportação, importação, mais o frete na ida e na volta, para mensurar se compensa enviar um bem para conserto em Exportação Temporária, ou, por exemplo, negociar um desconto na compra de um novo.

Regimes Aduaneiros concedem muitas economias, contudo, é comum não serem a melhor solução.

DRAWBACK.

Se pretende adquirir insumos para produzir um bem que será exportador, ou até repor o estoque de algo que já foi exportado, você precisa conhecer o Drawback!

O que é e qual a base legal?

O regime de drawback é considerado incentivo à exportação, e pode ser aplicado nas modalidades: suspensão, isenção e restituição.

O Regime Aduaneiro Drawback consiste em suspender/isentar/restituiro os custos tributários dos insumos importados, que foram/serão utilizados em produto destinado à exportação.

Por isso, apesar da economia ser sentida na importação, esse regime aduaneiro tem como objetivo de fomentar a exportação.

O que é necessário atentar, é que os insumos adquiridos precisam se submeter a um processo que agregue valor ao produto que será exportado, seja:

  • Transformação
  • Beneficiamento
  • Montagem
  • Renovação/Recondicionamento
  • Acondicionamento/Reacondicionamento (não é a mesma coisa que o anterior)

O prazo do regime em suma é de 1 ano, com a possibilidade de prorrogar para mais 1, contudo, caso o projeto trate-se de um bem de capital com longo ciclo de fabricação, é possível conseguir um prazo de até 5 anos.

A legislação do Drawback encontra-se no RA a partir do Art. 383, assim como na Portaria Nº 23, 14/07/2011, também já escrevi um artigo mais aprofundado sobre ele.

Como funciona a Drawback na prática?

Começa com a solicitação do Ato Concessório a SUEXT (Subsecretária de Operações de Comércio Exterior (antiga DECEX)), a eles deverá ser apresentada burocracia do projeto que deseja enquadrar no benefício, assim como outros documentos como: Descrição técnica de fabricação, orçamento apresentação da empresa, contrato de compra e venda…

Após analisarem, poderão exigir mais informações (normal na primeira vez), contudo, depois de aprovado, receberá o nº do Ato Concessório, do qual é necessário para suspender/isentar os impostos da importação, assim como posteriormente informar no despacho aduaneiro de exportação.

Caso ocorra um problema no projeto e não seja mais possível exportar para vender, ainda há outras soluções para o que foi importado:

  • Devolver ao exterior;
  • Destruir (sob controle aduaneiro e as custas do interessado);
  • Entregar a Fazenda Nacional (se assim desejarem); ou
  • Recolher os impostos, acrescidos de juros, para readequar a importação em regime comum;

Quando é interessante utilizar?

Se sua empresa costuma importar ou comprar produtos no mercado interno para posteriormente exportar ou até mesmo vende no mercado interno para empresas que utilizam o seu produto para exportar, há uma grande chance que ela se enquadre para usufruir do Drawback.

Que seja uma embalagem, tinta ou até produtos de alta tecnologia, as limitações de produtos nesse regime são quase inexistentes.

O que devo saber antes de utilizar?

Se nunca utilizou esse regime aduaneiro antes, provável que na primeira vez ele dará mais trabalho para conseguir o benefício, pois podem solicitar outros documentos e informações que sequer imaginou ser relevante.

Isso é normal, é só atender os pedidos no prazo e, caso não consiga, basta começar de novo, não vai ter multa nessa etapa, assim como, depois desse primeiro, saberá exatamente o que apresentar para solicitar aos próximos projetos.

No entanto, o que exige cuidado é no acompanhamento do Ato Concessório, pois ele terá um saldo e datas de vencimento que devem ser monitorados constantemente.

Caso tenha um imprevisto e precise solicitar aumento de saldo ou pedir prorrogação do vencimento, será de modo geral, tranquilo fazê-lo, desde que não esteja vencido (sério, não deixe isso acontecer).

Depósito Alfandegado Certificado (DAC)

Caso preciso exportar sua mercadoria de tal forma que ela não saia fisicamente do território nacional, então o Depósito Alfandegado Certificado será o que precisa.

Não entendeu? A primeira vez que li, também não, mas vai ficar claro com os exemplos.

O que é e qual a base legal?

É o que permite considerar exportada, para todos os efeitos fiscais, creditícios e cambiais, a mercadoria nacional depositada em recinto alfandegado, vendida a pessoa sediada no exterior, mediante contrato de entrega no território nacional e à ordem do adquirente

Em outras palavras, trata-se de exportar no papel, mas com a permanência da mercadoria em recinto alfandegado (que tenha autorização para o DAC).

Sem que sequer precise embarcar em qualquer veículo para transporte internacional e a depender da operação e produto, pode ser dispensada a necessidade de entregar fisicamente o bem no recinto alfandegado, depois que o produto está depositado, ele poderá permanecer pelo prazo de 1 ano.

A legislação desse regime especial começa no Art. 493 do RA e a Portaria MF Nº 60, 02/04/1987.

Como funciona o Depósito Alfandegado Certificado na prática?

Antes de mais nada, é necessário encontrar um recinto alfandegado que tenha a bença autorização da RFB para operar nesse regime.

Após a entrega do produto nesse recinto, o depositário emitirá um conhecimento de depósito (como uma presença de carga), para posteriormente ser possível realizar o despacho aduaneiro de exportação (com as singularidades para respeitar a conformidade da operação).

Evidentemente que é preciso o interesse do comprador (importador), que haverá conforme o planejamento da operação.

Quando é interessante utilizar?

É possível apresentar diversos exemplos, mas em síntese, trata-se de um regime especial que será utilizado com um ou até dois outros regimes, melhor exemplificar:

Você aluga por 6 meses um guindaste de uma empresa Argentina e a importa em Admissão temporária. No quinto mês a empresa Argentina aluga o mesmo guindaste para outra empresa no Brasil, para começar assim que acabar o contrato contigo.

Ao invés do guindaste voltar para Argentina e retornar ao Brasil, ele é devolvido para um recinto com DAC, a exportação é realizada para concluir sua Admissão Temporária e o novo locador faz uma Admissão Temporária.

Esse foi só um exemplo, as opções para extinguir o regime são diversas:

  • Efetivar o embarque da mercadoria;
  • Nacionalizar a carga para consumo; e
  • Transferir para outros regimes aduaneiros (Drawback, Entreposto Aduaneiro, REPETRO, RECOF…).

O que devo saber antes de utilizar?

Há situações que é dispensada inclusive a entrega do bem no recinto alfandegado, especialmente se ele não tem capacidade de operar e armazenar o mesmo.

Para que o bem fique armazenado em DAC, não é necessário informar qual será o futuro destino dele, pode-se usar esse 1 ano para buscar outras oportunidades no Brasil e, se mesmo depois desse ano queira manter a mercadoria por aqui, basta transferir para o entreposto aduaneiro (provável que nem precise mudar de armazém).

Ficou algum regime especial de fora?

Sem dúvidas, não abordamos RECOF, REPETRO, Ex-Tarifário, Zona Franca de Manaus e outros tipos depósitos alfandegados.

Porém, quando eles forem abordados, colocaremos um link aqui 🙂

Pois o objetivo foi lhe apresentar os mais importantes e rotineiros de uso, independente do tamanho e segmento de atuação.

E você amiga(o)?

Esse é de longe o maior artigo que já escrevi, então se você chegou até aqui (ou leu apenas a parte que lhe interessou), por favor, curta e comente! especialmente se gostou o bastante para salvá-lo em seus favoritos ou enviar para alguém que precisa.

E como sempre, contribua com suas experiência práticas nos comentários, elas sempre são bem vindas.

Esse artigo foi escrito para minhas amigas e amigos da Inova Despachos.

Exportação em Consignação e Temporária, o que são e suas diferenças.

Se está em seus planos exportar e internacionalizar sua empresa, com toda a certeza que é questão de tempo para precisar saber o que são os regimes de Exportação em Consignação e Exportação Temporária.

Antes de tudo é preciso saber as diferenças entre ambos, suas vantagens, desvantagens e em quais situações cada regime especial terá melhor serventia.

E são essas dúvidas que vamos responder aqui para que conheça essas modalidades e as utilize nos seus planos de Exportação.

O que é Exportação Temporária?

Exportação Temporária é o regime aduaneiro especial que permite a saída de uma mercadoria do País que irá regressar futuramente, em prazo determinado e no mesmo estado em que foi exportada.

Ao respeitar essa condição, tanto o Imposto de Exportação (IE), quanto os Impostos da Importação serão suspensos de pagamento.

Mesmo que sejam raríssimos os produtos que paguem IE, é necessário informar.

A legislação desse regime especial encontra-se nos Art. 431 a 457 do Decreto n. 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro) e a partir do Art. 90 da Instrução Normativa (IN) RFB n. 1.600/2015.

Principais características da Exportação Temporária.

Conceituamos acima o que é a Exportação Temporária, no entanto, é necessário apresentar suas características, com alguns exemplos práticos, a fim de que entenda o potencial deste regime e como ele difere da exportação em consignação.

Importante ressaltar que, naturalmente, caso um produto tenha sua Exportação em regime regular proibida, tampouco conseguirá exportá-lo por meio de regime especial.

Economia financeira na Importação.

Photo by Markus Spiske on Unsplash

Ao falarmos em suspender impostos entendemos que esta será, acima de qualquer outra, a principal característica, pois quem importa sabe como a tributação pesa.

O que faz sentido nesse regime especial: se uma mercadoria nacionalizada vai ser exportada e tem data para retornar, é justo cobrar os impostos na operação?

Há um caso em que sim! Mas, calma, falaremos dele adiante.

São diversas situações de aplicação.

Mas o objetivo de sua Exportação Temporária deve estar previsto na legislação (Art. 91 da IN RFB nº 1600/2015), lá são citados mais de 10 itens, porém, as utilizações mais comuns são:

  • destinados a eventos científicos, técnicos, educacionais, religiosos, artísticos culturais, esportivos, políticos, comerciais ou industriais;
  • promoção comercial (amostras, mostruários…);
  • ensaios, homologação, testes de funcionamento e de qualidade;
  • veículos destinado ao uso da locomoção do proprietário; e
  • bagagem desacompanhada.

Aperfeiçoamento Passivo.

Existe também a opção de Exportação Temporária para Aperfeiçoamento Passivo, a qual é destinada a bens que serão submetidos a um aperfeiçoamento que aumentará o seu valor, como, por exemplo, nos casos de reparo, conserto ou restauração.

Image by rawpixel.com

Como tais ações causam aumento no valor do bem, será necessário recolher os impostos incidentes na Importação, no entanto, somente sobre o valor agregado após o aperfeiçoamento.

Posto que é necessário apresentar o produto e a operação para a Receita Federal, seja para aperfeiçoamento passivo ou não, cada caso demandará diferentes documentos e comprovações, além dos usuais, para solicitar o benefício.

O que é Exportação em Consignação?

A Exportação em Consignação permite que se exporte mercadorias ao exterior para um consignatário, que será seu representante no exterior, para que sejam mantidas em estoque no país estrangeiro.

Dessa forma, o representante no exterior poderá vender os produtos, em nome do Exportador.

Os que forem vendidos serão objeto de Cobertura Cambial, enquanto os não vendidos deverão retornar ao Brasil, porém, não serão tributados na Importação.

A Exportação em Consignação está regulamentada a partir do Art. 203 da Portaria SECEX 23/11.

Principais características da Exportação em Consignação.

Essa modalidade constitui um dos primeiros passos para exportar caso tenha o objetivo de internacionalizar o seu produto, seja através de uma filial ou um parceiro/representante no país em que deseja vende-lo.

Rápida entrega ao cliente final.

Se já desistimos de fazer alguma compra online, mesmo com um bom preço, porque o prazo de entrega era longo, naturalmente que nas vendas internacionais e em escala, este também será um fator decisivo.

Só do produto estar disponível para ser entregue sem que seu cliente precise se preocupar com prazo de despacho aduaneiro, com o embarque ou com o tempo do frete internacional, já irá torná-lo muito mais atraente para conquistar o mercado.

Além disso, ter um representante no país do cliente final para sanar dúvidas, enviar amostras e auxiliar em caso de problemas também contribui na seriedade e segurança de sua marca.

Comprometimento do fluxo de caixa.

Fique atento, exportar em consignação significa adiantar o produto antes do pagamento, o que é certamente um investimento que compromete o fluxo de caixa.

Além disso, caso não venda o produto, o Exportador terá que arcar com todos os custos de retorno desses itens não vendidos ao Brasil, porém, com a vantagem de não precisar pagar os tributos da importação.

As principais diferenças entre Exportação Temporária e Exportação em Consignação.

Antes de mais nada, é importante frisar que existe uma pequena lista de produtos que não podem ser Exportados em Consignação, para consultá-la verifique o Anexo XX da Portaria SECEX23/11, são poucos, mas se tem interesse em utilizar este regime veja se não é o caso do seu produto.

No que diz respeito a prazos, a Exportação Temporária tem o tempo de 12 meses, prorrogável por mais 12, enquanto que a Exportação em Consignação o prazo é superior a 720 dias (Portaria SECEX nº 10).

Mesmo assim, o prazo da Exportação Temporária pode ser superior aos 2 anos caso, por exemplo, o bem venha a ser utilizado na prestação de um serviço cujo contrato estime um tempo superior.

Além da questão de prazo, vimos que a principal diferença de cada regime está no objetivo da operação.

Caso ela tenha o estrito objetivo de venda e de se aproximar do país destino, Exportação em Consignação.

No entanto, se pretende participar de algum evento ou utilizar seu produto para prestar um serviço, então estamos falando de Exportação Temporária.

Ah! E caso participe de uma feira comercial e consiga vender seu mostruário (que estava planejado retornar), sem problemas, isso será possível sem quaisquer multas ou dificuldades.

E você, amiga(o)?

Conhecia os dois regimes especiais? Ficou com alguma dúvida? Já utilizou a Exportação em Consignação? Conte-nos suas experiências e vamos continuar conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Tipos de exportação: Direta, Indireta e Consórcio.

Se deseja ver sua mercadoria adentrar ao comércio internacional, contudo não quer ainda encarar o Comércio Exterior, então você precisa conhecer os tipos de Exportação.

Calma, antes de tudo, entenda que não é necessário chegar com os dois pés no Comércio Internacional.

É possível fazê-lo de forma planejada e no ritmo que lhe permita aprender sobre Exportação, além, claro, de usufruir dos benefícios que a Exportação possui.

Vamos então conversar sobre os tipos de Exportação, como escolher o melhor deles e usar as modalidades para aprender sobre Exportação.

Quais são os tipos de Exportação?

Antes que abordemos cada um, entenda que os diferentes “tipos” não influenciam no conceito de Exportação, que é em suma o envio de mercadorias para fora do território nacional.

A diferença de cada tipo será certamente notada bem antes do Despacho Aduaneiro, possivelmente antes até do produto ficar pronto.

Pois o sucesso de qualquer operação no Comércio Exterior, seja na Exportação ou Importação, está principalmente no planejamento dos trâmites a executar.

E não há como planejar com sucesso sem dominar o assunto.

Photo by Chris Pagan on Unsplash

Exportação Direta: o que é?

Na Exportação Direta o dono da mercadoria realiza a exportação diretamente para o destinatário que está no exterior (o Importador).

Esse Exportador pode ser uma indústria ou um revendedor, e ele realizará a exportação sem intermediários, ou seja, ele quem vai:

  • encontrar compradores;
  • negociar a venda; e
  • realizar a exportação junto de seus prestadores de serviço (intervenientes).

Este é o caso das empresas brasileiras que fabricam/compram no Brasil e faz parte de suas rotinas vender no exterior.

Exportação Indireta: o que é?

O dono da mercadoria remete-a (normalmente na forma de venda) à uma empresa dentro do Brasil que possui o específico objetivo de exportá-la.

Estas empresas que exportam são, normalmente, as Trading Companies ou Comerciais Exportadoras, que são especialistas em atuar no Comércio Exterior.

Trata-se da modalidade “cada um no seu quadrado”, o dono da mercadoria se encarrega de fabricar/comprar/vender no mercado interno, enquanto a Exportadora se preocupa com a parte do comex.

A Exportação Indireta pode começar com uma Trading Company que localizou um Importador interessado e um fabricante no Brasil, bem como pode ser o dono da mercadoria que encontrou um Importador (ou até foi encontrado por ele) e decidiu utilizar uma Comercial Exportadora como intermediária.

Consórcio de Exportação: o que é?

Trata-se da modalidade de Exportação Indireta, com a diferença que diversas empresas se unirão no objetivo de fornecer um ou mais produtos a serem exportados.

A individualidade das empresas se mantém, tampouco é preciso fundar uma nova empresa ou Joint-Venture, a união ocorre por meio de contrato no modelo Arranjos Produtivos Locais:

“são aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.”

MDIC

Esta opção é voltada especialmente para pequenas e médias empresas a fim de conseguir, pelo coletivo, usufruir dos benefícios da escala, tais como:

  • atender demanda de compradores maiores;
  • aumentar poder de barganha para negociar a venda e com os envolvidos na exportação; e
  • diluir os custos da operação.

E, não, não precisa dar um lance maior ou torcer para ter a Exportação contemplada, não é esse tipo de consórcio.

Como escolher entre os tipos de Exportação?

Photo by Macau Photo Agency on Unsplash

As opções indiretas ou consórcio conseguem, de modo geral, usufruir dos incentivos e benefícios fiscais ou dos financiamentos de exportação, logo, não tendem a influenciar na decisão.

Como esperado para Comércio Exterior, e para quase tudo na vida, a resposta é “depende” e, diante disso, é importante levantar algumas vantagens e desvantagens de cada, para aplicar em sua situação:

Exportação Direta: vantagens e desvantagens.

Nada melhor para ter o controle do que realizar toda a operação, desde a fabricação/compra, até a Exportação para o cliente no exterior.

Contudo, essa centralização exige experiência em Exportação, para que a operação não sofra imprevistos que podem causar desde prejuízos até a perda do cliente.

Por isso ela é mais indicada depois de muita prática na modalidade Indireta ou, ao menos, depois de montar um setor de Comércio Exterior com profissionais experientes na sua empresa.

Exportação Indireta: vantagens e desvantagens.

Cada um vai fazer e se preocupar especialmente com o que sabe fazer de melhor: o fabricante produz e entrega para Trading Company, que por sua vez exporta, o Importador recebe, todo mundo feliz!

Desde que todos realizem suas obrigações com qualidade.

Porque se o fabricante ou o Exportador falha, ambos perdem.

É uma delícia quando o trabalho em equipe funciona em sintonia, mas chegar nesse nível exige prática, pois não basta ter qualidade no produto e serviço, cada empresa e pessoa são de um jeito e somente no cotidiano é que aprenderão a trabalhar juntos.

Ao mesmo tempo que será um aprendizado para os dois, o fabricante terá o primeiro contato com Exportação, assim como o Exportador aprenderá sobre o produto e o mercado, que será útil na busca de mais clientes e Importadores.

Consórcio de Exportação: vantagens e desvantagens.

Se já não é fácil trabalhar em equipe na Exportação Indireta, certamente que a presença de mais envolvidos vai dificultar…

Quem depende de consórcio para exportar provavelmente não tem escala ou produtos o suficiente para ser competitivo o bastante, sendo assim, não é a melhor opção para o primeiro contato com Exportação.

Todavia, é a oportunidade de desenvolver mais uma opção que, além de sólida, vai contribuir nas vendas e muito provavelmente na margem de lucro.

E mesmo que seu produto seja exportado somente em consórcio, saiba que ele tem qualidade para o mercado internacional, e isso tem valor, não só comercial 🙂

Utilize os tipos de Exportação para crescimento e aprendizado.

Photo by Cody King from Pexels

Se você possui um produto de qualidade, é possível que algum dia uma empresa lhe procure para começar a exportar indiretamente ou por consórcio.

Será a oportunidade te chamando para usufruir dos benefícios de Exportar e recomendo de coração não deixá-la passar.

Do contrário, use-a para aprender sobre Comércio Exterior.

Hoje você exporta por consórcio, amanhã é só você e a Trading Company, depois, se tiver desenvolvido a mindset mentalidade exportadora, será capaz de realizar diretamente.

E quando menos esperar, estará posteriormente exportando com Drawback.

Não é só lucrativo e “chique” exportar, é principalmente uma questão de segurança, quem, além de vender no mercado interno, também exporta, supera qualquer crise com maior facilidade.

E você, amiga(o)?

Sua empresa exporta? Se sim, em qual dos tipos de Exportação? Fez o caminho para hoje realizar na opção direta? Quer acrescentar mais vantagens e desvantagens? Contribua com o assunto nos comentários!

gett banner

Este artigo foi escrito para a GETT e foi publicado originalmente em seu Blog.

Financiamento para Exportação, quais são eles?

Quem atua no Comércio Exterior sabe que as operações começam muito antes e terminam muito depois do embarque da mercadoria, e isso pesa no bolso. Felizmente, existem diversos tipos de Financiamento para Exportação disponibilizados, tanto por instituições financeiras públicas quanto privadas.

Através deles, problemas como falta de caixa e riscos de variação cambial podem ser evitados.

São várias as opções que podem auxiliar o exportador, antes ou depois do embarque, com o texto vamos apresentar quatro delas para iniciar seu conhecimento no assunto.

‘Bora conferir?

BNDES Exim Pré-embarque

O BNDES Exim Pré-Embarque é a opção indicada para empresas brasileiras de todos os tamanhos, que buscam financiar a produção dos bens e/ou serviços que serão exportados.

Fluxo operacional do BNDES Exim Pré-Embarque.
Fluxo operacional do BNDES Exim Pré-Embarque.

A solicitação por este financiamento ocorre através de uma agência financeira credenciada pelo BNDES, que vai mediar a relação entre o banco e o Exportador.

Além de negociar as garantias, o Exportador deve “possuir” cadastro satisfatório perante a instituição que solicitará o Financiamento: capacidade financeira e regularidade fiscal, social e tributária.

É isso aí, Financiamento para Exportação envolve burocracia (na verdade, qualquer tipo de financiamento), mas não esquenta, falarei mais disso no final.

Além disso, os bens e serviços a serem exportados devem constar na relação de itens financiáveis do BNDES.

Adiantamento sobre Contratos de Câmbio – ACC

O Adiantamento sobre Contratos de Câmbio se trata de antecipação de recursos, realizada antes do embarque, que pode servir como aplicação para os processos necessários a efetivar a operação da exportação, ou ainda para outros antes desse momento.

É indicado para os Exportadores ou produtores rurais que tenham negócios no Exterior e precisam de capital de giro para financiar a fase de produção.

Diversos bancos ou instituições que operam com câmbio oferecem essa modalidade.

Contudo, para o Exportador usufruir desta opção, é preciso que tenha crédito (limite pré-estabelecido para contratações de câmbio) no banco e esse tipo de Financiamento para Exportação só contempla operações com prazo máximo de até 360 dias.

O ACC apresenta uma variável chamada de ACC Indireto, que é, em resumo, um financiamento direcionado aos fabricantes de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagens considerados insumos ao processo de produção dos bens a serem exportados.

A única diferença nesta modalidade é o prazo para liquidação, que é de 180 dias.

Adiantamento sobre Cambiais Entregues – ACE

Enquanto o ACC atua no pré-embarque, o Adiantamento sobre Cambiais Entregues visa cobrir o período de pós-embarque até que o Importador realize o pagamento.

Pode ser contratado até 360 dias depois do embarque (limitado ao último dia útil do 12º mês subsequente ao mês do embarque), submetendo os documentos da respectiva exportação à análise da instituição.

Caso a operação já tenha sido financiada com ACC, a opção também pelo ACE é feita através de uma alteração do tipo de Financiamento para Exportação, com o fim de englobar toda a operação.

Tanto o ACC quanto o ACE definem uma taxa de câmbio fixa, para que o Exportador não tenha prejuízos em razão da variação cambial.

Programa de Financiamento às Exportações – PROEX

O PROEX é um programa disponibilizado pelo Governo Federal e administrado pelo Banco do Brasil, que oferece a cobertura financeira do período de pós-embarque até o momento de o Importador realizar o pagamento ao Exportador.

Tem o intuito de estimular a competitividade, para que os Exportadores consigam ofertar melhores prazos aos Importadores sem comprometer tanto o próprio fluxo de caixa.

Visa atender especialmente o pequeno e médio, pois ele é indicado para empresas com receita operacional menor que 600 milhões de reais.

Os juros equivalem à taxa libor para USD (perto do ZERO) ou EURO (negativo), além de outras vantagens financeiras e comerciais.

O PROEX tem como vantagem e característica principal a não exigência de apresentar garantias reais ao BB para a concessão do crédito, uma vez que a contratação será garantida por uma Carta de Crédito (L/C).

O Financiamento PROEX é realizado através de uma agência do BB e, para aprovação, deve-se apresentar:

  • Carta de Crédito: que será analisada e aprovada para vinculação ao PROEX;
  • Comprovação de regularidade fiscal quanto ao INSS, FGTS, SRF e Dívida Ativa da União;
  • Não constar nos cadastros CEIS, CNEP e do Portal de Transparência da CGU;
  • Documentos da exportação serão apresentados após embarque para concessão do crédito; e
  • Os bens e serviços devem constar na Portaria MDIC 208, e Portaria MDIC 191.

Financiamento, não é empréstimo.

Imagem de Nattanan Kanchanaprat por Pixabay

Mesmo que atualmente nossa taxa Selic esteja bem baixinha, as taxas de juros desses tipos de Financiamento para Exportação conseguem superar facilmente qualquer opção de empréstimo no Brasil.

Isso, em suma, porque financiamento e empréstimo não são a mesma coisa.

Abordar esse tema a fundo é conversa para outro momento, mas, em princípio, um dos motivos das taxas de juros serem tão reduzidas se dá em razão do valor ser captado em instituições financeiras no exterior, o outro, e principal fator, é a burocracia.

Vimos no PROEX que são necessários diversos documentos, que eles estejam em ordem e que o dinheiro deve ser utilizado para o fim específico indicado no financiamento.

Semelhantemente quando se financia uma casa, é burocrático, mas a taxa de juros é muito melhor que qualquer crédito pré-aprovado em conta corrente.

Enfim, é recomendado para qualquer método acima, e todas as suas variáveis, que você seja instruído por quem tenha experiência, com o intuito de que essas soluções não virem um gargalo, bem como utilize o Financiamento para Exportação mais indicado à sua operação.

E, convenhamos, se você já dá conta de exportar e importar no Brasil, sem dúvida que vai tirar de letra essa papelada do banco 🙂

E você, amiga(o)?

Utiliza algum Financiamento para Exportação? Qual a importância deles para a sua competitividade? Algum cuidado que deseja recomendar? Ajude no assunto compartilhando sua experiência nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Certificação GPTW, por que precisamos nos preocupar com o ambiente de trabalho?

Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de trabalhar numa empresa com certificação GPTW.

Por outro lado, fez parte da minha carreira ser demitido de uma empresa que eu amava trabalhar e que estava passando por uma crise, bem como pedi demissão de outra que foi responsável por me fazer chorar ao menos uma vez por semana, por uns bons meses.

E poucos anos no mercado de trabalho são suficientes para sabermos que situações desse tipo são comuns.

Nesse texto, explicaremos o que é o GPTW, mostraremos que um bom ambiente de trabalho não diz respeito apenas a estrutura, que a certificação não é coisa de empresa grande e que, não é frescura se preocupar com os sentimentos de quem passa o dia contigo.

O que é GPTW?

GPTW é a sigla do inglês para Great Place To Work que, numa tradução brasileira bem sulista seria “Um baita lugar para trampar”.

Trata-se de uma empresa espalhada ao redor do globo que tem como propósito melhorar os resultados de seus clientes a partir da melhoria do ambiente de trabalho.

Partindo do pressuposto que, lógico, você já entendeu que não há nada mais importante na sua empresa que as pessoas 🙂

Este trabalho é realizado através de consultoria que, inicialmente avaliará o ambiente de trabalho através de entrevistas e pesquisas com os colaboradores.

Com base nas respostas obtidas (anonimamente!), com base nas dimensões e práticas culturais da GPTW e com o suporte da consultoria, você saberá o que é preciso melhorar e o plano de ação para que, na próxima avaliação, tenha resultados melhores.

Dimensões e práticas Culturais - GPTW

Considerando que realize este plano com sucesso, sua nota subirá nas futuras avaliações até o patamar de receber a certificação GPTW.

O que significa uma empresa ser GPTW?

Da mesma forma que produtos possuem Certificado de Análise, certificações como ISO e OEA, é preciso que um terceiro com credibilidade e isento de interesse faça essa avaliação.

Ou nossos pais nos responderam com sinceridade a primeira vez que perguntamos sobre nossa beleza?

“É sim, Jonas, eles riem de você por inveja”

Dona Idile Vieira, Xanxerê, SC – 1996.

A empresa que possui a certificação GPTW mostra ao mercado que ela tem um ambiente de trabalho aprovado pelos próprios colaboradores.

E não se trata de engessar a cultura, estilo, branding e blablabla num modelo aprovado, tampouco há nota maior para empresas razão de seu porte, faturamento ou que possuam uma sala de lazer com mesa de sinuca, escorregador e um panda para abraçar.

A qualidade da estrutura é importante, porém, o que conta de verdade na avaliação são as ações, as práticas, as experiências, os momentos

Reflita por um instante! Os momentos mais importantes da sua vida são assim considerados por causa do local ou da experiência que você teve neles?

Quais os benefícios da Certificação GPTW?

GPTW

A depender do segmento da empresa e diversos outros fatores, os benefícios alcançados variam e o resultado vai depender de um acompanhamento sério dos números.

Mas não há o que se duvidar: melhorar o ambiente de trabalho tem sim retornos comerciais e financeiros, especialmente por tratar de aspectos que nem todos estão acostumados a se preocupar.

Atração e Retenção de Talentos.

É complicado, na prática, descobrir como é o clima de trabalho ou os benefícios (ainda que indiretos) de uma empresa que tenha interesse em trabalhar, afinal será preciso perguntar para alguém que está lá dentro e, a depender do nível de intimidade, não receberá uma resposta segura, ou resposta alguma.

Enfim, a certificação GPTW não significa que a empresa é perfeita para todos, mas o ajudará para que futuros colaboradores sintam-se mais seguros antes de pedir demissão do trabalho atual.

Consequentemente, irá atrair os melhores profissionais, porque os melhores, podem se dar ao luxo de serem mais exigentes*.

*Não é uma verdade absoluta, ok?

Mas de nada adianta atrair profissionais, se eles não ficarem. Sabe como o turnover é custoso, não só pela admissão e demissão, mas também pelo tempo despendido para que esse novo profissional venha render ao máximo.

Falando nisso…

Aumento do engajamento.

Um estudo da Gallup diz que apenas 27% dos colaboradores da América Latina se sentem engajados em seus trabalhos, ou seja, 73% não está dando seu máximo porque não se sente parte da empresa.

E quando digo “dar seu máximo” é por querer fazê-lo, não por “motivação” na base de metas e pressões que beiram o assédio.

Photo by Clark Tibbs on Unsplash

Quando o ambiente de trabalho favorece o engajamento, nos inspiramos a fazer mais e, naturalmente, essa ação vira exemplo que inspira colegas e até profissionais fora da empresa.

Segurança no serviço.

Como cliente, digo que não é preciso muita sensibilidade para notar a diferença na qualidade de serviço quando a pessoa ama o lugar que trabalha.

É outra a maneira de te ouvir, de conversar, de tentar resolver seu problema e até de admitir que tem algo errado, porque este profissional se sente seguro o bastante para admitir erros.

E, se for preciso eleger um sentimento para predominar nas minhas operações de Comércio Exterior, eu fico com a segurança. Se eu sinto segurança no serviço prestado (que se concretiza na execução), por que eu, cliente, vou pensar em ir atrás de outra empresa?

Economia financeira.

Photo by Michael Longmire on Unsplash

Os benefícios anteriormente mencionados possuem evidentes retornos financeiros, vamos então falar de salário… importantíssimo, não?

Então, não é bem assim… essa pesquisa mostra que os principais fatores de permanência de um colaborador em empresas com a certificação GPTW são “Oportunidade de Crescimento” e “Qualidade de Vida”.

Salário está em penúltimo, ao passo que vemos e passamos por situações como essa:

  • Um colaborador está insatisfeito;
  • Ele é importante para empresa, então recebe um aumento;
  • Ele usa a grana para lidar com seu problema do jeito errado: cerveja, pizza, vídeo game, viagens, baladinha top;
  • Os “remédios” aplicados não resolvem a insatisfação, que evoluindo para stress e/ou ansiedade…
  • O dinheiro do aumento começa ser usado agora para médicos e tratamentos.

Talvez esse aumento sequer fosse necessário, se antes a empresa tivesse realmente atendido algum anseio do seu colaborador, que de fato lhe desse maior qualidade de vida e que provavelmente custaria menos que o aumento.

São “experenciando” situações assim que começamos a entender que dinheiro não é tudo e buscamos outras oportunidades que realmente proporcionem essa qualidade de vida.

Como posso certificar minha empresa como GPTW?

Robert Levering – Fundador da GPTW.

Pode parecer suspeito ver essa frase do próprio fundador da GPTW, mas é real! Essa Certificação não é coisa apenas para Google, Nubank ou Netflix.

Expliquei anteriormente que o que conta mesmo são as ações, mas se preferir ver com seus próprios olhos (depois de ler esse texto até o final, ok?): acesse o site e clique em “Ranking”, ao aplicar os filtros verá que há empresas de todos os portes e setores, e bem provável que alguma se pareça com a sua.

Para conseguir a Certificação GPTW comece entrando em contato com eles na seção “Jornada”, é uma conversa inicial sobre como eles podem te ajudar.

Posteriormente, eles aplicarão uma pesquisa para que consigam identificar o que precisa ser melhorado em seu ambiente de trabalho.

A princípio, se sua nota for alta o bastante, receberá a Certificação, mas, se você julgar necessário, eles oferecem consultoria para lhe ajudar a melhorar sua nota na próxima avaliação.

Qual a diferença entre a Certificação e o Ranking?

Antes de mais nada, entenda que são coisas diferentes, a sua Certificação não depende da pontuação de outras empresas, a análise e evolução levará em conta apenas os seus dados.

O selo entregue não virá com uma nota ou Ranking.

Contudo, o resultado da pesquisa aplicada na sua empresa mostrará também como foi a pontuação comparada às melhores colocadas, que possuam perfil similar ao seu (sem citar nomes), apenas para lhe ajudar com mais conteúdo.

Enfim, o Ranking é uma competição, claro que ganhar o prêmio é satisfatório e vai fazer muito bem à sua imagem, mas o foco é evoluir consigo mesmo.

Cuide das pessoas.

Photo by Ali Yahya on Unsplash

Esse texto não é um “publieditorial” da GPTW, o objetivo aqui foi apresentar uma metodologia porque entendo ser importante tornar melhor o ambiente de trabalho no Comércio Exterior, pois o que acontece fora dele e em razão dele já estressa o bastante!

Ah, mas o Comex é assim mesmo!

Você pode acreditar nisso, ignorar o problema e seguir rindo dos memes, porém, saiba que há empresas atrás dessa mudança, que hoje ainda é um diferencial, mas amanhã será obrigação.

Não à toa que o meu texto A Sociedade do Cansaço está presente no Comércio Exterior foi um dos meus textos mais lidos e comentados no LinkedIn.

Tanto foi que conversei no podcast Radar Comex com os principais responsáveis pela Certificação nas empresas: Inova Despachos, Next Shipping e LogComex (você pode ouvir o episódio via Spotify, Deezer e diversos outros agregadores de podcast).

Radar Comex – GPTW e a criação de um ambiente de trabalho que amamos estar.

E você, amiga(o)?

Como é seu ambiente de trabalho (tendo ou não a certificação GPTW)? O que te faz querer continuar numa empresa ou o que te motivou a sair de algum lugar?

Conte-nos sua história nos comentários, isso é tão (ou até mais) importante quanto conhecer o Regulamento Aduaneiro 🙂

Esse artigo foi escrito para minhas amigas e amigos da Inova Despachos.

Guerra Comercial e Guerra Fria, qual a diferença?

Evidente que guerra comercial e guerra fria não são a mesma coisa, mas se existe algo em comum entre as duas é que ambas influenciaram fortemente o Brasil e, na verdade, o conflito comercial entre China e States continua afetando, porque ele não acabou.

Porém, seria possível este conflito comercial evoluir para uma guerra fria?

Não pretendo com este texto dar uma aula de história, mas apresentar os conceitos e as características mais relevantes de uma guerra comercial e de uma guerra fria para, por fim, tratar das diferenças, semelhanças e iniciar uma discussão sobre até que ponto ela poderia chegar.

O que foi a Guerra Fria?

Foi um conflito geopolítico e ideológico, que durou por volta de 40 anos, polarizado pelas superpotências Estados Unidos (Ocidente, Capitalismo e Tio Sam) e a União Soviética (Oriente, Socialista (Comunista Wannabe) e Vodka), caracterizado, neste ínterim, pela ausência de conflito armado DIRETO.

Tal qual duas crianças que não se bicam no parquinho, se ameaçam alegando quem era o mais rico, mais forte ou porque um de seus pais bateria no do outro, mas nunca indo para as vias de fato realmente.

Em razão das duas superpotências, na época, possuírem poder econômico e militar inalcançáveis por um terceiro, e por seguirem ideologias antagônicas, uma via a outra como o novo mal a se combater, mas essa luta acontecia, em suma, pela capacidade de atrair mais aliados para seu lado, especialmente com incentivos econômicos ou militares.

Tal qual (novamente) uma criança que compra a amizade de outra com chocolate, mas exige que ela não seja mais amiguinha daquela terceira que não a convidou para o seu aniversário. #quemnunca

Credita-se, em princípio, a criação do termo “Guerra Fria”, do inglês Cold War, a George Orwell no seu ensaio You and the Atomic Bomb (Você e a Bomba Atômica), publicado em 19 de outubro de 1945.

Sim, o mesmo George Orwell dos livros 1984 e a Revolução dos Bichos.

Livros George Orwell
Livros: Revolução dos Bichos e 1984

Quando a Guerra Fria começou?

Diferente das grandes guerras mundiais em que se declara um dia exato de início, não é o que acontece numa Guerra Fria.

A situação começou ainda na Segunda Guerra Mundial, quando a Aliança, formada principalmente pelos capitalistas Estados Unidos e Reino Unido, e a Comunista (ou o mais próximo que conseguiram aplicar da doutrina) União Soviética, lutaram contra o Eixo, formado principalmente por Alemanha, Itália e Japão.

Já era visível o antagonismo na doutrina dos Aliados, mas nada como uma ameaça em comum para uni-loso inimigo do meu inimigo é meu amigo, não é mesmo?

A propósito, diversos outros países tomaram parte na Aliança, inclusive o Brasil (e não foi pouco que lutamos).

Com o fim da Segunda Guerra e da ameaça que tinham em comum, começou a ficar evidente a tensão entre os dois países. E o clima piorou a partir de 1945 após ficar decidido como iriam dividir a derrotada Alemanha e, devido a importância da capital Berlim, a divisão também foi aplicada a ela.

Mapa político da Alemanha ocupada pós segunda guerra mundial.

Ou seja, EUA e União Soviética faziam fronteira, sendo separados pela Cortina de Ferro que dividia a Europa em Ocidental e Oriental.

“Em 1949, a Alemanha foi oficialmente retalhada em quatro partes (…), transformando-se no perfeito tubo de ensaiop que colocava lado a lado as doutrinas dos blocos comunista e capitalista. (…) Em setembro do mesmo ano, foi realizada a primeira explosão atômica da União Soviética, sendo que a divulgação oficial ocorreu apenas em 1950. Os holofotes do palco mundial agora voltavam-se para os Estadus Unidos e União Soviética, A Guerra Fria havia começado.”

Os 50 maiores erros da humanidade, pag 608.

Conforme a situação se tornava cada vez mais insustentável por diversas razões, a Alemanha Oriental decide no dia 13/Ago/1961 a construir um muro ao redor de Berlim, tornando-se esse um dos principais símbolos da Guerra Fria.

Quais são as características de uma Guerra Fria?

Como explicado, a Guerra Fria foi uma disputa geopolítica de Poder, tendo como justificativa a desculpa de que a ideologia do inimigo era uma ameaça às suas crenças e valores e, por haver o constante medo que uma delas iniciassem a III Guerra Mundial é que a frase do sociólogo francês ficou famosa ao definir a Guerra Fria:

“Guerra improvável, paz impossível.”

Raymond Aron

Esse conceito ficará claro nas características abaixo;

Polarização política.

Esta é inegavelmente a principal característica do período, você tinha que escolher um lado, nada de ”calma lá, não é bem assim“, se pensasse diferente do que seu país pregava você era um traidor e as consequências, a depender de onde vivesse, não se limitariam a perder amigos ou emprego.

Infelizmente, basta olhar ao nosso redor (ou no grupo do “zap” da família) para constar como esse aspecto ainda é deveras presente.

Corrida Armamentista e militar.

Em 1945, depois que os Estados Unidos lançaram duas bombas nucleares para forçar a rendição do Japão, ficou entendido que possuir esse tipo de arsenal era o novo determinante de “poderio militar”. A União Soviética não perdeu tempo e quatro anos depois já havia testado sua primeira bomba com sucesso (adiante saberemos como conseguiram o feito com tanta velocidade).

Mas não é apenas com bombas nucleares que um país se protege, ambos lados começaram a formar suas alianças militares, por isso surgiu do lado ocidental, em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a turma da Foice e do Martelo iniciaram em 1955 o Pacto de Varsóvia.

O objetivo dessas alianças militares era para simplesmente dizer “se mexer comigo, vai ter que encarar meus amigos também”.

Países membros da OTAN (Azul) e Pacto de Varsóvia (Vermelho)
Países membros da OTAN (Azul) e Pacto de Varsóvia (Vermelho) Wikimedia

Ajuda econômica aos países aliados.

Dizer que um país entrou para OTAN ou para o Pacto de Varsóvia por motivos ideológicos e para combater o inimigo Comunista/Imperialista era apenas papo para as massas.

O que realmente incentivava estes países era o dinheiro e, novamente (veremos bastante ainda), os dois lados abriram seus caixas para financiar os países destruídos pela II Grande Guerra, tanto em infraestrutura quanto economicamente, ou ambos.

O que era o caso de quase todo mundo que participou.

Do lado do Tio Sam havia o Plano Marshal (1948), que não se limitou a ajudar apenas aliados, pois também financiou a Alemanha e o Japão.

Por parte do Bigode Grosso Stalinista, foi fundado, no ano seguinte, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON).

Corrida Espacial

The Skylab 4/Saturn 1B space vehicle is launched from Pad B, Launch Complex 39, Kennedy Space Center, Florida, Nov. 16, 1973. Original from NASA. Digitally enhanced by rawpixel.

Este aspecto costuma ser citado como parte da Corrida Militar, pois dominar a ciência da explosão controlada de um foguete passa uma mensagem bem direta:

Olha aqui, mandei um foguete pro espaço com um satélite, PODERIA SER COM UMA OGIVA NUCLEAR.

Entretanto, acredito que a corrida para conquistar o espaço merece uma menção especial, ainda mais porque muita da tecnologia em comunicação e navegação foi oriunda desse período.

No quesito “primeiro”, ela foi primordialmente vencida pelo Programa Espacial Soviético, que foi o primeiro a:

  • lançar míssil intercontinental;
  • lançar satélite artificial;
  • mandar animal para o espaço;
  • mandar homem e depois mulher para o espaço;
  • caminhar no espaço; e
  • sofrer impacto na Lua.

Estes são só alguns exemplos do que o programa conquistou entre 1957 e 1959, mas nem sempre com muita transparência…

A cachorra Laika, morreu entre 5 e 7 horas depois do lançamento de seu foguete e isso só foi revelado no século XXI. ☹

Os 50 maiores erros da humanidade, pag 611.

Para recuperar o tempo perdido, os Estados Unidos fundaram a NASA em 1958 e, em pouco menos de 11 anos, o voo espacial tripulado Apollo 11 fez os primeiros homens caminharem na Lua.

Módulo Eagle, da Apollo 11, pousando na lua
A coragem para ser o primeiro em qualquer coisa que envolva ir para o espaço – Módulo Eagle, da Apollo 11, pousando na lua, NASA

Agências Secreta/Espionagem/Inteligência.

A espionagem moderna não começou na Guerra Fria, tanto que a espionagem soviética soube do Projeto Manhattan em 1939, antes mesmo do FBI.

As the top-secret plan to build the bomb, called the Manhattan Project, took shape in the United States, the Soviet spy ring got wind of it before the FBI knew of the secret program’s existence.

smithsonianmag.com/

Porém, tendo a Alemanha, especialmente Berlim como parquinho para brincar de gato e rato, as ações de espionagem escalaram sem precedentes – não à toa que CIA (1947), Stasi (1950) e KGB (1954) foram fundadas nesse período.

Reconhece esse agente da KGB?

Pode não ter havido confronto direto em guerras, mas embates, prisões e execuções no mundo da espionagem ocorreram entre os membros dessas agências e outras, como a Guonbu: (China) e MI6 (Reino Unido).

Bem como foram as responsáveis por operacionalizar as:

Guerras indiretas

Em alguns casos bastava enviar dinheiro e/ou armamento para que golpes ou revoluções em países querendo se livrar dos “malditos capitalistas/comunistas” surgissem.

Existiram conflitos armados onde soldados de um dos lados estava no fronte, todavia, não ocorreram em seus territórios, os exemplos mais conhecidos são:

  • Guerra da Coreia (1950), a do Vietnã (1959) e a do Afeganistão (1979);
  • Golpes Militares no Brasil, Argentina e Chile;
  • Revoluções Chinesas e Revolução Cubana

Golpe e Revolução não é a mesma coisa, se quiser saber a diferença, confira depois aqui.

Contudo, mesmo em se tratando de conflitos indiretos, houve momentos bastante preocupantes.

Como durante a crise dos Mísseis em Cuba, a tensão entre os dois países chegou num nível tão alto que, no ano seguinte, foi instalada uma linha direta entre Washington e Moscow, conhecida pelo nome Telefone Vermelho (Moscow – Washington Hotline), para que quaisquer tensões eminentes pudessem ser dissipadas com maior celeridade.

Raio de alcance dos mísseis soviéticos que seriam instalados em Cuba, durante a Guerra Fria.

Raio de alcance dos mísseis soviéticos que seriam instalados em Cuba – Historypros

Em suma, para que nenhum dos lados mandasse uma bomba nuclear na cabeça do outro por mal entendido é que havia essa linha direta de comunicação, pois ambos tinham ciência que, se um dos lados começasse uma guerra nuclear não ia sobrar muito de nenhum dos lados e nem de seus aliados.

E se você imaginou um telefone vermelho igual ao do seriado antigão do Batman, pode esquecer, era apenas figura de linguagem, tratava-se de um Telex.

O que é uma Guerra Comercial?

Conflito entre duas ou mais nações a respeito de barreiras tarifárias e/ou não tarifárias aplicadas entre as envolvidas, esse tipo de conflito normalmente ocorre quando s países em questão tentam melhorar as importações e exportações para si mesmas.

Tradução livre de businessdictionary.com

É uma manobra protecionista agressiva que encarece os produtos de quem exporta, consequentemente força importadores a adquirirem de outros países ou no mercado interno.

Seja manobra populista ou retaliação da outra parte que diz “foi ele que começou”, sabemos, no Comércio Exterior, que quem paga a conta dessa briga é o consumidor

Quando a Guerra Comercial China X Estados Unidos começou?

Sua vinda já era anunciada em 2016 pelo então candidato à presidência Donald Trump.

Em 2017, o presidente chinês Ursinho Pooh Xi Jiping visitou o já eleito presidente americano para dialogar sobre o assunto, mas, a despeito deste esforço, os Estados Unidos aplicaram, à partir de fevereiro de 2018, tarifas sobre produtos como painéis solares, máquinas de lavar roupa, aço e alumínio.

Se um dia eu tiver um visto chinês negado, será por ter usado essa imagem, não duvide.

As tarifas não foram direcionadas diretamente à China, mas foi o país mais afetado e foi assim que as retaliações começaram.

Se deseja acompanhar a linha do tempo dessa Guerra, pode conferir aqui.

Qual a diferença entre Guerra Fria e Guerra Comercial?

A Guerra Fria dividiu o mundo em dois, era preciso escolher um lado e muitos o fizeram especialmente para se reconstruir, se proteger ou se tornar independente.

E cada um destes lados se limitava a relacionar com seus amiguinhos do bloco.

Enquanto a Guerra Comercial são apenas duas grandes potências brigando comercialmente pela hegemonia do Comércio Internacional, contudo, diferente da Guerra Fria, estas duas são interdependentes.

Ou seja, os Estados Unidos financiam a continuidade do Partido Comunista Chinês no poder e a China financia os valores norte americanos, que já conhecemos de tanto assistirmos as produções hollywoodianas.

Tanto China quanto Estados Unidos são o principal destino das exportações de cada, além disso, a China é a principal financiadora da dívida norte americana.

Principais financiadores da dívida pública dos Estados Unidos. – Howmuch.net

Existe uma tensão comercial e diplomática? Sim, contudo, ela é tamanha a ponto de temermos uma III Grande Guerra por medo de um jogar uma bomba nuclear no outro?

Não.

Ou você jogaria uma bomba em quem te deve mais de um trilhão de dólares em dívida pública?

Ademais, outros países não precisam escolher um lado nessa briga, até porque é dela que surgem oportunidades comerciais para serem preenchidas por outras nações.

A Guerra Fria pode voltar?

Dizer nunca é sempre perigoso, a história é cíclica, mas não creio que viverei para testemunhar algo igual.

De fato, todas as características que listei da Guerra Fria continuam presentes até hoje, mas sem a “corrida”a daquela época. Um bom exemplo disso, é o orçamento anual da Nasa.

Porcentagem destinada a NASA do orçamento Federal, por ano – Research Gate

Hoje já é mais de uma dezena de países que possuem armas nucleares, é comum nações financiarem ou enviarem soldados para lutar longe de casa, a pesquisa espacial já é realizada por empresas privadas e difícil um país com estabilidade política não ter um serviço de inteligência.

Há quem chame a situação atual de Guerra Fria 2.0, devido as características citadas e por ela ocorrer muito mais de forma financeira, seja com dívidas públicas ou investimentos internacionais (papo para outro texto).

O que não podemos dizer é, que Guerra Comercial é uma Guerra Fria, isso é vacilo.

E você, amiga(o)?

O texto já está gigante e agradeço você por ter chegado até aqui, então que não seja em vão! Diga-me:

Por que outros motivos guerra fria e guerra comercial são diferentes? Pode essa Guerra Comercial virar Guerra Fria? Quero saber sua opinião nos comentários!

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

Avalie os prestadores de serviço por resultado, não por bajulação.

A relação com prestadores de serviço no comércio exterior é de longa duração e boa parte dela é sustentada pelo relacionamento comercial, mas se não prestar a atenção, vai cair na bajulação e esquecer de avaliar os prestadores de serviço por resultado.

Não é só de lábia que vive o setor comercial, é preciso conhecer o cliente para descobrir dores e oportunidades, coletar feedback, prospectar e mensurar o progresso, apresentar novos serviços…

Note que não estou desmerecendo o trabalho desse setor, mas este texto é para VOCÊ que amolece o coração quando o comercial:

  • Pergunta como está seu filho na escola;
  • Envia calendário início do ano, chocolate na Páscoa e panetone no Natal;
  • Ri das suas piadas mais alto que os demais na reunião; e
  • Curte TUDO o que você posta no Instagram.

Ele não vai parar de fazer essas coisas (mesmo que peça), mas não é com o coração que se avalia a qualidade do serviço entregue.

Avalie seus prestadores de serviço pelo resultado.

Não é fácil fazê-lo, o Comércio Exterior é tão complexo que antecipa o envelhecimento. São diversas as variáveis e muitos envolvidos nas mais simples importações ou exportações.

Mas nosso trabalho faz parte da logística, logo, gera números relevantes para avaliar o resultado dos prestadores de serviços, que vão além de apenas comparar valores financeiros entre concorrentes (presumindo que você não seja um acomodado no comércio exterior que trabalha com apenas um prestador de serviço).

Os números mais interessantes para mensurar o resultado do serviço costumam estar ligados ao tempo, por exemplo:

  • Que o porto levou para emitir a presença de carga depois que o navio atracou;
  • Se o prazo de produção foi cumprido pela fábrica;
  • Que o Despachante Aduaneiro precisou para registrar a D.I/DUIMP, após ter a presença de carga;
  • Que a transportadora precisou para providenciar um caminhão e coletar mercadoria no porto.

Como disse, o Comércio Exterior tem muitas variáveis e é preciso considerá-las, o tempo para registrar uma Declaração de Importação varia conforme a quantidade de adições…

Bem como se o Siscomex não estiver fora do ar.

Mas não adiantar medir resultados sem saber o que quer.

´´Como assim o que eu quero? Eu quero o mais rápido possível!´´

Mas você está disposto a pagar por isso? E mais, digamos que se trate de frete internacional, talvez um agente de carga te oferte a opção mais rápida possível e outro uma opção nem tão rápida, mas bem mais barata, qual a certa?

Não tem certa, só tem você de errado porque não sabe o quer.

“Embarque urgente” no Comércio Exterior é redundância, sua pressa precisa ser definida com números, ou seja, para quando você precisa e quanto seu orçamento permite.

Dessa forma, todos que você consultar, para cotar o serviço que for, trabalharão com as mesmas informações.

Assim como é preciso deixar a bajulação de lado para avaliar seus prestadores de serviços por resultado, você precisa parar com o drama e adjetivos para trabalhar com fatos e números.

Substitua “a fábrica vai parar!” por:

“Preciso dessa carga o mais rápido possível, aéreo não é uma opção pois será caro demais, mas aceito trazer no marítimo num container (FCL) do que embarcar consolidado (LCL)”

Você vai facilitar a vida de todo mundo, reduzir custos e ser um cliente mais querido.

Seus prestadores de serviço não vão gostar que avalie apenas o resultado.

Mas nada mais justo que você escolher trabalhar com aqueles que entregam os resultados prometidos. Você está pagando por esses resultados, se eles não forem entregues, será um desperdício de capital.

Você acha justo comprar um frete com trânsito de 30 dias e ele levar, de fato, 55?

Significa que para você está tudo bem se comprar uma passagem aérea de Guarulhos direto para Orlando, mas a companhia aérea decidir ir antes para o Panamá, sem te avisar?

Se precisar trocar de aeronave então, melhor ainda, mais filas! – Dailymail

Isso não quer dizer que precise ser um cliente idiota ou antipático, lembre-se que é seu trabalho desenvolver seus fornecedores! Mas quando o serviço não for cumprido como contratado, pare de aceitar drama como justificativa, como quando lhe dizem que:

  • Fizeram de tudo;
  • Trabalharam no overnight;
  • O Gerente/Diretor/Diplomata/Governador/Darth Vader está cuidando disso pessoalmente; e
  • Que é prioridade máxima!

Pior ainda se qualquer um desses exemplos for acompanhado do clássico “porque você é o cliente muito/mais importante”, entenda que

Ser bajulado não significa ser bem atendido.

Esse papo faz parte do pacote da bajulação que tem como objetivo massagear seu o ego para que você esqueça que está pagando por algo que não foi cumprido.

Dane-se o esforço e a bajulação, o que importa é o resultado.

Ser bem atendido é ser informado das novidades proativamente e com celeridade e se forem notícias ruins, que já recebamos o plano de ação ou as opções disponíveis para contornar o problema e chegar no resultado prometido, ou o mais próximo dele se não for mais possível.

Do que adianta o comercial puxar o saco, se o operacional só te atualiza das novidades quando você cobra?

Reduza o tempo de reuniões e ligações bajuladoras que não te levam a lugar algum e use esse tempo para mensurar. Compare valores com (o verdadeiro) atendimento e resultados entregues, que assim conseguirá encontrar quem são seus melhores prestadores de serviço.

E você, leitora(o)?

É muito bajulado pelas empresas do comércio exterior? Como faz para avaliar os prestadores de serviço por resultado? Há empresas mais preocupadas em bajular do que entregar o prometido? Vamos continuar a conversa nos comentários.

Este artigo foi escrito para os amigos da cheap2ship

Exportação por Remessa Expressa, o que preciso saber?

Se sua empresa deseja começar a vender no exterior, independente do porte, a Exportação por Remessa Expressa é o melhor caminho para realizar a venda com segurança.

Ela é realizada por empresas chamadas Courier, com o intuito de prestar serviço logístico de porta a porta ou seja:

São responsáveis desde o momento de coletar a carga, bem como transportar, fazer o despacho aduaneiro e entregar ao destinatário.

Mas atenção, este texto trata da Remessa internacional na modalidade Expressa, significa que a mesma empresa cuidará de toda a logística – o que é diferente da Remessa Postal, na qual são as empresas públicas de correios de cada país que se responsabilizam pela logística.

No simples exemplo das bugigangas que compramos em sites Chineses:

  • quando oferece aquele frete grátis que demora mais de uma estação do ano para chegar – Remessa Postal.
  • todas as outras opções de serviço com empresas como Fedex, DHL e UPS, que são muito mais rápidas, mas com preço do frete de importação mais salgado – Remessa Expressa.

Calma! Não quer dizer que exportar por Remessa Expressa seja caríssimo e inviável, mas conheça nesse texto o que é preciso saber para realizar seu planejamento de exportação com cuidado.

Quais as vantagens da Exportação por Remessa Expressa?

Photo by Karl Bewick on Unsplash

Para quem já está acostumado com a exportação formal, certamente notará que a operação na Remessa Expressa é bem mais simples.

Entretanto, se seu comércio exterior já tem a operação assessorada por uma empresa especializada, é importante que ela esteja envolvida. Pois mesmo sendo mais simples, ainda há trâmites e documentos a emitir (falaremos deles) que devem ser executados corretamente, a fim de que sua remessa não fique travada em alguma aduana.

Antes de tudo, não é necessário habilitação no RADAR! Inclusive, se por alguma razão ele estiver impedindo suas operações formais, você pode exportar por Remessa Expressa para contornar o problema.

Em segundo lugar, o trabalho de despacho aduaneiro e agenciamento de carga é realizado pela empresa Courier, que pode ser uma das acimas mencionadas ou o serviço “Exporta Fácil” dos Correios, desde coletar na sua porta, até entregar na porta do destinatário.

Isso é o serviço porta a porta 😉

Como o trabalho é concentrado numa única empresa, que possui Centros de Distribuição, frotas de automóveis e aeronaves próprias, certamente que toda a logística ocorre de forma rápida e segura, a qual se comprova na rastreabilidade, que informa quase em tempo real a localização e status da mercadoria.

Além disso, o transporte internacional é feito por aeronaves (salvo alguns casos de países fronteiriços), portanto, o tempo de viagem não se torna um aspecto tão preocupante na escolha.

E por último, as dimensões e peso aceitas são abrangentes, há opções para envio de até 3.000Kg e com dimensões superiores a 3 metros.

Sim, a empresa de Courier também faz Agenciamento de Carga.

Acredito ser importante mencionar, para quem não é tão familiarizado com o comércio exterior.

Mesmo assim, é seguro tratá-la como empresas diferentes, pois a operação e o atendimento são diferentes, até mesmo o representante comercial não costuma ser o mesmo para os dois serviços.

Portanto, se você não gosta do Agenciamento de Carga de uma, não seja precipitado a presumir que o serviço Courier será igual, e vice-versa!

Wikipedia

Quais restrições existem para exportar por Remessa Expressa?

Como o Comércio Exterior é vasto e cada empresa, mercadoria e operação é um caso, vamos dividir as restrições em três aspectos:

Viabilidade econômica.

Sabemos que nas operações de exportação e importação formal, há custos mínimos que ignoram o tamanho, peso e valor da mercadoria, por exemplo os valores de:

  • desembaraço aduaneiro;
  • taxas de frete internacional; e
  • armazenagem.

Se seu produto fica inviável de exportar por causa dos valores mínimos, bem provável que exportar por Remessa Expressa seja uma solução, porém, se o que pretende enviar é volumoso ou pesado até para duas pessoas levantarem ”no braço”, é prudente calcular os custos antes de agendar a coleta.

Como os aspectos positivos são rapidez e segurança, consequentemente o preço deverá ser analisado com critério.

Logística.

Não há na legislação nenhuma limitação de tamanho e peso, no entanto, as empresas de Courier estabelecem limites em suas operações. Vimos acima que os limites de dimensão e peso são abrangentes, mas devem ser respeitados.

Como o transporte é aéreo, as restrições nos tipos de produtos aceitos são similares (e até mais exigentes) que numa operação formal.

Image by PublicDomainPictures from Pixabay

Portanto, se sua carga é do tipo perigosa, com capacidade para inflamar, corroer, explodir (e outros efeitos que não combinam com uma aeronave voando), ou são produtos líquidos, perecíveis e frágeis, é improvável que seja aceita para Remessa Expressa.

Como todo bom planejamento, pergunte ao seu Courier de preferência antes de (tentar) enviar.

Aduaneira.

Começando pelo óbvio, não é permitido:

  • cigarros, charutos, tabacos;
  • moeda em espécie;
  • produtos falsificados ou contrabandeados;
  • animais;
  • entorpecentes ilegais;
  • armas; e
  • qualquer outro que levará você conhecer o departamento de polícia mais próximo.
A cara de quem sabe que fez um bom trabalho – G1

Em questão de valores, o limite das exportações em Caráter Definitivo, tanto para Pessoa Física quanto Jurídica, é de US$1.000,00 (Um mil Trumps); antes eram US$10 mil dólares contudo, foi reduzido em novembro de 2018.

O valor é maior caso seja uma operação de Exportação Temporária, podendo ser US$3.000,00 ou US$50.000,00, desde que se enquadre nos requisitos de cada opção.

Lembrando que estamos tratando aqui da modalidade Remessa Expressa, já na exportação formal, não há limites de valor, seja Pessoa Jurídica ou Física.

E não adianta tentar fazer múltiplos envios, “parcelando” as remessas, achando que conseguirá ludibriar o limite, os sistemas da Receita Federal são bem avançados para detectar:

Caso seja detectado o fracionamento de remessas com o intuito de iludir o limite que caracteriza a obrigatoriedade de utilização (…), a fiscalização descaracterizará as operações e reterá as remessas até que a declaração exigível seja registrada ou seja apresentado pedido de desistência das exportações.

§ 1º, Art. 67, link abaixo da IN.

Eu disse…

Note que aqui tratamos apenas das disposições aduaneiras no Brasil, podemos exportar bebidas alcoólicas na Remessa Expressa, mas será que o país de destino aceita receber?

Portanto, sempre pergunte ao destinatário, a fim de evitar que o presente vire uma dor de cabeça. Você pode conferir estas informações e pesquisar mais na IN RFB 1737, 15/09/17, a partir do Art. 65.

Quais são as operações mais indicadas para Exportar por Remessa Expressa?

Foto de 周 康 no Pexels

Você não vai exportar na Remessa Expressa o equivalente a um Container 20′ Dry Box, mas vimos acima que os limites de peso e dimensões são maiores que muitos imaginam.

Para uma empresa que deseja começar a vender, sem escala, seu produto no exterior, com certeza essa opção é a mais indicada.

E mesmo que não tenha em mente ou planejado, é importante estar preparado para sua primeira operação… considerando como usamos as redes sociais para vender, não estranhe quando um Uruguaio ou Colombiano lhe contatar querendo comprar seu produto.

É um pequeno passo para internacionalizar sua empresa, mas já estará na frente de muitos.

É um pequeno passo para internacionalizar sua empresa, mas já estará na frente de muitos.

E vai dizer que não é legal imaginar seu produto em outro país? 🙂

A Remessa Expressa também é indicada para envio de amostras ou peças em garantia, a rapidez dessa operação é importante para manter um cliente interessado, ou que precise de uma manutenção urgente.

Quais documentos preciso emitir?

Os 3 documentos primordiais são a Fatura Comercial (Commercial Invoice), Nota Fiscal e Conhecimento de Embarque (chamado aqui de Air Way Bill – AWB), e todos eles são necessários para que a empresa Courier realize o despacho aduaneiro de remessas internacionais.

Foto de Cytonn Photography no Pexels

A Fatura Comercial, em síntese, explica a negociação comercial: empresas envolvidas, dados logísticos, forma de pagamento, descrição do produto… você consegue um modelo desse documento com a empresa Courier ou com quem cuida de suas operações de Comércio Exterior.

A Nota Fiscal dispensa longas explicações, o produto vai sair do seu estabelecimento, então é preciso que um documento fiscal o acompanhe.

Por último, no AWB constam os dados da carga e de transporte, cada empresa Courier tem um modelo próprio a ser emitido no próprio site, e é durante essa emissão que você conseguirá agendar o horário de coleta.

Talvez algum outro documento possa ser necessário a depender do tipo do produto e/ou para onde ele vai, portanto, confira com o destinatário antes do envio.

E você, amiga(o)?

Costuma exportar na Remessa Expressa? Quais diferenças você nota em comparação à uma Exportação Formal? Conhece outros detalhes interessantes para compartilhar? Conte para todos nos comentários.dos nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Por que ser bom pagador ajuda no fluxo de caixa da importação?

Realizar uma importação que não respeite seu fluxo de caixa, eventualmente fará com que ela emperre em algum trâmite que, além de causar prejuízos, vai lhe distanciar de ser considerado um bom pagador no mercado de Comércio Exterior.

Aliás, se você não tiver caixa, será complicado até para conseguir o Radar acima do Expresso.

Para ser reconhecido como bom pagador é preciso, além de fluxo de caixa, a virtude de honrar seus compromissos em dia.

Sabemos que o momento não é financeiramente favorável para muitos segmentos que importam, mas aqueles que construíram sua reputação de bom pagador antes da pandemia, estão passando por essa situação com mais facilidade.

Os benefícios são intangíveis, mas valiosos para o sucesso tanto das importações, quanto de sua empresa.

O que é ser um bom pagador, afinal?

Assim como soft skills, quem vai dizer se você é ou não um bom pagador são as pessoas, porque ser um bom pagador é sinônimo de ser confiável.

Pois a confiabilidade faz fluxos de caixa premeditarem corretamente suas entradas, acontecer como planejado, saca? Igual sempre almejamos no comércio exterior, não é satisfatório quando a importação ou exportação flui sem entraves?

Isso vale tanto no Brasil que não teria coragem de carregar no bolso – Pixabay

Então, o recebedor do dindin se sente igual quando recebe em dia e isso reflete positivamente ao bom pagador em benefícios como:

Você alivia o fluxo de caixa dos próximos processos.

Da mesma forma que avaliamos um prestador de serviço na prática, a boa fama de bom pagador será desenvolvido com o passar dos processos.

E sem gerar dificuldades.

Sempre tem aqueles clientes com exigências novas só para ganhar tempo..

Agindo dessa forma, eles poderão reduzir a margem de segurança média deles contigo, cotando um preço melhor para o próximo embarque ou contrato.

Mas você não vai conseguir isso se trabalhar com qualquer um por causa de preço, é preciso desenvolver um pequeno grupo prestadores de serviço, para que tenha maior recorrência e colha esse benefício antes.

Os processos do bom pagador são tratados com maior prioridade.

Essa te respondo num exemplo bem prático:

Digamos que seu Despachante Aduaneiro tem duas D.I para registrar (de perfil, tamanho e valor similar) de diferentes clientes.

Porém, só há tempo para registrar uma para parametrizar no mesmo dia.

O cliente de uma das D.I, pagou o adiantamento do numerário hoje, ainda não caiu na conta mas ele jura que pagou, seguidamente ele tenta esse dibre.

O outro cliente, pagou o adiantamento ontem, como sempre faz, um dia antes da atracação do navio.

Sim, dá para pensar em muitas variáveis nesse simples exemplo, mas com toda certeza que esse despachante está inclinado a registrar a D.I de quem não o faz de bobo.

Maior poder de barganha.

Caso você, humilde importador, quer se destacar em algo que as grandes empresas do Comércio Exterior não fazem bem, basta pagar em dia.

Além de pedirem prazos longos, como Transit Time marítimo de armador pinga-pinga, ainda são capazes de atrasar.

Por mais que seu prestador de serviço tenha grandes empresas na carteira, ele precisa dos pequenos bom pagadores para evitar utilizar o próprio crédito. Pagar em dia é moralmente uma obrigação, contudo ainda é visto como um diferencial entre tantos maus pagadores, e isso tem poder de barganha para quando for cobrar ou renegociar valores.

Quando o fluxo de caixa do bom pagador apertar, confiarão nele.

Foto de Lukas no Pexels

Ninguém está livre de passar apertos financeiros, de fato que estranhamos quem diz não ter passado por dificuldade alguma atualmente.

Às vezes o problema financeiro nem é dinheiro, pode ser um sistema que falhou justamente no dia do pagamento do frete para o agente de carga ou do numerário ao despachante aduaneiro. 

Sendo um bom pagador, certamente que quando isso ocorrer, seus prestadores de serviço aceitarão lhe dar um prazo afim de que sua importação não absorva prejuízos.

Apesar de parecer um poder de barganha, na prática ocorre de forma inconsciente, por haver confiança.

Se não confiarem, estará se sujo na praça do comércio exterior.

É um assunto delicado, mas alguém precisa lhe dizer isso:

Não são apenas bancos que trocam informações sobre inadimplentes.

Duvida? Teste com um prestador de serviço que nunca trabalhou antes, de perfil similar aos que normalmente trabalha, e solicite-o seu prazo de sempre:

  • Se for rapidamente aprovado, sua fama de bom pagador está intacta.
  • Se for negado ou recebeu muito abaixo do pedido, ele sabe como você tratou os outros antes dele.

Talvez consiga ficar na tênue linha entre bom e mau pagador e tenha apenas uma fama de ”enrolão”, Desorganizado ou Perdido, que seja, entenda que, se ficar tratando seus prestadores de serviço como bancos, você está pagando por esse crédito.

A confiança é uma das moedas mais valiosas.

Ser reconhecido como bom pagador leva tempo, um setor de Marketing não vai ter tornar relevante em um mês ou esperar que um departamento de Importação resolva todos os entraves e prejuízos em uma semana.

Tampouco consigo provar com números, mas lhe digo por experiência própria, tanto como prestador de serviço quanto cliente que, ser bom pagador reduz custos, conflitos e as cargas chegam mais cedo até você.

E você, leitora(o)?

Como seus clientes têm lhe tratado nesse assunto? Eles são bons pagadores? Algum segmento tem sofrido mais pela pandemia? Vamos continuar conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com