Alguns tipinhos do comércio exterior que precisamos saber lidar.

O comércio exterior ainda depende de muitos envolvidos para as operações serem executadas, são pessoas que estão nas mais diferentes cidades, países, com as mais variadas culturas e educação.

Por consequência, temos um trabalho que raramente cai na rotina e sempre gostei disso, mas admito que existem dias que eu daria tudo por uma monotonia, do que ter que lidar com alguns tipinhos que existem em nosso ramo.

A verdade é que o comércio exterior da sala de aula não nos prepara para lidar com estes indivíduos exóticos que listei abaixo e muito menos para não nos tornarmos um deles, por isso lhe questiono: Será que você já trabalhou com todos eles ou, pior:

Seria você um destes?

Zé urgência

Esse processo é urgente, aquele de ontem também é urgente, o de segunda feira não embarcou ainda?! Ele não é urgente, mas tem que vir logo…

Encontrado em 9 de cada 10 clientes, possui a capacidade para estressar cerca de 12 a cada 10 profissionais de comércio exterior em um dia, o Zé Urgência vive para ter sua carga entregue no destino final a qualquer custo.

Sintomas

Acredita que para um processo embarcar, desembaraçar ou ter a licença deferida, basta cobrar constantemente todos os envolvidos na operação, se não funcionar, liga para seu gerente e grita com os envolvidos.

Em caso de greves, Blank Sailing ou canais vermelhos, nós temos a obrigação de encontrar um ‘’jeitinho’’ de resolver.

Ele desconhece competências como: gestão de armazenagem, de cadeia de suprimentos, por que o Zé Urgência saberia tudo isso? Tiraria a grande importância do seu trabalho de ficar exigindo milagre dos outros A carga ficou pronta hoje, quinta-feira as 18:00 no Azerbaijão e você está me dizendo que é impossível dela chegar aqui em Rio Branco (AC) depois de amanhã, no embarque aéreo? Estou decepcionado contigo.

E caso ocorra greves, Blank Sailing, ou canais vermelhos, nós temos a obrigação de encontrar um ‘’jeitinho’’ de resolver.

Ele desconhece competências como: gestão de armazenagem, de cadeia de suprimentos, por que o Zé urgência iria querer? Isso tiraria a grande importância do seu trabalho de ficar exigindo milagre dos outros

A carga ficou pronta hoje, quinta-feira as 18:00 no Azerbaijão e você está me dizendo que é impossível dela chegar aqui em Rio Branco (AC) depois de amanhã, no embarque aéreo? Estou decepcionado contigo.

Como lidar?

Você vai precisar importar mais paciência que um Berge Stahl é capaz de transportar, isso se ele estiver disposto a aprender contigo e mudar essa mentalidade arcaica de conseguir o que deseja berrando.

Se não for possível, veja a possibilidade de revezar os clientes entre colegas.

E se isso também não for possível, considere mudar de setor ou emprego, sua saúde deve estar em primeiro lugar.

Como não se tornar um?

Natural que às vezes iremos insistir mais do que deveríamos, mas nosso trabalho é logístico, se algo se tornou urgente foi porque alguém falhou em algum momento, desde uma manutenção preventiva ou na gestão de armazenagem.

O Do Textão

A quem interessar possa, informamos que vossa mercadoria descarregou no porto de Itajaí, Santa Catarina, Brasil, América do Sul, planeta Terra, no 26º dia de Julho do ano de 2019 conforme calendário gregoriano, em área alfandegada com base na Alínea A, Inciso I, Artigo 3º do Decreto 6.759 de 5 de fevereiro de 2009, também conforme calendário gregoriano.

O Do Textão tem a capacidade de desacelerar o dia de qualquer pessoa, o que pode até ser positivo pois, quando chega um e-mail dele sentimos a urgente necessidade de procrastinar no cafezinho ou bater um papo na mesa ao lado – é um convite para espairecer num dia corrido.

Muito similar ao sentimento gerado quando recebemos um áudio de 5 minutos.

Sintomas

O e-mail para ele é um palco, para mostrar o f0dão profissional de Comércio Exterior que ele (acha que) é, através de dissertações e teses cheias de palavras pomposas e citações de leis e precedentes.

Despende tempo demais elaborando seus textões e devido a pressão de todos os afazeres, falha em revisar e, por consequência, nem ele próprio consegue entender o que disse depois de enviá-lo.

Quando conseguimos finalmente responder um textão usando apenas 3 ou 4 linhas, ele responde com mais 20 e o processo não anda…

Típico Do Textão preparando e-mail para informar o embarque da mercadoria.

Como lidar

Curiosamente, os textões são, pessoalmente ou por telefone, pessoas bem mais sucintas, portanto, sugiro admitir insanidade e ligar para o autor da obra solicitando uma explicação.

Além é claro de deixar subentendido, gentilmente, quão mais eficiente seria se ele pudesse ser mais sucinto e menos prolixo por e-mail também 🙂

Como não se tornar um

Se você demora demais para receber respostas, talvez seja prudente pedir feedback a clientes e colegas, se expressar com poucas palavras é uma arte que não precisa de palavras difíceis para ser executada.

Pessimista

Se tudo der certo, o que eu duvido, devemos conseguir embarcar amanhã, para chegar no armazém dia 17, isso com base nos processos anteriores, nesse meio tempo pode acontecer uma tempestade, greve da Receita Federal, ou da Anvisa, ou dos Caminhoneiros, ou dar canal amarelo, ou vermelho, também não podemos descartar o risco da mercadoria ser roubada no transporte rodoviário.

Com certeza este individuo já foi otimista, do tipo que batia palma pro nascer do Sol, que acreditou que Ned Stark iria vencer os Lannisters, que o dólar jamais chegaria novamente a 4 reais, que os desembaraços seriam rápidos e as datas de embarques cumpridas.

Mas o comércio exterior não atende pedidos da torcida, pior, ele ri sadicamente de suas expectativas transformadas em ansiedade e lágrimas, e muitos não conseguem mais crer que no final tudo acabará bem.

Sintomas

Eles trabalham com números e histórico, determinar que um processo terá sucesso em tempo hábil com base em ‘’achismo’’ os deixa perturbados.

Suas previsões logísticas sempre consideram os piores cenários, então é provável que a operação será realizada em menor tempo.

Apesar do pessimismo, ele realizará sua parte da forma mais eficiente possível, sua negatividade está naquilo que não pode controlar.

Como lidar

Foque nos números do pessimista e ignore seu pior cenário, se julgar necessário, realize orações, rituais e simpatias para dissipar a negatividade.

Como não se tornar um

Diga-me você, pois você está lendo o texto de um pessimista hahahaha.

O vendedor de milagres

Somos especialista na importação de madeira, mas damos conta de importar brinquedos sim. // Bagagem desacompanhada não é difícil // A Anvisa está em greve e não deferiu sua L.I? Vou cobrar nosso operacional.

Devo ter sido bem claro nos exemplos que já passei, não sei se tenho maturidade para falar com respeito sobre esta turma, mas vamos tentar.

Sintomas

Eles vão dizer o que o cliente quer ouvir e, para isso, prometerão QUALQUER MALUQUICE, seja em prol de garantir a comissão final do mês ou porque nunca trabalharam no operacional, ou fizeram questão de entender, ou as duas coisas.

São incapazes de admitir que prometeram algo impossível e não aprendem com os erros, pois para eles, o erro foi do operacional.

Acreditam, endossando a opinião dos Zé Urgentes, que se um processo não está avançando é simplesmente porque o operacional está de corpo mole e basta dar uma ‘’prensada’’ neles.

Como lidar

Não vejo como resolver isso sem conflito, é preciso envolver superiores e o cliente o mais rápido possível para explicar a realidade dos procedimentos e prazos.

Por sorte, ao menos com base em minha experiência, são raros no comércio exterior, mas capazes de grandes estragos.

Como não se tornar um

Seja amigo do operacional, pergunte e aprenda com esse setor, eles estão junto contigo para ter sucesso nas operações. Lucros no curto prazo oriundos de promessas mirabolantes não lhe favorecerão por muito tempo, raramente o caminho mais curto e malandro é o melhor.

***

A ideia do texto foi apresentar para os novos profissionais do comércio exterior com quem eles precisam estar preparados para lidar, nem todos são exatamente como descrevi (exceto os Zé Urgência, baita turma chata), mas existem sim e temos que nos policiar para não nos tornarmos desagradáveis com colegas, clientes e fornecedores.

E você, leitora (o)?

Se identificou com algum (nem que seja um pouco)? Já trabalhou ou trabalha com algum assim? Como faz para lidar? Lembrou de outros que merecem menção? Vamos conversar nos comentários.


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Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Allog, Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?

Barreiras Não Tarifárias são TAMBÉM Barreiras Tarifárias… E do pior tipo.

Em meu último texto expliquei por que o acordo entre Mercosul e União Europeia é importante para o comércio exterior brasileiro, claro que um acordo desse tamanho não será 100% favorável ao Brasil, pois ele acarretará mudanças, reduções ou até a extinção de diversas barreiras tarifárias e não tarifárias.

Concordo que há segmentos que precisam de proteção, mas há diversos deles protegidos unicamente por lobby. Se isso não fosse verdade, não estaríamos na 80ª posição (de 137) de Competitividade Global, no relatório da World Economic Forum, sendo “impostos” o principal culpado.

Pagar impostos é uma obrigação que nunca realizamos com prazer, mas ao enfrentar a burocracia de diversos órgãos anuentes que participam das importações e exportações cheguei à conclusão esquisita de que barreiras não tarifárias, são também tarifárias.

E do pior tipo.

Mas antes, o que são barreiras tarifárias e não tarifárias?

É quase autoexplicativo, mas vamos lá:

Tarifária

É a barreira que desestimula pelo aumento de custo causados pelos impostos e taxas. Se não conhece os benditos encarecedores, leia depois Conhecendo e calculando os impostos da importação.

Não Tarifária

O desestímulo ocorre através da restrição, ou seja, é preciso que o produto atenda requisitos para que seja aceito, alguns exemplos:

  • Limitação de Quantidade a importar ou exportar
  • Medidas Antidumping, compensatórias, Salvaguarda…
  • Medidas técnicas de segurança, qualidade, sanitário, ambiental…

Para exemplos práticos, temos o IBAMA que garante a procedência de produtos de madeira, a ANVISA que trata do controle sanitário de medicamentos e cosméticos, o INMETRO que impede que bonecos do Fofão com punhal entrem no Brasil e o MAPA que atua na parte da agricultura e controle de pragas.

Relaxa gente, lenda urbana!

Por que dizer que as Não Tarifárias são também tarifárias?

Com a rápida explicação acima, podemos resumir que superamos a barreira Tarifária com dinheiro e a Não Tarifária com burocracia, que demanda tempo, o que muitas vezes na importação e exportação significa mercadoria parada.

Mercadoria parada consome tempo, que sabemos na logística que custa dinheiro

Dependendo do produto, é preciso que ele fique parado aguardando autorização de embarque ou deferimento para iniciar o despacho aduaneiro, ou até mesmo ambos!

Se for pré-embarque, teremos custos de armazenagem e o produto pode vir a encarecer caso trate-se de uma commodity a pagar a prazo. Caso o chá de espera seja para iniciar o despacho aduaneiro, há os caríssimos custos de armazenagem em área alfandegada, além de movimentação, separação e etiquetagem que o produto possa exigir.

Além de riscos na variação do câmbio ou do valor do frete.

Os custos que as barreiras não tarifárias geram não são pagos ao Estado, mas são capazes de representar um custo maior que das próprias barreiras tarifárias.

E por que são do pior tipo?

Se sua mercadoria está com a NCM correta e os custos devidamente calculados, dificilmente haverá surpresa no valor dos impostos a pagar, é um percentual sobre valores, não há muito espaço para discussão.

Mas ao tratar de burocracia técnica, é preciso que o solicitante se expresse com clareza e apresente as informações necessárias para que quem analise e bata o martelo, seja capaz de interpretar de acordo e exija apenas as informações pertinentes à legislação em questão.

Mesmo com auxílio tecnológico, barreiras não tarifárias são superadas por pessoas, que eventualmente erram, são dotados de vaidades e capacidades de interpretação distintas.

É possível ter segurança se, digamos, quem analisa:

  • Pode falhar na conferência e colocar uma Licença de Importação em exigência por algo que já consta nela?
  • Demora propositalmente no processo do importador chato que liga o tempo todo pedindo novidades?
  • Decidiu não analisar nenhum processo hoje, porque seu Vascão amado caiu para a segunda divisão?
  • Que diversas análises atrasaram porque o responsável saiu de férias e quem assumiu não tem experiência prática?
  • Que não me atendeu às nove da manhã para sanar dúvidas sobre a exigência, porque ainda estava pegando onda?

O primeiro e o último já aconteceram comigo.

Essa falta de segurança e aumento de custos causados pelo tempo necessário para vencer a burocracia que me fazem crer ser do pior tipo, pois não dependem apenas do trabalho do importador ou exportador para ser executado, consequentemente, temos que antecipar o máximo nossa parte para tentar nos proteger de dificuldades como estas acima, e, mesmo realizando esse gerenciamento de risco (que é custoso), sempre haverá a chance de sofrer dificuldades capazes de inviabilizar um processo que já iniciou.

Inviabilizou porque eram medicamentos que venceram, frutas que estragaram, roupas que deveriam chegar no outono mas chegaram na primavera…

***

Esclareço que há sim muitos profissionais em órgãos anuentes que realizam suas funções com competência e seriedade, infelizmente, basta um não realizar o seu trabalho com mesma qualidade para comprometer a cadeia de suprimentos de diversos importadores e exportadores.

Tampouco sou a favor do fim leviano de todas as barreiras não tarifárias, precisamos de regras para definir o que é ético, saudável, seguro ou sustentável… Isso é necessário para proteção econômica e social brasileira, pois estes aspectos variam entre os países conforme suas culturas e atributos socioeconômicos.

O que acredito que devemos condenar são as medidas protecionistas movidas unicamente por lobby, que restringem nossa liberdade de escolha com o fim de favorecer indústrias e comércios que apenas não desejam competição.

E você leitora(o)?

O que acha de minha opinião? Seu trabalho costuma depender de órgãos anuentes? Tem visto melhoras na burocracia para redução de tempo e eventuais atrasos? Há muitos trabalhos que dependem destes órgãos, inclusive fora do comércio exterior, vamos continuar a conversa nos comentários.


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Quem é o Jonas?

É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

E o que começou como hobby, rendeu a oportunidade de escrever e palestrar para empresas do ramo como Allog, Cheap2ship, Cronos, DC Logistics, Amtrans, Fazcomex, Logcomex, entre outras.

Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?

Por que o Acordo entre Mercosul e União Europeia é importante para o comércio exterior brasileiro?

Os blocos econômicos Mercosul e a União Europeia (UE) concluíram dia 28 de junho a negociação do Acordo de Associação entre os 2 blocos, o PIB somado de ambos está por volta de US$20 trilhões, além representar um mercado de 780 milhões de pessoas.

Só estes dois números nos convencem que, qualquer acordo com a UE é importante para o Brasil e este abrange diversos assuntos que afetam nosso comércio exterior, tais como:

  • temas tarifários;
  • natureza regulatória;
  • serviços;
  • facilitação de comércio;
  • barreiras técnicas; e
  • medidas sanitárias e fitossanitárias.

Cada um desses temas rende muita discussão, por isso, vou tratar de forma mais abrangente e baseada em dados de como poderá ser positivo ao comércio exterior brasileiro.

1 – Reduzir a dependência brasileira com China e Estados Unidos.

Considerando até maio deste ano, Estados Unidos e China representaram 40,6% do destino de nossas exportações, é natural que as duas maiores economias do mundo estejam em 1º e 2º lugar, o problema é:

Quanto mais concentramos nosso comércio nestes dois países, mais sensíveis nos tornamos a qualquer efeito econômico e geopolítico que eles sofram.

Comexvis

Dos 10 principais destinos de exportação, temos apenas Países Baixos, Alemanha, Espanha e Itália que pertencem a UE e estes 4 juntos representam apenas 9,9%.

Se contarmos todos os países do bloco, não alcança 20%.

A preocupação é válida pois, são diversas razões (por vezes, levianas) para um país reduzir ou deixar de comprar de outro, por exemplo:

  • Guerra comercial que estamos presenciando (e sofrendo)
  • Viés político
  • Lobby de outros países
  • Crise econômica (como a desvalorização da moeda chinesa)
  • Trump dormir de calça de jeans
  • Disputas na OMC (Organização Mundial de Comércio)
Comexvis

Com o novo acordo, teremos a oportunidade de desenvolver o mercado da UE com mais celeridade, por consequência, reduziremos a longo prazo a concentração China e EUA de nossas exportações.

2 – Nossos produtos serão mais competitivos.

De acordo com a íntegra do acordo, apenas 24% das exportações brasileiras entravam livres de tributos na UE, com o acordo, serão praticamente 100% das exportações do Mercosul que contarão com preferências para melhor acesso ao mercado europeu, além de 90% das exportações do MERCOSUL, que terão tarifa zero de importação na UE no prazo máximo de dez anos.

Menos impostos e burocracia, tornarão nossos produtos mais competitivos, mas por que isso é importante?

Primeiro, porque quase metade de nossas exportações para a EU, trata-se de produtos básicos, logo, preço pesa muito na decisão, assim como perder menos tempo com burocracia, não se recupera o tempo perdido e para commodities é ainda mais sensível.

Adivinha? Comexvis

E segundo, porque precisamos do preço para compensar nossa infraestrutura medíocre. Sim, estamos fazendo incríveis progressos na parte de tecnológica com o Portal Único a Declaração Única de Importação (DUIMP) o programa Operador Econômico Autorizado

Mas nos falta estrutura logística para honrarmos nossas exportações como acordado, é comum na vida da exportação casos como: perder o embarque porque não há navio disponível ou por poucas opções de portos, também de entregar menos mercadoria porque o caminhão quebrou devido as precárias estradas ou porque a carga foi roubada.

Se for para ter um fornecedor que trabalha aos ”trancos e barrancos”, que ele ao menos tenha preço e não seja burocrático, para compensar as demais dificuldades.

Estamos acostumados a trabalhar com a China desse jeito (claro que não é o único), sabemos como é.

3 – Maior estímulo e oportunidade para melhorarmos nosso comércio exterior.


Este acordo de livre comércio nos estimulará a vender e competir com outros 28 países organizados num bloco econômico que, mesmo sofrendo no momento com o assunto ‘’Brexit’’, estão deveras a frente de nosso Mercosul.

O comércio estreita relações e poderemos aprender com quem negociamos, sobre seus produtos/serviços, logística, planejamento a longo prazo acima de interesses político… A competitividade quando ocorre sem excessivas barreiras, sejam tarifárias ou não, estimula o desenvolvimento de ambos os lados.

E não é difícil provar que o comércio exterior brasileiro precisa melhorar, de acordo com dados do banco mundial, o Brasil é o 2º país mais fechado do mundo para o comércio exterior e de acordo com o Trademap.org (abaixo), representamos em 2018 apenas 1,2% das exportações mundiais.

Desanimante ler isso, será que vamos melhorar?

***

O acordo levou 20 anos para ser assinado, claro que devemos ficar felizes, mas basta lê-lo na íntegra para concluir que ele está numa etapa que enfatiza objetivos e intenções em comum dos dois blocos, não há neste momento nada técnico e jurídico definido para brilhar os olhos dos exportadores e importadores brasileiros, portanto, precisaremos esperar os próximos capítulos desta negociação para conhecermos os resultados em forma de números e legislação.

Deixo abaixo alguns textos para complementar o conteúdo.

Top 5 acontecimentos do G20 – Kauana B. Pacheco

Primeiras impressões sobre o tratado de livre comércio UE x Mercosul – Claudia Simas

Mercosul e UE fecham acordo de livre comércio – Poder 360

E você, leitora (o)?

Lembrou de outro motivo para ser importante? Tem esperança nesse acordo para o comércio exterior brasileiro? Vamos viver para fazer uso dos benefícios? Já viu algum outro texto com imagem de capa mais sem vergonha que essa? Vamos continuar a conversa nos comentários.


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É um cara que trabalha há mais de onze anos com comércio exterior, importação e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Aliando seu amor pela escrita, desenvolve de forma simples e bem-humorada, pois a leitura não precisa ser um fardo para ensinar.

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Quando não escreve, pratica artes marciais, enfrenta sua eterna sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente, seja trocando uma ideia ou com soluções para quem está em apuros.

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