importação remessa expressa

O que é Importação por Remessa Expressa?

Para quem está iniciando no mundo do Comércio Exterior, é preciso saber que na Importação existem basicamente duas modalidades: a Importação Formal e a Importação por Remessa Expressa.

Utilizamos a Importação Formal quando já conhecemos o fornecedor e seu produto, quando este mesmo produto já foi aceito no mercado interno e já se tem um volume considerável de mercadoria a ser importada.

Já a Importação por Remessa Expressa é ideal para produtos pequenos, tanto no valor, quanto em dimensões e peso (especialmente se comparado ao que importamos em contêiner), seja para receber amostras de produto, para atender uma urgência ou até para atender uma garantia.

Nessa opção, o Importador recebe a mercadoria no seu estabelecimento, de forma rápida, provavelmente mais econômica do que através da Importação Formal e com pouca burocracia.

Legal, ? Então vamos entender o que é a Importação por Remessa Expressa e o que é preciso saber antes de começar utilizar este tipo de modalidade.

O que é Importação por Remessa Expressa?

Photo by 🇨🇭 Claudio Schwarz | @purzlbaum on Unsplash

A Importação por Remessa Expressa é realizada por empresas de transporte expresso internacional, comumente chamadas de empresas de courier.

Elas possuem uma habilitação própria na Receita Federal do Brasil (RFB) para realizar toda a logística internacional de porta a porta.

O que preciso saber antes de importar por Remessa Expressa?

A IN RFB nº 1737/2017 é que regulamenta a possibilidade da Pessoa Jurídica (PJ) importar bens com finalidade comercial para revenda, bem como para utilização nos processos de industrialização.

Menciono isso pois antes de setembro de 2017 não era permitido para PJ.

É necessário cuidado com os valores, cada Importação por Remessa Expressa não pode exceder o valor de 3 mil dólares dos Estados Unidos, e o total, no ano calendário, não pode ultrapassar 100 mil dólares americanos.

Por último, não é permitida a importação de produtos que precisem de Licença de Importação (LI), aqueles do qual a NCM possui tratamento administrativo com necessidade de anuência, por exemplo, do MAPA, da ANVISA, INMETRO, etc.

Lembrando que Pessoa Física sempre foi e continua impedido de importar na modalidade Remessa Expressa para revender ou submeter à industrialização.

O que posso trazer?

Vimos acima, de forma resumida, que, se respeitar o limite de valor, tamanho, peso e não precisar de LI, provavelmente qualquer mercadoria estará autorizada para Importação por Remessa Expressa.

No Art. 39 da IN mencionada acima, há uma lista de produtos vedados nessa operação, tais como animais, vegetais e moeda corrente.

Mesmo assim, aconselho fortemente consultar a empresa courier para confirmar antecipadamente se o tipo de produto que você quer importar é aceito, bem como suas dimensões e peso.

Preciso de RADAR?

Nesta modalidade o Importador não precisa estar habilitado no RADAR SISCOMEX, uma vez que a empresa de courier é a responsável pelo processo aduaneiro de sua importação.

E para as importadoras que possuem RADAR, a Importação por Remessa Expressa não utilizará seu saldo, caso esteja nas modalidades Expressa ou Limitada.

Partindo da premissa que a operação respeita os critérios para se enquadrar, pois, do contrário, há o grande risco da RFB descaracterizar sua importação de remessa expressa para formal.

Se isso ocorrer, o importador precisará estar com o RADAR em dia para conseguir iniciar o despacho aduaneiro de importação formal.

Quais documentos são necessários?

Os documentos que acompanham uma Importação por Remessa Expressa são:

  • Conhecimento de Embarque, emitido pela empresa courier; e
  • Fatura Comercial (Commercial Invoice) emitida pelo Exportador.

Mesmo que a fatura seja emitida pelo Exportador, cabe ao Importador conferi-la e solicitar eventuais alterações e adições, para que conste informações como:

  • nome e endereço do remetente (vendedor/exportador), pessoa para contato e número de telefone;
  • nome e endereço do consignatário (destinatário/importador), incluindo CNPJ, pessoa para contato e um número de telefone;
  • ordem de compra ou número da fatura, se aplicável;
  • descrição completa de cada item que está sendo enviado, junto da classificação fiscal;
  • país de origem;
  • número de unidades, valor unitário e total de cada item (mesmo que não tenha valor comercial, é necessário informar para fins alfandegários);
  • valor total da remessa (produto, frete e seguro), mesmo que o frete seja pago pelo remetente.
  • os Termos da Venda (INCOTERMS);
  • número de volumes e peso total dos pacotes;
  • assinatura do remetente, data e carimbo.

Na prática do Comércio Exterior é bem comum testemunharmos Faturas Comerciais com menos da metade dessas informações e, ainda assim, passarem na Importação por Remessa Expressa e, às vezes, até na Formal.

Verdade! Mas é importante que esteja o mais completo possível, para evitar se expor a riscos desnecessários.

Além disso, caso trate-se de amostras ou peças em garantia, bens sem valor comercial nesta modalidade, isso deverá ser indicado claramente na Fatura Comercial, normalmente com a frase:

  • Samples, no comercial value.
  • Goods without commercial purpose.
  • Envio em garantia, sem fins comerciais (sim, você pode dizer em português)

Quem realiza a operação?

Toda a operação é realizada pela empresa de courier. Ela será a responsável por coletar a carga na origem, transportar, realizar o Despacho Aduaneiro e entregar ao destinatário.

Como pago pela mercadoria?

A mercadoria poderá ser paga, de modo geral, através de:

Cartão de Crédito:

É o mais prático, porém essa pode ser uma alternativa cara em razão do IOF e a taxa de câmbio, que são bem superiores a outros meios de pagamento. No entanto, para pequenos valores, compensa a comodidade.

Vale Postal Internacional:

É o serviço oferecido pelos Correios, que tem acordo com mais de 20 países para a realização de transações financeiras internacionais. Também indicado para pagamentos de baixos valores e deve ser observada a regulamentação dos Correios.

Contrato de Câmbio: 

Trata-se da compra de moeda através de bancos ou corretoras, autorizadas pelo Banco Central do Brasil a emitir contrato de câmbio.

Se você já realiza Importação Formal, conhece bem essa opção.

Como funciona a tributação na Importação por Remessa Expressa?

rawpixel

A Importação por Remessa Expressa é submetida ao Regime de Tributação Simplificada (RTS) para o cálculo dos impostos devidos na Importação, ou seja, os impostos são pré-fixados, independentemente da classificação da mercadoria (NCM).

O Importador pagará uma alíquota fixa do Imposto de Importação (II) de 60% sobre o valor CIF (valor da mercadoria + frete + seguro), e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), conforme legislação de cada Estado.

Exemplo prático de cálculo.

Imagine que você irá importar uma mercadoria de US$ 80,00, e seu frete e seguro custe US$20,00, teremos assim o valor CIF de US$100,00 – um valor redondo para facilitar 😉

  • Valor CIF = US$ 100.00
  • Taxa de câmbio do dia do registro da DIR (Declaração de Importação de Remessa) = R$ 5,50
  • Valor CIF em Reais = R$550,00
  • II = 60%
  • ICMS = 18% (ICMS de São Paulo)

Com base nessa situação, começamos pelo Imposto de Importação (II):

  • II = 60% de R$ 550,00 = R$330,00

Agora, ao calcular o ICMS deve-se atentar para a sua base de cálculo, que será o valor total CIF da mercadoria (custo + frete + seguro) somado ao valor do II e do próprio ICMS – o que é conhecido como cálculo por dentro, para os itens destinados à São Paulo, neste exemplo.

A base do ICMS deve ser calculada somando-se o valor CIF + II. O resultado deverá ser dividido por 0,82 (1 menos a alíquota de ICMS) e o resultado multiplicado pela alíquota do ICMS.

Nesse caso, com ICMS de 18% você deverá dividir por 0.82… Chega de complicar e vamos ao cálculo:

  • Valor CIF + II = R$550,00 + R$330,00= R$880,00
  • Base de cálculo do ICMS = R$880,00 / 0.82 = R$1.073,17
  • ICMS = 1.073,17 * 18% = R$193,17

Logo, é necessário pagar R$550,00 de mercadoria, frete e seguro, R$330,00 de II e mais R$193,17 de ICMS.

Além disso, as empresas de courier também costumam cobrar outras tarifas, como despesas aduaneiras; estes valores são específicos e variam de cada empresa, e devem ser previamente acordados entre o cliente (Importador) e o prestador de serviço (empresa de courier), bem como a forma de pagamento.

E você, amiga(o)?

Já realizou alguma Importação por Remessa Expressa? Qual foi a sua experiência? Comente, divide a sua experiência com os outros leitores.

Cronos

Esse artigo foi escrito com a turma da Cronos Logistics e foi publicado originalmente em seu blog

Grupo C dos INCOTERMS, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

E chegou, finalmente, a hora de abordar o Grupo C dos INCOTERMS…

Sim, o tom da frase acima é negativo mesmo pois é difícil na Importação, não se incomodar com qualquer das siglas desse grupo.

E essa já é uma importante evidência do quão necessário é conhecê-lo.

Vamos então conhecer o Grupo e suas siglas para posteriormente destacar o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

O que é o Grupo C dos INCOTERMS e quais são as siglas?

Tabela do grupo C dos INCOTERMS 2020, CPT, CIP, CFR e CIF
Tabela do grupo C dos INCOTERMS 2020, CPT, CIP, CFR e CIF – internationalcommercialterms.guru

Similarmente ao Grupo F, a transferência do risco do Vendedor ao Comprador (simbolizada pelo ponto de exclamação na imagem) ocorrerá na entrega da carga para transporte, seja à bordo ou num terminal.

Contudo, no Grupo C é responsabilidade também do Vendedor contratar e pagar pelo frete principal, até a chegada no ponto ou porto de destino.

O perigo do Grupo C está nos diferentes pontos de Custo e Risco, os quais tratarei adiante.

As siglas CFR e CIF só podem ser utilizadas no embarque aquaviário e, ademais, caso utilize as siglas CIP e CIF, o Vendedor deve contratar e pagar pelo seguro.

Veremos abaixo que a diferença entre as quatro siglas é mínima, razão pela qual evitarei ser redundante no texto.

Porém, é importantíssimo conhecer o que as diferem!

CPT – Carriage Paid To (Transporte Pago Até).

Neste INCOTERM o Vendedor entrega a mercadoria desembaraçada para Exportação ao transportador principal (escolhido e pago por ele mesmo), em local acordado para embarque, para transportar até o destino nomeado pelo Comprador.

Ou seja, os custos logísticos e aduaneiros são do Vendedor até a chegada no local de destino, os custos de descarregar e taxas de destino do transportador pertencem ao Comprador…

Contudo, o risco é transferido do Vendedor para o Comprador ao entregar a carga para o transportador, porém é possível negociar a transferência dos riscos para antes ou depois.

Photo by Nigel Tadyanehondo on Unsplash

Se o transporte envolver mais de um veículo (por exemplo: embarcou em Santos, desceu em Londres e foi de caminhão para Escócia), o risco será transferido na entrega ao primeiro transportador, salvo se for determinado de maneira diferente.

Se não especificado, cabe ao Vendedor determinar o local de embarque, quem vai transportar e a rota, desde que seja uma costumeira e não exponha a carga à riscos evitáveis.

Lembrando que qualquer flexibilização permitida pelas siglas precisa ser informada no contrato (ou Purchase Order, Invoice…).

Logo, para que registre de maneira precisa na documentação, é importante usar a sigla como no exemplo abaixo, de preferência informando o período da entrega:

INCOTERMS 2020: CPT, delivery last week of October 2020 or earlier at Houston Port.

CIP – Carriage and Insurance Paid To (Transporte e Seguro Pagos até).

A principal diferença entre CIP e CPT no Grupo C dos INCOTERMS está na obrigatoriedade do Vendedor de assegurar a carga, portanto, para não ser repetitivo, trataremos aqui apenas do seguro.

Cabe ao Vendedor contratar seguro de cobertura máxima (Cláusula A do Institute of Cargo Clauses ou similar), para indenizar o Comprador em 110% do valor e moeda do contrato na hipótese de ocorrência de sinistro entre o local de entrega (transferência do risco) até (pelo menos) o destino.

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Se o Comprador desejar uma cobertura menor ou acrescentar adicionais como proteção em caso de guerra ou greve, basta negociar com o Vendedor e formalizar no contrato.

Assim como é permitido ao Comprador adquirir cobertura adicional por conta própria.

CFR – Cost and Freight (Custo e Frete).

A diferença do CPT com o CFR está no momento da transferência do risco, que acontece um pouco mais à frente, apenas quando a carga for entregue à bordo da embarcação.

No CPT e CIP o risco é transferido no terminal que vai embarcar ou seja, antes de adentrar no veículo transportador.

E, como vimos nas siglas FCA e FOB do Grupo F, muita desgraça coisa pode acontecer no trajeto do terminal de embarque até a efetiva embarcação.

Em virtude de a transferência de risco acontecer à bordo é que essa sigla e a CIF só podem ser usadas no transporte aquaviário… ou até inventarem barcos voadores…

CIF – Cost, Insurance and Freight (Custo, Seguro e Frete).

A principal diferença entre CIF e CFR também está na obrigatoriedade do Vendedor de assegurar a carga, semelhantemente ao caso do CPT e CIP.

Entretanto, há diferença entre o seguro no CIF e no CIP!

O valor indenizatório de 110% na moeda do contrato mantém-se, contudo, a cobertura exigida no CIF é mínima, que atenda à Cláusula C do Institute of Cargo Clauses ou similar.

Da mesma forma, existe a liberdade para negociar uma cobertura superior ou adicionais, e/ou do Comprador adquirir estes por conta.

O que preciso saber antes de usar uma das siglas do Grupo C dos INCOTERMS?

Todas essas siglas são vantajosas para o Vendedor (exportador), é por isso que os cuidados com o Grupo C dos INCOTERMS estão, em suma, relacionados aos problemas vividos por quem importa com frete incluso (Prepaid).

E para quem é da área, ou me acompanha há um bom tempo, sabe que existe muito a tomar cuidado.

Todos os alertas abaixo podem ser evitados, ou ao menos reduzidos, se conseguir prevê-los em seu contrato de compra, contudo, isso vai tornar tanto a negociação quanto a operação morosa.

Logo, será preciso mensurar se o trabalho e os custos do Grupo C valem à pena, ou se é melhor utilizar o grupo F ou E.

Utilizar um seguro contratado por outro é trabalhoso.

Convenhamos que analisar cláusulas e apólices de seguro já não é um dos trabalhos mais divertidos, pior ainda se estiverem em inglês.

Pois não é porque a responsabilidade de contratar seguro no CIF e no CIP seja do Vendedor, que o Comprador não vai conferir e correr o risco de não estar coberto ou estar redundantemente protegido.

Photo by Oladimeji Ajegbile from Pexels

Ainda mais que carga assegurada precisa ter apólice ou certificação da seguradora comprovando, informar apenas na PO ou Invoice não vai bastar.

Em segundo lugar, caso precise acionar o seguro, provavelmente precisará conversar com um desconhecido que não está muito inclinado a te atender com celeridade.

Similarmente (guardadas as proporções) a roleta-russa com 5 balas que é trabalhar com Agentes de Carga em Importação prepaid.

Falaremos disso agora…

Limitado controle da operação e custos da logística internacional.

Imagem de Mammiya por Pixabay

Não importa se quem vai transportar é um Agente de Carga, Armador, Noé ou NVOCC, esse indivíduo vai:

  • seguir as ordens do Exportador.
  • Tomar decisões que favoreçam o Exportador; e
  • Se preocupar com a alegria do Exportador.

Sabe por quê?

Porque quem contratou ele foi o Exportador.

Mesmo que o Importador dê sorte e a ponta no Brasil tente atender da melhor maneira possível, com o intuito de desenvolver um novo cliente, é no Grupo C dos INCOTERMS que Importadores são surpreendidos com:

  • embarques parciais;
  • embarques sem autorização;
  • custos de destino e condições abusivas;
  • conhecimento de embarque emitido incorretamente; e
  • a soma de todos os anteriores.

Isso mesmo, a soma de todos, dá vontade de desistir do Comércio Exterior quando acontece… enfim, aqui tem 5 razões para não importar com frete incluso (que é o caso aqui), fica de leitura complementar.

Se ocorrer um sinistro no transporte principal, problema do comprador.

Algo que as quatro siglas do Grupo C dos INCOTERMS têm em comum é que a transferência de risco ocorre antes do transporte principal, esse que foi contratado pelo Vendedor.

Ou seja, sua carga vai viajar num transporte contratado por alguém que não sofrerá consequências se algum sinistro ocorrer durante ele.

“Ah, mas para isso que tem seguro!”

Sim, para cobrir seus prejuízos de perder a carga, porém, e quanto à sua fábrica parada ou o Comprador no Brasil que vai comprar de outra pessoa?

Além disso, contratualmente falando, o Vendedor não tem obrigação de lhe fornecer à toque de caixa, imediatamente, o que foi perdido na viagem, pois ele cumpriu com suas responsabilidades antes do transporte principal.

Logo, se você não for um cliente mega importante, vai ter que esperar.

Entender INCOTERMS exige aprofundamento.

O texto tem como objetivo apresentar a base de cada sigla e alguns exemplos práticos de onde é preciso cuidado, pois este é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior para entender, aplicar ou explicar.

Todas as explicações e exemplos práticos deste e dos demais textos são o começo do aprendizado e, por este motivo, alerto para a necessidade de estar sempre se aprofundando e aprendendo, seja com mais leitura, mais cursos ou sendo assessorado por quem tem experiência.

E você, amiga(o)

Utiliza os INCOTERMS do Grupo C nas suas operações? Quais opiniões e cuidados recomenda na Importação ou Exportação? Conte-nos suas histórias nos comentários para aprendermos com a prática.

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Carga projeto, o que é e quais são os principais cuidados?

A Carga Projeto é o que separa os adultos das crianças na logística internacional.

Não que embarques de mercadorias que caibam em pallets e contêineres Dry Box não sejam complexos, porém, logisticamente falando, estas tem um padrão físico para atender a maioria dos produtos e, desta forma, ter escala e celeridade.

Toda Importação e Exportação teoricamente precisa de um “projeto”, mas aqui o planejamento e acompanhamento são muito mais necessários, pois trata-se de uma operação muito mais sensível a contratempos, custos não previstos ou até sinistros.

O que é considerado carga projeto?

Image by wasi1370 from Pixabay

Carga Projeto é a denominação utilizada para mercadorias do tipo carga geral, que possuam peso e dimensões não compatíveis para serem transportadas em contêineres convencionais.

São as operações que normalmente necessitam de carreta rebaixada, container Flat Rack, um ou mais guindastes, não podem transitar por qualquer rua e muito menos serem transportadas por qualquer navio ou avião.

É comumente chamada, em inglês, de Project Cargo ou Break Bulk, mas o conceito de cada nome pode variar a depender do país e o tipo de mercadoria.

Quais os principais cuidados na operação de carga projeto?

A quantidade de cuidados necessários varia a depender das particularidades da operação.

Em virtude disso, vamos apresentar os cuidados mais abrangentes, para ter ciência do que esperar e ser possível alinhar as expectativas de forma condizente com a complexidade logística.

Seu planejamento e execução serão mais demorados que o normal.

Operações logísticas de Carga Projeto não são do tipo que você cota o frete internacional na segunda, escolhe o Agente de Carga na quarta e envia a instrução de embarque para embarcar na semana seguinte.

Tampouco bastará o Packing List para cotar a operação, é necessário saber também informações como:

  • Endereço completo e Estrutura do local de coleta e de destino final;
  • Fotos e desenho técnico;
  • Material de construção, pontos frágeis; e
  • Pontos de içamento e centro de gravidade.

Cabe ao Exportador entregar a mercadoria com embalagem segura o suficiente para se submeter à viagem internacional, mas será que ela é à prova dos buracos e roubos de carga para transitar em rodovias brasileiras?

Pois é, toda essa aventura de transporte, manuseios e movimentações precisam ser analisadas e planejadas.

As opções são limitadas.

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Não é toda a transportadora que possui carreta rebaixada, todo porto que consegue (ou deseja) atracar navio break bulk, tampouco pode-se transitar com carga volumosa em qualquer horário e, como se não bastasse, não é qualquer navio ou aeronave capaz de te atender a tal necessidade.

Inegavelmente, a redução de opções vai fazer com que a logística não flua com qualidade. Seguindo os exemplos acima, sua carga projeto pode ter dificuldades como:

  • Ter que optar por trabalhar com um porto mais distante de sua fábrica.
  • A carga estar pronta para carregar ou descarregar de manhã, mas a autorização de trânsito vigorar apenas para depois das 21:00.
  • O navio Break Bulk ter que esperar bastante para atracar, pois somente um píer do porto consegue recebê-lo.

Quanto maior a complexidade da operação, mais limitadas serão as opções de execução.

Logo, a operação se torna mais demorada e sua execução pode ocorrer de forma não tão eficiente como esperado, não apenas por falta de opção, mas também a fim de manter o custo dentro do orçamento e sem comprometer a segurança.

É preciso acompanhamento e registro.

Photo by form PxHere

Quem trabalha com Comércio Exterior já está acostumado a registrar tudo por e-mail ou via sistema, da mesma forma é preciso agir com Carga Projeto.

A empresa responsável pela execução da logística internacional deverá acompanhar pessoalmente o trabalho de seu pessoal e subcontratados, principalmente nas operações de carregamento e descarregamento.

O registro deve conter fotos e vídeos, assim como um diário relatando as operações: onde ocorreram, horário, equipamentos utilizados, pessoas e empresas envolvidas.

Registrar a operação é mais que uma prova de que foi executado conforme contratado, é também uma segurança para que, caso aconteça algum sinistro, seja possível detectar os responsáveis e acima de tudo, para que não ocorra novamente.

Atenção ao container utilizado.

Photo by elias on Unsplash

Caso esteja acostumado a embarcar com contêiner Dry Box e High Cube, por exemplo, e a sua operação de Carga Projeto necessite equipamentos como Flat Rack ou Plataforma, tome cuidado com os custos.

Naturalmente que equipamentos volumosos e pesados vão encarecer o frete doméstico e o internacional e, quanto a isso, é preciso analisar cuidadosamente os prestadores de serviço e suas propostas.

Mais especificamente, dentro desta análise é preciso atenção com o tempo do free time e valores de demurrage.

Portanto, é preciso estimar com precisão o tempo necessário para conseguir devolver as unidades vazias dentro do free time, não apenas mensurando a logística, mas também, o tempo que o despacho aduaneiro tomará.

E você amiga(o)?

Já realizou Importações ou Exportações de Carga Projeto? Pretende em breve fazer uma? Quais outros cuidados ou experiências teve nas suas operações? Vamos continuar a conversa nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

Grupo F dos INCOTERMS, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

A série continua e vamos aqui abordar o Grupo F dos INCOTERMS.

Já alertei dos problemas que desconhecer o assunto podem causar e apresentamos o Grupo E, portanto, chegou o momento de abordar as siglas mais complexas.

Assim as considero pois é neste e no Grupo C que vemos as maiores discrepâncias entre o que rege a ICC e o que é realizado na prática.

Diante disso, vamos conhecer o Grupo e suas siglas para posteriormente destacar o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

O que é o Grupo F dos INCOTERMS e quais são as siglas?

Tabela do grupo F dos INCOTERMS 2020, FCA, FAS e FOB – internationalcommercialterms.guru

Cabe ao exportador, no grupo F, entregar a mercadoria em um local determinado: porto, aeroporto ou ponto de fronteira em seu país de origem ou seja, o frete internacional é responsabilidade do comprador.

Importante! Nenhuma das siglas obriga o vendedor de contratar seguro.

O tamanho dessa responsabilidade varia bastante, é possível o Vendedor ter que entregar a mercadoria a bordo do navio ou realizar tão pouco que chegará a parecer um EXW.

Apenas o FCA pode ser utilizado por todos os modais; FAS e FOB apenas no marítimo… contudo, na prática isso não é lá muito seguido e respeitado.

Pois é, complicando, vamos logo às siglas para facilitar o entendimento.

FAS – Free Alongside Ship (livre ao lado do navio)

Photo by Justus Menke on Unsplash

No INCOTERM FAS, o Vendedor deve entregar a mercadoria no porto de embarque, com o despacho aduaneiro de exportação finalizado, ao lado do navio indicado pelo Comprador, de modo que o custo de carregar no navio pertence a ele.

Num simplório exemplo com a foto acima (ainda mais que contêiner não é o forte desse INCOTERM), a entrega do FAS ocorreu onde estes contêineres estão, no cais e abaixo do Portainer, apenas esperando o navio chegar para ser carregado.

Mas o FAS não se limita ao porto, a entrega pode ser feita por uma barcaça que está no mar, “alongside” do navio a carregar.

Todos os custos e riscos até o ponto de entrega pertencem ao Vendedor, porém pode ser especificada uma data de entrega.

E é prudente fazê-lo, pois ao definir a data minimiza o risco do Comprador ter que pagar armazenagem extra no porto de origem caso o Vendedor, por exemplo, entregue a carga cedo demais.

Também é recomendado informar a localização precisa de entrega, especialmente para portos HUB, como Santos, Rotterdam ou Shanghai, do contrário, o Vendedor pode entregar a mercadoria a quilômetros de distância do cais que irá embarcar, e caberá ao Comprador pagar por este deslocamento.

Portanto, para ser preciso na localização e data, sua informação nos documentos deverão constar como no exemplo abaixo:

INCOTERMS 2020: FAS, Berth 2 of Itajai Port, delivery between 1st and 3rd of August.

O nome do navio pode também ser indicado, mas informar o local exato e período tende a bastar; a depender da complexidade da logística portuária, é possível determinar também o horário da entrega.

FOB – Free on Board (“livre a bordo”)

Photo by sergio souza on Unsplash

No INCOTERM FOB o Vendedor deve entregar a mercadoria no navio, seja num slot (container) ou num porão (granel), com o despacho aduaneiro de exportação finalizado, mas não comemore a chegada da mercadoria no porto (veremos adiante o porquê).

Como todos os custos e riscos da operação portuária pertencem ao Vendedor, é natural que este deseje trabalhar com os terminais que tenha mais afinidade e melhor relação comercial.

O FOB é também uma das melhores opções para levantar rapidamente custos de importação, tanto para o Exportador quanto para o Agente de Carga, pois as responsabilidades de custos estão claramente determinadas aos envolvidos.

Usualmente na documentação informamos o país e porto de embarque, contudo é possível também informar data:

INCOTERMS 2020: FOB, Shanghai Port, China.

FCA – Free Carrier (”livre no Transportador/Local”)

Agora que abordamos os dois simples do Grupo F dos INCOTERMS, vamos entender o “complicadinho” da turma.

A parte simples é que você pode utilizá-lo em qualquer modal e a responsabilidade pelo despacho aduaneiro da Exportação é do Vendedor.

O que complica um pouco é a entrega, pois a transferência de custos e risco pode ocorrer de uma dessas formas:

1 – Na fábrica/armazém do vendedor, carregado.

Lembra que no texto do EXW foi explicado que o Vendedor não é responsável por carregar a mercadoria no veículo contratado pelo Comprador? Então, no FCA o Vendedor realiza esse carregamento.

2 – Entrega em local nomeado (sem descarregar).

Photo by Luca Herrmann on Unsplash

Nessa hipótese, o Vendedor se responsabiliza por entregar a mercadoria no local acordado, pode ser um centro de distribuição, porto, aeroporto… não há impedimentos nesta sigla para embarcar FCL.

Contudo, descarregar a mercadoria do veículo é custo e risco do Comprador, por isso cuidado!

O local que receber a carga precisa ter estrutura para conseguir descarregar, do contrário, poderá ter problemas similares ao apresentado no EXW.

Photo by Alessandro Stigliani on Unsplash

Esta é uma das melhores opções para embarque aéreo ou carga consolidada no marítimo, pois a entrega é realizada num armazém do Agente de Carga no país de embarque, que irá prepará-la e/ou unitizá-la para o transporte internacional.

Como o risco e custo pode ser transferido antes mesmo de entrar numa zona primária, o Comprador terá uma série de custos logísticos para assumir no país de embarque.

No caso de entrega em local nomeado, é importante formalizar o endereço completo; grandes cidades podem ter mais de um Centro de Distribuição com o mesmo nome e, como já alertado, é possível também determinar a data de entrega.

INCOTERMS 2020: Bahias House Distribution Center, South Jackie Chan Road, No. 7, gate 5, Qingdao, China

O que preciso saber antes de usar uma das siglas do Grupo F dos INCOTERMS?

Photo by Zetong Li on Unsplash

Como já entendemos em suma cada uma das siglas, estamos prontos para conhecer alguns cuidados necessários a se ter com elas.

Use a versatilidade do FCA para reduzir custos.

Independentemente de como for a entrega, a responsabilidade do despacho de Exportação é do Vendedor, por isso vale estudar os valores da logística no país de origem.

Se seu Agente de Carga possuir uma grande estrutura para atender outros clientes e possua frota própria de caminhão, talvez o transporte rodoviário interno dele seja mais barato que do Vendedor e vice-versa.

Em resumo, veja entre os dois quem oferece os melhores valores de origem, custos não desaparecem, mas podem reduzir.

FAS não combina com container.

O FAS é utilizado principalmente no embarque de granel e operações de afretamento que envolvam portos e embarcações menores.

De tal forma que não condiz com a escala das operações de contêiner, as opções FOB e FCA são melhores opções, por serem mais claras nos riscos e responsabilidades dos custos portuários.

Ou entrega no navio (FOB) ou entrega no pátio do porto (FCA).

Cuidado com a entrega do FOB

A transferência de risco e responsabilidade na sigla FOB ocorre somente depois que a carga for depositada no navio, o que é diferente de:

  • carga esperando no cais para carregar;
  • carga na pilha de contêineres; ou
  • carga içada pelo portainer, a caminho do navio.

Se a carga está numa dessas 3 etapas, os custos e riscos continuam sendo do Vendedor.

Pode parecer exagero ser tão específico assim na entrega? Só até que algo assim ocorra com sua operação…

Gdynia, Poland, 17 May 2012. EPA/Adam Warzawa – Gcaptain

Em virtude de sinistros assim que o “Mochila de Criança” mora nos detalhes.

FOB aéreo acontece…

Sabemos o que foi ensinado nos cursos, na faculdade e nos memes do @ComexDaDeprê, mas na prática acontece, a China mesmo adora um FOB aéreo.

E por isso que tanto Agente de Carga recebe pedido de cotação nestes termos, porque o chinês (Vendedor) quer pagar todas as locais de origem e entregar a carga a bordo do avião.

  • Tá errado? Sem dúvida.
  • É passível de multa no Despacho Aduaneiro? Vish.
  • Se explicar para o chinês, ele muda para FCA ou EXW numa boa? Não.

Quem dera um civilizado diálogo resolvesse todos os nossos problemas…

Se o país do Vendedor não tem a obrigação de seguir os INCOTERMS 2020 à risca e tampouco a ICC é capaz de obrigar uma nação a respeitá-lo, naturalmente que problemas assim ocorrerão.

E para mudar isso será necessária muita comunicação e jogo de cintura, a depender do poder de barganha de cada lado.

Entender INCOTERMS exige, aprofundamento.

INCOTERMS é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior para entender, aplicar ou explicar para a outra ponta que “FOB aéreo não existe”, por exemplo.

Todas as explicações e exemplos práticos deste e dos demais textos são o começo do aprendizado e por este motivo alerto para a necessidade de estar sempre se aprofundando e aprendendo, seja com mais leitura, mais cursos ou sendo assessorado por quem tem experiência.

E você, amiga(o)?

Utiliza os INCOTERMS do grupo F nas suas operações? Prefere eles ao EXW ou aos demais grupos? Conte-nos suas histórias nos comentários para aprendermos com a prática.

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Logística internacional, o que é e sua importância para o comércio exterior?

Considerando que todo comércio precisa de logística para ser entregue, torna-se fácil falar sobre a importância da logística internacional para o comércio exterior.

Historicamente falando, não é possível definirmos quando a logística começou a ser praticada, pois ela está em ações corriqueiras como armazenagem e transporte.

Tanto que o dia da logística é comemorado no dia 6 de junho, em homenagem a maior operação logística conhecida na história, o Desembarque na Normanda durante a II grande guerra.

Cena do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, disponível na Netflix, fica a recomendação 🙂

E mesmo com produtos intangíveis como Softwares, existe uma logística garantindo a entrega via dados, pois servidores demandam espaço, controle de temperatura e umidade e, conforme o fluxo de dados cresce, é preciso aumentar a capacidade de download e upload ou investir num armazém maior.

Esse texto lhe ensinará o conceito, como funciona e a importância para o comércio exterior, com os exemplos práticos de sempre para aprender de verdade 😉

O que é Logística Internacional?

Explicar logística nunca é fácil e a internacional só complica portanto, vejamos primeiro o conceito de Logística (que aprendi com meu professor).

“A logística é o conjunto de atividades direcionadas a agregar valor, otimizando o fluxo de materiais, da fonte produtora até o consumidor final, garantindo o suprimento na quantidade certa, de maneira adequada, assegurando a sua integridade física a um custo razoável, no menor tempo possível, atendendo todas as necessidades do cliente, disponibilizando um fluxo de informações confiáveis e atualizadas”

Paulo Roberto Ambrósio Rodrigues, Mestre.

E não satisfeito com a complexidade da Logística, adicionamos os agravantes do comércio exterior que causam envelhecimento precoce, tais como: aduaneiros, culturais e geopolíticos que podem pertencer a dois ou mais países.

Photo by chuttersnap on Unsplash

Unindo o conceito com seus complicadores, podemos definir em síntese que:

A logística internacional é o conjunto das atividades logísticas que são executadas além das fronteiras, as quais precisam se submeter e respeitar as conformidades dos países envolvidos na operação.

Uso a palavra “Conformidade” para englobar os fatores agravantes, pois a logística internacional não será realizada se:

  • A carga chegar na Dinamarca, com uma Fatura Comercial toda em português.
  • O fardo de cerveja que tenta entrar na Arábia Saudita, possui a imagem de pessoas na praia com roupas de banho.
  • Tentar exportar ou importar para o Irã, Cuba, Coreia do Norte ou outro país com embargos aplicados pelo EUA.

Difícil, ?

E mais ainda é na prática, veremos como ela costuma se concentrar numa única empresa, mas a responsabilidade é coletiva.

Seja o cliente, despachante aduaneiro, Tradings e terminais, todos cobram, são cobrados e um depende do trâmite dos outros para que os processos andem. ocorra

Em resumo, todos os envolvidos no comércio exterior fazem logística internacional.

Como funciona a Logística Internacional?

Considerando que para a logística ser internacional, é necessário cruzar fronteiras, quem a faz acontecer fisicamente são os operadores logísticos internacionais, por exemplo:

  • Transportadores rodoviários
  • Armadores (Donos de navio)
  • Companhias Aéreas (adivinha).
  • Operadores logísticos multimodais

Elas atuam desde transportando documentos e bugigangas chinesas até sua casa na modalidade Remessa Expressa, ou nas operações formais de exportação e importação com containers e granéis.

Sim minha amiga(o) compradora de AliExpress, você faz a logística internacional acontecer!

Apesar dela ser bem travada em Curitiba.

Centro de Distribuição do Correios em Curitiba
CD Correios em Curitiba – Istoé

Contudo, para que ela ocorra com eficiência e a informação do seu status chegue aos interessados, é necessário que alguém a centralize e por isso que o Agente de Carga é o principal responsável pela logística internacional.

Ao invés do Exportador ou Importador contratar separadamente o transporte internacional, os armazéns envolvidos e o transporte do “Last Mile Delivery” (Última milha de entrega) até o cliente, ele contrata apenas o Agente de Carga que se responsabilizará por contratar e gerenciar a execução de todos esses serviços.

Trabalhar em sincronia com todos esses envolvidos é uma das atividades mais desafiantes, por isso a importância de concentrar num único prestador de serviço.

A Importância da Logística Internacional para o Comércio Exterior.

Photo by Dimitri Houtteman on Unsplash

As operações de comércio exterior se dividem em dois aspectos:

  • 1 – Aduaneiro – Que consiste os tributos, Despacho Aduaneiro, Regimes Especiais… e;
  • 2 – Logístico – Que como vimos e quem trabalha, sabe, consiste quase por completo na Logística Internacional.

Há quem diga que a parte Aduaneira pertence a Logística, contudo, se abrirmos o conceito de Logística, é possível considerar muito mais dentro dele.

Mas prefiro essa divisão com o efeito de analisar o planejamento e custo das operações, mesmo separando ambos numa planilha de custos, independente se for para exportar ou importar, não é possível encontrar o custo de um deles, sem analisar ambos!

Tampouco podemos dizer que um deles costuma ser mais caro, brinquedos têm altíssima tributação, mas baixo custo logístico, em contrapartida, um embarque marítimo com produtos utilizando o benefício de Drawback ou Repetro, possuem um custo aduaneiro quase inexistente (nas devidas proporções, por favor).

Essa é a importância da logística internacional, além de ser necessária para movimentar bens entre fronteiras, é preciso planejá-la para estimar todos os custos de uma operação de Comércio Exterior.

E você, amiga(o)?

Difícil um profissional de comércio exterior que não se envolva com a logística internacional, então conte para nós como é no seu dia a dia.

Ele tem peso maior que os custos aduaneiros? Quão complexo é planejá-lo para seus produtos? Quais etapas o risco de problemas é maior?

Sua experiência nos comentários ajuda os colegas a crescerem contigo.

Este artigo foi escrito para a GETT e foi publicado originalmente em seu Blog.

Exportação por Remessa Expressa, o que preciso saber?

Se sua empresa deseja começar a vender no exterior, independente do porte, a Exportação por Remessa Expressa é o melhor caminho para realizar a venda com segurança.

Ela é realizada por empresas chamadas Courier, com o intuito de prestar serviço logístico de porta a porta ou seja:

São responsáveis desde o momento de coletar a carga, bem como transportar, fazer o despacho aduaneiro e entregar ao destinatário.

Mas atenção, este texto trata da Remessa internacional na modalidade Expressa, significa que a mesma empresa cuidará de toda a logística – o que é diferente da Remessa Postal, na qual são as empresas públicas de correios de cada país que se responsabilizam pela logística.

No simples exemplo das bugigangas que compramos em sites Chineses:

  • quando oferece aquele frete grátis que demora mais de uma estação do ano para chegar – Remessa Postal.
  • todas as outras opções de serviço com empresas como Fedex, DHL e UPS, que são muito mais rápidas, mas com preço do frete de importação mais salgado – Remessa Expressa.

Calma! Não quer dizer que exportar por Remessa Expressa seja caríssimo e inviável, mas conheça nesse texto o que é preciso saber para realizar seu planejamento de exportação com cuidado.

Quais as vantagens da Exportação por Remessa Expressa?

Photo by Karl Bewick on Unsplash

Para quem já está acostumado com a exportação formal, certamente notará que a operação na Remessa Expressa é bem mais simples.

Entretanto, se seu comércio exterior já tem a operação assessorada por uma empresa especializada, é importante que ela esteja envolvida. Pois mesmo sendo mais simples, ainda há trâmites e documentos a emitir (falaremos deles) que devem ser executados corretamente, a fim de que sua remessa não fique travada em alguma aduana.

Antes de tudo, não é necessário habilitação no RADAR! Inclusive, se por alguma razão ele estiver impedindo suas operações formais, você pode exportar por Remessa Expressa para contornar o problema.

Em segundo lugar, o trabalho de despacho aduaneiro e agenciamento de carga é realizado pela empresa Courier, que pode ser uma das acimas mencionadas ou o serviço “Exporta Fácil” dos Correios, desde coletar na sua porta, até entregar na porta do destinatário.

Isso é o serviço porta a porta 😉

Como o trabalho é concentrado numa única empresa, que possui Centros de Distribuição, frotas de automóveis e aeronaves próprias, certamente que toda a logística ocorre de forma rápida e segura, a qual se comprova na rastreabilidade, que informa quase em tempo real a localização e status da mercadoria.

Além disso, o transporte internacional é feito por aeronaves (salvo alguns casos de países fronteiriços), portanto, o tempo de viagem não se torna um aspecto tão preocupante na escolha.

E por último, as dimensões e peso aceitas são abrangentes, há opções para envio de até 3.000Kg e com dimensões superiores a 3 metros.

Sim, a empresa de Courier também faz Agenciamento de Carga.

Acredito ser importante mencionar, para quem não é tão familiarizado com o comércio exterior.

Mesmo assim, é seguro tratá-la como empresas diferentes, pois a operação e o atendimento são diferentes, até mesmo o representante comercial não costuma ser o mesmo para os dois serviços.

Portanto, se você não gosta do Agenciamento de Carga de uma, não seja precipitado a presumir que o serviço Courier será igual, e vice-versa!

Wikipedia

Quais restrições existem para exportar por Remessa Expressa?

Como o Comércio Exterior é vasto e cada empresa, mercadoria e operação é um caso, vamos dividir as restrições em três aspectos:

Viabilidade econômica.

Sabemos que nas operações de exportação e importação formal, há custos mínimos que ignoram o tamanho, peso e valor da mercadoria, por exemplo os valores de:

  • desembaraço aduaneiro;
  • taxas de frete internacional; e
  • armazenagem.

Se seu produto fica inviável de exportar por causa dos valores mínimos, bem provável que exportar por Remessa Expressa seja uma solução, porém, se o que pretende enviar é volumoso ou pesado até para duas pessoas levantarem ”no braço”, é prudente calcular os custos antes de agendar a coleta.

Como os aspectos positivos são rapidez e segurança, consequentemente o preço deverá ser analisado com critério.

Logística.

Não há na legislação nenhuma limitação de tamanho e peso, no entanto, as empresas de Courier estabelecem limites em suas operações. Vimos acima que os limites de dimensão e peso são abrangentes, mas devem ser respeitados.

Como o transporte é aéreo, as restrições nos tipos de produtos aceitos são similares (e até mais exigentes) que numa operação formal.

Image by PublicDomainPictures from Pixabay

Portanto, se sua carga é do tipo perigosa, com capacidade para inflamar, corroer, explodir (e outros efeitos que não combinam com uma aeronave voando), ou são produtos líquidos, perecíveis e frágeis, é improvável que seja aceita para Remessa Expressa.

Como todo bom planejamento, pergunte ao seu Courier de preferência antes de (tentar) enviar.

Aduaneira.

Começando pelo óbvio, não é permitido:

  • cigarros, charutos, tabacos;
  • moeda em espécie;
  • produtos falsificados ou contrabandeados;
  • animais;
  • entorpecentes ilegais;
  • armas; e
  • qualquer outro que levará você conhecer o departamento de polícia mais próximo.
A cara de quem sabe que fez um bom trabalho – G1

Em questão de valores, o limite das exportações em Caráter Definitivo, tanto para Pessoa Física quanto Jurídica, é de US$1.000,00 (Um mil Trumps); antes eram US$10 mil dólares contudo, foi reduzido em novembro de 2018.

O valor é maior caso seja uma operação de Exportação Temporária, podendo ser US$3.000,00 ou US$50.000,00, desde que se enquadre nos requisitos de cada opção.

Lembrando que estamos tratando aqui da modalidade Remessa Expressa, já na exportação formal, não há limites de valor, seja Pessoa Jurídica ou Física.

E não adianta tentar fazer múltiplos envios, “parcelando” as remessas, achando que conseguirá ludibriar o limite, os sistemas da Receita Federal são bem avançados para detectar:

Caso seja detectado o fracionamento de remessas com o intuito de iludir o limite que caracteriza a obrigatoriedade de utilização (…), a fiscalização descaracterizará as operações e reterá as remessas até que a declaração exigível seja registrada ou seja apresentado pedido de desistência das exportações.

§ 1º, Art. 67, link abaixo da IN.

Eu disse…

Note que aqui tratamos apenas das disposições aduaneiras no Brasil, podemos exportar bebidas alcoólicas na Remessa Expressa, mas será que o país de destino aceita receber?

Portanto, sempre pergunte ao destinatário, a fim de evitar que o presente vire uma dor de cabeça. Você pode conferir estas informações e pesquisar mais na IN RFB 1737, 15/09/17, a partir do Art. 65.

Quais são as operações mais indicadas para Exportar por Remessa Expressa?

Foto de 周 康 no Pexels

Você não vai exportar na Remessa Expressa o equivalente a um Container 20′ Dry Box, mas vimos acima que os limites de peso e dimensões são maiores que muitos imaginam.

Para uma empresa que deseja começar a vender, sem escala, seu produto no exterior, com certeza essa opção é a mais indicada.

E mesmo que não tenha em mente ou planejado, é importante estar preparado para sua primeira operação… considerando como usamos as redes sociais para vender, não estranhe quando um Uruguaio ou Colombiano lhe contatar querendo comprar seu produto.

É um pequeno passo para internacionalizar sua empresa, mas já estará na frente de muitos.

É um pequeno passo para internacionalizar sua empresa, mas já estará na frente de muitos.

E vai dizer que não é legal imaginar seu produto em outro país? 🙂

A Remessa Expressa também é indicada para envio de amostras ou peças em garantia, a rapidez dessa operação é importante para manter um cliente interessado, ou que precise de uma manutenção urgente.

Quais documentos preciso emitir?

Os 3 documentos primordiais são a Fatura Comercial (Commercial Invoice), Nota Fiscal e Conhecimento de Embarque (chamado aqui de Air Way Bill – AWB), e todos eles são necessários para que a empresa Courier realize o despacho aduaneiro de remessas internacionais.

Foto de Cytonn Photography no Pexels

A Fatura Comercial, em síntese, explica a negociação comercial: empresas envolvidas, dados logísticos, forma de pagamento, descrição do produto… você consegue um modelo desse documento com a empresa Courier ou com quem cuida de suas operações de Comércio Exterior.

A Nota Fiscal dispensa longas explicações, o produto vai sair do seu estabelecimento, então é preciso que um documento fiscal o acompanhe.

Por último, no AWB constam os dados da carga e de transporte, cada empresa Courier tem um modelo próprio a ser emitido no próprio site, e é durante essa emissão que você conseguirá agendar o horário de coleta.

Talvez algum outro documento possa ser necessário a depender do tipo do produto e/ou para onde ele vai, portanto, confira com o destinatário antes do envio.

E você, amiga(o)?

Costuma exportar na Remessa Expressa? Quais diferenças você nota em comparação à uma Exportação Formal? Conhece outros detalhes interessantes para compartilhar? Conte para todos nos comentários.dos nos comentários.

Este artigo foi escrito para a Conexo e foi publicado originalmente em seu Blog.

INCOTERMS EXW, o que preciso saber antes de utilizá-lo?

Após apresentarmos o que é o INCOTERMS e alguns problemas que podem ocorrer por desconhecê-los, é hora de abordarmos profundamente o primeiro grupo, que nem grupo é pois o INCOTERMS EXW está sozinho.

Se desconhece o assunto, recomendo conferi antes o texto linkado acima pois abaixo, conheceremos conceitualmente para depois apresentar o que é importante saber dele na pegada prática.

O que preciso saber antes de utilizar o INCOTERMS EXW?

internationalcommercialterms.guru

Em suma, esta é a opção com menos responsabilidades ao Vendedor, pois sua obrigação é disponibilizar a mercadoria para coleta, com os custos de embalar e identificar para transporte, e entenda que, “disponibilizar” não significa entregar no caminhão do comprador, o risco termina antes disso, mas falaremos disso a diante.

A responsabilidade do seguro é toda do comprador e este sigla atende todos os modos de embarque.

Uma vez que entendemos o conceitual do INCOTERMS EXW, vamos conhecer o que é preciso saber antes de utilizá-lo.

É mais demorado para cotar o frete internacional de importação.

Se tratando de rotas populares populares, é comum que os agentes de carga lhe cotem na hora o valor do frete internacional e custos acessórios quando solicitado nos INCOTERMS FOB ou FCA, o que acelera a montagem da estimativa de custos.

Contudo, como o EXW demanda que o comprador se responsabilize pelo transporte interno no país de origem da carga, dificilmente seu agente de carga terá esse valor pronto, a menos que seja um produto de dimensões contidas e num país de grande volume, mas ainda será uma estimativa no melhor estilo regra de 3.

Image by Free-Photos from Pixabay

Uma saída para evitar essa demora, é solicitar ao vendedor proposta EXW e outra com alguma sigla do grupo F, dessa maneira, conseguirá ao menos montar a estimativa com o frete do seu agente de carga.

Posteriormente poderá analisar com calma se com o INCOTERMS EXW está intere$$ante.

A coleta não precisa ocorrer numa fábrica.

De tanto olharmos tabelas de INCOTERMS o ícone de uma fábrica e ouvirmos no cotidiano que o EXW significa “coleta na fábrica” que, na falta da prática do Comércio Exterior, um pequeno gafanhoto pode concluir que tem que ser coletado numa fábrica.

Pixabay

Esquece isso.

É normal fábricas não terem estoque para clientes e utilizarem Centros de Distribuição (CD), próprios ou terceirizados.

Além disso, as vezes este CD ou armazém fica em outra cidade ou até num país vizinho (comum na Europa por causa da União Europeia).

Portanto, cuidado ao considerar o endereço comercial do vendedor como o de coleta, confirme com ele!

Cuidado com o carregamento da mercadoria.

Mencionei no texto anterior, mas esse é um dos principais problemas que ocorrem com o EXW.

Quando o veículo que contratou chegar no CD para coletar sua carga, o carregamento no veículo é responsabilidade do comprador.

Isso não será problema para algo leve e pequeno que alguém consiga carregar (sem destruir as costas), mas e se for mais pesado? Digamos:

  • Mármore;
  • Motocicleta;
  • Maquinários;
  • Nossa ansiedade em 2020.

Se o veículo não tiver uma paleteira, ele pode perder horas (ou o dia) aguardando a boa vontade do lugar para realizar o carregamento.

Image by Pashminu Mansukhani from Pixabay

Ou pior, você chegou com um container Dry Box, esperando carregar com empilhadeira, mas o lugar só tem ponte rolante, do qual carrega por cima.

Mas seu container não é Open Top.

Contudo, INCOTERMS não são inflexíveis e você pode pedir que o vendedor se encarregue do carregamento, mas lembre de constar isso na Invoice, algo como:

INCOTERMS 2020: EXW (Cost of goods loading into vehicle/container included).

Tende a sobrecarregar o fluxo de caixa do importador.

Entendemos até aqui que, para fins de INCOTERMS, a obrigação do vendedor no EXW termina ao disponibilizar a mercadoria para coleta, ou seja:

A logística da importação sequer começou e o vendedor já cumpriu com a parte dele.

O que significa que o vendedor no EXW tende a exigir o pagamento internacional mais cedo, pois não faz sentido ele precisar aguardar o embarque ou a chegada no país de destino.

Imagine que o Vendedor aceitou o pagamento após chegar em Santos, e o comprador contratou um rota mais longa, porque seu estoque está alto?

Quem sai perdendo nessa situação é apenas o Vendedor.

Trata-se de uma questão comercial, se ambas partes tem sólida relação, provável que o vendedor ofereça maior prazo de pagamento, entretanto, ainda será menor que de outras siglas dos INCOTERMS.

A preocupação do exportador acaba assim que ele entrega a mercadoria.

Image by 272447 from Pixabay

A insana complexidade da importação é refletida nos documentos de embarque.

Se o vendedor nunca exportou ao Brasil, provável que não gostará depois de fazer todas as correções na papelada conforme nossa legislação exige.

Isso é, sem dúvida, uma Barreira Não Tarifária, portanto, com isso em mente, imagine comigo a seguinte situação:

  • Realizamos a primeira compra com um novo vendedor;
  • Pagamento antecipado, feito;
  • Ele se irrita tanto com nossa burocracia que sentimos pelo e-mail EM CAIXA ALTA.
  • Incomodamos ele mais um pouco pedindo uma palleteira emprestada no carregamento.
  • Ele cede, e depois de carregado, já envia os originais ao Brasil (nem fez questão do BL)
  • E quando chega em nossas mãos, estão incorretos.
E o ódio que surge na hora? Pixabay

Mesmo que estejam incorretos por culpa do vendedor, se esse cansado indivíduo não estiver disposto a vender para você (ou o Brasil todo) novamente, provável que ele te ignore mais que órgão anuente recebendo ligação para deferir L.I.

Entenda, além de não querer fazer negócios, ele já esta com a grana no bolso, com as obrigações do INCOTERMS EXW cumpridas e enviou a documentação “correta” o bastante para fazer o despacho aduaneiro.

É um cenário totalmente desfavorável ao comprador pois não há praticamente barganha alguma para exigir, haja inglês nesses momentos.

E você, amiga(o)?

INCOTERMS é um assunto complexo e sem dúvidas que há mais informações do que é preciso saber antes de utilizar o EXW, mas para isso dependo que você compartilhe suas experiências, vamos continuar a conversa nos comentários?

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Quais os tipos de containers marítimos mais utilizados no Comércio Exterior?

Os tipos de containers utilizados atualmente em processos de Importação ou Exportação conseguiram substituir os toneis, barris e sacas nos navios apenas no século XX, de modo que considerando que o transporte marítimo começou por volta de 1.200 AC, pode-se afirmar que o container é uma invenção recente.

Ademais, foram mais de 50 anos, desde a ideia inicial, para o container ser padronizado em norma ISO.

Mover uma grande caixa metálica, os próprios containers, cheia de mercadorias, no lugar de ter que fazer as diversas movimentações das embalagens que cabiam dentro deles, tornou as operações logísticas, (principalmente a portuária)  muito mais eficientes e seguras.

E mesmo havendo uma norma de padronização, existem diferentes opções de containers, cujas variações são capazes de influenciar tanto os custos logísticos quanto tributários.

O objetivo do texto é lhe apresentar os tipos de containers marítimos mais utilizados no Comércio Exterior, e suas características mais relevantes, para que não restem dúvidas sobre qual container usar para exportar ou importar sua mercadoria.

O que é um container?

No que tange transporte marítimo, é necessário primeiramente entender que o container não é:

  1. Embalagem; e
  2. Seu (no caso, de quem possui carga dentro).

Se a pessoa pensar que container é uma embalagem, é meio caminho andado para pensar que é dele. Parece loucura, mas acontece, com o fim de evitar que algum cliente seu brigue dizendo o contrário, cito a legislação abaixo:Se a pessoa pensar que o container é uma embalagem para a sua mercadoria, daí para pensar que é o container é dela é “dois pulo”.

Parece loucura, mas acontece! Então a fim de evitar que algum cliente seu discuta dizendo o contrário, cito a legislação abaixo:

(…)considera-se unidade de carga qualquer equipamento adequado à unitização de mercadorias a serem transportadas(…) a unidade de carga, seus acessórios e equipamentos não constituem embalagem e são partes integrantes do todo. Art. 24, Lei 9.611/1998

Em resumo, o container utilizado no transporte marítimo é parte da embarcação, seu uso facilita a unitização e movimentação da carga, portanto, ele não pode ser tratado como uma caixa de papelão ou pallet, que faz parte do custo da mercadoria.

Do contrário! Por ser parte da embarcação deve ser devolvido ao Armador depois do uso e o quanto antes, para não pagar demurrage!

Quais são os tipos de container existentes e mais utilizados.

O tamanho do container é identificado por seu comprimento em pés e, apesar de existirem de 10, 20, 30 40 e 45 pés, são os de 20 e 40 pés de comprimentos que predominam fortemente no frete marítimo.

‘ = Pés

” = Polegadas

Unidade de medida padrão norte americano
“pés”, “polegadas”, “libras”, “onças”… paciência.

Para explicar os tipos de containers existentes e mais utilizados, decidimos separar em quatro grupos conforme o tipo de carga, enfatizando o modelo mais comum deles (o Dry Box) e explicando os demais com base nas características que os diferenciam deste.

Antes de tudo, entenda que as informações físicas variam entre os Armadores (nem entre eles há consenso), pois o espaço e peso de uma unidade pode variar conforme a sua construção, o piso utilizado, as reformas sofridas, onde e quando foram construídos…

1 – Carga Geral e Seca.

Este grupo engloba toda carga que caiba num container simples fechado, com embalagem própria, sem necessitar de controle de temperatura e ambiente.

Apesar da palavra “seca”, também pode transportar fluídos, desde que armazenados em embalagens propícias a esse tipo de produto – por exemplo, tambores, tonéis e IBC.

Embalagem do tipo IBC utilizada em container Dry Box.
Embalagem do tipo IBC utilizada em container Dry BoxCargorestraimsystems

Este grupo se limitará àqueles dois tipos de containers mais populares no transporte marítimo.

Container Dry Box.

Container Dry Box de 40 e 20 pés.
Container Dry Box de 40 e 20 pés – portshippingcontainers.com

20′

  • Dimensões internas: C 5,9 x L 2,34 x A 2,39 metros.
  • Tara: 2.150,00Kg
  • Capacidade para: 22.000,00Kg

40′

  • Dimensões internas: C 12,04 x L 2,34 x A 2,39 metros.
  • Tara: 3.550,00Kg
  • Capacidade para: 27.000,00Kg

Também conhecido como Standard, GP (General Purpose) ou simplesmente Dry, este é certamente o modelo mais utilizado no transporte marítimo.

Sua estrutura é predominantemente em aço, com assoalho de madeira. Possui porta dupla numa das extremidades, cada qual com duas maçanetas (que eventualmente, de tão emperradas, precisam ser abertas na base da marretada) com orifícios para inserir o lacre (aquele que informamos no BL).

Além do comprimento, a maior diferença entre os dois é que o de 20′ possui abertura nas laterais para que possa ser movimentado com empilhadeira.

Alguns modelos de 40′ também possuem, mas há quem não se importe.

acidente empilhadeira container
Até acontecer isso – dadelift.com

Container High Cube.

40′

  • Dimensões internas: C 12,04 x L 2,34 x A 2,69 metros.
  • Tara: 4.150,00Kg.
  • Capacidade para: 26.300,00Kg.

Também conhecido como HC, trata-se do irmão 30cm alto do Dry Box.

Pode parecer pouca diferença (inclusive na imagem), até o dia que não conseguir estufar um container com empilhadeira porque a carga mais o pallet excederam a altura do Dry.

container dry box ao lado high cube
Container Dry Box ao lado do High Cube. – Venixlogix.eu

O HC é indicado quando a mercadoria é mais volumosa que pesada, pois apesar da preciosa altura, ela tem um preço: o container é mais pesado e sua capacidade de carga (em peso) é reduzida.

O valor do frete, do free time e da demurrage costumam ser menos vantajosos que o Dry, mas dependendo da demanda não é incomum solicitar cotação de Dry e receber HC com o mesmo valor ou mais barato.

Carga pesada ou superdimensionada.

Série Carga Pesada
Não conhece? Então você perdeu o melhor curso gratuito de transporte rodoviário. – Wikipedia

Certamente que nem tudo que esse mundão produz pode ser transportado num Dry ou HC e, para atender essas grandes e pesadas estruturas que existem estes tipos de containers.

Em contrapartida, estas unidades comprometem os benefícios logísticos de se utilizar container, pois dificultam o transporte e a movimentação, além do acondicionamento no navio – por ocuparem mais espaço e reduzirem a capacidade de empilhamento.

E quando um produto dificulta a logística, certamente ela custará mais caro.

Em virtude de serem poucas unidades disponíveis, o free time oferecido é mais curto e o valor da demurrage bem mais alto em comparação ao Dry Box.

Container Open Top.

20′

  • Dimensões internas: C 5,89 x L 2,34 x A 2,39 metros.
  • Tara: 2.050,00Kg
  • Capacidade para: 21.700,00Kg

40′

  • Dimensões internas: C 12,04 x L 2,34 x A 2,39 metros.
  • Tara: 3.800,00Kg
  • Capacidade para: 27.020,00Kg

Também conhecido pela sigla OT, este tipo de container diferencia de um Dry Box por ter o topo aberto, tornando-o ideal para cargas altas, mas não somente elas.

Equipamentos pesados e compridos não favorecem o uso de empilhadeiras, mas com este container, eles podem ser acondicionados por cima com guindastes e pontes rolantes. Ademais, caso não haja tanto excesso de altura, é possível fechar o teto do container com lona, como vemos no discreto (sarcasmo) modelo abaixo.

container open top com lona
Quem sou eu pra julgar, tenho uma mala dessa cor – aayans.com

Container Flat Rack.

20′

  • Dimensões internas: C 5,94 x L 2,35 x A 2,35 metros.
  • Tara: 2.360,00Kg
  • Capacidade para: 30.140,00Kg

40′

  • Dimensões internas: C 12,13 x L 2,40 x A 2,14 metros.
  • Tara: 5.000,00Kg
  • Capacidade para: 40.000,00Kg

Aumentando mais um pouco as dimensões e capacidade de peso da carga, certamente que o FR será a opção adequada para equipamentos gigantes. Além do teto, ele não possui porta (dã) e nem paredes e, para evitar que a mercadoria corra, há diversos pontos nas laterais para amarração de cordões, correntes, cintos…

Dica do amigo importador: atente-se para estes tocos peação, se eles não forem devidamente fumigados, poderá eventualmente se incomodar bastante com o MAPA.

Container Plataforma.

20′

  • Dimensões internas: C 6,06 x L 2,44 metros.
  • Tara: 2.740,00Kg
  • Capacidade para: 31.260,00Kg

40′

  • Dimensões internas: C 12,19 x L 2,44 metros.
  • Tara: 5.700,00Kg
  • Capacidade para: 39.300,00Kg
container plataforma / pranchão

Se sua carga for do tamanho do ego de um fiscal da RFB em vistoria de canal vermelho, as duas paredes do FR podem atrapalhar e é aí que entra o container plataforma, também conhecido por Platform – mas o legal mesmo é chama-lo de pranchão.

Assim como o Flat Rack, sua superfície pode ser tanto em madeira quanto em aço.

Tanto o FR quanto o pranchão possuem altíssimos valores de frete (mesmo que a carga esteja respeitando os limites das dimensões) e exigem muito cuidado com o free time, por isso são mais utilizados para transporte de maquinários de alto valor agregado. Estes dois tipos de containers tendem a ser mais difíceis de encontrar.

Se precisar mesmo de um pranchão e não haver disponível, veja se não possuem um Flat Rack, pois em muitos deles as paredes podem ser baixadas, como no vídeo abaixo.

Achou que este artigo só ia encher de características físicas e fotinhos de container? Aqui a gente ensina 🙂

Carga dependente de controle atmosférico.

Devido ao nosso fortíssimo agronegócio, o primeiro exemplo que vem em nossa cabeça são alimentos, mas plantas, fármacos, flores e micro-organismos também são transportados além-mar e precisam destes tipos de containers capazes de controlar a atmosfera.

Container Ventilado.

20′

  • Dimensões internas: C 5,90 x L 2,32 x A 2,37 metros.
  • Tara: 2.650,00Kg
  • Capacidade para: 24.000,00Kg

Em princípio, olhando de longe e sem óculos, pode parecer um container Dry Box, o que o difere são as fissuras viradas para baixo localizadas ao longo das paredes, é conhecido em inglês pelo nome Ventilated.

Certas cargas como grãos, químicos e fertilizantes apenas precisam que a atmosfera se mantenha a mesma que a externa, assim como há outras que emitem gases capazes de alterar o ambiente dentro do container e comprometer o produto.

Container Reefer.

container reefer 40'
tmrresearch.com

20′

  • Dimensões internas: C 5,44 x L 2,29 x A 2,29 metros.
  • Tara: 3.080,00Kg
  • Capacidade para: 27.400,00Kg

40′

  • Dimensões internas: C 11,56 x L 2,28 x A 2,25 metros.
  • Tara: 4.800,00Kg
  • Capacidade para: 27.700,00Kg

O nome soa bem, e isto é metade da descrição de sua capacidade, o container Reefer consegue manter constantemente temperatura tanto até -30ºC bem como +30ºC.

Para conseguir esse feito, sua estrutura em síntese predomina aço e alumínio, possui isolamento térmico (a cor branca também ajuda), as portas vedam com maior eficiência contra corpos estranhos externos e, na extremidade oposta, está instalado o sistema de controle de temperatura.

Em contrapartida, seu espaço interno é inferior que dos demais tipos de container devido ao espaço utilizado pelo sistema de controle da temperatura e o das saídas de ar, que não podem ser bloqueadas.

Container NOR

Como o agronegócio é predominante em nossas exportações, inegavelmente que exportamos muito com container Reefer, mas não importamos nem perto dessa quantidade de produtos que exigem um controle de temperatura… portanto, “como faz” para essas caixinhas voltarem?

Elas voltam desligadas, com carga geral.

Seinfield>Friends

NOR significa Non-Operating Reefer, mas no Comex chamamos de Nor mesmo… para ser mais fácil lembrar do nome, lembra que o “Reefer NÓR vem ligado”.

(Prometo não fazer mais isso!)

Dependendo da época do ano, o frete do NOR é muito barato, ganhando fácil do Dry Box, mas é preciso tomar três cuidados:

  1. espaço interno reduzido;
  2. estrutura sensível e custo de reparo caríssimo (mais que o normal);
  3. free time curto e Demurrage tão cara quanto o custo de reparo.

Logo, sua importação precisa ter um despacho aduaneiro ágil e a carga deve não danificar a estrutura numa viagem.

Carga a granel.

Se deseja importar ou exportar em grande quantidade e deseja reduzir custos de embalagem e manuseio, estes tipos de container atendem com qualidade mercados como: químicos, bebidas alcoólicas e agrícola.

Eles se comportam como grandes embalagens, contudo não esqueça o que disse lá no início, container não é embalagem!

Container Tanque.

Por mais que existam padrões ISO, a estrutura física desse tipo de container varia conforme o produto que ele for destinado a transportar. Alguns químicos causam mais pressão, outros precisam de controle de temperatura similar ao de um Reefer.

Em suma, a estrutura externa que cerca o tanque é similar aos demais containers, e possuem bocais para executar o carregamento e descarregamento por pressão.

O volume que consegue transportar barateia o frete, mas é uma operação complexa e custosa, exige-se o pagamento do aluguel pelo equipamento, da lavação e da devolução.

Confira na cotação, se o local de devolução é próximo de onde pretende descarregar a mercadoria.

Container Graneleiro.

20′

  • Dimensões internas: C 5,83 x L 2,37 x A 2,37 metros.
  • Tara: 2.900,00Kg
  • Capacidade para: 35.000,00Kg

Chamado no inglês de Grain Container o nome já explica que ele é usado, sobretudo, para o transporte de grãos.

Ao invés da porta dupla, possui escotilhas no teto para o carregamento e uma portinhola abaixo para o descarregamento. Sua estrutura interna é revestida para evitar a perda de mercadoria.

Sim, há outros tipos de container.

O objetivo desse texto é ser uma fonte de consulta e, também, de informação a respeito de alguns tipos de containers existentes no transporte marítimo. Caso você conheça algum outro que ficou de fora, compartilhe conosco nos comentários 🙂

GETT, Tecnologia para Comércio Exterior

Este artigo foi escrito para a GETT e foi publicado originalmente em seu Blog.

INCOTERMS

INCOTERMS, que problemas podem ocorrer.

Apagar incêndios no Comércio Exterior é tão comum como uma rotineira manhã de terça-feira e muitos deles ocorrem por desconhecermos os problemas que os INCOTERMS podem causar, ou seja, sua operação pode sofrer prejuízos antes mesmo da carga estar pronta para embarque.

É comum inexperientes interpretarem incorretamente, ou perder horas em e-mails convencendo alguém que o entendimento dela está equivocado.

E para ser inexperiente novamente em nesse assunto, basta trabalhar com outro tipo de produto, modo de embarque ou vir a atualização decenária da ICC.

Este texto lhe apresentará o básico de INCOTERMS e alguns comuns problemas que desconhecê-los podem ocorrer.

O que é INCOTERMS?

Em primeiro lugar, atendendo à juventude que ainda não sofre de envelhecimento precoce trabalhando com Comércio Exterior, vamos à explicação:

Trata-se da abreviatura inglesa das palavras INternational COmmercial TERMS, do português: Termos Internacionais do Comércio. A International Chamber of Commerce é a responsável por publicar, revisar e arbitrar conflitos resultantes dos termos e a faz desde 1936.

Estes termos são apresentados em forma de siglas formadas por 3 letras (EXW, FOB, CPT… chegaremos lá), com o propósito de definir no contrato de compra/venda (numa Fatura ou PO) o que tange principalmente a transporte, seguro e entrega de mercadoria, e à quem pertencem as responsabilidades de:

  • Custos
  • Riscos
  • Obrigações

A partir destas responsabilidades é que apresentarei os problemas, não esqueça!

Importante, INCOTERMS só se aplicam para mercadorias nas relações entre Comprador e Vendedor.

Ou seja, não se aplicam aos demais participantes do Comércio Exterior, como: bancos, transportadores e despachantes aduaneiros – embora estes prestem seus serviços conforme a INCOTERM utilizada, e são nestes detalhes com estes envolvidos que muitos problemas acontecem.

Os grupos e siglas dos INCOTERMS.

Como disse, cada termo tem 3 letras, a primeira determina a qual grupo pertence, as duas demais explicam resumidamente onde a carga deve ser entregue.

INCOTERMS 2020 – internationalcommercialterms.guru

Os grupos são:

  • E – EXW – Máxima responsabilidade ao comprador, que deverá buscar a mercadoria no estabelecimento do vendedor;
  • C – CPT, CIP, CFR, CIF – O vendedor é responsável por contratar e pagar o frete principal (o que atravessa fronteiras);
  • F – FCA, FAS, FOB – O comprador é responsável pelo frete principal e seguro; e
  • D – DAP, DPU, DDP – O vendedor é responsável pela entrega no país do comprador, assumindo mais riscos que na categoria C.

Como o texto visa tratar dos problemas, a explicação dos grupos acima está resumida e cada uma das siglas serão explicadas nos próximos artigos.

Problemas que podem ocorrer por desconhecer os INCOTERMS.

Se um dos lados da negociação não domina o assunto INCOTERMS, será questão de tempo para se tornar um conflito à ambas as partes, o que acarretará em dificuldades no momento da operação.

Entenda que os problemas não se resumirão a pequenos atrasos e prejuízos, eles são sobretudo capazes de comprometer a margem de lucro na exportação ou inviabilizar uma importação.

Foto de Tom Fisk no Pexels

Os exemplos abaixo ajudarão a visualizar (e bastará sua imaginação para concluir o quanto poderia ser pior).

Obrigações.

Desconhecer as obrigações resultantes do INCOTERMS da operação lhe causará, primordialmente, problemas de tempo e dinheiro:

Ou os dois juntos… pois, no Comex, tempo é prejuízo.

No EXW, o vendedor deve disponibilizar a mercadoria para coleta (seja na fábrica ou num armazém), devidamente embalada e identificada para transporte.

Entretanto, o vendedor não é responsável pelo carregamento da mercadoria no caminhão do comprador, então, se a carga precisar de uma Paleteira/Transpalete para carregar, e o veículo não tiver uma, o carregamento pode não acontecer naquele dia.

Image by Pashminu Mansukhani from Pixabay

Parece exagero, contudo, é comum existirem dificuldades deste tipo quando o vendedor é uma grande empresa e o comprador não. Bem como é comum sofrermos para convencer exportadores a assinarem documentos a caneta.

Riscos.

Um dos pontos mais ”pegadinha” do INCOTERMS encontra-se transferência de Riscos do Comprador ao Vendedor.

Incoterms 2020 para apenas embarque marítimo
INCOTERMS para apenas embarque marítimo.

Os riscos variam conforme o INCOTERM escolhido e, se for algum do Grupo C, eles não terminam nos Custos, exemplo:

Se comprar CFR, o vendedor deve pagar por todo transporte até a chegada do navio no porto de destino, porém, o risco é transferido ao exportador, da mesma forma como acontece no FOB.

Ou seja, se o risco da viagem marítima no CFR é do comprador, será que seu vendedor se preocupará em contratar um frete de qualidade?

Além de, eventualmente, os importadores se incomodarem com a categoria C em razão da ocorrência de embarques sem autorização, fretes demorados e outros problemas que o frete prepaid causam.

Custos.

Os problemas de custos ocorrem no pagamento em duplicidade (pelos dois lados) ou na contratação urgente de uma obrigação esquecida.

Por exemplo, o comprador não se atentou ao asterisco na cotação ao lado do EXW*, que informava disponibilizar a carga num armazém próximo de um porto de embarque diferente do cotado com seu agente de carga. Consequentemente, o comprador precisará pedir, urgentemente, a cotação do porto de embarque, ou do transporte rodoviário, revisada.

Ainda similarmente no exemplo dado em Obrigações, pode acontecer do comprador pagar por um caminhão com Paleteira, mas a proposta do vendedor era “EXW, carregamento incluso”.

“Tudo bem, a Paleteira só custou US$40,00”

E qual a cotação do dólar hoje mesmo?

***

Esse é um dos assuntos mais complexos do Comércio Exterior e, por isso, decidi dividi-lo em série, pois serão necessários mais artigos para aprofundarmo-nos nas onze siglas.

Como é usual em nossa área, é possível aprender com livros e cursos, mas é no dia a dia que aprendemos aqueles detalhes cruciais, por isso é importante trabalhar com quem entenda do assunto para lhe prevenir de sofrer dificuldades.

E você, amiga(o)?

Como o texto buscou apresentar exemplos práticos, certamente que muitos dos problemas que os INCOTERMS podem ocorrer ficaram de fora, por isso você pode ajudar no assunto?

Quais são os INCOTERMS que mais utiliza no seu mercado? Quais lhe causaram mais problemas? Como solucionou?

Cronos

Este artigo foi escrito para os amigos da Cronos Logistics e publicado originalmente em seu blog.

Voo fretado na importação, o que preciso saber antes de contratar?

Tem surgido recentemente no mercado agentes de carga vendendo espaço em voo fretado na importação, conhecido também pelo termo “voo charter”.

Uma natural estratégia para o momento de pandemia, afinal, conforme menos aviões estão voando regularmente, menos opções há para transporte de carga.

E as expectativas para o ano não são promissoras no Comércio Exterior, a Maersk estima 140 Blank Sailings para o segundo Quadrimestre é IATA prevê uma queda entre 15-20% do tráfego aéreo para 2020.

Entretanto, assim como qualquer modo de embarque, voos fretados possuem vantagens e desvantagens e esse texto lhe apresentará o que é preciso saber antes de contratar.

O que é Voo Fretado (Voo Charter)?

Com efeito de não haver disponibilidade de espaço em aviões de linhas regulares para atender uma gigante demanda, os agentes de carga arrendam uma aeronave para realizar um transporte com rota e horário específicos.

O agente de carga pagará pelo arrendamento da aeronave a companhia aérea, que em seguida precisará give your jumps para vender o espaço aos seus clientes.

Em resumo, o agente de carga compra o espaço no atacado para vender no varejo aos seus clientes.

Evidente que o arrendamento não é simples como chamar um Uber, como definir a quem pertence riscos, responsabilidades de operação… Mas esta é a expertise dos Agentes de Carga e cabe a eles simplificar a venda aos clientes.

Também é possível arrendar parte de uma aeronave ou navio, entretanto, isso tende a ser viável apenas com veículos maiores.

As vantagens e desvantagens do voo fretado na importação.

Photo credit: Benedikt Lang on VisualHunt / CC BY-ND

Ainda que busque atender uma reconhecida demanda que justifique tamanha operação, o voo fretado na importação não satisfará logisticamente a todos.

Assim como as vantagens e desvantagens abaixo podem pesar diferente em sua decisão, conforme:

  • Tipo de produto: Peso, dimensões, classificação de risco e barreiras não tarifárias.
  • Mercado a atender no Brasil.
  • Sua localização e do Exportador em referência aos aeroportos da rota.

Mas é primordial conhecê-las, para evitar prejuízos ainda maiores (ainda mais num momento que precisamos reduzir custos) e trabalhar com harmonia com seu agente de carga, desde a cotação até sua chegada.

Vantagens

O bicho é brabo de rápido, mesmo para o transporte aéreo, o Transit Time Shanghai/Frankfurt -> Viracopos chega a ser 30 horas.

Isso é possível pois não há escalas no caminho para carregar e descarregar (apenas para reabastecer) e muito menos conexões, portanto, o tempo parado com troca de aeronave e movimentação de carga durante a viagem é inexistente.

Photo credit: Christian Junker | Photography on VisualHunt / CC BY-NC-ND

Maior garantia do embarque, o espaço comprado está seguro e será iniciado na data informada, diferente das linhas regulares que tem regras de prioridade que fazem você a ver navios aviões.

Para a carga, a importação em voo fretado fortalece a segurança em dois aspectos:

  • Manuseio: Ele será realizado por um subcontratado de seu agente de carga, que sem dúvida acompanhará para que seja feito com cuidado.
  • Transporte: Quanto menos tempo um veículo está em viagem ou movimentando carga, menor é o tempo de risco.

Além do próprio transporte aéreo ser mais seguro que o marítimo e rodoviário.

Desvantagens

No geral, costuma ser a opção mais cara dentro do transporte aéreo, portanto, aumentar o volume de produto pode ajudar a reduzir o custo do frete (apesar do câmbio não estar colaborando para isso).

Quanto maior o volume, mais feliz seu agente de carga fica.

Como falta espaço para embarcar, esse “caro” ainda pode ser mais barato que arcar com outros custos conhecidos, como:

  • Queda da efetividade da mão-de-obra por ociosidade.
  • Deixar de atender clientes no Brasil.
  • Maquinário e fábrica parada.

Mas ela não perdoa atrasos, se não entregar a carga em tempo (desembaraçada e pronta para embarque), será preciso arcar com o frete morto.

Em seguida, sofrerá com os prejuízos logísticos de movimentar, transportar e armazenar essa carga, até conseguir outro voo fretado.

Visto que não há opções de voo fretado na importação regularmente, a espera será longa.

Portanto, é essencial que seu exportador tenha tempo para produzir e entregar a mercadoria, além de um prazo extra de segurança para os eventuais problemas!

Por último, provável que precise pagar adiantado o frete, ao menos um sinal, pois como vimos, trata-se de uma operação bem mais arriscada para os agentes de carga e é preciso compartilhar os riscos.

O que também significa comprometer mais seu fluxo de caixa, ainda bem que a viagem é rápida.

Esse é um aspecto mais comercial, a depender da sua barganha e relação comercial, talvez consiga pagar depois da aeronave chegar. Como o usual da importação.

O planejamento está mais importante que nunca.

Photo credit: Jeroen Stroes Aviation Photography on Visualhunt.com / CC BY

O êxito de uma importação está no planejamento e no caso de embarcar em voo fretado, a logística internacional torna mais tênue ainda a linha entre o sucesso e fracasso da operação.

E cuidado, assim como a “empreendedores” que nunca importaram nem no Ali Express e já querem trazer um container de máscaras, cuidado para não trabalhar com agentes de cargas inexperientes nesse assunto.

Se o modo aéreo de embarque sempre esteve presente a você, considere cotar nessa modalidade, pois ainda ouviremos ofertas dela por um bom tempo.

Por mais que a pandemia terminasse milagrosamente hoje, serão meses para fábricas, comércio, companhias aéreas e armadores sincronizarem suas capacidades para atender as demandas.

E você, amiga(o)?

Já realizou importação em voo fretado? Tem conseguido embarcar em linhas regulares? Seu agente de carga está ofertando essa opção? Quais cuidados você daria para quem ainda desconhece?

O momento exige cooperação, portanto, dividir sua experiência nos comentários é mais importante que nunca.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com