A saída do Reino Unido da União Europeia e a atual relação comercial com o Brasil.

Quarenta e sete anos depois de adentrar na antiga Comunidade Econômica Europeia, a saída do Reino Unido da União Europeia ocorreu no dia 31 de janeiro de 2020.

É o primeiro país a deixar o bloco.

Ele não tem mais voz e poder de voto no bloco econômico e já está livre para negociar com outras nações, mas o Brexit está agora em transição, a saída real é prevista para ocorrer em 1º de janeiro de 2021, sendo possível prorrogar o prazo.

Tipo aquela visita que te dá tchau, mas fica parada na porta de sua casa conversando.

Dado o importante acontecimento com o 5º maior PIB nominal mundial, o assunto é relevante para quem atua no comércio exterior brasileiro e mais ainda para a turma de Relações Internacionais.

Então, a saída do Reino Unido da União Europeia ainda não aconteceu?

Como se está tratando de nações e não de visitas inconvenientes, a transição é necessária para que o Reino Unido consiga se desvincular de todos os aspectos que o ligam à UE, por exemplo das integrações econômicas:

  • União aduaneira;
  • Mercado comum de serviços e capitais, com ressalvas na circulação de pessoas;
  • União econômica, exceto a monetária, pois nunca aderiram ao Euro;
  • União política (Parlamento Europeu, Conselho, Comissão, Tribunal da UE e etc.).

O Reino Unido, por sempre ter tido mais interesse econômico no bloco, evitou de se submeter completamente ao Mercado Comum e à União Econômica e, mesmo assim, terá buchas desafios nessa transição, como:

  • Importação e exportação de mercadorias (Controle aduaneiro e tarifário);
  • Soberania de zonas marítimas para pesca;
  • Suprimento de eletricidade e gás (muita da energia britânica é importada);
  • Regras de imigração de mão-de-obra e estudantes; e
  • A fronteira entre a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido) com a República da Irlanda.

Esse último ponto ficará mais visível abaixo, pois as terminologias desse assunto podem nos levar ao erro.

Qual a diferença entre Reino Unido, Grã-Bretanha e Inglaterra?

A palavra Brexit vem da junção das palavras Britsh (Britânico) e Exit (Saída), o que pode levar a pensar que se trata da Grã-Bretanha (Great Britain) mas quem pertencia à União Europeia era o Reino Unido (United Kingdom). Essas denominações têm significados e engloba países diferentes, conforme o mapa abaixo:

Fonte: Briliantmaps.com – Apaguei aqui a Ilha de Man (Isle of Man) pois ela não pertence ao Reino Unido, é apenas uma dependência da Coroa Britânica, tanto que nunca fez parte da União Europeia.

  • England = Refere-se ao país Inglaterra e somente quem nasce lá é chamado de Inglês (English).
  • Amarelo (Grã-Bretanha) = Trata-se da maior das ilhas britânicas (Azul), formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales.
  • Vermelho (Reino Unido) = É o Estado independente formado pelos países da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte,

Nesse último, vemos a delicada situação que será a fronteira entre as “Irlandas”. Uma vez que conseguimos identificar o Reino Unido, um Estado de Monarquia Constitucional Parlamentar, composto por Estados que possuem governos próprios, mas todos se submetem ao Parlamento do Reino Unido, localizado em Londres, e tem (no momento) Boris Johnson como primeiro ministro e (para sempre, pelo jeito) a Rainha Bétinha como monarca.

Seu Bóris e dona Bétinha.

Qual é a relação comercial do Reino Unido com o Brasil?

Considerando o Reino Unido ter o 5º e o Brasil o 9º maior PIB nominal do mundo, é curioso que tenham representado em 2019 somente cerca de 1,32% de nossas importações e exportações, pois é um país com tradição de comercializar com o mundo desde que tomaram gosto por colonizar.

EUA, Canadá, Índia, Austrália e boa parte da África que o diga…

Extensão do império Britânico em 1921 – Imagina jogar War com a essa família…

Os dados de 2018 comprovam a sua relevante participação como sendo o 5º exportador e 12º importador do mundo, porém, a saída do Reino Unido da União Europeia não se concretizou e o país ainda usufrui dos benefícios comerciais do bloco.

Natural que darão prioridade a negociar com China, EUA e a própria UE, mas o Brasil não será esquecido, pois é destino de muitos de seus manufaturados, além de ser natural que países com governos de ideologias similares tendam a negociar mais.

Apesar de comprarmos deles majoritariamente o produto manufaturado, nossas exportações diversificam melhor que os britânicos e tivemos em 2019 um superávit US$638,82 milhões.

Uma imagem contendo captura de tela

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Comexvis

Sob a ótica do comércio internacional, a saída do Reino Unido da União Europeia e os futuros movimentos diplomáticos e comerciais serão interessantes de acompanhar e com certeza serão tema de estudos no futuro.

E para manter as expectativas do FMI a respeito do crescimento do PIB em 1,6%, o país deverá (e logo!) providenciar acordos comerciais para evitar que barreiras tarifárias ou não tarifárias prejudiquem seu comércio exterior.

Considerando a morosidade que existe para firmar acordos bi ou multilaterais, sabemos que será desafiador, pois se um lado que negocia tem pressa, este precisará ceder mais para conseguir em menor tempo.

E você, leitora(o)?

Quais suas expectativas para o Reino Unido? Será que num futuro distante, voltarão para o bloco? O Brasil vai desenvolver o comércio exterior com eles? Visitas que conversam na porta e não vão embora também te incomodam? Vamos continuar conversando nos comentários.

Este artigo foi escrito com os amigos da LogComex e publicado originalmente em blog.logcomex.com

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