Como podemos evitar ser um robô no trabalho e não ser demitido por um?

Já notaram que quando estamos realizando um trabalho repetitivo, nos comportamos similarmente a robôs?

Realizamos os procedimentos sem desviar o foco, sem lembrarmos dos detalhes de como fizemos, ausente de sentimentos e da noção de tempo, até esquecemos de tomar café ou água e só vamos ao banheiro quando a situação está crítica.

No livro Inteligência Emocional, o autor chama esse estado de Fluxo e conta como ele é presente entre artistas, profissionais do esporte e artesãos que chegaram na maestria de agir sem pensar.

Muhammad Ali e sua maestria do Fluxo em prática.

Mas entrar em Fluxo na frente de um computador por 8, 10, 14 horas para unicamente alimentar sistemas ou enviar e-mails padronizados, não faz de você um artista e muito menos um atleta.

Faz de você um robô que não está longe de ser substituído por um modelo que não come e nem precisa férias.

Será que você não está exagerando?

Estes caminhões autônomos no Porto de Hamburgo concordam comigo que não é exagero, e nem pretendo abordar tanta tecnologia, pois somos ameaçados por bem menos.

Lembro que no início de minha carreira tive um colega que se orgulhava de digitar rapidamente na calculadora para encontrar valores rateados de mais de uma centena de itens, nunca levava mais que meia hora.

Fiz para ele uma planilha no Excel que calculava o rateio e outras informações, levava no máximo 5 minutos para alimentar.

Excel
Confesso que me senti assim.

Entenda com esse meu exemplo que são nesses pequenos e diários avanços de automatização que estão-se reduzindo as oportunidades de trabalho, seu emprego atual pode estar seguro por muitos anos, mas à medida que a sua e outras empresas aplicam novas soluções para agilizar os trâmites, menos pessoas serão necessárias.

Logo, se o crescimento econômico não for mais rápido que o tecnológico, menos oportunidades de emprego haverão quando quiser ou precisar de um novo… E eu sei que precisa de dinheiro para investir em tecnologia, mas é na falta dele que buscamos soluções.

Reflitamos de forma mais prática, lembro que quando eu comecei minha carreira no comércio exterior em 2007, já existiam softwares para automatizar parte do Despacho Aduaneiro e Agenciamento de Carga, eles deviam permitir que um profissional gerenciasse um número processos/mês.

Só para lhe situar, em 2007, smartphones ainda não eram populares e serviço de Nuvem como o DropBox começou somente em 2008, portanto, qual será a eficiência da automatização de procedimentos destes programas hoje, num mundo que discute sobre Blockchain, Indústria 4.0, Big Data e Internet das Coisas?

% do PIB que os países investem
% que os países investem do PIB em ciência e tecnologia, a situação desse artigo seria mais séria se investíssemos mais e com eficiência (The world Bank).

Resumindo: Pare de pensar que seu emprego somente estará em risco quando inventarem um robô para atuar como na imagem da capa desse texto, uma planilha de Excel pode ser capaz de lhe preocupar.

Tá bom, já estou com medo, como evito?

Então, eu estou tão preocupado e sujeito a ser afetado quanto vocês, tenho algumas ações e opiniões que acredito serem válidos, não sou especialista em tecnologia ou em mandar humanos embora, portanto considere este um brainstorm inicial para continuarmos discutindo nos comentários.

1 – Aprenda a gostar de tecnologia

Não adianta insistir na calculadora, você não vai vencer uma planilha de Excel, e se não pode vencê-la, junte-se a ela.

As novidades estão chegando diariamente, entender o básico, como funciona e a aplicação, vão lhe dar mais tempo para se adaptar. Não sabe ainda como funciona direito Blockchain? Enquanto você ainda não entende, a Maersk e IBM lançaram esse ano uma plataforma para a cadeia de suprimentos com essa tecnologia.

Blockchain_Maersk-social_tile2a

Se quiser sugestões para se manter atualizado, recomendo o Tecnoblog, Olhar Digital, Gizmodo e seguir o Marco Gomes no LinkedIn… e aproveite para ler o livro que mencionei no início que também ajudará.

2 – Evite trabalhos com funções limitadas

Típico das empresas que não estão preocupadas em desenvolver e reter seus colaboradores, que ao invés de apresentar como o todo funciona, o limitam a realizar uma única função num volume que não tenha tempo para aprender mais nada, como o Charles Chaplin abaixo:

Chaplin

Evidente que não é o caso se existir rodízio ou uma progressão para adicionar novas funções, porém lembre-se de não se acomodar, domine suas responsabilidades e procure mais. Tive vários colegas no comércio exterior que tiveram ou testemunharam outros com funções chatas e limitadas a:

  • Emitir Nota Fiscal
  • Encaminhar status/follow-up
  • Agendar Carregamento

São apenas três exemplos fáceis de encontrar hoje em dia softwares que auxiliem na produtividade delas, pois não há grandes variações para complicar a vida de um programador.

Se seu trabalho é difícil devido ao volume e não a complexidade, você vai ser o primeiro a levar um robótico, duro e gelado pé na bunda.

3 – Conteste os processos

Nosso cérebro (ainda) é uma vantagem sobre a tecnologia, então saia do Fluxo e use-o para trabalhar ao lado dos malvados robôs tomadores de emprego. Reflita sobre tudo que executa e começa a se perguntar:

‘’Por que tem que ser assim? Por que não podemos fazer desse jeito? O que nos impede de mudar? Como podemos automatizar?’’

Minhas melhores ideias que consegui aplicar nos procedimentos de importação, terminaram comigo dizendo:

‘’Mas como eu não pensei nisso antes?’’

Isso quer dizer que não precisa aplicar ou desenvolver um mega sistema para conseguir relevantes resultados, um detalhe que economiza 2 minutos pode representar muitas horas em um mês.

Quem questiona (de forma saudável, não seja o Zé Encrenca) e inova, é lembrado, fazer os mesmos procedimentos de sempre não lhe torna importante.

4 – Não seja especialista demais.

É natural querermos nos especializar conforme as oportunidades surgem e também por afinidade, sempre tive interesse de trabalhar com importação e na posição de Importador (não como agente de carga ou Despachante Aduaneiro), essa preferência que me permitiu entrar e me especializar no mercado naval.

Navio

Adoro o que faço, ainda me impressiono vendo novas embarcações sendo lançadas na água, mas não posso fechar os olhos para a exportação assim como preciso ter um mínimo de noção de como estão os outros segmentos.

Ser especialista te torna precioso da mesma forma que limita suas oportunidades, essa sugestão não parece ter tanto a ver com o risco da tecnologia, porém entendo que: seja exportação, importação, no segmento naval ou nos demais, estão avançando tecnologicamente em velocidades diferentes e precisamos estar preparados para migrar ao próximo que ainda dependa mais da presença humana.

E você, leitora(o)?

Acompanhar tecnologia é um hobby para mim e tento aplicar o que for possível (e viável) na minha vida pessoal e profissional, para agir menos como um robô e usar mais o cérebro. Tenho certeza que você deve ter outras sugestões de como se adaptar à realidade que a tecnologia nos impõe e sem perguntar se estamos prontos.

Já testemunhou os efeitos? Trabalha muito do seu dia em Fluxo? Arrisca palpitar o futuro do comércio exterior? Vamos conversar nos comentários!

Ah! E não esqueça de me seguir para receber os próximos artigos 🙂

Quem é o Jonas?

É um cara formado em comércio exterior, que trabalha há mais de dez anos com  importação, compras e logística internacional, e continua apaixonado pela falta de rotina que essa vida tem! Agora ele quer dividir essa experiência com todos, de forma simples e bem humorada.

Além de aprimorar a escrita no Linkedin, pratica artes marciais, enfrenta eternamente sua pilha de livros, joga vídeo game desde o Atari e também curte ajudar os outros profissionalmente.

Talvez ele possa te ajudar, que tal procurá-lo?

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